Encolhida em cima da cama, Regina fungava mesmo depois de ter parado de chorar. Se sentia tão triste. O coração apertado. Ela não estava preparada para aquilo, não estava mesmo. O barulho da porta sendo aberta no andar de baixo pode ser ouvido, fazendo a morena se encolher ainda mais. Não queria que ele a achasse daquele jeito, mas também não sentia vontade de se esconder.Robin a conhecia. A conhecia e a entendia como ninguém. Como Henry, Robin a apoiava em tudo cegamente.

Henry.

Pensar nele fez seus olhos encherem-se de lágrimas novamente. Lembrar-se de seu filho subindo na moto e partindo para um lugar que talvez apresentaria perigos e não poder acompanhá-lo, não poder saber o que aconteceria, a fazia se sentir inútil. E se ele precisasse de ajuda, quem ajudaria? Se precisasse dela, como ela o acharia? Sabia que seu menino não era mais aquele jovem indefeso, mas ela era mãe, e era extremamente difícil deixar Henry ir.

Estava tão afundada em seus pensamentos, que só percebeu que Robin já estava no quarto quando o colchão afundou, e o loiro abraçou-a por trás. Nenhuma palavra. Ela se virou até poder encarar aquelas íris azuis que amava tanto. E não precisou falar nada. Apenas enterrou o rosto no peito dele e deixou as lágrimas caírem.

Robin sabia que não iria ser fácil para ela. Sabia que Henry era tudo para Regina, e ter que deixar ele ir era muito difícil. Ele a entendia. Também sentia pelo fato de ter que dizer adeus ao enteado. E doía ver Regina sofrendo assim. Ele iria até o inferno se precisasse, para não vê-la sofrer. Ele se sentia inútil, sabia que a única coisa que poderia fazer por ela era estar ali. Para secar as suas lágrimas, para a abraçar, para afastar os maus pensamentos. E ele faria. Puxou-a mais contra ele, como se pudesse tirar toda a dor daquele coração, Robin beijou o topo da cabeça dela.

— Vai ficar tudo bem, meu amor. – ele sussurrava, mas a morena continuava chorando. E no fundo ele sabia que ela precisava disso, por isso só ficou ali, beijando os cabelos dela até que se acalmasse.

— Eu vou sentir falta dele. – ela sussurrou, algum tempo depois.

— Eu sei, meu amor, eu também vou. – ele respondeu. Regina olhou nos olhos azuis de Robin e depositou um pequeno beijo em seus lábios.

— Obrigada por estar aqui. – ela sussurrou.

— Eu sempre vou estar aqui, Regina.

— Imagina quando Roland for embora também, e depois, a Robin... – ela começou, enterrando a cabeça no pescoço de Robin e bufando.

— Ainda faltam alguns anos para isso, Regina. – ele falou, fazendo-a olhar para ele. – Não apresse as coisas.

— Eu só estou falando... seremos só nós dois, a casa vai ficar vazia sem eles. – ela disse, fazendo Robin ficar pensativo por alguns estantes. Ele olhou para ela, aquela linda mulher que se tornara a vida todinha dele. Os olhos agora vermelhos do choro, o rosto amassado. E mesmo assim, ela continuava a coisa mais linda do mundo. Robin achava que jamais conseguiria encontrar palavras suficientes para mostrar o quanto a amava e o quanto era grato por ela tê-lo deixado fazer parte de sua vida. Por isso, ele sempre buscava mostrar isso com gestos.

— Talvez... talvez seja hora de nós termos outra criança, Regina. Assim a casa não ficará vazia. – ele disse, atraindo a atenção da morena, que olhou pra ele com uma expressão triste e frustrada.

— Você sabe que eu não posso ter filhos, Robin. – ela disse, mordendo o interior da bochecha, tentando evitar o choro.

