Irresistível Presença

Capítulo X - Palavras


Capítulo X

Para tudo! Eu ficaria naquela lancha com Edward até domingo? Era isso mesmo, ou eu estava entendendo errado? Será que Papai Noel resolveu passar mais cedo na minha porta esse ano?

- Você só pode estar brincando! – disse sem pensar, ainda em seus lábios e ele interrompeu o beijo para me olhar.

- Não estou, não! – aquele sorriso podia me matar – O que foi? Minha nota foi tão baixa, assim? – indicou os pratos vazios sobre a mesa, se referindo a pontuação que eu daria para o seu lanche – Quer fugir antes da próxima refeição? – percebi o duplo sentido da frase pelo tom libidinoso de sua voz, que me fez rir e corar ao mesmo tempo – Tão linda! – Edward afagou minhas bochechas vermelhas e depois me puxou para um abraço, encaixando meu rosto em seu peito, acariciando meus cabelos com uma de suas mãos.

- Acho que não vale dar nota, agora. Com a fome que eu estava, qualquer coisa que você fizesse eu iria aprovar. - brinquei entregue às suas carícias.

- Não quer dar o braço a torcer, não é? – beijou minha cabeça – Mas teremos muito tempo para isso!

Eu poderia dormir em pé, como estávamos, desde que eu pudesse ficar para sempre abraçada a Edward, sentindo os movimentos que sua respiração exigia de seu peito e ouvindo as batidas do seu coração. Eu estava no paraíso. Se alguém perguntasse o meu nome naquele momento, provavelmente eu diria que era Eva.

Não sei por quanto tempo ficamos daquele jeito, poderia ser minutos, horas ou dias. Era evidente o nosso cansaço, mas parecia que nenhum queria quebrar o clima. Pelo menos eu não queria.

- Vamos dormir? – ele sugeriu delicadamente e eu concordei.

No banheiro, me peguei mais uma vez tentando adivinhar para quantas mulheres Edward havia preparado uma noite parecida com aquela, afinal, ele era bom nos detalhes e não se esquecia de nada. Como a escova de dente, por exemplo, que eu segurava em minha mão direita, e que ele garantiu ser para mim.

Não ia estragar minha noite pensando bobagens. Saí do banheiro e Edward se aproximou me fazendo tremer. Eu estava quebrada, mas meu corpo reagia àquele homem que usava apenas uma calça de moletom assassina, e isso era inevitável.

- Deveria me surpreender se tivesse uma camisola me esperando por aqui? – perguntei tentando dispersar meus pensamentos pecaminosos. Edward riu.

- Não, não deveria! – me puxou pelas pontas do cinto do roupão e começou a desamarrá-lo. – Mas prefiro você assim... – tirou meu roupão me deixando completamente nua. Ele passeou seus olhos por todo o meu corpo, mordeu o lábio e soltou um suspiro. – Pensando bem... – caminhou até o armário e pegou uma de suas camisas – É melhor que vista isso! Caso contrário não te darei sossego!

Rolei os olhos sorrindo do exagero de Edward. Até parece que era pra tanto!

Vesti a camisa azul e me sentei na cama. Ele ficou me estudando antes de se juntar a mim e no curto tempo de sua demora tive medo de que quisesse dormir em outro lugar.

Edward se deitou e eu o observei, estagnada. Era estranho. Eu não sabia muito como agir, porque nunca tinha dormido com ninguém, antes. O único namorado que tive foi Mike e mesmo assim, não tivemos tal experiência juntos. Meu pai jamais permitiria que eu passasse uma noite que fosse fora de casa, e mesmo que deixasse, não sabia se queria esse tipo de intimidade com Mike, naquela época. Para mim, dormir junto, sempre representou uma intimidade muito grande entre o casal, maior até mesmo do que o próprio sexo.

Sabia que minhas crendices não eram as mesmas que as de Edward, e que ele não devia ver problema algum em dormir com alguém que não precisasse nem mesmo se lembrar do nome na semana seguinte, mas eu sim. Porém, era ELE quem estava comigo, o homem pelo qual eu estava apaixonada, e não existia nada que pudesse me deixar mais feliz do que a idéia de dormir ao seu lado.

Provavelmente Edward estranhou minha reação - ou melhor dizendo - minha falta de reação.

- O que foi?

