Ironias do destino

Esse garoto é cheio de surpresas


Fazia exatamente dois dias que eu estava ignorando Dean. Dois dias inteirinho. O por que? Bom depois da cena que aconteceu, quando novamente nos beijamos, eu não sabia o que lhe dizer, ou que fazer quando nos encontrávamos. Basicamente eu me acovardei. Mas eu tenho uma explicação - pouco lógica-, mas tenho. Depois do beijo, eu só via Dean, quando estávamos reunidos entre amigos, mas meu cérebro meio que pifou, eu não conseguia pensar em nada.

Pelo menos em nada... além da boca macia de Dean colada a minha...

Se controla criatura. Mas se bem que era a verdade. Por isso estava o ignorando. Era a maneira mais fácil que encontrei de lidar com a vontade louca de tomar posse dos seus lábios... ok isso ta ficando estranho demais, é melhor eu parar por aqui.

O caso é que, eu mal saia do quarto. E o tédio tava praticamente dominando todo o meu corpo, eu precisava sair, me distrair. Eu ainda não podia entrar na piscina, já que a ferida na minha barrigada ainda não havia melhorado. O que não é totalmente verdade, eu só usava essa desculpa para que o restante do pessoal me deixasse em paz.

Ficava a maior parte do tempo lendo, naquele sofá que havia no meu quarto – viu não me esqueci. – Eu tinha plena consciência que isso irritava profundamente Megan.

E era exatamente isso que eu me encontrava fazendo no momento. Lendo.

Fechei o livro A hospedeira, e fiquei batucando os dedos contra a capa do mesmo. A verdade é que eu havia cansado. Não de ler, é claro. Cansei de fugir. Coloquei o livro em cima do sofá e me sentei, sentindo o solo firme sob meus pés. Apoiei meus cotovelos em cima dos joelhos e passei a mão em meus cabelos frustrada. Estava cansada de fugir. Mas fugir de que? De Dean?

O caso é que, eu só fugiria dele si... Por favor Deus, não faça isso comigo de novo.

Ele não fez nada Carrie. Você se meteu nessa roubada sozinha. Você que se apaixonou... e você é a única culpada. Calma, o que?

Agora eu estava falando comigo mesma. Ta que eu já costumava fazer isso antes, mas... ah quer saber? Que seja. Estou mesmo é ficando louca.

Um barulho alto soou pelo quarto, me despertando do meu pequeno diálogo interno. Eu conhecia aquele som. Me levantei do sofá e com uma preguiça extrema, procurei pelo meu celular.

Onde será que aquele aparelho infeliz estava?

Olhei em cima da cama e não o encontrei, também não se encontrava em cima do criado mudo. Decidi apenas seguir o som, e quando novamente a musica Secrets-One Republic, preencheu o quarto. Percebi que o som saia de dentro do banheiro. Me arrastando até lá, o encontrei em cima da pia.

Mas como eu disse, sou azarenta ao extremo. Assim que o aparelho se encontrava em minha mãos, ele parou de tocar. Suspirando voltei ao quarto, assim que me joguei na cama, olhei a chamada perdida. Arregalei o olhos quando vi o nome, na tela do meu celular. Lena.

Sem pensar em nada mais do que a vontade de falar com a minha irmã, retornei a ligação. Chamou uma, duas e três vezes antes de cair na caixa postal. Indicando que o celular estava desligado ou ocupado. Desligado ele não se encontrava, já que ela acabou de e ligar, então...

Levantei da cama em um pulo só. E quando percebi, já descia os lances de escada pulando a cada três degraus. Em segundos me encontrava no primeiro andar a procura da minha amiga. Quando a encontrei a mesma me olhava com uma expressão sorridente e me oferecendo seu celular. Era sempre assim que funcionava entre a gente, quando uma não atendia ligava para outra do trio e isso acabava facilitando ao menos quando queriam falar comigo. Pois eu quase sempre estava perto de uma das duas.

–Obrigada –disse e logo o celular de Meg estava em minhas mãos, logo coloquei o aparelho no meu ouvido -, Lena? – A chamei.

Ei Car? Você esta bem? –Perguntou-me.

–Claro, mas isso é irrelevante... como você esta?

