It's All About Timing

Finally Complete.


O barulho de carros correndo na televisão e exclamações animadas de Henry e Roland dominavam a sala. Enquanto os dois meninos jogavam alegremente o jogo, Robin tinha Regina deitada confortavelmente em seus braços no sofá. Embora concentrada no que os filhos estavam jogando, a morena hora ou outra virava a cabeça para beijar o marido, que não deixava de tocá-la um só momento. Uma hora beijava carinhosamente suas madeixas castanhas, outra hora depositava leves beijos no pescoço da morena, outra hora brincava com suas mãos, fazendo Regina sorrir e pensar que aquilo era uma coisa só deles.

Quando Roland soltou uma reclamação, parecendo enjoado de tanto jogar sem conseguir vencer o irmão mais velho, Regina o chamou para o seu colo, e o menino foi sem pestanejar. O garotinho sentou-se no colo de Regina, escorando a cabeça no peito da mulher, que afogou seus cachos castanhos.

— Mamãe, jogar me deixou com fome. – Roland falou, e Henry parou o jogo, olhando para os três no sofá e concordando com a afirmação do irmão.

— E o que meus meninos querem comer? – Regina perguntou, sentando-se no sofá com Roland ainda em seu colo.

— Sorvete! – disse Roland.

— Bolo de chocolate! – Henry falou, quase junto com o irmão.

— Vocês sabem que nenhum desses dois mata realmente a fome, né? – Robin perguntou e os dois meninos deram de ombros.

— Por favorzinho! – imploraram os dois meninos, com olhos de cachorro sem dono.

— Ok, mas eu vou querer ajuda para fazer o bolo. – Regina disse, levantando do sofá e colocando Roland pro chão.

— Eu quero ajudar, mamãe. – o menino falou, seguindo com Regina até a cozinha.

— Eu vou com o Robin comprar o sorvete. – Henry se manifestou, levantando-se e desligando o aparelho de vídeo game e TV, depois seguindo até o andar de cima para pegar um casaco. Robin olhou ao redor da sala, vendo que foi o único que continuava no mesmo lugar e deu de ombros, levantando-se e pegando a chave do carro.

Ninguém havia perguntado para ele, mas pelo jeito o ladrão tinha ficado encarregado de ir comprar o sorvete.

***

Henry mexia no rádio do carro procurando uma estação que tocasse algo aceitável para escutar. Eles seguiam até o mercado conversando sobre coisas sem real importância, e na verdade o garoto estava muito curioso sobre uma coisa em especial, que até agora era conhecimento somente dele e de Robin. Não aguentando mais, o garoto aproveitou que estavam sozinhos, largou de mão o rádio, deixando em uma estação qualquer, e se dirigiu para o ladrão:

— Você já contou o plano para ela? – Henry perguntou, chamando a atenção de Robin.

— Ainda não. – Robin respondeu, vendo a esperança nos olhos de Henry desaparecer. –Regina está lidando melhor com a situação, Henry, mas nós dois sabemos que ainda é difícil para ela. Fazem meses agora, e ainda não tivemos nenhuma resposta positiva... – o ladrão explicou, sentindo a tristeza tomar conta de si, porque sabia como tudo aquilo estava deixando Regina deprimida.

— Mas Robin, eu tenho certeza que meu avô tem a solução para aquele maldito feitiço. Se vocês procurarem ele... – o menino disse, exasperado.

— Esse é o problema, Henry. Sua mãe negou, desde o inicio, essa alternativa. Ela não quer Rumple envolvido nisso ou qualquer magia vinda dele. Eu pagaria o preço que fosse, porque eu quero Regina feliz, mas eu acho impossível de enfiar isso na cabeça dela. Sua mãe não vai concordar... – Robin respondeu, negando com a cabeça quando disse a ultima frase. Regina era a mulher mais cabeça dura que ele já conhecera, e isso só fazia ele a amar ainda mais.

— E você vai desistir? – o garoto perguntou, triste.

— Não, de forma alguma. – Robin disse, rapidamente. – Não vou desistir, e nem vou deixá-la desistir. Vou conversar com ela, mas com calma.

— Eu sei que você consegue Robin, mamãe sempre te escuta. Se você entrar nessa, ela entra junto. – Henry disse, e Robin concordou com a cabeça, voltando sua atenção para o trânsito.

