Invisible Play - Game Over

Sentimentos - Frustação


Kurokawa estava deitado com sua cabeça no colo de Marwolaeth enquanto observava o céu:

–Você não se sente triste pelo seu amigo ter morrido? -Perguntou ela.

–Não sei...eu nunca realmente tive uma relação de proximidade com ele. -Respondeu Kurokawa. -E no fundo, eu sabia que isso podia acontecer. Ele era gentil demais para esse mundo...como muitos outros que eu conheci...

–Entendo...mas seus amigos devem estar bem tristes por ele... -Continuou Marwolaeth.

–Não só eles, a família de Ike deve estar muito preocupada também...

–Espera, você não sabe? -Perguntou Marwolaeth.

–Do que?

–Você não sabia que quando um jogador de IP morre, todas as pessoas do mundo real esquecem dele?

–Não, eu não sabia... -Respondeu Kurokawa. -Mas porque isso acontece?

–Imagine o gigantesco número de pessoas que haveriam desaparecido...seria suspeito demais... -Respondeu Marwolaeth.

–Entendo. Mas o que será que acontece quando alguém sai do mundo de IP com as lembranças de uma pessoa morta?

–Impossível. -Respondeu Marwolaeth. -Não existem meios de se sair de IP.

Kurokawa levantou-se e encarou-a:

–Tem certeza? Minhas memórias estão confusas mas...eu acho que já saí...

–Você deve ter imaginado! -Disse Marwolaeth se levantando também. -Vamos, vamos entrar, está sol demais aqui fora...

Enquanto isso, Sasesu havia fingido estar normal durante toda a noite anterior e quando o sol nasceu, ele saiu em busca de respostas. Ele andou por muito tempo sem rumo algum enquanto pensava:

–Dói...mas eu não sei de onde essa dor vem...Não consigo mais pensar racionalmente...Preciso fazer alguma quanto a isso ou minha sanidade não durará muito...

Sem perceber, ele acabou por chegar numa floresta. Ele encostou-se numa árvore e sorriu:

–Não tenho palavras para descrever o ódio que sinto...de mim mesmo...de minha incapacidade. É algo repugnante, é horrível. Meu peito está tão repleto de magoa que eu realmente considero continuar vivendo...Mas não vou morrer aqui, vou viver por muito tempo, com toda essa culpa. Essa é a minha maldição para toda a eternidade.

Ele socou a árvore próxima e arrancou-a do chão:

–Não posso morrer agora...preciso de mais poder...de mais poder...

Uma sombra aproximou-se por suas costas e sussurrou:

–Precisa de poder?

Ele virou-se e encontrou aquela conhecida velha:

–Você...a velha das drogas... -Concluiu ele.

–Deixamos as apresentações de lado, o quanto você está disposto a sacrificar para ter poder? -Perguntou ela.

Ele respondeu sem hesitar:

–Minha vida!

–Isso é contraditório, você arrisca sua vida para ganhar poder? -Perguntou ela. -Mas se você morrer, todo seu esforço será em vão...

–Não se preocupe, eu não irei morrer em hipótese alguma!

–Então venha, garoto confiante!!! -Exclamou ela conjurando uma teleporte.

E no segundo seguinte eles estavam naquela construção desmoronada (NA: Capítulo 48) e dentro dela estava o Ceifador Silencioso, sentado no canto da parede:

–Porque você me trouxe aqui? -Perguntou Sasesu antes de perceber a presença do Ceifador.

O Ceifador ao perceber a presença de Sasesu, imediatamente se escondeu:

–O que você acha que aconteceu com todas as drogas que ainda não haviam sido vendidas? -Perguntou a velha aproximando-se de uma grande pilhas de caixas.

Ela abriu uma e mostrou-a para Sasesu:

–O que acha de usá-las?

Sasesu já havia visto o poder das drogas e por isso não hesitou mas antes de poder falar, ela continuou:

–E não só isso, eu vou encanta-las para elas proporcionarem ainda mais poder do que o habitual! Mas isso também fará com que elas destruam ainda mais seu corpo! Então, você aceitará?

