Invisible Play - Game Over

O Caminhão Vermelho Parte 4


Eu estava sozinho, situação que não tem acontecido recentemente, na sala de aula sentado em minha cadeira e pensando em nosso próximo movimento. Já fazia alguns dias que não atacávamos diretamente e apenas espionávamos, e eu achava que já estava na hora de mudar nossas ações.

Eu decidi em deixar isso para mais tarde, iria aproveitar esse belo momento de silêncio para dar uma dormida. Eu senti alguém se aproximando e levantei minha cabeça:

–Kurokawa, não é? –Disse o jovem de cabelos negros e encachiados.

–Sim. Ishimoto, não é? –Respondi eu.

Eu realmente não fazia ideia de seu nome, não foi por mal, eu me lembrava de apenas um ou dois nomes de pessoas em minha sala:
–É Ishida! Kurokawa, porque você não tem amizades com pessoas de nossa sala?

–Acho não produtivo, uma perda de tempo. –Respondi eu pousando minha cabeça na mesa.

–Você é realmente um babaca, se achando superior aos outros com seu jeito arrogante!

–Como dormir pode ser algo arrogante? –Pensei eu.

–Eu não me considero arrogante Ishida, se me dar licença eu estou me retirando! –Levantei eu tentando ir embora sem causar mais problemas.

–Vai fugir? Então quando você não consegue mais discutir você foge? Muito másculo da sua parte! –Provocou ele.

Antes que eu percebesse a sala já tinha voltada sua atenção para nós:
–Humilhar os mais fracos não te faz mais forte! –Respondi eu quase cruzando a saída da sala.

–O que você disse seu desgraçado?

Ele correu em minha direção e disparou um soco furioso em mim, para terminar com as coisas mais rapidamente eu apenas me deixei ser atingido:

–No fim, cachorro que late não morde! Vai chorar para os braços do seu único amigo, aquele merda do Takeda! –Provocou ele novamente.

Até agora eu tinha agido racionalmente, ele era apenas um idiota que se sentia oprimido por mim sem motivo algum, uma pessoa com complexo de inferioridade. Eu tinha coisas mais produtivas para fazer logo terminar essa discussão desse jeito era o mais inteligente a se fazer.

Mas eu agi por instinto quando ele insultou o Takeda, aquela era uma parte de mim que eu ainda não conhecia, uma parte insana derivada da perda de emoções causada pela Eclipse. Takeda nesse exato momento adentrou pela sala sem ter conhecimento da situação.

Eu nesse impulso soquei Ishida, levantando-o no ar, antes que ele percebesse que foi atingido eu já estava desferindo o segundo golpe. Numa fração de segundos minha mão foi impedida novamente:
–O que está fazendo Kurokawa? –Gritou Takeda.

Levou alguns segundos até eu perceber o que tinha acontecido:

–Eu não sei, estava tudo sobre controle até alguns segundos atrás mas do nada eu perdi o controle. –Respondi eu confuso.

–Vamos levar o Ishida para a enfermaria! –Disse alguém da classe.

No final, nada de mais aconteceu, todos presentes não tinham grande afeto em relação a Ishida e também ele tinha iniciado a discussão. Apesar disso eu recebi alguns alertas dele e de seus amigos.

Eu e Takeda passamos o resto do dia sem trocar muitas palavras enquanto nos escondíamos nas sombras observando de longe. Aquela situação já tinha se tornado irritante por isso decide agir:
–Já coletamos informações o suficiente, porque não fazemos um ataque?

–Não me importo, apenas não faça nada descuidado Kurokawa!

Ambos nos levantamos e fomos andando para dentro da escola ao chegar no portão não nos encontramos com aquele homem como deveria acontecer. No momento em que íamos seguir em frente, aquela presença desagradável se projetou no horizonte:
–Já faz tempo que não viam! Pensei que tivessem desistido! –Ironizou Daten.

–Eu não ia desistir até conseguir chutar sua bunda! –Exclamou Takeda.

–Então você finalmente decidiu lutar! Me mostre a sua força! –Disse eu.

No mesmo momento eu disparei, sedento de sangue. De uma pequena distância disparei um chute horizontal que foi facilmente bloqueado, no mesmo instante saquei a Eclipse e fiz um corte na direção contraria.

Ele moveu sua cabeça apenas o suficiente para se desviar de meu ataque, pude ver minha espada passando a centímetros de sua face e um sorriso brotando na mesma. Antes que ele tivesse tempo de me provocar eu segui com meu ataque.

Fiz várias cortes com uma técnica que vulgarmente denomino de “rabisco”, como o nome sugere, apenas balanço a espada em várias direções aleatoriamente. Mas pelo fato de serem ataque aleatórios é impossível prevê-los.

Mas ele não considerou isso um problema, apenas continuou desviando de meus ataques, seu sorriso ia se tornando progressivamente maior:
–Isso é tudo? –Provocou ele.

–Minha vez Kurokawa! –Disse Takeda partindo para o ataque.

–Agora que penso, eu não sei qual é a raça de Takeda muito menos seu estilo de luta. Se não me falha a memória, ele usou um estilo de luta corporal no treinamento de 15 dias, mas faz parte de nossa política não usar os princípios básicos contra quem não usa. –Pensei eu recuando.

Ele equipou-se com um bastão de ferro e disse:
–Caso esteja se perguntando, eu sou um Fighter!

Fighter, como o nome sugere, um lutador que é especialmente forte em combates de curta distância, normalmente usam bastões, lanças, soco inglês, nunchaku. (N/A: Pesquise no google para mais informações)

Takeda diminuiu consideravelmente a distância mas Daten pareceu não se importar, ele desferiu um soco pela direita e um outro por baixo em simultâneo. Daten continuou calmo enquanto se esquivava do primeiro soco pela esquerda, como de costume ele desviava apenas o necessário.