Ele e Regina estavam tentando, de todas as formas possíveis, terem um bebê. Depois de todo aquele pequeno drama após o pedido de Roland, com as cabeças mais frias, Regina havia concordado que era aquilo que queria, era o que queriam, e agora, mesmo depois de meses sem conseguirem, os dois não estavam dispostos a dar o braço a torcer. Entretanto, Robin sabia o quanto cada resposta negativa quebrava o coração de Regina em pedacinhos, e Robin quase não conseguia mais aguentar isso. Se a dor fosse apenas dele, estaria tudo bem. Mas ter que ver Regina sofrer era algo que o destruía por dentro. A prefeita tentava evitar, tentava ficar forte, mas não era sempre que conseguia.

A ideia de Henry agora já formava raízes na cabeça de Robin, não deixando-o em paz. E embora ele soubesse que Regina não fosse concordar, ele precisava tentar. Era a melhor alternativa que eles tinham. E Robin não deixaria ela passar, mesmo que tivesse que lidar com um dos seres mais desprezíveis que ele já conhecera.

***

Quando Henry e Robin chegaram em casa, Roland e Regina se encontravam na maior bagunça na cozinha. Regina mexia a massa do bolo no pote, e Roland separava os ingredientes para a cobertura, embora estivesse tentando a todo custo conseguir um pouco de massa crua para comer.

— Eu também quero, mãe. – Henry disse, entrando na cozinha, seguido de Robin. Roland desistiu de conseguir a massa e correu para as sacolas, curioso para ver os sorvetes que o irmão e o pai tinham comprado. Quando Henry tentou molhar a ponta do dedo na massa, Regina deu um leve tapa na mão dele, fazendo o garoto reclamar.

— Mas é só um pouquinho! – Henry disse, de cara feia. Regina semicerrou os olhos, voltando a mexer a massa.

— Eu quero saber com quem vocês aprenderam isso. – ela reclamou, fazendo Robin rir. – Eu sempre deixo vocês rasparem o pote, antes disso não tem que estar mexendo na massa. – advertiu, e os dois garotos sentaram-se nos bancos que ficavam na frente da ilha, observando a mãe terminar de mexer a massa e colocar a mistura dentro da forma, esperando o momento para finalmente tomarem conta do pote. Robin guardou os dois potes de sorvete dentro da geladeira e sentou-se ao lado dos meninos. Quando Regina entregou o pote para Henry, Roland correu até a gaveta para pegar as colheres e logo os dois sumiram para a sala, deixando o casal sozinho.

— E eu não ganho nem um pouquinho? – Robin perguntou, chamando a esposa para perto. Regina foi até ele, permitindo-se sorrir com a pergunta dele.

— Você ganha um beijo, serve? – Ela perguntou, colocando os dois braços ao redor do pescoço dele.

— É claro que serve... – Robin sorriu, beijando-a em seguida. Regina sorriu entre o beijo, sentindo-se completamente feliz. – Isso é com certeza muito melhor que qualquer bolo.

— Robin... – Regina sussurrou, e os dois sorriram com os pensamentos impróprios para aquele momento. Robin depositou um selinho nos lábios dela, e depois descansou a testa na dela, suspirando.

— Os dois pestinhas correram para a sala e deixaram a bagunça só pra nós dois. – Regina reclamou, depois que se afastou dele.

— Ah, mas eu vou chamar os dois aqui agora. – Robin disse, pronto para sair da cozinha, entretanto Regina o impediu, abraçando-se a ele.

— Eles vão ter que devolver o pote, enquanto isso, podemos namorar um pouquinho? – perguntou manhosa.

— Tudo o que minha rainha quiser. – Robin respondeu, depositando uma sequência de beijos no pescoço dela.

— Deuses, como eu sou sortuda por ter um súdito desses. – ela brincou, mordendo o lábio inferior.

— Muito, muito sortuda. – Robin riu, para logo depois beijá-la.

***

Robin estacionou o carro na frente da loja de Sr. Gold, criando a coragem que necessitava para entrar. Ele não havia contado para Regina que iria até ali, porque ela estava tão feliz na noite anterior, enquanto comia bolo de chocolate com sorvete com os filhos, que Robin não teve coragem de importuná-la com algo que não sabia se daria certo.

