Irã

A Dualidade do Ser


O sol que queimava a terra árida e pedregosa, também queimava seus pés e essa era a única certeza em que ela poderia ter, em sua real situação. A dor. Ela correu aos tropeços e soluços pela colina a frente, caminho percorrido por um múltiplo de séculos já vivido.

A trilha segura pelo rochedo era conhecida, entretanto, ela agora não fazia questão em seguir os passos corretos, apenas queria chegar ao topo o mais cedo possível. Queria chegar, agradecer, perguntar, chorar e voltar antes que sua ausência fosse notada. Tanto que por esse seus pés cozinhavam sobre o chão ardente e pedregoso, que contribuíam com o trabalho de cortar lhe os mesmo, sobre as pequeninas pedras, sem a proteção dos calçados esquecidos as pressas em sua casa.

Já sem muito fôlego e as mãos também feridas para segurar e impulsionar-se pelo rochedo o andar, finalmente ela chega ao Templo, o Templo Circular, próximo a Isfahan. Ainda que intacta, as ruínas do local, aprendeu a amar, a respeitar e a viver. Um lugar que por séculos pôde rezar e se conectar com Deus, assim desabafando e agradecendo.

Mas hoje, ao ver a velha construção, toda decrépita, foi lhe como um reflexo de si e assim, começou a chorar. Sentou-se a sombra das nuvens que começavam a cobrir o sol quente, amenizando seu desconforto, dando um alívio ao menos naquele momento. Ela esfrega as mãos no rosto compulsivamente, entregando-se a tristeza e dor que a acompanhava sempre e de frente aquela figura, pôde chorar, chorar para derramar suas lágrimas podendo finalmente clarear sua visão do seu sofrimento.

Irã não conseguiu chegar até a edificação onde o fogo estava, mas o visualizara em sua mente e dessa forma, começou a orar, com o corpo arqueado e as vestes ainda úmidas lhe deixavam o corpo frio com a sombra das nuvens e o sol já extinguindo-se a cima.

-Oh Ahura Mazda, venho.... agradecer as bênçãos... o bom caminho..... desde dias....

Ela soluçava pelo choro e o cansaço psíquico e físico que tinha.

-Eu ... venho, conversar hoje meu Senhor Sábio... venho conversar..... sobre, a decisão do povo...

Ela estende seu silêncio, pensando em como prosseguir.

—E sua decisão também ... pois o Senhor aconselha e guia... porém....

Ela sente que está prestes a ofender, Deus, mas não pode mais agüentar essa dúvida e medo, transmutar-se em ódio. Um ódio contra si.

— Não compreendo Ahura Mazda, através de nós as pessoas vivem e morrem e nós também vivemos e morremos, conforme a necessidade do ser e sua adaptação cultural, se posso dizer assim... não quero contrariar o fluxo da vida, mas não compreendo por quê não sou mais suficiente para o povo persa.

— Por acaso eu não sou mais necessária, assim como meu pai não foi mais?

—Eu disse e ele, quando...

Ela se lembrou, quando Assan ofendido ao que Irã rebateu sua insolência ao dizer-lhe que ela é o Camelo obediente e manso. Ela sabia que ele quis dizer. E também não deixaria barato ao proferir; “- Mais você não é o Leão, pois se fosse, era seu dever me ajudar a alcançarmos juntos a inocência de uma Criança!” Ele jogou a contra a cama e retalhou suas roupas com as unhas.

Feroz e impiedoso, os gritos e arranhões no corpo de Assam nada fizeram impedi-lo. Desnuda na cama, quando este terminou, a puxou pelo braço e a jogou no chão, impôs-lhe: “- Não sairá daqui sem roupas, não sairá de casa!”

Ela se abraça e volta a chorar da luta retornam.

—Meu Senhor Sábio, não quis distorcer a lição do meu Professor, mas... doeu muito.

Ela olha para cima buscando nas formas indistinguíveis das nuvens, alguém, uma visão, um sinal.

—Me esforço para seguir teus ensinamentos passados pelos homens escolhidos por ti e tento conviver com a idéia de que o povo persa, precisa de uma figura para melhor representados, porém por que então não sumi?

