–Alguém na escuta? Quatermain? Mulher-Aranha para SHIELD. - Ninguém responde - Ótimo!

Bárbara tinha razão. Este uniforme é mais resistente que o antigo. Minutos atrás atravessei uma janela de vidro e não me cortei por milagre. Viva o couro resistente com kevlar da SHIELD!

Salto deste prédio abandonado e saio disparando teias pela cidade. Ainda estou fora de forma. Está amanhecendo e eu nem dormi direito. Estou tão preocupada em entrar em contato com a SHIELD ou encontrar pistas da Cassie que nem lembrei que estou de volta a Nova York.

Paro de balançar-me e sento ao lado da estátua de gárgula, bem distante do solo, e tento novamente contato com a SHIELD. Nenhuma resposta. Seria a altitude? Não sei, não sou boa nesses assuntos. Levanto-me porque senão acabo dormindo. Salto deste prédio e estou em queda livre pela terceira vez hoje. Desta vez, eu disparo teias e me equilibro para não invadir outro prédio. Estou recuperando a forma.

Agarro-me num poste, ativo a camuflagem e fico parada. Estou completamente perdida, sem saber para aonde vou ou o que fazer. Enfim, vou tentar mais uma vez contatar a nova SHIELD. Enquanto espero alguns segundos, aprecio o engarrafamento de carros. Às 6 da manhã e já existe engarrafamento. Nova York, Nova York, não é à toa que é a cidade que nunca dorme.

–Quem está falando? - É a voz do Quatermain.

–Ah, finalmente! Vocês não pagam a conta de telefone?

–Quem está falando? - Ele repete.

–Não sei, não tenho codinome, não sou agente da SHIELD e não quero copiar meu próprio nome.

–Senhorita Drew? É bom ouvir sua voz e saber que alguém sobreviveu a explosão.

–Todos sobreviveram, agente. Eles se renderam e improvisaram uma espécie de cavalo de Troia para a HAMMER. Escuta, preciso de dois favores. O primeiro é localizar a Cassie graças ao rastreador que joguei num dos helicópteros da HAMMER. O outro é localizar a Bárbara e os outros.

–Certo. Temos rastreadores implantados em cada agente e em alguns ex-agentes da SHIELD.

–Espera, disso eu não sabia. Quer dizer que foi assim que me encontraram em Chicago?

–Não importa agora. Estou triangulando as posições e...achei a agente Morse! Ela está sobrevoando Nova York agora. Creio que sua amiguinha também esteja por lá.

Eu ia perguntar aonde eles estão indo, mas meu sentido-aranha vibrou e algo inesperado aconteceu.

–Ah, não!

–O que foi?

–Problemas. Eu preciso desligar! Mande alguém para minha localização. E rápido. - Digo, desligando.

Honestamente, estou surpresa. Eu vi alguns carros sendo jogados para cima. Os cidadãos que estão nos carros começam a correr. Desço do poste e desligo minha camuflagem. Eu corro na direção contrária às pessoas. Então eu vejo quem está causando essa confusão.

Ele é careca, bem alto e está sem camisa, revelando seu peitoral e abdômen musculoso. Ele é muito musculoso...Enfim, ele está carregando uma bola de ferro que nem aquele tal Maça da Gangue da Demolição. Este homem careca (e musculoso) pega mais um carro e joga para o lado.

Eu aproximo-me dele e tento dialogar.

–Com licença, senhor. Você gostaria de um chapéu? Camisa não precisa, sabe. Muito abdômen assim não deve ser escondido.

–Sai daqui, Homem-Aranha!

–O quê? 8 meses depois e continuam me confundindo com o Homem-Aranha? Eu não te chamei de cabeça de ovo por conta dessa careca lustrosa!

–Sai! - Ele moveu a bola de ferro na minha direção.

Agilmente, eu agacho-me e desvio. Em seguida, disparo teias no rosto dele. Avanço e tento um soco em seu estômago. Antes de concluir, porém, ele muda a tonalidade de sua pele. Antes branca, agora parece...metálica?! Meu sentido-aranha vibrou e a mão dele, também metálica, tenta me atingir. Por sorte, eu rolo no chão e paro um pouco atrás.

–Puxa, o que é você? Irmão do Colossus?

–Sou o Homem-Absorvente, estúpido! Já nos enfrentamos antes, Homem-Aranha, e você foi esmagado!