Sasesu sequer respondeu e apenas enfiou sua mão dentro da caixa, pegando quatro pílulas e depois ingerindo-as:

–Seu pequeno bastardo... -Riu a velha. -Você deveria tomar uma por vez...Mas vamos, teste seu novo poder!

Sasesu apontou seu braço para a parede e tentou disparar uma onda de energia mas nada aconteceu:

–As pílulas não fizeram efeito? -Perguntou ele.

–Não...são seus braços. -Disse ela analisando os braços de Sasesu. -Eles foram forçados tão ao extremo que os vasos que transportavam energia para eles foram destruídos...

–Forçados ao extremo...É verdade, eu realmente exagerei na luta contra o desgraçado das pistolas... -Pensou Sasesu.

–Você tem sorte, eu sou uma das poucas milhares de pessoas nesse mundo que pode consertar isso. -Sorriu ela. -E os outros ainda exigiriam fortunas de dinheiro para faze-lo!

–É tão mal assim? -Perguntou Sasesu.

–Você morrerá em um mês se eu não fazer nada. Há muito energia simplesmente escapando por esses seus vasos destruídos, uma hora essa energia vai acabar fazendo seus braços entrarem em decomposição. E logo em seguida, o resto do seu corpo começará a se corroer.

–Eu não fazia ideia...

–Eu vou começar o tratamento agora e você vai precisar voltar aqui todos os dias durante um mês até tudo terminar. -Disse ela. -Isso vai dar um bom trabalho...

–Antes disso, eu queria perguntar algumas coisas sobre a energia que flui em meu corpo. -Falou Sasesu. -Eu sei que quanto mais complexa a ação mais habilidade e energia é preciso para completa-la, mas quão complexo é transformar a energia em gravidade?

–Entendo...gravidade, sem dúvida é uma bela área para se explorar. -Disse ela. -Então foi assim que você destruiu os vasos de seus braços...me explique o que aconteceu exatamente.

Sasesu encostou-se na parede e começou a relatar:

–Eu venho desde algum tempo atrás comprando alguns itens que aumentavam a gravidade sobre o meu corpo, eu usava eles não somente para treinar como também para sentir melhor a gravidade em meu corpo. Isso me ajudou a conseguir criar gravidade com mais facilidade. Mas eu só usei isso em combate numa luta que eu tive alguns dias atrás. Eu usei a gravidade para desviar os projéteis de meu inimigo, deve ter sido nesse momento que eu sobrecarreguei meus braços.

–Entendo...eu vou te dar boas ideias para usar seus poderes então... -Sorriu a velha.

Nesse mesmo momento, outros acontecimentos decorriam. Lizzy que estava na sala junto de Kurokawa e Marwolaeth não conseguia parar de pensar no ocorrido. Mas ela se sentia obrigada a não demonstrar seus sentimentos:

–Não posso chorar...não posso chorar...se eu chorar, todos vão ficar tristes. -Pensava ela. -Eu cansei de ser a pessoa que apenas atrapalha o grupo, a pessoa inútil que apenas entristece todos...eu vou superar isso de cabeça erguida...

O tempo passou rapidamente enquanto todos escondiam seus verdadeiros sentimentos e o fim do dia se aproximou:

–Vá para casa...eu terminei de consertar seu braço por hoje... -Reclamou a velha.

Sasesu voltou para a casa de Kurokawa com seus braços totalmente doloridos e uma conversa se iniciou naquela construção desmoronada:

–Velha...eu tenho achado isso estranho desde aquela vez... -Murmurou o Ceifador. -Nós não íamos ajudar eles apenas para monitorarmos o Kurokawa? Então porque você continua ajudando eles?

–Eles são boas crianças, o meu velho instinto materno me obriga a fazer isso. -Respondeu ela. -Mas não se preocupe, você terá sua chance de matar o Kurokawa...em breve...