—Se não sumi, significa que ainda sou necessária, não é?

O silêncio daquela vastidão a fez vislumbrar uma hipótese ainda mais macabra.

—Ou será Ahura Mazda, que eu e Assan vemos o bem e o mau do povo?

Ela então escuta o grito característico da ave das montanhas. Uma águia sobrevoava o seu alimento. Para Irã, pensou ela para resguardar a sua sanidade, ela interpreta esse acontecimento.

“-Ahura Mazda, Senhor Sábio?!”

Olha hipnoticamente para ave, Irã revela seu medo e dúvida.

—Oh meu Professor, diga, diga para mim; Se existe Deus e a dualidade do “ser” com duas forças igualmente opostas e predominantes, quem é o bem e o mal, entre Assan e eu, para o povo persa? Quem somos nós?

Irã olha para seus pés feridos e subindo o olhar para as pernas cobertas com o vestido que pegou as pressas, de uma casa nas proximidades deparasse novamente com o sentimento de raiva e vergonha, tentar ocupar a mente, como a um jarro quase a transbordar. Mas a moça resiste, resiste bravamente a esse fel, essa bile negra. Estava mais consistente, quase palpável. Ela então suplicou novamente, novamente soluçando.

- Por favor Ahura Mazda, meu Mestre Zaratustra, será eu Ahriman, já que não mais recebo as romãs e convites a mesa das famílias e sim Assan, quem se senta e recebe atenção.

— Será então eu Senhor Sábio, que sou Arimã por isso estou nas montanhas longínquas e Assan é apenas benevolente comigo e dispôs de sua atenção a mim, por pena? Como a um leproso, que recebe os restos, apenas com a ilusão de que assim aos que “ajudassem” teriam atendido seu ensinamento com um falso moralismo?

Ela se lembra dele, de quando ele, Assan, apareceu em 78.

—Sei que ele sou eu, não quero mais sentir ódio de Assan. Me dói que ele seja eu. Mas agora sou a sombra de mim mesma.

—Assan veio da vontade do povo, mas isso me aperta o coração e está me envenenando, pois mesmo sabendo que é da necessidade dos pernas ter uma representação nacional de si mesmo forte, por que eu não sirvo mais?

—Diga-me meu Professor Zaratustra, meu Ahura Mazda, por que não querem mais que eu seja sua guardião, sua consciência viva?

-Não posso mais agüentar Assan, por seu autoritarismo.

Ela sentia ódio por ele, seu corpo estava tremendo e o coração acelerado, pela respiração forte e sufocada.

—Eu estive antes dele nesta terra, EU, eu sou a guardiã de todos, como pode achar que sabe, mais do que eu?! Eu aceito as lições do Profeta, desde meados de 633 D.C., bem antes dele, achar que surgiria, então por quê ele também não pode aceitar outros enviados Teus?

Essa dualidade dos filhos de Zurvan, já a estava cansando. As atitudes de Assan para com ela faziam na pensar se ele era Arimã e isso só trouxe mais dor, pois pensar no Deus Criador, pensou em seu pai e a falta em que tudo lhe proporcionava.

Sozinha, ela estava sem o pai, porém soube conviver da melhor forma que sabia com os seguidores do Profeta e mesmo tendo em Raghu, talves o único confidente distante, ela ainda sentia falta dele.

“-Oh Pai, meu Pai...”

Ela sussurrou mentalmente, chorando novamente.

—Oh, por favor meu Professor, você que foi escolhido pelo nosso Senhor Sábio, filho do Tempo, intervenha ao meu favor e para que eu possa voltar a ter minha felicidade. Para que eu volte a ser feliz, no tempo em que meu pai era vivo e aquele homem desprezível, não o havia condenado. Quero voltar a ser filha da Pérsia. Do Império Pérsia.

“-Paars, Paars...”

Um ar frio e corruptivo chegou a sua garganta, e o corpo paralisou. Ela sentia o que parou seus corpos, pareciam cordas frias que se enrolavam nela, cordas de couro liso frio. Ao levantar a cabeça, seu rosto sentiu ela, ser coberta por mãos nevoadas, escuras e sólidas.

