– Adoraria ficar mais, mas temos que ir para o ensaio

– É

– E mais tarde vamos ao bar conhecer o pessoal que está trabalhando na música com o Gabe

– É verdade, eu tinha me esquecido. Que bom que você lembrou

– Você pode ir comigo. Tenho que buscar o Brad


Brad. Um garoto que Brendon mal conhecia mas já odiava. Se não era Brad, era Gabe. Ou qualquer outro que Brendon fazia esforço para escutar o nome. Ryan sempre metia algum garoto na conversa, o que deixava Brendon com raiva.


– Podemos ir nós três ao bar, então ficamos esperando o Gabe, o Spencer e o resto

– Claro. Seria ótimo

– Bem, vamos indo então?

– Vamos. Você conhece o Brad há quanto tempo?

– Difícil dizer. Acho que uns cinco anos

– Bastante

– É. Acabou que ele se mudou há três anos e desde então eu não o vi. Até hoje.

– Legal - Mentiu

– É, eu fiquei bastante feliz

– Ryan, eu posso te fazer uma pergunta?

– Claro

– Por que você não pede para sua mãe se separar do seu pai? Ele faz absurdos, e com todo o respeiro, parece que ela nem liga

– É um assunto delicado... minha mãe tenta impedir meu pai de tentar algo contra mim. Às vezes, ela consegue; outras, ela acaba sendo ferida também. Parece loucura, mas apesar de tudo isso, ela ama ele. E muito. E quem sou eu para impedi-la de ficar com quem ela quer?

– E você?

– Eu? Eu... não tenho certeza sobre isso. É difícil. Meu pai nunca me abraçou, nunca disse "eu te amo". Eu só queria ter um pai, sabe? Um homem que eu admiraria, que me amasse. Que brincasse comigo, que me levasse para passear. Eu nunca pude ter a chance de ter um pai assim - As lágrimas e a tristeza tomaram conta do rosto bem desenhado de Ryan

– Vai ficar tudo bem

– Droga. Estou parecendo um idiota agora. Me desculpe

– Hey! Não está não. Chore. Coloque tudo para fora. Vem cá, me dê um abraço. Tudo vai melhorar


Brendon chegou mais perto de Ryan e passou levemente sua mão pelo rosto do amigo, secando seu rosto avermelhado e molhado e olhando em seus olhos.


– Eu estarei aqui, ok? Para tudo que você precisar. Agora vamos esquecer este assunto. Quero ver um Ryan alegre. Aquele que ria feito louco enquanto estava deitado no chão

– Está bem. Obrigado por me ouvir

– Não há de que. Sempre que quiser desabafar ou me contar algo, estarei aqui, do seu lado, escutando


Ryan apenas sorriu e os dois seguiram caminho.

Após algum tempo, Brendon e Ryan chegaram na casa de Spencer, que sorriu ao vê-los.


– Ei, me desculpem, mas estou um pouco cansado hoje, então não estava com vontade de ensaiar. Me desculpem

– Sem problemas. Você não é um robô para estar disposto o tempo todo

– Obrigado

– Quer voltar na praça?

– Claro

– Spencer, você quer vir junto?

– Não, obrigado, eu vou descansar

– Ok. Nos vemos à noite, então

– Ok. Divirtam-se

– Obrigado


Ryan e Brendon saíram pela porta e retornaram à praça


– Foi tempo perdido

– É, mas temos que dar um desconto ao Spencer

– Concordo

– Brendon...

– Pode me chamar de Brenny

– Ok, Brenny... você se importa se o Brad vir junto? Ele ficará aqui por dois dias apenas e eu gostaria de aproveitar

– Claro que não! Será ótimo tê-lo em nossa companhia

– Legal. Vou ligar para ele então

– Ok


Ryan sacou o celular do bolso, discou o número desejado e esperou. Em menos de dez minutos, o garoto pôs o aparelho no bolso novamente


– Pronto. Brad disse que estará pronto em dez minutos. Já podemor ir indo

– Está bem


Pouco tempo depois, Brad saía do hotel na companhia de Brendon e Ryan


– E então, quanto a hoje à noite, eu te busco às dezenove e trinta, pode ser?