O QUE? CARRIE EU SOUBE QUE TEVE UM INCÊNDIO NO CAMPUS, É CLARO QUE É RELEVANTE SE VOCÊ ESTA BEM OU NÃO –gritou, e isso fez com que afastasse um pouco o celular do ouvido. Olhei para Megan e a mesma me encara com uma expressão curiosa. Cerrei os olhos, tenho certeza de que ela havia contado a mãe de Lena e assim minha amiga acabou descobrindo. Eu mesma não tinha falado pois não queria que nenhuma das duas se preocupasse. Por isso disse a ela silenciosamente "eu vou matar você". Ela apenas soltou uma risadinha.

–Estou bem Lena, acredite –lhe tranquilizei. – Mas e você?

Indo... – pude ouvi-la sorrir tristemente e isso me abalou, ela ainda pensava no Josh. – Eu sei que tenho evitado você e a Meg, peço desculpas... –faço menção de dizer algo, mas ela me interrompe -, não diga nada por enquanto Carrie, apenas escute. –Suspirou -, eu não podia falar com nenhuma das duas, pois sabia que se assim o fizesse, eu desabaria. Sei que a magoei, mas essa não foi a minha intenção. Eu só precisava de um tempo sozinha, precisava de um tempo para mim mesma. E ver você não adiantaria, não depois do que... do que ele fez com você. Por que de uma maneira estúpida eu me sinto culpada...

–Mas você não tem culpa alguma –sussurrei.

Eu sei disso, mesmo assim não posso evitar me sentir culpada. Esses dias que fiquei aqui sozinha, apenas com a companhia da minha mãe, me fez perceber o quanto eu estava errada. Eu estava errada Carrie, e é por isso que estou voltando pra casa. Por que a minha casa, é onde as minhas irmãs estão...

–Mas e a sua mãe Lena? –Perguntei eufórica.

–Ela entendeu Carrie e pra dizer a verdade ela quase me expulsou de casa com um pontapé –disse ela rindo, e eu fiz o mesmo. Mas então, eu me toquei.

–Se você não esta em casa, aonde você esta Lena?

Eu fui pra casa do tio Ben, mas você não estava lá.

Eu não acredito. Ainda esta ai? –Perguntei já correndo para a sala e pegando a chave do carro de Megan -, espera um pouco estou indo pra ir, peguei a chave de Meg... – ouço sua risada.

Mas você nem sabe dirigir Carrie –ela disse. Ah é verdade. – De qualquer forma, acho desnecessário.

–O que? Por que?

Simples –disse. – Não estou mais na casa do tio Ben.

Então aonde esta agora? –Perguntei ansiosa.- Posso chamar Megan e nos duas vamos busca-la... –tentei, mas novamente a ouço rir.

–Não precisa me buscar Car... é só abrir a porta.

Eu praticamente brotei do chão, e logo abri a porta com rapidez. E essa ao esta completamente aberta, me deu a visão da minha melhor amiga parada com uma pequena mala me olhando. Corri em sua direção, para abraça-la. Meu corpo se chocou contra o de Lena e ambos caímos na grama, rindo feito duas e completas idiotas. Ainda deitadas, eu olhei em direção a porta e lá encontrei todos os nossos amigos, nos olhando. Mas havia algo diferente, M&Ms me olhavam de um jeito travesso.

–Surpresa –Marie gritou, abrindo os braços teatralmente.

–Você sabia? –Perguntei me levantando e ajudando Lena a fazer o mesmo.

–Na verdade... –Lena se pronunciou -, foi Marie quem combinou tudo comigo –observei Marie e sorri, para logo ir abraça-la. Deus obrigada por me dar as melhores amigas que se pode existir.

–Ei eu também ajudei –Megan disse e seu tom, parecia o de uma criança emburrada -, eu não ganho abraço? –Depois disso foi inevitável que todos ríssemos.

–Vem cá –eu a chamei e logo nos abraçamos, mas assim que nos separamos dei um beliscão nela e Marie.

–Ai sua vadia, por que fez isso -, reclamou.

–Primeiro: esconderam isso de mim; segundo: é, na verdade não a um segundo –falei rindo. – Mesmo assim, agradeço as duas. Essa foi a melhor surpresa que eu já tive... –falei.

