Eu tinha acordado ensopado de suor novamente, esse evento tem se repetido desde alguns dias, eu tomei um banho e fui para escola. Meus pais estavam de viagem por isso eu era obrigado a ir de ônibus, assim mais um fenômeno que tinha começado a entrar em meu cotidiano começou.

Dores de cabeça, tenho tendo várias fortes enxaquecas, o intervalo de tempo entra elas varia bastante mas pelo menos uma acontece por dia. Elas duram cerca de cinco a dez minutos mas mesmo assim me incomodam bastante. Eu desci do ônibus e entrei na escola, alguns minutos mais tarde a aula começou.

Eu estava copiando o que estava escrito no quadro até que a professora faz uma pergunta que eu sei a resposta:
–Oh, essa eu sei a resposta. –Penso eu levantando a mão.

Eu olho para o resto da sala e observo que todos estão parados, volto meu olhar para a professora e observo que ela também está estática:

–Droga, está acontecendo de novo! Essa droga de evento vem se repetindo desde que eu fui atropelado por aquele caminhão vermelho! –Penso eu indignado.

Alguns dias atrás enquanto atravessava uma faixa de pedestre eu fui atropelado por um grande caminhão vermelho, apesar do choque, eu sai praticamente ileso. O motorista do caminhão fugiu e até agora não conseguiram descobrir sua identidade. Eu fui hospitalizado por alguns dias mas depois de conferirem que eu estava normal, eu retornei à minha casa.

Mas desde esse dia, esses tipos de eventos têm acontecido, é como se o tempo parasse por alguns segundos. Mas logo em seguida tudo volta ao normal. Eu me levantei e disse:
–Professora, não estou me sentido bem, vou para casa!

Todos ficaram me olhando, mas mesmo assim eu me retirei da sala. Outro aluno em seguida se levantou e disse:
–Eu estou indo atrás dele para ver se está tudo bem, professora!

Antes que a professora pudesse responder, ele se retirou da sala, eu estava no corredor quando ele aparece e me questiona:
–Você está bem, Ike? –Perguntou ele.

–Sim, só me sinto um pouco tonto. –Respondi eu meio sem jeito.

Ele deu uma rápida olhada em meus olhos e respondeu:
–Não minta.

Eu dei uma leve risada:

–Como assim? Eu não estou mentindo.

Ele suspirou e disse:
–Eu vou falar de seus pais.

Eu dei um passo para trás e ele continuou:

–Eles não estão em casa porque…

–Como ele sabe disso? –Pensei eu.

–Porque estão numa viagem de trabalho, ambos são pais muito atenciosos e ficariam preocupados se descobrissem sobre o seu…

Ele novamente checou meu rosto:
–Acidente, que por acaso envolveu um caminhão vermelho.

–Impossível, como ele sabe disso? Ele esteve me seguindo? Que droga está acontecendo aqui?

Ele segurou em minha blusa e foi me arrastando até uma sala vazia:
–Então, que poder você desenvolveu? –Perguntou ele.

–Como assim poder? Como você sabe aquilo sobre os meus pais? Você é um perseguidor por acaso?

–Parece que você ainda não entendeu, então eu vou te explicar. Jovens normais são atropelados por um caminhão vermelho e o motorista do caminhão foge, os jovens saem praticamente ilesos mas um tempo mais tarde sofrem de dores de cabeças e soam muito enquanto dormem. Junto desses sintomas vem um poder, eu estou reunindo esses jovens!

–Espera, isso foi informação demais para a minha cabeça. Então quer dizer que eu não sou o único? Então que tipo de poder é o meu? Que tipo de poder é o seu? Onde estão essas pessoas?

–Calma! Eu também não sei muito sobre isso, mas sobre o meu poder, eu tenho basicamente uma visão muito aguçada.

Eu me sentei numa cadeira próxima e perguntei:

–E como uma visão aguçada descobre coisas sobre familiares?

–Você ainda não entendeu como minha visão é aguçada, todos temos manias e reagimos de formas diferentes. Quando eu disse que ia falar de seus pais, o seu rosto me deu informações, muitas pessoas não entenderiam essas informações mas com uma visão aguçada e um bom raciocínio lógico eu consigo decifra-las. Isso se aplica a tudo que eu descobri sobre você.