— Eu sei disso, meu amor. – ele falou, rápido, arrependido da forma como abordou o assunto. Sabia o quanto isso a machucava, e não quis deixá-la mais triste ainda. – Vamos adotar, Regina. – a morena olhou novamente para ele, os olhos arregalados, uma lágrima caindo, fazendo caminho por sua bochecha.

— A-adotar? – ela perguntou, mais para ela do que para ele.

— Imagina, meu amor, um bebê, só nosso. Sermos pais assim, juntos, desde o inicio. Não acho que você deva se privar de ser mãe mais uma vez só porque não pode gerar, Regina. Imagina a sorte de uma criança poder ter uma mãe como você. Roland sabe disso, Henry sabe disso. Até mesmo Robin sabe. – ele começou, puxando-a para deitar em seu peito. – Apenas pense no assunto, meu amor. E me diga quando souber a resposta.

— Você vai continuar me amando independente da resposta? – ela perguntou, baixinho.

— Eu vou continuar te amando de qualquer forma, Regina. – ele respondeu, plantando um leve beijo no topo da cabeça dela.

***

Os dois irmãos entravam no quarto recém decorado da mansão em passos silenciosos, um atrás do outro. Roland com a caixa de presentes na mão, e Robin na frente, abrindo caminho. Era tarde da noite, os pais já estavam dormindo.

Era possível sentir o cheirinho de novo dentro do quarto, e a decoração era tão linda que fazia os dois quererem dormir ali. Cochichando, Robin disse:

— Coloca o presente dentro do berço, Roland. – o menino concordou, depositando a pequena caixa, que continha um cobertor e um bichinho de pelúcia, dentro do berço.

— Estou ansioso para conhecê-la, Robin. – o garoto mais velho disse, imaginando os traços da nova irmãzinha.

— Eu também. – a menina de olhos azuis e cabelos ruivos disse. – Seremos grandes irmãos mais velhos. – ergueu a voz, e também a mão, para que Roland batesse.

— Shhh, Robin! Vai acordar o papai e a mamãe. – o garoto ralhou, e a menina encolheu os ombros. – Mas seremos, sim, grandes irmãos mais velhos. – sorriu, colocando os braços em volta dos ombros da irmã e, juntos, os dois deixaram o quarto.

***

Uma semana depois, quando um pacotinho cor-de-rosa entrou dentro da casa, no colo de Regina, Robin só sabia sorrir, emocionado demais para falar. Roland e Robin ficavam em roda da mãe e do bebê, animados demais com o novo membro da família.

Regina sorria maravilhada com cada gesto do bebê em seus braços, as quatro pessoas ali tendo olhos só para o pequeno ser.

Quando Roland olhou para a mãe e perguntou o nome, Regina deu um olhar para Robin, e o mesmo assentiu, feliz.

— Robin, Roland, apresento a vocês, o mais novo membro da família, Hope. – ela disse, feliz.

— Hope! Eu amei! – Roland disse, e Robin concordou também.

— Representa tudo o que aprendemos um com o outro em todos esses anos. A ter esperança, a nunca perdê-la. As coisas acontecem quando tem que acontecer. – o loiro falou, sentando-se ao lado da mulher, que passou Hope para o colo dele.

Regina podia viver pra sempre naquele momento. Ela queria que Henry estivesse ali, que pudesse conhecer a irmã. Mas ela também sabia que no tempo certo ele voltaria, e faria isso. Por enquanto, ela estava feliz. Mesmo ele estando longe, ela sabia, ele estava bem. Caso contrário, ela sentiria.

Saiu de seus pensamentos ao ouvir risadas, Hope fazendo caras e bocas, típico de bebês. Ela buscou o olhar de Robin, seu oceano particular, e ele piscou para ela, soltando um Eu amo você, sem som. Ela o respondeu com um Eu te amo mais. Obrigada por isso.

Diferente do dia em que Robin deu a ideia para adoção, agora Regina só tinha lágrimas de alegria para derramar.