Vira bruscamente, ficando com as mãos sobre o chão e suas pernas dobradas corria os olhos pela paisagem, mas nada conseguiu a vistas. Estava seu coração de ter ficado tão perto de ser obscuro e perturbador, irmão gêmeo de Ahura Mazda, filho primogênito de Zurvan, O Tempo.

Ela pensou: “-Então é isso, sou eu Ahriman do coração dos persas e Assan é Ahra Mazda. Sou eu, não ele.”

Mas por quê ela é esse ódio e desprezo, se é Assan o autoritário, igual ao governo iraniano?

Ela é amável e benevolente, ela foi benevolente e paciente com os nômades que traziam a palavra de Allah, o Deus que revelou os segredos e mistérios a Muhammad, O Profeta. Ela os tolerou, quando não mais Pérsia existia, teve que caminhar por pedras sozinha, ninguém a levou sobre os braços, ela o fez sozinha e se orgulhava disso.

Por que ela estava passando por isso? Sem suas roupas, apenas trajes de outra mulher; pés descalços e feridos... por que?

— Por favor Senhor Sábio, Meu Mestre... mostrem-me como não sofrer ou ao menos deixem me seguir e estar com meu pai. Sinto sua falta, tudo o que era dele, o que era nervo, desmorona a cada dia e eu ainda estou aqui. Eu sou sua herdeira, eu sou seu legado, eu sou testemunha de sua queda. Eu já vi demais.

Ela toma coragem e fôlego e pensa; “ –Se sou eu o lado ruim de seus corações, então deixe apenas Assan aqui para guiá-los. Se seu autoritarismo é o melhor caminho, então eu o deixe seguir. Eu o deixo seguir sozinho, como eu segui. Neste instante, como obra de Deus, eis que surge o próprio Deus. Irã se deslumbra ao reconhecer Ahura Mazda em seu Faravahar, reluzente como o próprio sol e belo como o arco-íris.

—Oh meu Senhor.

De seus olhos escorriam as lágrimas de esperança, de ter seu pedido, seu pedido mais íntimo e poderoso, atendido.

Ela se curva perante seu Senhor, o cumprimentando.

—Oh Ahura Mazda o Senhor, o Senhor veio atender meu pedido finalmente, não é?

Seus olhos brilhavam de pura comoção.

A divindade o observava em silêncio e ela esperava ansiosa pela resposta.

Ele cria no ar, um círculo flamejante branco e deste interior, ela contemplou seu passado glorioso. Nas cenas nostálgicas ela pôde rever seu pai, seu impérios, sua glória. Todo o passado, tudo pelo o que chorou por anos. Ela concorda com a cabeça e de seus olhos as lágrimas de alegria, cintilar, com o fulgor das cenas tão bem queridas.

—Sim, sim é isso é isso! Oh meu Senhor, então eu posso, voltar?! Não me importo de deixar tudo, com Assan. Sei que é o que o Senhor quer e o que os persas querem! Então me disponho a deixar o legado do meu pai nas mãos dele.

—Apenas, peço Senhor da Glória, que me deixe retornar ao meu tempo alegre e assim, usufruir mais uma vez do amor de tudo, de quando eu era necessário.

Irã não compreendeu quando Ahura Mazda, com os olhos baixo, negou-lhe com a cabeça.

—Eu, eu não entendo.

Ela disse.

Não posso separar a lua de seu reflexo aquático, por serem contrário de si mesmo. Como não posso decepar a ambivalência do corpo esquerdo e direito. Isso não á possível.

—M-mas Senhor, sei agora que sou o mau, o rancor dos persas, então quando eu me extinguir para sempre, Assan os guardará!

A deidade iluminada retorna a falar.

Não é você ou Assan, o corruptor ou a sabedoria compreendida. São os dois o contra ponto de si mesmo, pois nasceram do mesmo plano. São iguais em dualidade existencial de bem e mau, mau e bem. São distintos em parametricidade, deste mesmo bem e mau, pois pensam em conjunto a respeito da moralidade do povo.

—Éis tu e seu igual oposto, a bivalência do ser EU e do ser NÓS. Como então separar uma dualidade de pleno equilíbrio existencial real e abstrato, do inconciênte coletivo?