- É que...eu nunca dormi acompanhada antes – mordi a língua percebendo a besteira que tinha dito. Ele ergueu uma sobrancelha e se sentou aproximando seu rosto do meu.

- Isso te incomoda? – perguntou hesitante – Quero dizer...dormir comigo te incomoda?

- Não! – sussurrei com um sorriso tímido. Muito pelo contrário, tive vontade de acrescentar, mas não queria assustá-lo com minha paixão. Ele certamente estava mais do que acostumado a não dormir sozinho, e por isso mesmo devia estar me achando uma idiota. Senti-me constrangida por estar sendo tão tola.

Edward me lançou um leve sorriso, com um brilho diferente nos olhos e juntou nossos lábios em um beijo delicado. Com sua mão, prendeu minha cabeça contra seu peito, e se deitou devagarzinho me levando junto, aninhada em seu corpo.

- Agora é só fechar os olhos, minha querida! – sussurrou e beijou minha cabeça, enquanto acariciava minhas costas com a mão que não estava em meus cabelos.

Ainda bem que Edward não podia ver meu rosto, porque seria impossível disfarçar a emoção que seu gesto e suas palavras causaram em mim. Ele deve ter visto ali mais uma chance de me mostrar o quanto podia ser gentil, e a única coisa que eu conseguia ver era o quanto estava envolvida por ele. Eu o amava, não tinha dúvidas. Meu coração batia por ele. E certa disso, fechei os olhos me entregando à inconsciência.

- Bom dia, Bella adormecida! – Edward me saudou quando me viu sentar na cama com uma expressão perdida. Olhei em sua direção e ele estava lindo, glorioso, acomodado em uma cadeira – É linda até quando acorda! – ri sem humor. Eu devia estar um horror!

- Faz tempo que você acordou? – perguntei vendo seus cabelos molhados e a mesa de café da manhã posta.

- Não muito! Quer comer? – apontou a refeição. Estiquei o pescoço e vi que tinha panquecas, ovos, bacon, torradas, suco e café.

- Você fez tudo isso? – ele assentiu sorrindo – Ainda não acredito que se dê tão bem com o fogão – comentei me espreguiçando.

- Essa é a sua maneira de dizer que tenho talento para o ofício, Swan? - piscou e veio ao meu encontro.

- Me pegou, Cullen! – balancei a cabeça sorrindo - Confesso que você tem talento. Pode abrir o seu próprio restaurante! – ele então se sentou à minha frente e tentou beijar minha boca. Fiquei com medo do mau hálito matinal e por isso virei o rosto tampando a boca e Edward beijou meu pescoço, me fazendo arrepiar. Aquele era o melhor bom dia que alguém podia ganhar.

Edward me abraçou e me fez ficar ajoelhada na cama com ele. Pousei meu rosto em seu ombro e quando tentou me beijar novamente, saltei do colchão indo direto para o banheiro. Ele riu vendo que eu não cederia, e se jogou na cama rendido.

- Não demore, o café vai esfriar!

Fiz tudo rapidinho. Tomei um banho e escovei os dentes. Sai embrulhada no roupão e Edward me deu o tão esperado beijo do dia.

- Venha comer! – me levou pela cintura até a cadeira e tomamos juntos o nosso café da manhã que, pelo horário, estava mais para almoço.

- Não acredito que dormi tanto! – disse incrédula, limpando minha boca com um guardanapo.

- Dormimos tarde, e não tanto! – me informou e dei de ombros. Não sabia mesmo a que horas tínhamos ido dormir e pouco me importava esse detalhe. A única coisa que me importava é que aquela tinha sido a melhor noite da minha vida.

- Então, Senhor Sequestrador! – brinquei – Estou sem roupas por aqui! – informei e ele mordeu os lábios com malícia – Meu vestido está um lixo! – fiz cara de nojo. Não podia colocar aquela peça suada e amarrotada.

- E quem precisa de roupas? – ele se levantou e me puxou da cadeira, grudando nossos corpos em um abraço. Mordiscou meu queixo e desceu para meu pescoço. Descobriu meu ombro direito, mordendo também aquela região. Eu já estava sentindo calafrios e sérias dificuldades para respirar. Edward desamarrou meu roupão e roçando seus dedos em meus seios, sussurrou roucamente – Você não prefere quando estamos sem elas? - desceu até eles e colocou um em sua boca. Soltei um gemido, e quando vi, já estávamos na cama, embarcando novamente em mais um dos nossos prazeres inexplicáveis.

