Capítulo 23

Tava me sentindo meio tonta, cansada. A ultima coisa que me lembro foi de ter apagado na sala de cirurgia. Falando nisso, o que aconteceu? Cadê meu Little Peter? Porque ele obviamente não estava na minha barriga. Tava tudo bem com ele? Abri os olhos devagar sentindo um pouco de dor de cabeça. Eu estava em um dos quartos do hospital, ele era bem pequeno, tinham um banheiro e uma poltrona ao lado da cama. Sentado nessa poltrona, olhando pro chão estava o Bruno, ele parecia triste, preocupado.

- Bruno?! – O chamei, meio baixo, porque ainda estava cansada e fraca. Ele se assustou, eu sorri.

- Ash, até que enfim você acordou. – Ele deu um sorrisinho forçado. Estranho ¬¬.

- Eu não podia dormir pra sempre, não é? – Tentei fazer piada. – Cadê o Little Peter? Você já o conheceu? Eu também quero vê-lo. – Sorri. O Bruno olhou pro chão, percebi que tinha alguma coisa errada ali. – O que foi? Aconteceu alguma coisa?

- Ash, se acalma, tá? – Ele estava nervoso. Meu Deus, qual era o problema? Alguma coisa como bebê? Eu não sei, mas sentia que tinha alguma coisa haver com ele.

- Fala logo Bruno, o que foi que aconteceu? – Ele respirou fundo algumas vezes e disse:

- O Little Peter. Nosso Bebê morreu. – Ele começou a chorar.

- Não, não, não. Você tá brincando né? Não tem graça. O meu bebê, morto? – Eu não conseguia acreditar, não podia ser verdade, não era verdade. O bebê que eu tinha carregado na barriga durante 7 meses não podia estar morto, não mesmo. Mas no fundo eu sabia que iria acontecer alguma coisa ruim, eu senti. Aquela sensação estranha que eu senti de brigar com o Bruno, aquilo era um sinal, mas eu não dei bola.

- Ash, me perdoa? Foi tudo culpa minha, eu agi como um idiota. E olha só, por culpa minha o meu filho morreu. Eu sei que você vai falar que eu devia estar feliz, afinal de contas eu nunca quis esse bebê. Mas eu só estava assustado com essa história de ser pai, não queria fazer nada contar ele e também não teria coragem, mas no final eu acabei fazendo, mesmo sem querer. – Ver o Bruno chorando já era ruim, com ele se culpando pela morte do Little Peter era pior ainda.

- Não foi culpa sua.

- Foi sim, a Kyla me disse. Estresse e cigarro causaram isso. Culpa minha.

- Não foi culpa sua. Não foi culpa de ninguém. Tudo acontece por um motivo.

- E o motivo disso é eu ter sido um idiota esse tempo todo.

- Não. Eu ainda não sei qual é o motivo. Sei que pode parecer meio cruel, ou egoísta, mas foi melhor assim. Melhor pra todo mundo. Nós estávamos sendo obrigados a conviver, obrigados por nós mesmos. Agora já não tem razão pra isso.

- Então agora cada um segue o seu caminho? – Ele perguntou, no fundo parecia triste com isso.

- É, acho que sim. Se você quer assim.

Ele se levantou, veio até mim, me deu um beijo na testa e saiu sem me olhar.