–Não sou o Homem-Aranha. Nem sequer sou homem. - E ele ainda tem coragem de me chamar de estúpida.

–Não importa, insetos são todos iguais. - Ele ergue a bola de ferro e tenta me atingir novamente, mas ele acerta um carro logo ao lado.

–Insetos não, aracnídeos. Nunca estudou biologia?

Ele fica mais enfurecido com nossa conversa. É um hipócrita, já que ele me chamou de Homem-Aranha duas vezes e eu só chamei-o de burro. Indiretamente, mas chamei.

Eu preciso de uma tática. Não posso derrotá-lo sem quebrar minha mão ou meu pé. Corro para trás e me apoio num carro destruído. Em seguida, salto e piso na careca dele. Não demoro muito e salto outra vez, pousando num poste. Por fim, ativo a camuflagem. Ele fica olhando de um lado para outro à minha procura. Como ele está de costas, desligo a camuflagem e salto do poste, chutando as costas do homem careca (e musculoso). Infelizmente caio no chão, pois suas costas estão duras demais. Ele virou-se e me agara pelo pescoço.

–Estou cansado de você!

–Ainda estou me aquecendo. - Digo, mas com o som abafado.

Ele continuou apertando meu pescoço e aumentou a força. Eu tentei chutá-lo, mas de nada adianta enquanto ele estiver com a pele revestida de metal. De repente, alguma coisa brilhante acerta a cabeça do Homem-Absorvente. Ele me soltou e caio no chão, tentando me recuperar. Eu me arrasto pelo chão procurando alguma proteção, mas tudo parece ser inflamável.

–Homem-Absorvente? Eu ia fazer uma piada com isso, mas é melhor não - Reconheci esta voz no primeiro instante. Eu preferia não reconhecer, mas é o Johnny. Ao lado dele está o Coisa.

–Menos papo, mais sopapo! Tá na hora do pau! - Grita Ben, correndo e atacando o Homem-Absorvente.

Apoio minha mão num carro e me levanto, finalmente. Entretanto, Johnny veio até mim querendo ajudar.

–Você está bem?

–Estou. Obrigada pela preocupação - Digo de forma fria.

–Quem é você? Sua voz me parece familiar.

–Com licença, preciso atender este ponto eletrônico - Respondo, evasiva. Pressiono o ponto em meu ouvido e tento contato com o Quatermain - Por favor, diga-me que tem uma boa notícia.

–Gostou do reforço? - Pergunta Quatermain.

–Definitivamente não. - Respondo, olhando para trás e vendo o Johnny voando e atacando o Homem-Absorvente. - Tantos super-humanos ligados à SHIELD e você chama logo ele?

–Foi o melhor que conseguimos. Bom, tanto o helicóptero com sua amiga quanto a agente Morse e os outros agentes estão no mesmo lugar.

–Que é?

–Algum dia, no passado, você foi ao Triskelion? Pois é nessa antiga base em que eles estão.

–Triskelion? Isso que é Dejá vú. Pensei que ainda estivesse destr...Só um segundo - Meu sentido-aranha disparou. Um pneu queimado voou em minha direção. Disparei teias nele, girei e devolvi para o confronto entre os três - Certo. Pensei que ainda estivesse destruído.

–Não, foi concluída a reconstrução na semana passada. Já está em operação. Estou enviando os dados para sua lente. Senhorita Drew, boa sorte na missão. Enviaremos ajuda assim que possível.

–Desde que não seja o Johnny. - Falo para mim mesma, pois a comunicação já havia sido encerrada.

Antes de sair, porém, caminho até a dupla de herói e ao Homem-Absorvente já desmaiado e amarrado com a própria bola de ferro.

–Obrigada pela ajuda - Digo, mas olhando para o Coisa.

–De nada, Moça-Aranha. Aliás, quantos de vocês existem? O Homem-Aranha já até disse que possui um clone fora da cidade.

–Não sei. Preciso ir, estou em uma missão e não posso dar detalhes.

–Antes de ir, você me parece familiar. Qual seu nome? - Diz Johnny, agarrando meu braço.

–Sou nova na cidade e nunca o vi antes, exceto pela televisão com muitas modelos e um carro esportivo. Quero me manter em segredo. Tchau aos dois. E obrigada novamente.

Salto e disparo teias, balançando-me pelos prédios. Próxima parada: novo prédio do Triskelion!