It Will Rain

Capítulo 16


Seis meses já haviam se passado e meus pressentimentos estavam certos. Depois do 1° mês eu acordei do meu sonho, e ele acabou se transformando em um pesadelo.

O Bruno ia pro estúdio “gravar”, ficava fora o dia todo e sempre chegava tarde, bêbado e fedendo a cigarro. Um dia desses ele chegou e me agarrou, tentando me beijar, se não fosse o Phil ali, não sei o que eu faria. Quantas vezes acordei no meio da noite ouvindo o Bruno vomitar? Perdi a conta. Pode parecer meio cruel mas eu só me virava e fingia não ouvir, acredite em mim, era melhor não mexer com ele.

Nós vivíamos brigando, sempre pelo mesmo motivo: Bryan. O Bruno não gostava nenhum pouco do Bryan. Mas o Bryan não ficava atrás, ele não suportava o Bruno. Eu era obrigada a viver no meio dessa guerra. O meu melhor amigo VS o Pai do meu filho. Ah é, eu não contei, o bebê era um menino, mas ainda não tínhamos escolhido o nome.

A Kyla me disse uma vez, “Você não pode se estressar e eles estão te estressando, além de você viver com um fumante. Isso não é bom”. Ela estava certa, eu andava me sentindo mal, era tanta coisa.

Hoje era sábado de tarde e o Bruno cismou em chamar os meninos pra uma “festa” em casa, eu não queria participar, mas ele praticamente me obrigou. Já conheci todos que estavam ali, mas preferi ficar no quarto falando com a Urbana, ela era tipo uma irmã mais velha que me dava conselhos, desde que descobriu que eu estava grávida ela me dava muita força, não só ela, o Phil, Kenji, Kameron e o Eric também. Sempre que o Bruno bebia demais algum deles o trazia para casa e ficava até ele dormir, eles diziam que precisavam ter certeza que o Bruno não aprontaria, e o Phil ainda dizia que estava ali para me proteger.

Resolvi descer com a Urbana, tava morrendo de fome. Era engraçado, eu comia o dia inteiro, mas mesmo assim ainda sentia fome, esse Little Peter comia muito eim? Kkk

- Ash, por que você não vai ficar com o pessoal lá fora? – O bruno disse entrando na cozinha, bêbado como sempre.

- Valeu, mas prefiro ficar no quarto. – Pelo canto do olho vi a Urbana saindo. – Se não se importa, vou voltar lá pra cima.

- Eu me importo sim. – Quando eu ia saindo ele me puxou pelo braço. – Mas quer saber, se você quiser ficar com o Bryan, tudo bem, ele é melhor que o pai do seu filho não é? – Ele soltou o meu braço.

- Bruno, eu não te devo satisfação tá? E o que o Bryan tem a ver com isso? – Fui andando até a sala e ele veio atrás de mim gritando.

- Você não me deve satisfação? Você mora na minha casa, então eu acho que você me deve satisfação sim.

- Se o problema é esse eu saio daqui, tá bom assim? – Gritei parando no meio da sala, o sangue fervendo. – A casa é sua, é você quem manda.

- Talvez você vá morar com o Bryan, aposto que você estaria muito mais feliz com ele. – Ele gritava tanto que o barulho lá fora parou.

- Eu seria mais feliz com qualquer um. – Fui em direção ao quintal. Ele veio atrás, todo mundo na “festa” ficou olhando. Parei e me virei de frente pra ele – E a propósito, o Bryan É melhor do que você, ele pelo menos não age como uma criança.

- Você tá dizendo que eu ajo como uma criança?

- E não age? Bruno, você vai ser pai, acorda. Vê se cresce, você chega em casa tarde e bêbado. Para de agir feito um garotinho idiota e encara a sua responsabilidade.

- Eu não queria ser pai, eu não queria “isso”? – Ele explodiu. Isso? Quando ele disse “isso” eu pude ver na cara das pessoas que estavam ali, eles não acreditavam no que ouviram. Alguns só olhavam perplexos, outros abaixaram a cabeça. Ele encarou o chão respirando fundo e tentando se acalmar.

- Isso? Bruno, “Isso” é o seu filho. – Falei com os olhos marejados, virei as costas andando pra longe dele.