–Sério? –Lena começou a dizer atrás de mim, e isso fez com que minha cabeça se virasse em sua direção. – Por que teve aquela vez que... –ela não diria o que estou pensando ou diria? Sem querer de fato saber se ela diria ou não, tapo sua boca e faço cafuné nos seus cabelos.

–Oh querida deve esta cansada da viagem, não é? –Perguntei e acredita que a vadia negou com a cabeça, fazendo os outros rirem -, pobrezinha esta exausta... acho melhor eu leva-la para o quarto que estou ficando por enquanto, Lena ira descansar um pouco –declarei. Porém ela conseguiu sair do meu aperto e riu.

–Deixe disso Carrie, eu não estou cansada – a olhei feio e logo fingiu bocejar -, ou talvez você esteja certa, acho melhor descansar um pouco.

***

–Então o que rola? –Lena perguntou.

–Nada demais –eu respondi.

–Ah fala sério Carrie –Megan disse -, diga logo o que aprontou recentemente.

–O que foi Carrie? Foi tão ruim assim? –Minha amiga perguntou preocupada.

–Bota ruim nisso Lena –Marie se pronunciou.

–Carrie?

Vendo que eu não diria nada, Meg logo se dispôs a falar. Nós quatro nos encontrávamos no quarto que Lena ficaria –eu disse que a casa era grande -, todas estávamos deitadas em cima do tapete que havia no chão, parecia aquela rodinha de filmes de adolescentes.

Quando Meg terminou sua narração. Todas ficamos em silêncio por um tempo.

–Você gosta mesmo dele, né? –Lena foi a primeira a quebrar o silêncio.

–O que? –Perguntei nervosa.

–Não minta pra nos Carrie ou pra si mesma –ela disse. Respirei fundo, Lena tinha razão.

–Gosto –falei -, eu realmente gosto dele. E pra ser sincera acho que estou me apaixonando pelo Miller. –Me surpreendo quando percebo que aquela era a primeira vez que eu falara em voz alta. Ta que antes eu havia tido uma conversa com Megan, mas dessa vez é diferente.

–E o que você vai fazer? – Meg perguntou.

–No momento? Bom nada –lhe respondi.

–Sério isso Car? – Dessa vez foi Marie quem tomou a frente. Suspirei.

–Não a o que fazer Marie, vou apenas ficar na minha. Somos amigos nada mais.

–Você quem sabe... –disse Lena. –Então Marie, um passarinho me contou que você vai dar uma festa –minha amiga disse empolgada.

–Esse passarinho sabe bem das coisas – Marie abriu um sorriso -, o que me faz lembrar que eu temos que comprar as coisas. Terminou a lista Carrie? –Perguntou-me.

–Aham, ta lá no quarto –eu disse.

–Tudo bem depois a gente pega –assenti com a cabeça de leve, mesmo sabendo que ela não poderia ver.

–Temos que ver com o pessoal quem vai sair para comprar as coisas –Megan disse -, acho que três a cinco pessoas dá para ir, se não for muito.

–Acho que dá sim Meg, e na verdade pode até faltar. É muita coisa pra comprar –falei -, sem contar o peso.

–Concordo com a Carrie –Marie disse -, bom quem seriam os melhores candidatos?

–Bom... – comecei -, eu me ofereço para ir.

–Nem pensar – as três disseram ao mesmo tempo e eu franzi as sobrancelhas.

–E por que não? –Perguntei confusa.

–Obviamente, como você mesma disse será muito peso. E apesar de eu e Marie sabermos que usa seu machucado como desculpa... ele ainda não melhorou completamente Carrie.

–Pois é, eu concordo que Carrie deveria ficar –disse Marie.

–Eu também –disse Lena. Bufei.

–Ta bom, ta bom –eu falei rendida -, quem vai então?

–Bom eu vou – Marie disse.

–Eu também vou –se dispôs Meg.

–Eu não perderia essa por nada –Lena murmurou.

–O que? –Perguntei incrédula, não acredito que essas cretinas me deixariam aqui sozinha.