Eu tinha entendido as suas palavras mas mesmo assim era difícil compreender tanta informação de uma hora para a outra, eu respirei e fixei meu olhar para o chão. Ele saiu da sala para me dar um tempo para pensar.

Ike Narumako, um jovem de quatorze anos com cabelo castanho e olhos verdes, um corpo sem peculiaridades e uma personalidade tímida e determinada. Notas razoáveis, condições financeiras normais, família normal, um estudante e jovem totalmente normal com a exceção de uma coisa ele é um jogador de IP. E que agora possui algum tipo de “Poder”.

Alguns minutos mais tarde ele retornou a sala e disse:

–Tinha esquecido de me apresentar, eu sou Daten, prazer em conhecê-lo!

Eu me levantei e também se apresentei, ele me fez algumas perguntas sobre meu poder mas no fim não conseguiu descobrir nada:
–É, ainda não sei qual é o seu poder, vá para casa e descanse, amanhã nós tentamos!

–Sim.

Eu me levantei e fui andando até a porta quando sem querer derrubo uma cadeira, antes da cadeira tocar o chão eu consigo pega-la. Mas ao olhar para Daten vejo que um evento tinha se ativado, ele estavam imóvel:
–Como eu fiz isso?

Como de costume, passados alguns segundos ele se volta a mover, ele me olhou espantado:
–Quando você se moveu para onde você está agora?

–Enquanto estava tudo congelado eu levantei a cadeira. –Respondi eu.

–Acho que descobri o seu poder.

–Qual é? Qual é o meu poder?

–Reação instantânea!

–Como assim?

–Simples, toda vez que uma ação é executada um reação também é, o mesmo acontece conosco humanos. Mas essa reação leva um tempo para ser executada mas no seu caso não, ela é executada imediatamente em seguida da ação.

Um tempo de reação considerado extremamente rápido é 0,1 segundos, para uma pessoa que possui um tempo de reação instantâneo, isso poderia ser uma eternidade.

–Porque você acha que esse é o meu poder, Daten?

–Porque quando a cadeira caiu eu não tinha sequer percebido isso e você já tinha levantado ela.

–Isso faz sentido mas pode ser outra coisa, como parar o tempo por um tempo ou se mover muito rápido!

–É meio difícil de explicar agora, venha nessa sala amanhã as cinco horas da tarde que eu vou te explicar melhor e te apresentar os outros também. Agora eu tenho que ir. –Disse Daten deixando a sala correndo.

–Espere Daten! Eu ainda tenho várias perguntas para fazer! Ah, droga, ele se foi. Acho que vou voltar para casa.

Eu fui embora pela parte de trás da escola, bem na frente da escola dois personagens haviam se encontrado:
–Então você veio de novo? Você é realmente insistente, qual era o seu nome mesmo? Roberto? Luís? Fernando? –Perguntou Daten.

–Desgraçado, eu já disse que é Takeda!

–Ah, desculpe eu não lembro o nome de pessoas fracas!

–Se me acha fraco então lute! Não fique ai parado desse jeito…

No mesmo instante Takeda desapareceu, longe dali, na casa de Kurokawa:
–Já chegou Takeda? –Perguntou Kurokawa.

–Aquele desgraçado me teletransportou pra cá de novo, droga! Isso já está me irritando, essa já foi a quinta vez!

–Estou começando a achar que não é ele que nos teletransporta, mas sim outra pessoa. Já que não sinto nenhum movimento ou mudança em sua energia no momento do teletransporte.

–Kurokawa, porque estamos fazendo isso mesmo?

–De acordo com o NPC disse, se completarmos essa missão vamos conseguir enfrentar oponentes muito poderosos!

–Qual era a missão mesmo?

–Acho que era derrotar aquele cara mas ele só fica nos teletransportando pra cá. Tentamos de novo amanhã, vamos descansar por hoje.

–Ta bom, seu fanático por lutas!

Desde a discussão entre Takeda e Kurokawa uma semana havia passado.