Descendo do carro, o loiro entrou na loja, encontrando-a vazia. O sino que ficava em cima da porta tocou, e ele sabia que não iria demorar muito para Gold aparecer, embora o homem desejasse que demorasse. Ele queria organizar os pensamentos, porque sabia quem enfrentaria, o conhecia, e embora quisesse muito acreditar que conseguiria algo de Gold, Robin não estava contando com isso.

No lugar do homem grisalho que esperava, quem apareceu por de trás da cortina fora Belle, que se surpreendeu ao ver Robin ali. O loiro sorriu para ela, e mesmo surpresa, Belle devolveu o sorriso.

— Robin! Que surpresa, no que posso ajudar? – ela perguntou, e Robin se aproximou do balcão.

— Belle, como está? Eu precisava, na verdade, conversar com o Gold, ele está? – Robin perguntou, e a mulher concordou com a cabeça.

— Claro, vou chamá-lo. – disse, e sumiu para a sala que ficava no fundo da loja, deixando Robin agitado para trás. O loiro martelava com os dedos no balcão, matutando se havia feito o certo em ter ido até ali. Antes que mudasse de idéia e fosse embora, no entanto, Gold apareceu, com aquele olhar confiante de sempre.

— Olha só, se não é o ladrão da cidade. – o homem alfinetou, parando em frente a Robin. – A que devo a honra?

— Gold... – Robin cumprimentou, não sabendo exatamente o que dizer para Gold. – Na verdade, eu esperava que você pudesse me ajudar...

— Ajudar? E desde quando eu ajudo alguém? – Gold o interrompeu, sendo irônico. – Eu acho que você veio atrás de um favor meu, queridinho, e eu queria muito registrar esse momento, porque até o mais puro dos homens um dia necessita da magia do senhor das trevas. – provocou.

Robin respirou fundo, e pensou em virar as costas e ir embora, o que ele estava fazendo ali mesmo? Talvez Gold nem tivesse a solução. Entretanto, o sorriso de Regina veio à cabeça de Robin, e ele lembrou-se o quanto os dois queriam um bebê, o quanto a vida fora injusta com Regina forçando-a a tirar isso de si mesma. Ele lembrou que disse a Henry que não desistiria, e ele realmente não iria.

— Você sabe da poção que Regina tomou há anos atrás, que a tornou infértil. Eu quero o antídoto. Eu pago o preço que precisar. – o ladrão disse, convicto. Gold riu, refletiu por um momento e depois voltou a falar.

— Então o ladrão e a rainha estão pretendendo ter um bebê? – ele perguntou, mas não deu espaço para que Robin respondesse. – Interessante, e o mais interessante ainda é: você, apenas um ladrão, achando que pode pagar o preço para algo grande como isso. Infelizmente para vocês, eu não posso ajudar.

— Gold... – Robin ia falar, mas foi interrompido.

— Regina fez a escolha dela, movida pela vingança. Ela teve o que queria, e vai ter que conviver com essa escolha, ladrão. Sinto muito, não irei ajudá-los. – falou, e Robin respirou fundo, a raiva tomando conta de si.

— Regina não teve escolha, nunca. Ela perdeu a pessoa que mais amava, teve que se sujeitar a um casamento terrível, fora manipulada por você por muito tempo... Ela nunca teve escolha, Gold. E mesmo depois de ter se afundando na mais terrível escuridão, ela achou um caminho de volta. E eu não vou deixá-la voltar para ele. Você pode não querer nos ajudar, mas eu vou achar alguém que o faça. – Robin disse. – Você não aprendeu nada com a Belle, não é? – desdenhou, vendo que sua fala causou efeito no homem a sua frente. – Pelo menos Regina busca ser uma pessoa melhor a cada dia. Passar bem. –Robin disse, percebendo que fora um estúpido por ter ido até ali. Virando as costas, o ladrão saiu da loja, explodindo de raiva. E também de tristeza. Porque lá se ia uma de suas ultimas chances, e ele nem sabia como contaria para Regina.

Ele seguia devagar até o carro, tentando se acalmar. Gold era um tirano! Como Robin o odiava, odiava toda a magia com a qual aquele homem mexia, não acreditava que tinha ido até ali pedir algo para ele. Preferia passar o resto dos anos tentando, do que ter que partir para magia negra.