- Preciso ligar para Alice! – me sobressaltei enquanto, sentados no macio tapete da sala, comíamos um fondue de chocolate, no final da tarde de sábado – Ela deve estar preocupada! Saí sem avisar e até agora não dei notícias... – já estava me desesperando só em imaginar o interrogatório pelo qual passaria quando voltasse para casa.

- Não se preocupe! Emmett já deve ter tranquilizado sua amiga. – disse com naturalidade, me deixando de boca aberta. Então o namorado de Rosalie realmente sabia muito sobre o assunto e manteve sigilo absoluto.

- Emmett é seu comparsa nesse sequestro? – perguntei espantada, porém em tom de brincadeira.

- Ele sabe que não pretendo te libertar até amanhã, e acho que essa informação basta para que Alice não coloque a polícia à sua procura... não acha? – Edward estava se divertindo.

Fiquei pensando no tipo de relação que ele tinha com o primo, que pelo jeito parecia ser de grande intimidade.

- Você e Emmett são muito amigos, ao que me parece!

- Muito. – se apressou em dizer - Eu o tenho como um irmão! – senti a sinceridade na declaração de Edward, assim como o seu carinho e sua lealdade por Emmett. Eles realmente deviam saber muito um da vida do outro.

- Ele é mesmo uma pessoa muito bacana! Percebi no dia em que Alice e eu o entrevistamos... – olhei para Edward, corando, me recordando do nosso esbarrão e pelo lindo sorriso em seu rosto notei que ele pensava no mesmo. Sorri também

- Falando nisso... – se arrastou para mais perto de mim. Abriu meu roupão, agora um azul, expondo meu corpo. Levou sua mão até minha barriga e a massageou enquanto beijava meus lábios e murmurava contra eles – Você não me deixou beijá-la naquele dia. – colocou mais pressão no local a que se referia, para logo em seguida abaixar sua cabeça e encostar suavemente seus lábios onde exatamente um dia esteve queimado – Deus, Bella... – sua voz estava rouca em minha pele – Não sabe o quanto desejei continuar bebendo aquele café em seu corpo! – não consegui raciocinar direito com a boca de Edward me causando delírios; ele estava limpando um líquido que já nem existia em minha barriga e aquilo estava me matando. – Mas você é delicada demais...me desculpe por ter sido tão descuidado...você merece algo mais semelhante a sua fragilidade. – não estava entendendo bulhufas do que Edward dizia. Mas logo ele alcançou um dos morangos do nosso fondue e começou a passá-lo em torno do meu umbigo. Arfei, compreendendo que ele pretendia me torturar.

Edward me deitou no tapete e desceu o morango em linha reta, até chegar em minha sensibilidade já inquieta. Gritei, arqueando meu corpo. Edward comeu o morango e continuou com sua boca o que havia começado com a delicada fruta.

Sábado passou depressa, já era madrugada e estávamos mais uma vez deitados juntinhos, enroscados um no outro, prontos para dormir. Ele acariciava meus cabelos enquanto eu me aconchegava mais em seu peito.

- Nunca teve namorado, Bella? - quis saber. Meu coração gelou. Por que ele estava perguntando aquilo?

- Tive. Um. – respondi sem olhar para cima.

- E por que nunca dormiu com ele? – ah, então era por isso que tinha tocado no assunto “namoro”, só por curiosidade. Fiquei decepcionada.

- Na época eu morava com o meu pai. – resumi meus verdadeiros motivos, um tanto desanimada por ter me iludido com o propósito de Edward ter falado sobre aquilo. Por acaso eu pensei que ele fosse me pedir em namoro? “Não seja idiota, Bella!” Falei para mim mesma. Edward suspirou, parou de me acarinhar e murmurou um “hum”.

- Então, se você gostava tanto dele, por que terminou o namoro? – franzi o cenho. De onde ele havia tirado tal idéia?

- Quem disse que eu gostava “tanto” de Mike?

- Vocês foram namorados e isso já é um motivo para pensar que gostava. Além de ter me parecido bem triste em se lembrar que não pôde dormir uma única vez com seu ex.

- Claro que não – sorri percebendo que ele havia notado meu entristecimento e ainda por cima de maneira errônea. – Éramos mais amigos do que namorados. Confundimos no começo, mas depois percebemos que o sentimento que tínhamos um pelo outro era de pura amizade, nada mais! – garanti e ele voltou a afagar meus cabelos.

