Jessica Drew: A Mulher-Aranha

Contra chicotes e unicórnios


Pego a garrafa e jogo aleatoriamente para frente. Pelo estrondo que fez, a garrafa acertou o carro.

–O que diabos foi isso? - Pergunta alguém.

–Estilhaços de vidro. Ei, tem alguém aí?

Ah, claro, vou dizer que estou aqui e revelar minha posição. Parecem os personagens de filmes de terror, mas deixa para lá. Não deixo de sorrir, mas preciso manter o foco. Respiro fundo e saio correndo. Não há uma distância grande entre as barreiras e consigo passar despercebida.

–Você viu aquilo?

–Vi o quê?

–Um vulto. E tinha uma capa. Será que é o novo vigilante, aquele tal homem da lua?

–Deve ser o Demolidor.

–Mas eu vi uma capa.

Capa? Ele está falando do meu cabelo? Não, não pode ser. Meu cabelo não é tão longo assim. Calma, Jess, mantenha o foco. Estou falando comigo mesma de novo, mas mantenha o foco.

–Ei, vocês! Não temos a madrugada inteira - Grita um dos homens que vieram do caminhão. - Matem-no logo!

De repente, disparos e gritos. Acho que meu aliado apareceu. Aproveito a deixa e também apareço, deslizando e derrubando um dos bandidos. O sentido-aranha vibra e eu desvio de uma tacada que quase levo. Desarmo-o e jogo-o no chão. Em seguida, prendo-o. Pego o refém e jogo-o para dentro do carro.

–Fique aí trancado. Não saia até eu mandar! - Grito o mais alto que pude.

Meu sentido-aranha vibra de novo. Desta vez, um chicote aparece por trás e quase me acerta. Eu me agacho a tempo e vejo os mesmos caras que estavam no caminhão.

–Quem é você? A Demolidora? - Pergunta o homem de máscara. É dele que veio o chicote.

–Cara, que nome horrível! - Digo, avançando até ele e golpeando-o.

No começo, eu consigo acertá-lo, mas sem causar danos. Então, ele começa a revidar. Primeiro, usa seu chicote novamente para me acertar. Ele erra, mas outro chicote aparece e agarra minha cintura. E uma onda de choque toma conta de meu corpo. Então, o Demolidor aparece e lhe dá um chute, também na cintura. Eu acabo sendo solta, mas minha cintura está queimada.

–Unicórnio, cuida dela! Eu pego este demônio!

Eu diria como foi a luta do Demolidor, mas meu sentido-aranha não para de vibrar. Olho para trás e quase sou atingida por um raio colorido.

–Você é o Unicórnio? Parece mais um Arco-Íris.

O Unicórnio tenta me dar um soco, mas eu desvio e ficamos cara a cara. Avançamos e Começamos a lutar. Meu inimigo começa dando diversos socos, alguns bloqueados e outros ele errou mesmo. Então, após bloquear mais um soco, eu revido e acerto seu estômago. Em seguida, dou-lhe uma cotovelada no rosto. Ele cambaleia para trás. Deslizo no chão e levanto atrás dele, segurando-o pelo pescoço e deixando-o sem ar. Até que foi fácil.

Porém, não comemoro muito. Vejo que o Demolidor está com um pouco de dificuldades contra o cara de chicote. Corro e salto, mas erro. O Demolidor continua lutando com seus bastões - que eu não havia percebido antes. Eu tento ajudá-lo, mas um dos chicotes me segura pelo pescoço e sou jogada contra o vigilante. Ele desvia e continua lutando incansavelmente. Eu, por outro lado, tento recuperar o fôlego.

–Isso doeu!

Levanto-me com dificuldades e com o pescoço e a cintura ardendo. Olho para trás e vejo o refém escapando do carro. Simultaneamente, o Unicórnio se levanta e vai até ele.

–Não, você não escapa. - Diz o Unicórnio. Como sou atrevida, disparo teias nele e derrubo-o.

–Você é que não escapa. - Digo, puxando-o.

–Ah, você de novo? Deixe-me em paz!

O chifre dele brilha intensamente e dispara. O raio colorido quase me atinge, mas agacho-me na hora certa. Eu ouço um grito vindo de trás.

–Ops. - O Demolidor é atingido pelo disparo. Distraio-me por um segundo e o Unicórnio segura meu pescoço queimado. Ai, como arde!

–Você me irritou o suficiente por hoje. - O chifre dele está brilhando novamente.

–Legal! Quer uma bolacha?

–Bolacha?

–É. Esta bolacha - Dou um soco no olho dele. E foi muito forte, aparentemente, pois ele desmaiou. E minha mão doeu. - Bons sonhos, chifrudo.