-Mas, mas...

A moça estava aflita com esse conflito sentimental. Estava triste de nova significava que continuaria num mundo que não a queriam, que não era mais bem vinda e que viveria apenas com as lembranças e sensações mais queridas. Mas tinha que saber ao menos como melhor conviver com toda essa agonia eterna.

- Pois bem Senhor Sábio – disse ela – então como eu deve prosseguir agora?

Ela perguntou, visivelmente desanimada quase derrotada e cansada de tudo. Ela então era culpada por sua própria dor.

— Olha a ti e vê em si a face de Assan, o que ele é em você.

- Como posso se odeio ele?

—Então terá que voltar a amar a ti mesmo.

—Mas como?!

Ela grita e começa a chorar encolhendo-se ao lembrar que falava com o Criador e mentalmente pedia desculpas. Ela sente um calor no ombro esquerdo ao sentir uma mão repousar-se.

Ela imagina que a Deidade a reprimirá pela indelicadeza, porém se espanta ao erguer a cabeça, e reconhecer esse rosto nítido, com sua barba grossa e negra como é o azeviche, sua túnica branca.

Era seu mentor, Zaratustra.

—Professor.

Ele toca-lhe o rosto delicadamente na altura da mandíbula e lhe fornece uma explicação simples de um complexo ensinamento e exercício espiritual.

—Só encontrarão, a plenitude, quenado você e Assan pararem de ver unilateralmente o Camelo e o Leão, para verem-se como a Criança. Entenda você e ele, como o que são; Um.

Os olhos da moça brilhavam com as palavras do sábio. O Profeta desliza a mãos do rosto da moça. Ao retirá-las, Irã o via afastar-se dela, ficando mais próximo de Ahura Mazda e sua aura reluzente.

Ao se aproximar de Ahura Mazda, ambos desaparecem, num brilho ofuscante que quando esta retorna o sentido da visão, sente gotas de água em sua pele. É então que a chuva começa a cair e agora ela repara o quão escuro estava o céu, como se a luz que iluminava seu sonho, tivesse se dispersado e sua cinza realidade retornando.

Pensando assim, ela relembrou sua briga a pouco com Assan e quando esse a despiu para que não pudesse sair da casa. Ela voltou então a ser atormentada por seus horrores e temores. Novamente começou a chorar, compulsivamente, pois seu maior dilema retornara; como Assan e ela poderiam agir como um, se eram tão distintos?

Doía imaginar-se voltando para casa e pelo tempo em que esteve fora. Sem dúvidas ele percebeu sua ausência e estava a sua procura, com certeza. Provavelmente ele deve ter alvoroçado a vila toda também. E quando a encontrar, o que ele faria para puni-la? Ela sentia medo do eu que ela não conhecia em si, pois não era violenta. Talvez seu pai, mas eram tempos difíceis. Bem, não importa. Agora que já sabia que haveria retaliação por parte dele, só temia que isso atingisse os que ainda a respeitavam, mas nem isso a atingiu tanto. O que ele fizera com ela? O u o que Mohamamat Riza Pahlevi e Ruhollah Musavi Khomeini fizeram com ela?

Ela deitou-se no chão enlameado e esperava que essa aproximação com a terra e água, purificasse sua mente e corpo. Fechou os olhos ao pronunciar : “ –Que Spenta Ameraiti e Hariravatat, possam iluminar-me e guiar-me para eu retomar meu caminho para ter a plena paz com Assan, que sou eu, estejam comigo quando eu voltar para casa.

Um raio atingira um lugar nas proximidades, mas ela nada fez, nem abriu os olhos, apenas encolheu-se. Ela estava cansada demais para levantar-se e esconder-se no templo em ruína, porém também sabia que era perigoso. Mas o que fazer, estava vazia, não tinha perspectiva de nada, sua união com Assan não duraria e logo discutiriam e se agredirão então não se abalou ao estar no relento com chuva e tempestade de raios sobre o céu. Só estava lá, esperava que a terra a engolisse, ou que alguém a tirasse de lá, mas não se moveria.