–Ah qual é Carrie, eu preciso comprar uma roupa de arrasar para a festa –justificou-se Lena.

–E eu vou pois... bem eu vou dar a festa, se eu não for que vai pagar?–disse Marie, de forma brincalhona. Megan ficou um tempo em silêncio.

–Ta Carrie eu fico com você –ela disse, mas então me lembrei.

–Não –disse convicta -, você tem que ir Meg.

–Por que? –Minha amiga perguntou confusa.

–Simplesmente pelo fato de que Matt deve ir também – a ouço bufar e um sorriso se espalha pelo meu rosto -, o Henri também e o Dean...

–Não acho que o Dean queira ir –disse Marie pensativa -, Carrie preciso que me faça um favor –pediu-me se sentando.

–Fale Marie –disse me sentando também, para que pudesse olha-la.

–Eu preciso que o siga –pediu rapidamente e por um momento me senti confusa, até que...

–Nem brincando –eu lhe disse.

–Por favor –ela pediu, piscando seus olhos de uma maneira fofa.

–Por que raios você quer que eu faça isso? –Perguntei com uma sobrancelha erguida.

–Bom porque... porque eu sei que quando não estou em casa ele da um jeito de sumir.

–O que? E como diabos você sabe de algo assim? –Perguntei confusa, o rosto da minha amiga ficou rubro.

–Por que eu pedi para um dos funcionários ficar de olho nele –respondeu baixo e envergonhada.

–E por que você vez isso? –Perguntei rindo. Ela coçou a cabeça nervosa.

–Por que eu sei que ele esta preparando algo para o meu aniversario. Escutei ele falando com Henri uma vez, mas não sei o que é e nem mesmo o Henri quer me falar.

–Aposto que se você enche-lo de beijos, ele abre o bico rapidinho –falei e vi minha amiga novamente ficar vermelha. Eu e o restante das garotas caímos na gargalhada.

–Enfim... –ela prosseguiu ignorando meu comentário, porém ainda continha um sorriso nos lábios -, eu estou super curiosa, sobre o que poderia ser. Você tem quem me ajudar –pediu -, por favor.

–Marie... –comecei, mas logo ela me interrompeu.

–Por favorzinho Car, eu faço o que você quiser –revirei os olhos -, ou talvez você queira fazer isso apenas por mim – eu poderia dizer um não definitivo, que encerraria aquele assunto. Mas Marie fez a carinha de cachorro que caiu da mudança e eu não consegui dizer não aquela coisa fofa... argh, Marie vai me pagar.

–Ok –suspirei derrotada e ela se jogou nos meus braços me abraçando. –Mas com uma condição.

–Diga.

–Terá que se livrar da Joy, ela não deixara Dean em paz, caso fique aqui. E eu não estou afim de seguir duas pessoas enquanto estão se pegando –eu lhe disse.

–Tudo bem, eu me livro dela –disse sem pestanejar.

–Ok. Vou descobrir o que ele esconde – ela soltou um gritinho de empolgação e se levantou.

–Vou chamar os outros, quanto mais cedo irmos, mais cedo minha curiosidade será saciada –disse. Megan, Lena e eu nos entreolhamos antes de cair na risada novamente. Marie era uma comedia. – Então vadias, vocês vão vir?

***

–Bom pessoal, então até mais – me despedi dos meus amigos, enquanto eles saiam da casa de Marie. Somente eu quis acompanha-los até a porta. Dean apenas acenou de costas sentado no sofá.

Como Marie havia me prometido ela deu um jeito de levar a Joy junto, e não querendo desfrutar da minha doce companhia, Bonnie acabou aceitando ir também. O que pra mim de certo modo não seria nada bom. Pois além dos empregados que rondavam a casa, havia apenas eu e Dean. E isso não me cheirava nada bem.

Fiquei um tempo olhando meus amigos se afastarem. Fechei a porta somente quando todos estavam acomodados nos devidos veículos. Pronto agora era a hora, passaria direto pela sala, sem precisar parar nem nada. Mas como eu estava enganada.

–Carrie? – Ouvi Dean me chamar, parei no primeiro degrau da escada segurando no corrimão.

–Fale.