Agora somos só eu e o homem dos chicotes. Ele está parado no mesmo lugar, como se me esperasse para lutar. Não faço ideia de como derrotá-lo, já que seu capacete deve ter resistência suficiente contra meus socos e minhas teias. Posso tentar retirar as luvas dele, talvez fique mais vulnerável. É, vou testar.

Caminho devagar até ele. Minha cintura já está melhor, mas não o suficiente para arriscar uma corrida. E meu pescoço ainda arde um pouco. Concentre-se, garota! O homem libera seus chicotes. Certo, estou um pouco nervosa, mas não perderei meu foco.

–Quer mais uma rodada, garota?

–Garanto que esta será a última.

Ele avança contra mim e quase me acerta com um ataque duplo de ambos os chicotes. Eu desvio e tento socar seu corpo. Infelizmente, sua armadura o protege. Os chicotes tentam agarrar meus pés, mas salto no momento exato e dou um chute na cabeça dele. Nenhum efeito ainda. Outro ataque com os chicotes, desta vez foi um ataque de cada vez. Ele apela mais com os chicotes do que o Wolverine com suas garras, o que torna seus ataques bem previsíveis.

Seguro sua luva direita e tento puxá-la. Não consigo deslocá-la, mas sinto que destranquei algo. Então, ele recolhe o chicote da luva esquerda e me segura pelo pescoço. Eu tento lutar contra, mas ele acaba batendo sua cabeça contra a minha. Doeu muito, principalmente por causa deste capacete metálico. Eu fico zonza, muito zonza. Não é uma sensação legal. Tento me recompor, mas o carinha me soca outra vez. E outra. E outra.

Caio no chão, sentindo muitas dores. Tento me erguer, mas ele chuta meu corpo e eu continuo caída de busto. Ele me vira, retira minha máscara e põe o pé em cima de meu estômago.

–Você é patética. Não entendo como o Unicórnio perdeu para você.

–Talvez ele não seja um covarde.

–Errado, garota. Ele é covarde por se recusar a bater em você. Mas eu sou corajoso e bato tanto em você quanto em qualquer outra idiota que se meta no meu caminho.

Eu rio dele. Não que eu ache graça, mas é para provocá-lo.

–Do que está rindo?

–Sua voz. Eu não entendo coisa alguma do que você fala - Digo. Claro que é mentira - Seria mais coerente se você tirasse o capacete.

–Boa tentativa, mas eu não caio num truque como este.

–Que truque? Eu estou desarmada, caída, com a cintura e o pescoço queimados. E sangrando antes de minha menstruação, só que pelo nariz. Não tem como atacá-lo. - Minto mais uma vez.

Não acredito que ele se convenceu. Eu vi o Demolidor andando para suas costas. A qualquer instante, o homem dos chicotes será nocauteado. Exceto se ele não retirar o capacete. Na verdade, já retirou.

Antes que ele comece a falar, disparo teias em seus olhos. Ele sai de cima de mim. Poucos segundos depois, ouço um barulho e vejo o Demolidor carregando um bastão de beisebol quebrado. E o nosso inimigo cai desmaiado.

–Sangrando antes da menstruação? Assim que você o convenceu?

–É a segunda vez que essa desculpa me salva. - Digo. - Cadê a testemunha?

–Salva. Vamos nos livrar deste pessoal. E ponha sua máscara.

Não sei que horas são. Acho que já passam das duas da manhã. Seja como for, eu e o Demolidor amarramos o Unicórnio, os capangas e o Chicote Negro - nome revelado a mim pelo vigilante do bairro. No momento, estamos em cima do prédio de Murdock. Entrego a ele definitivamente o pen-drive.

–A quem você entregará? Só por curiosidade.

–Um promotor amigo. Manterei seu nome em segurança, por enquanto. Acho melhor você descansar. E cuidar de suas queimaduras.

–Também acho, mas estou sem forças para ir até a Broadway.

–Fique no apartamento de Murdock. Ele possui um quarto vago. E roupas limpas também.

–Não sei se roupas masculinas prestam em mim.

De repente, meu sentido-aranha vibra e eu olho para trás. Não havia um perigo, mas duas silhuetas nos observando. Ou melhor, me observando, já que o Demolidor desapareceu. Eu olho para trás de novo e as silhuetas desapareceram. Sinais de cansaço ou de loucura? Talvez os dois.

Eu desço pelas escadas e entro no apartamento de Matt. Ben Urich abre a porta para mim e me conduz até o quarto vago. E me entrega algumas roupas também.

Na manhã seguinte, acordo quase na hora do almoço. Não importa muito como estou vestida. O que importa é o que ouço: O âncora do telejornal está falando exatamente sobre os arquivos secretos 'vazados' da HAMMER. E fico com um sorriso grande no rosto.

–Missão cumprida! - Comemoro.