Respirando fundo, Robin percebeu que não ter a ajuda de Gold era muito melhor do que ter. Regina e ele achariam um jeito.

Antes que entrasse no carro, entretanto, ouviu o chamado de Belle, que corria para alcançá-lo. Robin se virou, e enfim a mulher que amava livros conseguiu alcançá-lo.

— Que bom que consegui te alcançar. – ela disse, sorrindo. – Peço desculpas, mas eu ouvi sua conversa com o Gold... e eu acho que posso ter uma solução. – falou.

— Belle, fico muito agradecido, mas eu não quero nada que venha do Gold. Acho que foi uma péssima escolha vir até aqui. – Robin respondeu, passando as mãos nervosamente pelos cabelos loiro escuros.

— Não, Robin. Você não entendeu. Eu não venho lhe oferecer nada de Gold, ou você já esqueceu que eu sou ótima com livros? Eu tenho um que acho que pode apresentar uma solução para você e para Regina. – Belle explicou, vendo perfeitamente quando os olhos azuis se encheram de esperanças. – Eu não posso te dar cem por cento de certeza que irá funcionar, mas talvez, apenas talvez, ajude. E eu quero ajudar vocês. Tanto você quanto Regina merecem a felicidade. – disse, e logo se sentiu ser abraçada por Robin. O loiro a agradeceu imensamente. – Você vem comigo até a biblioteca para pegar? Ele está no meu armário lá.

— É claro, claro que vou. Muito obrigada, Belle. – Robin agradeceu mais uma vez, e a mulher assegurou novamente que ele não tinha o que agradecer. Juntos, os dois seguiram até o carro de Robin, seguindo para a biblioteca.

***

Regina e Tinker se encontravam organizando algumas pastas de arquivos antigos da prefeitura, quando ouviram um leve bater na porta, que estava aberta. Quando a prefeita se virou, deu de cara com Robin, que entrava na sala. Sorrindo surpresa por ver ele ali naquela hora, ela deixou os papeis que segurava em cima da mesa e seguiu até o marido. Robin a abraçou apertado, fazendo-a estranhar. Ele parecia nervoso, e isso a fez ficar preocupada. Será que havia acontecido algo? Antes que pudesse perguntar algo, entretanto, ele depositou um leve beijo em seus lábios.

— Uau, tudo isso é saudade? Nem parece que se viram de manha. – Tinker brincou, e os dois olharam para ela, Robin sorrindo e se desculpando. – Não precisa se desculpar, já entendi, chegou a minha hora. Me chamem quando terminarem, ou melhor, nem chamem. – Tinker disse, saindo da sala e fechando a porta.

— Ok, o que aconteceu? – Regina perguntou, quando ficaram sozinhos. Robin a principio não respondeu nada, tomando uma respiração profunda. – Robin, você está me preocupando. Os meninos estão bem?

— Eles estão, não se preocupe. – Robin respondeu, dando um beijo na testa dela. – Acho que o único que não vai estar bem vai ser eu, depois que você ficar sabendo do que eu fiz. Antes, entretanto, quero deixar claro que eu amo você, e só faço as coisas para te fazer feliz.

— Deuses, Robin Hood, o que você aprontou? – Regina perguntou, a preocupação tomando conta de seu ser.

— Eu fui até a loja de Gold, Regina. Pedir ajuda para desfazer o feitiço. – Robin disse e Regina arregalou os olhos.

— Você o que? – ela quase gritou. – Você só pode estar brincando...

— Não estou. Eu fui até lá. E ele se recusou a ajudar. E aí eu vi o quão estúpido fui, porque já sabia que isso não seria a solução... Sinto muito. – ele falou, sentando-se no sofá, sentindo-se derrotado pela avalanche que sabia que viria de Regina.

— Não consigo acreditar. Nós tínhamos combinado que não faríamos isso. Você odeia magia, Robin! Não posso acreditar. – Regina falou, enquanto caminhava de um lado para o outro.

— Eu sei que tínhamos combinado, Regina. Mas eu não posso agüentar te ver triste por não estarmos conseguindo. Eu não posso ficar parado, eu tinha que tentar. – Robin respondeu, e ela o olhou, chateada.