– Pode

– Você vai ir junto conosco, Brenny?

– Eu acho que não. Tenho que ajudar em algumas coisas em casa, então creio que chegarei atrasado. Mas obrigado.

– Está bem

– Onde vamos?

– Na praça, o que você acha?

– Maravilhoso


Já às dezenove horas, Ryan se vestia em sua casa. Como o garoto era simples, vestiu seu corpo magro com uma calça jeans, uma camiseta e um moletom.

Ryan se despediu de sua mãe e saiu pela porta. O vento do inverno batia em seu rosto e fazia com que os fios de seu cabelo castanho esvoaçassem

O garoto não caminhou muito até chegar no hotel onde o amigo estava hospedado. Pediu para o recepcionista chamá-lo e esperou.


– Hey!

– E aí, Brad. Pronto?

– Claro, vamos lá

– Está tudo bem no hotel?

– Sim, ele é ótimo. Escuta, Ry... eu não vou poder ficar muito com vocês no bar

– Por que?

– Eu... já comprei as passagens de volta. Minhas malas já estão prontas

– M-mas já? Nós nem conversamos nada!

– Eu sei, Ryan, mas eu preciso ir. Você sabe

– Eu sei... droga. Você quer voltar? Eu posso marcar outro dia com o Gabe

– Não. De jeito nenhum. Eles já devem estar lá, você não pode desmarcar assim, de repente. Eu virei nas férias. Teremos bastante tempo para conversar. Não falta tanto tempo

– Faltam sete meses

– Não é muito tempo

– Claro que é

– Ryan, vamos esquecer o futuro. Vamos aproveitar a noite, está bem?

– Ok


Pouco tempo depois, Ryan e Brad chegaram no bar e encontrarm Spencer, Gabe e seus convidados. Logo depois, Brendon surgiue sentou-se junto aos amigos


– Olá

– Oi

– Gente, esses são William Beckett, Travis McCoy e Maja Ivarsson

– Olá

– Prazer

– Tudo bem?

– Sim, obrigada

– E então, vamos pedir algo?

– Vou chamar o garçom

– O que desejam?

– Quatro sucos de laranja

– E dois de limão

– Brad, Ryan, vocês não vão querer nada?

– Não, estou bem, obrigado

– Eu vou querer um de morango. Ryan, você precisa pelo menos tomar alguma coisa

– Estou bem, obrigado

– Podemos dividir um suco

– Não, Brad, eu estou bem, sério

– Traga um suco de morango com dois canudos, por favor

– Está bem. Volto já com o pedido de vocês

– Obrigado

– Não precisava. Eu disse que não queria

– Precisava sim


Pouco Tempo depois, o garçom voltou com os pedidos


– Este lugar tem um ótimo aspecto. Me sinto em um restaurante chique

– Você literalmente não conhece Los Angeles - Ryan riu

– Ryan, não tende disfarçar. Beba o suco logo

– Está bem...


Todos ficaram rindo e conversando por um tempo, até que Brad anunciou sua partida


– Eu preciso ir

– Já?

– É. Senão vou perder o voo

– Eu vou com você até o aeroporto

– Está bem, só tenho que buscar as malas no hotel

– Ok

– Tchau pessoal, foi bom conversar com vocês e foi um prazer conhecê-los. Adeus

– Tchau

– Tchau

– Vem, Brad. Vamos


Meia hora depois, Ryan e Brad chegaram no hotel, Brad pegou suas malas e pagou. Enquanto isso, Ryan chamou um táxi e os dois foram até o aeroporto.


– Então, é isso...

– É

– Quando você voltar, eu te mostro um restaurante chique - Ryan sorriu, triste

– Tenho certeza de que será muito legal - Brad sorriu

– Vou sentir sua falta - Ryan abraçou o amigo com firmeza, deixando lágrimas escorrerem por seu rosto magro

– Também vou sentir sua falta. Cuide-se, está bem? Não deixe seu pai te machucar

– Ok

– Tchau, Ryan


Brad desfez o abraço, e já longe, abanou para Ryan, que chorava sem parar