–Quer assistir a algum filme comigo? –Perguntou-me, ele não estava mais de costas como se encontrava a minutos antes, seus olhos estavam fixos nos meus, e pareciam esperar ansiosamente pela minha resposta.

–Anh acho melhor não –pronunciei -, tava pensando em subir para descansar um pouco –disse indicando com a mãos o quarto lá em cima. Mesmo com minha recusa, sua expressão não havia se abalado.

–Ah qual é Carrie, é só um filme –revirei os olhos.

–Ta bom –disse e caminhei em direção ao sofá que ele se encontrava, me sentei no mesmo e levantei as minha pernas, colocando-as em cima das de Dean. Ele apenas me olhou com uma expressão intrigada -, o que foi? –perguntei cínica.

–Você é folgada ein? –Murmurou sorrindo.

–Não mais do que você –rebati, me lembrando da vez em que ele foi me perturbar no meu quarto, no campus. –Então que filme vamos ver? –Perguntei curiosa.

–Ahn... tava pensando em um de comedia –comentou e eu apenas assenti, pude ver que havia uma lista dos filmes que estavam salvos na televisão, então eu vi um que não assistia a muito tempo, mas que nunca deixava de ser engraçado.

–Que tal... Norbit? –Perguntei vibrando de expectativa. Ele me olhou por um momento e logo em seguida sorriu.

–Ótima escolha –disse antes de colocar o filme.

Com o tempo Dean acabou pedindo para que uma das cozinheiras fizesse um pouco de pipoca pra gente. E logo riamos com a boca cheia daquela delicia salgada. Ao longo do filme pude sentir o olhar de Dean ser dirigido a mim algumas vezes, mas apenas fingi que não percebi. Eu me sentia sem jeito quando isso acontecia.

–Cara adoro essa parte –ele disse. Prestei atenção na cena e vi quando Norbit vê sua esposa descer no tobogã, eu também gostava daquela parte, era hilária.

Com o tempo, acabamos rindo feito idiotas. Paramos até mesmo de assistir ao filme, começamos a conversar e uma pequena guerra de pipoca havia começado ali na sala. Não me importei com o sal que provavelmente estaria no meu cabelo. Ele avançou em minha direção e começou a me fazer cócegas, foi impossível não rir.

–Para Dean –pedi rindo pra caralho -, meu deus... –tentei empurra-lo de cima de mim, porém ele era bem mais forte do que eu e isso seria quase impossível. –Por favor –pedi mais uma vez, mirando nos seus olhos.

–Ok, ok –disse e parou de me fazer cócegas, porém não saiu de cima de mim. Seu olhar estava fixo nos meus, e logo pude sentir a ponta dos seus dedos acariciarem meu rosto, por um momento me perdi nessa sensação. Deus o que esse idiota fez comigo...

Dean se aproximava ainda mais de mim, e eu? Bom, confesso que queria muito aquilo, então deixei. Porém assim que seus lábios roçaram nos meus, escuto meu celular tocar. Droga. O empurro de cima de mim e levanto pegando o celular que eu havia deixado em cima da mesinha de centro. Olho para o mesmo e noto que não estava tocando, apenas indicava que eu havia recebido uma mensagem. Vi que quem havia mandado havia sido Marie e logo a abri.

"E ai, o que descobriu? "

Putz. Eu havia esquecido. Por isso mandei um "ainda nada" em seguida. Olhei para Dean, e percebi que o mesmo me olhava atentamente.

–Bom, acho que eu vou subir agora –lhe disse e ele apenas fez uma careta.

–Sério? – Assenti levemente.

–Depois nos falamos –lhe disse e beijei sua bochecha antes de subir as escadas.

***

Estava sentada no batente da janela, quando eu o vi. Dean estava saindo da casa, estava seguindo em direção ao jardim. E eu não acreditava que estava fazendo isso, mas quando vi, já descia as escadas correndo, para não perde-lo de vista.

Assim que o avistei me escondi atrás de um arbusto. Depois dessa Marie me deveria para sempre... sai do meus pensamentos quando o vi parar. Escutei sua risada baixa e franzi as sobrancelhas.