— E você iria pagar o preço que ele ia propor? Ia fazer um acordo com o Senhor das Trevas, Robin? Tem a noção disso? – ela falou, os olhos enchendo-se de lágrimas. – Gold não iria nos ajudar, e se ajudasse, não posso nem imaginar o preço que pagaríamos por isso.

— Eu sei disso, sei disso e sinto muito. Me arrependi no momento em que entrei na loja, Regina. Mas eu precisava fazer isso...

— Você fez isso sem me falar nada... eu nem sei o que te dizer. – ela disse, baixinho. Robin sentiu o coração pesar, e se levantou do sofá, aproximando-se dela.

— Me perdoa, meu amor. Eu não fiz por mal, te juro. Eu apenas tomei coragem e fui. Me arrependi no momento em que entrei lá. Gold não teria a solução, nunca. Porque um bebê é algo puro, Regina, algo que ele jamais conseguirá alcançar. – ele falou, pegando o rosto dela entre as mãos. Regina deixou que lágrimas escapassem de seus olhos, simplesmente porque não precisava se esconder de Robin. Estava chateada pelo que ele fizera, ainda mais por ter escondido dela. Por não ter falado, por não ter pedido uma opinião sobre aquilo. E o pior, estava com o coração partido porque era mais uma vez que eles tinham uma resposta negativa.

O coração de Robin quase não aguentou ao ver as lágrimas caindo pelo rosto da esposa, e delicadamente ele as secou, depositando diversos selinhos em sua face, Regina fechou os olhos com o contato.

— Tem mais uma coisa que ainda não te contei. – ele falou baixinho, e Regina abriu os olhos devagar, encarando aquela imensidão azul que tanto amava. Será que ela tinha como aguentar o que ele ia falar?

— Estou com medo do que você vai falar. – ela sussurrou.

— Quando eu estava saindo da lojaBelle veio atrás de mim, Regina. Ela me deu um livro e disse que talvez ele possa nos ajudar. – ele disse, e Regina negou com a cabeça, mordendo o lábio inferior para impedir as lágrimas de caírem.

— Você está falando sério? – perguntou, a voz embargada. Belle era a pessoa que tinha mais conhecimento sobre livros e se ela achava que a resposta para quebrar o feitiço estava no livro, Regina não tinha nem noção de como se sentia. Algo dentro dela se ascendeu.

— Nunca falei tão sério em toda a minha vida. Eu o folheei, mas não consegui entender nada, então resolvi deixar isso para você. – Robin falou, sorrindo para ela. Regina negou com a cabeça, ainda não caindo na real. O loiro a encarou, preocupado.

— Estou com medo, Robin. E se não conseguirmos mesmo com isso? – ela perguntou, desviando o olhar do dele.

— Vamos continuar tentando, sem desistir, lembra? – Robin respondeu, colocando a mão na bochecha de Regina, fazendo um leve carinho. – Olhe pra mim. – pediu, e o castanho se encontrou com o azul. – Também estou com medo, meu amor. Mas o medo só vai nos tornar mais fortes. E desde que eu tenha você, o que mais importa? Só os nossos meninos. Já somos uma família, não há nada que possa nos derrubar. Estou com você. Agora, você está comigo? – ele falou, e Regina fechou os olhos, respirando fundo.

— Estou com você, sempre. – ela sussurrou, descansando a testa dela sobre a dele, encostando os narizes e depois depositando um leve selinho em seus lábios. – Agora... eu posso ver o livro? – perguntou, e Robin sorriu.

— É pra já. – ele falou, pegando-a pela mão e saindo do escritório.

Eles tinham muito o que entender. Mas o que poderia dar errado, se Regina era uma das melhores feiticeiras que o mundo já vira?

***

Quando Robin estacionou o carro na frente da prefeitura, ele não se importou em como o tinha o feito. Ele só precisava chegar até Regina o mais rápido possível. Se ele levasse uma multa no processo, bem, isso não importava agora.

Ele sabia que tinha algo errado. Sabia que Regina não estava bem há semanas. E mesmo assim, ela não parava de ser teimosa e difícil de por as coisas na cabeça. Ele se cansara de pedir para ela ir ao médico, e parecia que os pedidos entravam por um ouvido e saiam por outro. Agora ele estava ali, correndo feito um louco, porque ela tinha o ligado e pedido para que fosse buscá-la, porque ela não se sentia nada bem.

Nada bem! Ele que não estava nada bem só de pensar que ela estava passando mal sozinha.