- E com os outros que não chegaram a ser namorados?

- Não sou uma universitária rodada, se é o que está pensando! – bufei irritada e ouvi uma risadinha em cima da minha cabeça. Aquilo me deu nos nervos. Ergui meu corpo, girando o rosto de modo que olhasse para ele. – Não estou mentindo Sr. Edward Cullen. Não tive muitos homens, e não tive também vontade de dormir com nenhum deles por que não acho que esse tipo de intimidade se compartilhe com alguém que não seja especial para você e... – me toquei do que estava dizendo e para quem estava dizendo. Senti minhas bochechas arderem. Dei um sorriso, mas ele saiu amarelo, e a tentativa de me safar da situação não foi muito natural, pois gaguejei e tossi, tudo ao mesmo tempo – É diferente quando, quando...sequestro, entende? – tentei me explicar sem sucesso e Edward riu do meu desconforto. Eu não sabia onde enfiar minha cara. Engoli seco.

- Você me acha especial? - perguntou simplesmente. Arregalei meus olhos e meu rosto deve ter assumido uma cor desconhecida. Edward não podia estar me perguntando aquilo. Respirei fundo e respondi:

- É diferente! – garanti – Você me sequestrou, lembra? Eu não tive escolha. - meu riso saiu nervoso, não dando à minha tentativa de piada o tom desejado.

- Está mentindo. – afirmou com a maior naturalidade do mundo. – Você tinha uma escolha: a de não ter saído daquele bar comigo! – ele estava certo, não tive como contestar. Edward viu que eu não tentaria provar o contrário. Levou uma mão até minha face ardida, acariciando minha pele com seus dedos macios - Ontem quis saber o motivo por ter abandonado sua festa e me acompanhado... mas agora acho que sei a resposta. – puxou meu pescoço, aproximando nossos lábios – Você gosta de mim, não gosta Bella? – tentei desviar os olhos, mas ele me buscou com os seus. E sem me dar conta, ele rapidamente me girou invertendo nossas posições. Fiquei deitada na cama com Edward sobre mim, fixando minha cabeça com suas duas mãos. – Diga que estou no seu coração! – murmurou em minha boca, fitando meus olhos.

Ver Edward sobre mim, daquela maneira, com todo seu corpo me protegendo, me transmitia tanta segurança. Era como se ele estivesse me prometendo nunca me abandonar.

Nesse curto tempo que estávamos passando juntos tive medo de afastá-lo se descobrisse minha paixão e, no entanto, ali estava ele, pedindo espaço em meu coração.

Meu sentimento por Edward era verdadeiro, bonito. E certa disso, não havia motivos para esconder o que ele desejava receber.

- Sim...você está no meu coração! – sussurrei sem hesitar. Edward me lançou um olhar que não reconheci e então me beijou ardentemente.

- Preciso saber o que sente por mim, Bella! Fala. – disse enquanto beijava meu pescoço, minha orelha e minha mandíbula; e eu sem o menor receio, entreguei:

- Eu amo você, Edward! – ele cessou os beijos e voltou a fixar minha cabeça com suas mãos, encarou-me e pediu com emoção:

- Diga isso olhando nos meus olhos. – ele parecia um louco. Como se minhas palavras fossem essenciais para a sua sobrevivência. Como se elas fossem o seu oxigênio.

- Eu. Amo.Você! – fiquei surpresa com a intensidade da minha declaração. Parecia que eu queria mostrar minha alma à Edward. Ele me abraçou.

- Bella, Bella, Bella... – ficou repetindo meu nome sem parar, com a cabeça em meu pescoço, me apertando firmemente. Ele não queria me soltar. Voltou a me encarar e perguntou: - O que você fez comigo? Você bagunçou minha vida toda! - suspirou, demonstrando um imenso cansaço – Também amo você!

Não esperava escutar aquilo de Edward, por isso fiquei abobada, repetindo para mim mesma o que ele havia acabado de dizer.

Edward também me amava! Como algo tão irreal podia ter acontecido eu não sabia explicar, mas sentia em suas atitudes que seus sentimentos eram tão verdadeiros quanto os meus. Sorri e então ele me beijou.

