Irmãos Pines

Laços de Sangue


Acordei no meio da noite com os gritos de Mabel. Isso vinha se tornando cada vez mais frequente, três meses atrás quando os pesadelos começaram meus pais acharam que seria uma boa ideia a levar a um psicólogo, pensaram que isso a ajudaria. Mabel estava sofrendo de terror noturno devido aos traumas causados pelo sequestro de Bill.

E em como todas as outras noites me levantei da cama e caminhei para o quarto ao lado, como sempre a porta do quarto de Mabel estava destrancada para que eu pudesse entrar. Eu odiava ver ela assim, encolhida na cama agarrada fortemente ao seu porquinho de pelúcia. A pelúcia avia sido um presente dado por mim para que ela não sentisse tanto a falta do Waddles, que teve que ficar em Gravity Falls aos cuidados do vovô.

Já fazia algumas semanas que os remédios receitados pelo psicólogo não estavam fazendo efeito, e era sempre eu que acordava para acalma-la.

Puxei a coberta para o lado e me sentei na beirada da cama. Afastei a pelúcia de seu corpo colocando em cima da penteadeira ao lado da cama, deitei ao seu lado puxando seu corpo para que se acomodasse em cima do meu peito. Ajeitei a coberta cobrindo a gente melhor.

Cantarolava baixinho enquanto fazia um cafuné pelas longas madeixas castanhas, o cheiro de morango ficou forte no quarto. Mabel agarrou mais forte o tecido da minha camiseta, não gritava mais, apenas choramingava, com a mão livre enxuguei as lagrimas que manchava seu rosto.

Ela era a irmã mais velha. Era a mais corajosa. A mais divertida. E eu o que era? Um inútil que quando a minha irmã mais precisou não estava lá do lado dela. Eu a deixei ser sequestrada, deixei aquele lunático brincar com sua mente.

Eu deveria estar lá com ela, mas não estava. E nada que eu fizer vai mudar isso. O mínimo que eu poderia fazer era cuidar dela, passar todas as madrugadas de terror ao seu lado. É o meu dever de irmão mais novo.

— Dipper...? — perguntou Mabel ainda sonolenta.

— Sim — sussurrei depositando um beijo em sua testa

— O que ouve? — perguntou confusa — Ah, eu tive aqueles surtos outra vez? — perguntou agora um pouco mais lucida.

— Sim — respondi puxando-a para se sentar melhor na cama. — Mabel? — chamei fazendo-a desencostar a cabeça do meu peito e melhor nos meus olhos — Você me desculpa?

Me amaldiçoava todas as noites por ter escolhido nosso tio avô Stanford a minha irmã, e que por esta escolha ela fora sequestrada e manipulada.

— Se eu pudesse voltar no tempo, não sairia do seu lado nunca Mabel. — falei

Era sempre assim todas as noites eu me sentia um lixo, a culpa me corroía por dentro, eu melhor do que ninguém sabia que o estado da minha irmã, que os terrores noturnos eram culpa minha.

— Dipper — chamou. Afastou seu corpo do meu, colocou uma mão em cada bochecha me fazendo olhar dentro de seus olhos caramelos — A culpa não é sua Dipper, foi uma escolha minha. Fui eu que cai na lábia do Bill. Não precisa se desculpar toda noite — Quando ela terminou de falar fez algo que nunca iria imaginar ou esperar. Ela me beijou.

E talvez eu devesse sentir nojo já que era a minha irmã ali, mas ao contrário disso eu me senti muito bem. Senti a culpa deixar meu corpo. Aquele era o melhor beijo da minha vida, era doce, suave e saboroso, não queria parar de beijar ela.

O fim do beijo veio logo e ao contrario do que eu pensei que faria, apenas a puxei para um abraço apertado sentindo o cheiro de morango exalando de seu cabelo, senti seus braços rodear minha cintura correspondendo ao o abraço. Me senti a pessoa mais sortuda do mundo.

— Mabel eu juro que nunca mais vou te deixar sozinha outra vez — sussurrei lhe apertando mais contra meu corpo.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.