Ao chegar ao escritório da prefeita, Robin se desesperou ao não enxergá-la em nenhum lugar. Seus olhos passaram por toda a sala, e uma grande confusão apossou-se de seu ser. O lugar estava exatamente como a primeira vez em que os dois se encontraram ali, há um bom tempo atrás. Exatamente como na noite em que ele levou Regina para ali, e eles fizeram amor a noite toda, como uma primeira tentativa de tentarem um bebê.

Mas o que diabos estava acontecendo?

A resposta para essa pergunta veio no minuto seguinte, quando Regina colocou as mãos sobre o par de olhos azuis, sussurrando em seu ouvido:

— Surpresa! – ela sorriu, virando-o para ela. Robin estava com uma cara de confusão e Regina quis fotografar o momento.

— Por Deus, você está bem? – ele perguntou, mas já sabia a resposta. Ela estava iluminada, os olhos brilhando. Algo parecia muito diferente. Regina não estava passando mal, de forma alguma. Isso foi o bastante para ele deixar um suspiro de alívio escapar por seus lábios. Regina sorriu. Como ele podia ser tão preocupado?

— Nunca estive tão bem. – ela respondeu, puxando-a para si, dando-lhe um doce beijo. Robin se surpreendeu, mas o correspondeu mesmo assim, as mãos passeando da cintura até as costas da morena, prendendo-a mais contra si.

— O que aconteceu, Regina? Não me diga que eu esqueci de alguma data? – ele perguntou, a testa franzida. Regina riu, negando com a cabeça. Ela o pegou pela mão, levando-o até o tapete na frente do sofá, onde sentou-se com ele. A cesta de piquenique estava presente, e duas taças com vinho se encontravam em cima da mesa de centro.

— Não, Robin, é óbvio que você não esqueceu nenhuma data. Se alguém nesse relacionamento esquecesse datas, esta seria eu, não é? – ela respondeu, e ele riu, negando com a cabeça.

— Não seja boba. – falou, puxando-a para si e beijando-a. A morena não conseguiu evitar sorrir durante o beijo, aproximando-se mais dele. Quando se separaram, ambos ofegantes, Robin sorriu para ela, e Regina sentiu o coração acelerar. Como amava aquele homem!

— Está curioso para saber por que fiz tudo isso, não está? – ela perguntou, e Robin fez uma careta, concordando em seguida.

— Você quase me matou de susto, Regina! Eu vim correndo, provavelmente vou ser multado porque nem sei se estacionei o carro direito. – Robin respondeu, ajeitando uma mecha de cabelo que caia sobre o rosto da morena. A mão dele desceu suavemente pelo braço dela, para segurar a mão dela, que tinha um sorriso travesso no rosto.

— Bem, o carro pode esperar. Esse momento não. – ela disse apenas, e Robin levantou uma sobrancelha. Aquilo não respondia nenhuma das perguntas. Regina afastou-se dele para pegar uma das taças, alcançando a outra a ele. Robin agradeceu, mas antes de levá-la aos lábios, perguntou:

— E os meninos?

— Henry está com Emma e Killian, Roland tive que deixar com Tinker, porque se não o fizesse, aquela fada ainda estaria aqui me importunando. – Regina falou, meio irritada, fazendo Robin sorrir.

— Garanto que ele deve estar feliz. – comentou, e Regina riu, concordando.

— Os dois devem estar assistindo desenhos, de baixo das cobertas, comendo besteiras. Embora eu tenha sido claro quando a isso. – ela falou, e Robin teve que segurar a risada. Quando ele levou a taça a boca, provando a bebida, estranhou.

— Isso é suco de uva? – ele perguntou, tomando mais um gole para ter certeza. Será que Regina tinha se enganado. No entanto, os olhos da morena brilharam, e ela largou a taça dela na mesa, pegando a de Robin em seguida.

Chegara o momento. Regina sentia que seu coração iria sair pela boca. Sorrindo, a morena falou:

— Acho que a partir de hoje, e pelos próximos meses, é sem vinho para mim.

— O-O que... Regina... – Robin a encarou, o coração começando a bater muito rápido.