Acordei e Edward não estava na cama, provavelmente estava preparando algo para comermos. Ri imaginando a cena: Edward no fogão era algo lindo de se ver. Fui tomar meu banho ainda perdida nos acontecimentos da noite anterior. Saber que eu era amada por Edward preencheu meu coração com uma alegria imensurável. Era demais para mim, sentia que poderia explodir a qualquer momento tamanho meu contentamento. Olhei meu reflexo no espelho e vi um brilho diferente em meus olhos, assim como em meu sorriso. Eu estava uma verdadeira boba apaixonada. Tinha vontade de gritar para o mundo que eu era a mulher mais feliz que já existiu em todo o universo. Mordi os lábios sentindo a emoção: Edward me amava!

Saí amarrando meu roupão, indo à cozinha. Queria ajudar Edward com os preparativos do nosso café da manhã, mas para minha surpresa, encontrei-o deitado no sofá da sala, com um braço cobrindo o rosto. O que ele estava fazendo ali? Será que tinha pego no sono enquanto me esperava? Fui até a cozinha e não vi nada pronto. Comecei a tremer com os pensamentos que invadiram minha mente.

Certa de que estava fazendo uma tempestade em copo d’água, por me deixar levar por infundadas inseguranças, toquei em seu ombro e o chamei baixinho para não assustá-lo:

- Edward?...Edward? – ele movimentou o braço, tirando o mesmo de seu rosto e abriu os olhos vagarosamente, depois se sentou no sofá. Quando me viu deu um leve sorriso que aqueceu meu coração, mas logo me olhou com um receio que me fez vacilar. Eu devia estar imaginando coisas. – Por que veio dormir aqui? – perguntei, me sentando ao seu lado. Edward levantou se espreguiçando, sem responder à minha pergunta.

- Que horas são? – quis saber com uma indiferença que me fez empalidecer. Dei de ombros respondendo que não sabia. – Vou tomar um banho e depois te levar embora. Pode se arrumar. – meu coração parou. Ele estava querendo se livrar de mim?

- Edward? – o chamei com certo desespero, me levantando e avançando dois passos em sua direção. Precisava acreditar que tudo era imaginação da minha fértil cabeça. Ele se virou, com uma expressão de impaciência que me fez recuar e engolir seco. Não! Não era imaginação fértil. Edward realmente já estava saturado da minha presença.

- O que foi, Isabella? – indagou quando notou minha paralisação. Balancei a cabeça em negativa e respondi:

- Nada... – tentei sorrir, mas senti meus lábios se repuxarem num tremor que me conscientizou de que eu choraria a qualquer momento. – Farei isso! - Edward se virou e foi para o seu banho.

Sentei novamente respirando fundo, tentando compreender o motivo de toda aquela hostilidade. Edward nitidamente queria se ver livre de mim. Não entendia como aquilo podia estar acontecendo se ele mesmo disse que me amava. Como alguém que ama poderia agir dessa maneira com o ser amado?

Encontrei apenas uma resposta para minha dúvida: Edward não me amava! Ele devia estar acostumado a dizer tais palavras de carinho para todas as mulheres que compartilhavam sua cama, e agora não precisava mais bancar o romântico, já que teve todos os seus caprichos atendidos pela submissa apaixonada chamada Isabella. Não consegui segurar minhas lágrimas silenciosas.

Fui rapidamente para o quarto colocar minha roupa, e apertei meus olhos sentindo a dor em meu peito enquanto ouvia o barulho do chuveiro onde Edward estava, dessa vez sem mim.

Peguei minha bolsa e saí sem olhar para trás. Eu poderia ser lerda para muitas coisas, mas sabia exatamente quando uma pessoa estava me rejeitando, sendo assim, eu não suportaria ficar mais um segundo naquela lancha. Estava óbvio que Edward não me queria por perto.

Caminhei um quarteirão antes de conseguir um táxi. “Por que ele fez isso comigo?”, me perguntava, “por que me fez declarar meu amor se pretendia ignorá-lo?Não precisava ter sido assim!”. Chorei o trajeto todo, o motorista me olhava com um semblante desolado, até me ofereceu um lenço de papel.

Cheguei em casa desejando profundamente me afundar em minha cama, mas Alice e Rose me aguardavam animadamente para saber as novidades. Claro que suas expressões de alegria se transformaram quando me viram com a cara vermelha de tanto chorar.

Contei tudo, com dificuldade, pois meu pranto se intensificava em algumas partes da história.

