Ficamos conversando por um tempo, depois que finalmente terminamos de arrumar tudo, eu finalmente estava em casa! Me joguei no tapete felpudo do meu quarto, olhando para o teto, cheio daquelas estrelas brilhantes, Mizuki ficou parado me encarando, como se perguntasse para si mesmo o que raios eu estava fazendo.

– Esse tapete é muito bom. - tirei-o de seus devaneios, me sentando. - É fofinho.

O garoto continuou parado, em pé, do meu lado, ele parecia indeciso se se sentava comigo ou não, ri da expressão dele e segurei sua mão, puxando-o para o meu lado.

– Fala sério, não precisa ficar tão inseguro, somos amigos, certo? Amigos podem fazer esse tipo de coisa. - comentei, assim que ele caiu do meu lado. - Mas, afinal, o que pretende fazer de interessante na escola?

– Estudar?

– Não, isso eu sei. - revirei os olhos. - Tipo, vai entrar em algum curso, clube, ou algo do tipo?

– Talvez... - suspirou. - Você está em algum?

– Sim, no de desenho, e no de música. - sorri. - Você deveria tentar o clube de música, estão precisando de alguém para tocar flauta doce, só tem eu lá.

– Acho que vou tentar esse. - sorriu de volta. - Principalmente porque você está nele.

– Mas, por que quer entrar no mesmo clube que eu, Mizuki-kun? - perguntei, confusa.

– Bem... você foi a única pessoa que me defendeu quando eu apareci ali. - ele olhou para o outro lado, suspirando. - Me sinto confiante perto de você.

– N-Nani? - olhei para ele, corando de leve.

– Hai. - voltou a me encarar. - Isso soa meio estranho, mas é a verdade.

– Sabe, eu acho que vai ser divertido estudar com você. Torça para cair na minha turma! - sorri, bagunçando o cabelo dele. - Pelo menos, eu vou ter um amigo...

– Ah, você deve ter vários amigos, você é tão interessante. - falou, de um jeito inocente. - Eles devem gostar dos seus desenhos.

– N-Na verdade, você e meu primeiro amigo em bastante tempo. - sorri fraco, tentando disfarçar a tristeza. - É bom ter alguém para conversar, sabe...

– Como assim? Não é possível que você não tenha amigos! - me encarou, espantado. - Você é incrível!

– Bem, o pessoal não acha isso, mas, vamos mudar de assunto, ok? Odeio falar disso. - me levantei, séria, me virando para a escrivaninha, onde estavam os meus desenhos, e secando uma lágrima que insistia em cair. - Vamos ver um dorama?

– Tudo bem... - sussurrou.

Fomos para sala e eu coloquei o dorama de Death Note para assistirmos, me sentei no sofá, distraída, e liguei o DVD, o programa começou a passar, e eu percebi que teria que explicar muita coisa.

– O que é isso, Keiko-chan? - perguntou, apontando para o dorama.

– É uma história sobre um garoto que encontrou um caderno que podia matar pessoas, e sobre um detetive que está procurando ele.

– E por que ele não mata o detetive?

– Porque ele precisa do nome e do rosto da pessoa para isso, e ninguém sabe qual o nome desse detetive, todos chamam ele de L.

– Então como ele vai matar o detetive? - perguntou, confuso.

– Olha, eu vou assistir desde o começo com você, espere só um segundo. - fui para o menu do DVD e coloquei no primeiro episódio. - Pronto, agora é só prestar atenção.

– Só isso?

– Sim! - okay, eu estava começando a me irritar. - Entendeu, ou quer que desenhe?

– Você vai me desenhar? - inclinou a cabeça de leve, confuso

– Não. - suspirei. - É só modo de dizer.

Olhei para ele novamente, já tinha pegado no sono, devia estar realmente cansado, mas, bem, eu não ia deixá-lo dormindo no sofá, eu sei como isso é ruim, você acorda todo dolorido. Encostei de leve no rosto dele, que começou a acordar, sonolento, ele se sentou, me encarando.

– Vamos, você tem que dormir no quarto de hóspedes, e não no sofá. - brinquei, guiando o mesmo para o quarto de hóspedes. - Ponto, aqui.

Ele se deitou e olhou para baixo, {N/A: Igual à capa da fic} parecia triste, e eu fiquei me perguntando o motivo, me sentei ao lado dele e sorri, passando a mão no cabelo dele.

– O que aconteceu, Mizuki-kun? - perguntei.

– Bem... - suspirou. - estou meio apreensivo, não sei se vai ser uma boa ideia ir para a escola.

– Ah, você vai se divertir, de vez em quando acontecem coisas interessantes, e, do jeito que você é, vai acabar se enturmando. - tentei animá-lo. - Mas, bem, eu tenho que ir dormir, amanhã nós temos que acordar cedo.

– Keiko-chan? - ele me chamou, baixinho.

– O que foi?

– Pode ficar um pouquinho aqui? - pediu, ansioso.

– Ahn... - suspirei. - Tudo bem, mas depois eu vou para o meu quarto.

– Certo!

Me deitei, me virando par ele, e fiquei esperando ele pegar no sono, ele começou a fechar os olhos, sonolento, e eu acabei fazendo o mesmo. Peguei no sono com o Mizuki do meu lado.

Manhã seguinte...

Olhei para o relógio no criado-mudo, ah não, 7:00, eu deveria estar terminando de me arrumar pra ir pra a escola! Me sentei, em um pulo, acordando o Mizuki.

– Mizuki-kun! - chamei. - Estamos totalmente atrasados!

– Ahn? - bocejou. - K-Keiko-chan, o que está fazendo aqui?

– Eu peguei no sono, mas isso é outra história, se arrume logo, temos que ir!

Corri para o meu quarto e coloquei o uniforme, apressada, corri para a porta e vi que o Mizuki também estava pronto, saímos sem nem tomar café, e fomos pra o metrô. Enquanto passávamos, aquele mesmo homem que e parou, dias atrás, apareceu, tentando se aproximar de mim.

– E aí, garota? - sorriu, maldoso. - Que tal largar seu amiguinho e vir comigo?

– Encoste nela, - os olhos do Mizuki adquiriram um brilho diferente, irritado. - e você morre.

O homem pareceu se assustar, porque se afastou, correndo, e logo sumiu da nossa vista. Olhei para o Mizuki, que sorria para mim, seus olhos voltaram a ser doces e calmos, e eu sorri de volta, ignorando o fato de que ele ameaçou uma pessoa com pena de morte segundos atrás.

– Arigatou. - dei um abraço nele, que retribuiu, corando.