— Eu decidi fazer o que um certo ladrão estava me pedindo, e bem, fui a um médico hoje. Fiz um exame de sangue. Estou grávida, Robin! – falou, e viu o momento exato em que os olhos do loiro marejaram, em que a emoção o tomou a ponto de fazer pequenas lágrimas caírem de seu lindo mar azul. Antes que mais algum segundo passasse, o loiro a tomou em seus braços, beijando cada pedacinho dela que conseguia.

— Conseguimos, Regina! Conseguimos! – Robin comemorou, e Regina gargalhou, porque nunca se sentira tão feliz na vida como agora. Ela pegou o rosto dele entre suas mãos, acariciou a barba e o beijou. Robin a puxou mais para si, e quando se separaram, depositou ambas as mãos no ventre da esposa. – Obrigada por isso, meu amor. – ele agradeceu,se sentindo o homem mais realizado do mundo. Não, ele não estava apenas se sentindo, ele se dera conta de que era.

— Eu que agradeço por não ter me deixado desistir. Vamos ter um bebê. – Regina disse, sorrindo feito boba, as lágrimas agora caíam tanto pelos olhos dela quanto pelos de Robin. Mas finalmente as lágrimas agora eram de felicidade. A mais pura felicidade de todas.

Horas depois, enrolados em um cobertor que a morena havia deixado em cima do sofá, sabendo que passariam a noite na prefeitura, Robin se encontrava com uma mão depositada nos cabelos castanhos e a outra no ventre da mulher. Regina se encontrava deitada no peito de Robin, sentindo-se levemente sonolenta depois de toda a rodada de amor que tiveram. Além disso, era um carinho gostoso que Robin fazia em seu ventre, e Regina teve certeza que adoraria tê-lo sempre pelos próximos meses. Ela sorriu com o pensamento, chamando a atenção do loiro.

— Posso saber o motivo desse sorriso? – ele perguntou, e ela abriu os olhos, buscando os olhos azuis.

— Eu estou grávida. – Regina disse apenas, fazendo Robin rir. Ele a puxou para si, tomando-lhe os lábios num beijo carinhoso, e depois a morena se aconchegou a ele, fechando os olhos. Antes de adormecer, entretanto, ouvira um “Eu te amo” escapar pelos lábios do ladrão, o que fez seu coração aquecer.

Eu é que te amo, Regina quis responder. Mas já estava adormecida demais, então apenas se aconchegou mais no corpo de seu ladrão, sabendo que estaria segura ali. Ela, e a vida que se formava em seu ventre.

***

Regina se sentia muito cansada. Ela sentia o cafuné que Robin fazia em seu cabelo, lutando para não cair no sono. E a cada barulho que dava fora do quarto, ela abria os olhos, na esperança de ver Olívia entrar pela porta.

— Por que estão demorando tanto para trazê-la? – Regina perguntou para Robin, buscando os olhos azuis do marido.

— Estão apenas terminando de examiná-la, meu amor. Fique tranquila, nossa menininha já deve estar chegando. – ele disse, fazendo um leve carinho na bochecha da esposa. – Ela é a coisa mais linda que eu já vi, Regina. Linda! – Robin falou, os olhos marejando. Regina sentiu os dela marejarem também.

— Ela está bem, não está? – perguntou, mesmo que Robin já tenha afirmado umas dez vezes que Olívia estava ótima, era a bebê mais linda que ele já vira, e que logo ela estaria ali no quarto com eles. Antes que ele tivesse que afirmar tudo isso novamente para a esposa, a porta se abriu, e uma enfermeira com um sorriso simpático entrou no quarto, com um pacotinho enrolado em um cobertor lilás nos braços.

Quando a enfermeira depositou Olívia nos braços de Regina, as lágrimas já estavam ali presentes nos olhos da morena. A menina estava com os olhos fechados e suas mãozinhas pequenas se agitavam freneticamente, e só pararam quando se encontraram com os dedos de Regina, agarrando-os fortemente. A prefeita sorriu entre as lágrimas.

— Oi, meu amor. – ela sussurrou pra bebê, que abriu os olhinhos e rapidamente os fechou, fazendo os pais sorrirem. Regina passou o dedo por todo o rostinho da sua pequena, que se mostrava muito tranquila. Ela estava encantada. Sua filha era a criaturinha mais linda que ela já vira em toda a sua vida. – Você é a coisa mais linda que eu já vi, Olívia. Eu amo você com todo o meu ser, minha princesa. Bem vinda!