–Eu não acredito que Marie a tenha obrigado a fazer isso –disse, sacudiu a cabeça em negação e depois se virou para onde eu me encontrava -, pode sair daí Car, não precisa se esconder... –como ele sabia? Sem mais opções, sai de trás dos arbustos um pouco atrapalhada e isso fez com que algumas folhas ficassem presas em meu cabelo. Ele sorriu quando me aproximei.

–Como soube? –Perguntei curiosa.

–Do mesmo modo como sei que ela conversou com Jessie, nossa empregada – novamente um sorriso simplesmente encantador abriu em seus lábios. – E eu sei de tudo o que acontece nessa casa – disse, frisando a palavra "tudo" e isso me fez ficar pálida. Será que Dean sabia que eu e as garotas falávamos dele mais cedo? Impossível. Pelo menos é o que espero -, e observando sua expressão assustada, tenho plena certeza de você fez ou disse algo que não quer que ninguém mais saiba –olhou-me de um jeito estranho -... ou talvez apenas não queira que eu saiba –, a coloração vermelha que apareceu em minha bochechas fora algo inevitável.

–Ok, você ganhou –falei tentando soar indiferente -, esta dois passos a minha frente.

–Não Carrie, estou a pelo menos uns dez passos a sua frente – estreitei os olhos em sua direção, e ele piscou o olho direito pra mim. – Vem. –Disse e logo me puxou para dentro da casa novamente, subimos as escadas e logo Dean me conduziu a um corredor que até então eu não sabia que existia naquela casa –ela era realmente grande -, paramos em frente a uma porta, esta era um pouco larga demais -, feche os olhos Carrie –pediu e prontamente o fiz. Demorou apenas por momento, antes que ele abrisse a porta e me empurrasse gentilmente para dentro. – Pronto. Pode abrir os olhos agora –disse-me ao fechar a porta.

Assim que abri meus olhos, pude senti-los se arregalar em meu rosto. Caramba. A sala onde nos encontrávamos era grande, ampla. A parede era pintada em um tom claro, lilás. Vários pufes estavam organizados no canto de uma das paredes, assim como também estantes de livros. E caixas espalhadas por todo lado.

–Eu não sabia o que da para Marie, sabe ela já tem de tudo... –começou ele-, foi então que eu lembrei que ela adorava ler... ainda falta arrumar muita coisa ainda. Não sei se ela vai gostar. Mesmo assim espero não ter exagerado. – Era fofo o modo que ele realmente queria dar o melhor presente que Marie já tivera, e cara conhecendo ela tanto quanto a mim mesma ( sim realmente já estávamos assim, eu praticamente sabia de tudo que ela gostava ou não e tinha a certeza que ela adoraria esse presente ) – Então o que acha? -perguntou-me.

–Acho perfeito –falei com um sorriso enorme nos lábios.

–Sério? –ele parecia um pouco inseguro, bobo.

–Sério Dean, quem não gostaria de ganhar uma biblioteca? –Pisquei o olho e ele sorriu mais aliviado, meu deus serio. Marie com toda certeza iria amar, e não só pelo fato dos variados livros –que ainda estão encaixotados -, e sim também por ter sido um presente de Dean.

–Se eu me lembro bem alguém que conheço, prometeu-me ajuda em relação ao presente dela.

Foi assim que ficamos pelo restante da tarde, eu ajudava ele com a organização, colocando os livros nas prateleiras e arrumando um lugar para o pufes. Ele me disse que nem todos os livros que encomendara haviam chegado ainda. E quando enfim conseguimos organizar um pouco aquele cômodo, perguntei-me como Marie ainda não havia achado aquele lugar e a resposta veio assim que nos retiramos do lugar. Dean trancou a porta e a chave em questão estava presa em um cordão, ele a usava no pescoço.

Então mesmo que Marie achasse o lugar, ela não conseguiria entrar. Não posso negar quem minha amiga poderia contratar alguém para arrombar a porta, mas isso não é muito do seu feitio. E algo me dizia que ela nem sequer sabia da existência daquela sala.

Ele me acompanhou até o quarto onde eu estava dormindo. E assim que nos despedimos, Dean me pegou totalmente de surpresa quando colou seus lábios nos meus em um singelo selinho.

–Boa noite Carrie – e dizendo isso ele se foi.