Elas ficaram em silencio por muito tempo, Alice alisava meus cabelos e Rose meu ombro, tentando me transmitir uma força muda.

- Mas Emmett acredita que Edward está mesmo gostando de você! – Rose sussurrou.

- Também acreditei, Rose! – garanti me recordando dos momentos em que ele havia sido extremamente carinhoso comigo. Como alguém conseguia fingir tanto?

- Bella? – Alice parecia cuidadosa demais. – Será que você não se precipitou com sua conclusão?

- Bem que eu gostaria, Alice! Mas a frieza dos olhos e do corpo de Edward não me deixou dúvidas quanto ao que ele queria.

- Ainda acho que estamos perdendo uma parte importante dessa história! – Alice não queria acreditar que tudo tivesse terminado daquela maneira. Mas nem eu queria.

- Esquece...acabou! – assegurei - Sabia que isso aconteceria em algum momento, só não pensei que seria assim tão desgastante.

- Não sei! – Rose comentou – Emmett parecia confiante. Disse que nunca tinha visto o primo tão envolvido por uma pessoa quanto parecia estar por você.

- Às vezes Rose, até mesmo Edward tenha acreditado nisso... – expliquei vendo que meu raciocínio fazia sentido – Mas se tocou de que foi tudo apenas um mal entendido e fez questão de me mostrar isso. - suspirei e Rose ergueu as sobrancelhas, interpretando meu pensamento. - Normal, Jasper já havia me alertado quanto aos costumes de Edward.

- Falando nele, cadê seu namorado Alice? – estranhei a ausência de Jazz, mas estava aliviada por ele não ter presenciado meu momento de desabafo.

- Foi assistir a final do torneio de beisebol na casa do Emmett e nós ficamos te esperando.

- Pena que as novidades não foram boas para vocês! – minhas amigas não mereciam perder uma tarde de domingo com minhas lamúrias. Mudei de assunto – Como foi o “resto” da nossa festa Alice? Alguém achou chato eu ter saído mais cedo?

- Na verdade ninguém além de James achou ruim, mas ele disse que depois cobrará com juros a sua atenção exclusiva – Alice riu da promessa de James – Mas pode se preparar, porque todos ficaram chocados com Edward no pub...amanhã na faculdade muita gente vai querer te perguntar sobre ele. Inclusive, os boatos de que vocês estavam no maior love dentro do carro já chegaram aos ouvidos de quem nem compareceu à festa. Acredita que July ligou aqui para saber se a fofoca era verdadeira? – estremeci. July era a maior fofoqueira da faculdade e certamente não me deixaria em paz no dia seguinte.

- Acho que vou faltar amanhã! – ri com esforço e minhas amigas gostaram da minha tentativa. – Vou tomar um banho!

- Mas não demore...vou fazer o bolo de chocolate que você tanto adora! – Rose queria me alegrar com mimos. Assenti.

Fiquei meditando no chuveiro, deixando a água se misturar com as lágrimas que escorriam por meu rosto. Por que Edward tratou com tanta indiferença meu amor por ele? Por que quis saber que ele existia em meu coração se não tinha a intenção de respeitá-lo? Será que sem querer eu tinha encontrado a resposta correta para essa confusão toda? A de que Edward acreditou mesmo sentir alguma coisa diferente por mim, mas depois percebeu que não era nada? Se fosse eu não poderia culpá-lo por isso, afinal, ninguém manda no próprio coração.

Coloquei uma regatinha azul e uma micro saia de algodão branca, a qual só ousava vestir para ficar dentro de casa, querendo devorar logo o bolo de chocolate que Rose prometera. Talvez isso ajudasse a afogar minhas mágoas.

- Rose? – gritei do meu quarto, penteando meus cabelos – Seu bolo não está com nada! Nem estou sentindo o cheiro! – brinquei. Já que o meu domingo não tinha mais solução, precisava salvar pelo menos o das minhas amigas, que deixaram seus namorados para impedirem a Bella frustrada de cortar os pulsos. Estranhei Rose não ter me xingado pela provocação.

As duas deviam estar aprontando, só podia ser. Nada justificava tamanho silêncio. Fiquei com medo do susto que elas certamente pretendiam me dar quando eu aparecesse na cozinha e ri de mim mesma, enquanto caminhava receosa pelo corredor para junto delas. Porém, o susto que levei foi um pouco antes, quando passei pela sala, e vi o homem que me aguardava com cara de poucos amigos.