Mas no segundo mesmo tendo desviado ele foi atingido, a quantidade de dano foi mínima mas ele continuava sem entender:
–Tenho certeza que desviei, como fui acertado?

Mas eu depois de pensar um pouco fui capaz de perceber:
–Foi uma finta, ele fingiu que ia fazer um soco por baixo quando na verdade o soco foi direto. Mas devo admitir, foi muito rápido, se eu fosse seu oponente com certeza demoraria para perceber. –Pensei eu. –Mas Takeda parece estar em vantagem, mesmo tendo retirado sua arma de seu inventario, até agora ele apenas manteve-a presa em suas costas.

Takeda continuou seguidamente acertando socos fervorosos por todo o corpo de Daten, até que em um momento algo inesperado aconteceu:

–Finalmente meus olhos se acostumaram! –Disse Daten desviando.

Antes que Takeda pudesse reagir, ele desferiu um grande chute em seu torso. Takeda conseguiu segurar a dor e manter a postura mas mesmo eu sabia que o dano havia sido grande. Takeda pegou seu bastão e mostrou que agora estava sério:
–Você não disse que ia chutar minha bunda? –Provocou Daten.

–Apenas espere, estou indo fazer isso nesse segundo!

Ele partiu com toda sua velocidade em cima de Daten, rodou seu bastão acertando a perna de Daten, fazendo-o cair no chão. No mesmo momento atingiu o estomago do mesmo e seguiu com sua sequência.

Acertou a outra perna com a ponta do bastão, arremessou-o para o ar prendendo o bastão em sua roupa e antes que Daten pudesse reagir ele acertou um soco em sua cabeça e forçou-a contra o chão. Takeda teria continuado a bater se Daten não tivesse tomado alguma distância:
–Você é até que forte! Então vou te mostrar algo aterrorizador! –Exclamou Daten com seu sorriso presunçoso.

Ele abriu seu inventario e sacou duas facas com serras enormes, Takeda não se intimidou e continuou seu ataque. Fez um ataque com se bastão e no momento em que Daten desviou, ele seguiu com um soco. Daten fez um ataque mas Takeda desviou.

Houveram algumas trocas de golpes mas nenhum foi atingido, eu nesse momento pensei que a luta estava equilibrada mas depois de observar Takeda descobri que não:

–Ele está sangrando? De onde vieram esses cortes? –Eu me perguntei.

Takeda olhou para mim e respondeu como se estivesse lendo meus pensamentos:
–Kurokawa, esse cara é perigoso! Ele sabe usar os princípios básicos também. Demorei demais para perceber, mas aquelas facas não tem essas serras grandes só de um lado. -Disse Takeda limpando um pouco de seu sangue. -As serras existem dos dois lados, mas de um lado elas são feitas de energia e por isso não podem ser vistas. Esse desgraçado criou uma nova técnica a partir dos princípios básicos, assim como eu.

–Takeda sua vez acabou, agora é a minha! –Interrompi eu.

–Não, agora é a nossa vez! –Retrucou Takeda.

Acabei por concordar com ele, deixando o orgulho de lado nós dois nos preparamos para lutar:

–Então, vamos mostrar que ele não é o único que sabe dos princípios básicos! –Exclamei eu.

–Com certeza, Kurokawa!

Nós dois avançamos ao mesmo tempo.

Eu fiz um corte por baixo com a Eclipse, Takeda atacou pela esquerda com bastão mas ambos foram bloqueados por serras invisíveis:

–Vocês realmente são bons lutadores! –Disse Daten novamente com seu sorriso presunçoso.

Ele balançou suas facas em nossas direções, eu e Takeda acabamos por desviar por instinto. A batalha se prolongou por algum tempo mais não chegou a lugar nenhum:

–Que tal marcarmos isso como um empate, lutamos outro dia. Já estou ficando cansando dessa luta monótona! –Disse Daten –Seu amigo não está numa boa condição também.

–É verdade, a condição do Takeda está começando a ficar crítica, podemos deixar essa luta para outro dia. –Pensei eu –Vamos recuar Takeda, outro dia continuamos isso!

–Mas Kurokawa, sinto que podemos vencer se continuarmos! –Retrucou Takeda.

–Vamos! –Ignorei eu.

Takeda apenas abaixou sua cabeça e me seguiu, Daten voltou a se encontrar com seus amigos que estavam escondidos ali por perto:

–Daten, você é incrível! –Elogiou Ike –Só com você dava para derrotar esses dois!

–Idiota, não está vendo que isso foi um feitiço? –Perguntou Wabe.

–É como o Wabe disse! –Disse Daten se sentando –Isso é um feitiço chamado força momentânea, aumenta bastante minha força, velocidade e poder. Mas desgasta bastante o meu corpo, depois de usar uma vez eu tenho que descansar por um dia inteiro.

Daten foi falando cada vez mais baixo até se calar completamente, ele já estava desmaiado:

–Daten! Daten! Daten! –Chamava Ike.

–Está tudo bem, ele só está cansado. –Disse Wabe. –Conseguiu completar sua missão, Kris?

–Claro que sim! Agora que memorizei todos os seus padrões de ataque, podemos ter uma vantagem! –Exclamou ela.

No caminho de casa, eu auxiliava Takeda a andar:
–Seria tão fácil se pudéssemos apenas usar uma poção para me curar, como antes. –Reclamou Takeda.

–É, mas o tio alertou que esse era um dos efeitos negativos de usar os princípios básicos!

–Então vamos voltar amanhã para chutar a bunda daquele maldito!

–Talvez outro dia, suas feridas parecem bem profundas, você vai precisar de mais de um dia para se recuperar. –Adverti eu.

–Sim, sim.