É então que ela sente alguém se aproximando e uma voz bem ao fundo. Ela estranha, curiosa ergue o corpo e se senta. Eis que para a sua surpresa, que quem aparece apressado, é Assan com um grosso tecido sobre o corpo. Ele estava ofegante e todo sujo de terra. Respirava com dificuldade por conta de uma corrida e olhava para ela. Irã o viu dar mais alguns passos na direção dela e parar em silêncio.

Ambos se entre olhavam por um tempo, avaliando o estado do outro buscando por algo, que os dois não sabiam o que era. Para Assan, estava sem jeito pela condição da moça sentada na lama, vestes sujas, que nem dela eram e com uma aparência fragilizada. Já Irã estava envergonhada por Assan a ver naquele estado e se perguntava, o que ele pensava e o que ele faria. Ela abaixa a cabeça e recolhe as pernas por essa intimidade tão próxima, pois mesmo ele sendo ela, ainda era homem.

Ele se aproxima o máximo dela e estende o braço em sua direção. Ela desconfia, porém logo entende que ele quer que ela fique de pé para ele. Ela sente a fraqueza dos membros inferiores, por contados ferimentos dos pés. Ele percebe isso em silêncio, escolhendo o que melhor fazer. Ao que isso o fez por impulso, arrumar o próprio tecido sobre os ombros dela e de súbito, passa seu braço direito em suas costas e com a esquerda, na parte de trás dos joelhos da moça. Ele arqueia para ganhar força e a ergue, levando-a até a borda do morro.

Ele avalia a situação e a superfície de novamente ficando de costas.

—Passe seus braços no meu pescoço, pernas na minha cintura.

Sem palavras, Irã o obedece sem contestar. Durante a descida perigosa, ela tentava decifrar tudo aquilo que ele estava fazendo por ela. O mais intrigante, era como ele sabia que ela estava no Templo do Fogo? Ao chegarem na planície, ele volta a carregá-la nos braços como antes. Ela volta a intrigar se com essa atenção toda direcionada para com ela.

Ela ia pronunciar o nome do rapaz, entretanto julgou desnecessário ao notar o olhar que ele tinha para o horizonte e então, decidiu não chamá-lo. Certamente, Assan estava envergonhado com tudo o que a fez passar e possivelmente ele sabia onde ela estava por serem a mesma unidade nacional personificada. Ele deve ter sido tocado por Hauravatat, ao ser tocado pela chuva, juntamente com Vohu Manah o estivesse feito pensar e com os pés na terra, Spenta Ameraiti o tenha impulsionado a se redimir com ela. Podia ser.

Assan se esforçar até agora para simplesmente caminhar até a casa de ambos, mas até aquela altura o silêncio o estava deixando inquieto. Ele volta seu olhar para ela, porém antes mesmo de executar a cão de tentar um diálogo com Irã, a mesma repousou sua cabeça no lado direito de seu peito e fechou os olhos. Ele por outro lado enrubesceu com essa atitude. Ele também tentou chamá-la para certificar-se, de que ela dormia, visto que por conta do tecido cobrir seu rosto, não conseguia saber. Entretanto ele supôs não ter importância, esse detalhe.

A chuva ainda caia sobre os dois e ela abrira os olhos, o mínimo necessário para observar a paisagem. Assan pisa em falso, mas logo se estabiliza o equilíbrio. Ela se assusta, mas ao ver que estava tudo bem, apenas observa mais uma vez e volta a repousar. Irã quebra o silêncio lhe dizendo a única coisa que menos se espera, após uma situação tão difícil quanto ao que eles sempre estão.

—Obrigada por ter vindo me buscar.

Ele pôde ver, não muito nítido, um singelo sorriso de baixo do capuz improvisado.

Segundos passam ao que ele gaguejando revela uma atitude inusitada à moça.

—Sempre.

Irã sente o coração palpitar e sua temperatura subir. A chuva continuava a cair, mas não se sentia os pingos mais tão pesados. Porém gotas desciam por seu rosto chegando as suas lágrimas. Suas lágrimas expressavam os sentimentos de uma alegria viva e o balanço e a caminhada até em casa, a fez dormir.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.