— Ela tem seus olhos. – Robin sussurrou pra Regina, agora tendo um dos dedos agarrados pelas pequenas mãozinhas. A morena, como se fosse possível, sorriu ainda mais.

— Ela é perfeita. – Regina falou para Robin, que concordou sorrindo, depositando um leve beijo em sua testa. Logo Olívia estava procurando pelo peito da mãe, e a enfermeira ajudou dando instruções para Regina.

Minutos depois, Regina se encontrava amamentando a filha pela primeira vez, ela e Robin encantados com cada movimento de Olívia. A menina sugava o leite com vontade, e Regina se emocionava sempre que percebia que estava vivendo algo que sempre quisera.

— Obrigada por isso. – a morena desviou os olhos da filha por um instante para olhar para Robin, que beijou-lhe os lábios rapidamente.

— Eu que agradeço, meu amor. Obrigada! – ele respondeu, e depois de sorrirem um para o outro, voltaram a atenção para a filha.

Depois de alimentada, Olívia agora dormia nos braços de Regina, que se demonstrava sonolenta também. A enfermeira havia dado inúmeras instruções, visto que Olívia ficaria ali no quarto por um tempo. Robin estava observando as duas mulheres de sua vida, quando a porta do quarto abriu, mostrando o garotinho com cachos castanhos que se encontrava muito ansioso para conhecer a irmã. Henry entrou logo atrás, seguido de Tinker.

— Oi, papai. – Roland disse baixinho vendo Robin sentado na cadeira ao lado da cama. O garotinho estava muito intrigado com tudo ao seu redor. Ele estava ansioso para Olívia chegar, afinal Roland havia pedido por ela há muito tempo. Parecia que toda a espera havia acabado, e depois de ver sua mãe sendo levada para o hospital, a ansiedade para ver sua irmã aumentou ainda mais. Agora ele mal conseguia acreditar que estava ali. Roland olhava curioso para Regina, que tinha um pacotinho nos braços. Ela estava com os olhos fechados e por um segundo Roland se intimidou, não querendo incomodá-la. Entretanto, Regina abriu os olhos ao escutar a voz do filho, e sorriu ao ver não somente Roland, mas Henry e Tinker.

— Quem quer conhecer a Olívia? – Regina perguntou baixinho, não querendo acordar a filha. Henry logo estava ao lado da cama, espiando a irmã. Roland subiu na cama com a ajuda de Robin, se colocando do outro lado de Regina. Os olhinhos brilharam, e o garoto abriu um sorriso.

— Ela é tão pequena, mamãe. – ele disse, fazendo os adultos e Henry rirem.

— Ela é sim, querido. – Regina respondeu. Henry delicadamente tocou em uma das mãozinhas de Olívia, que não deu sinal que iria acordar de seu sono.

— Olívia, vamos ter muito trabalho com você quando crescer. – Henry falou, fazendo Robin negar com a cabeça, preocupado.

— Nem me fale, Henry. Estamos perdidos. – o ladrão falou, e Regina e Tinker reviraram os olhos.

— Ela não tem nem um dia ainda, pelo amor de Deus! – Tinker retrucou, sem desviar os olhos da criança. – Mas olha, eu sabia que vocês fariam lindos filhos quando usei aquele pozinho mágico.

— Você não perde uma, Tinker. – Regina disse, rindo do que a fada falou. Por uns minutos, todos ficaram em silencio, observando a mais nova integrante da família. Regina sentiu Henry lhe dando um beijo na bochecha, e quando ela olhou para Roland sentiu uma enorme felicidade dentro de si. Ela sabia que o menino protegeria Olívia de qualquer perigo, e sabia disso apenas por ver a adoração com a qual o menino olhava para a irmã.

— Gostou dela, Roland? – Regina perguntou. O menino de cachos castanhos sorriu para a mãe, desviando o olhar de Olívia.

— Ela é tão linda quanto você, mamãe. – disse, fazendo Regina e Robin sorrirem. – Não vejo a hora de poder brincar com ela. – Roland comentou, tocando delicadamente o rosto de Olívia com a ponta do dedo.

Regina olhou para Robin no exato momento em que o loiro a olhou, azul e castanho se encontrando e compartilhando a felicidade que sentiam.

Estavam enfim completos.