Kurokawa percebendo a aproximação de outros generais começou a soltar blefes escondidos em verdades. Ele simplesmente tirou a cola que grudava suas várias espadas no chão e recolheu-as:

—Surpreso? -Sorriu Kurokawa. -Eu acabei de cortar a ligação entre a sua cola, o chão e as minhas espadas usando energia.

Kurokawa pegou um pedaço daquela cola e simplesmente desfê-la:

—E claro, eu também posso simplesmente desfazer ela dessa forma se eu quiser. -Continuou ele. -Demorou um pouco para eu entender como você fazia ela, mas quando eu consegui, sua cola se transformou em apenas desperdício de energia.

—Ele é a primeira pessoa a conseguir anular minha habilidade tão rápido... -Pensou o general. -Preciso pensar em alguma coisa...

Kurokawa curou-se completamente dos seus ferimentos anteriores usando uma boa quantidade de sua energia:

—Eu tenho cerca de 30% da minha energia sobrando....vamos ver como eu vou lidar com a situação. -Pensou ele.

Ele tentou identificar os outros generais a distância e começou a tentar intimida-los:

—Eu estou totalmente curado e não gastei quase nada de energia, enquanto você teve seu truque inutilizado e esta com um corte em seu peito, como será?

O general sorriu:

—Mesmo ferido, eu ainda sou um general, eu não irei recuar antes de morrer!

—Que assim seja então...

Kurokawa planejava elimina-lo o mais rápido possível pois mesmo estando ferido e sem seu poder, sua força física ainda era assustadora. E caso ele continuasse vivo quando os outros generais se juntassem a luta, a situação ficaria muito complicado. Kurokawa arremessou uma de suas espadas e disparou na direção de seu inimigo.

O general segurou a espada com sua cola e foi imediatamente surpreendido por Kurokawa desfazendo-a com outro ataque. Ele tentou recuar mas sofreu um corte em seu braço e Kurokawa continuou atacando. Kurokawa sacou outra espada e avançou muito mais rápido do que antes, sua espada estava prestes a cortar o adversário quando foi impedida:

—Já vimos demais...acho que está na hora de intervirmos, não é mesmo, pessoal? -Disse uma mulher de longos cabelos loiros que trajava um vestido vermelho escarlate.

Junto com ela, outras oito pessoas foram lentamente se aproximando. Kurokawa respirou fundo enquanto tentava se preparar mentalmente para o que estava por vir:

—10 generais...isso está muito acima do que eu esperava... -Pensou ele. -Eu não tenho como voltar atrás de qualquer forma...

Ele sorriu e sacou duas espadas:

—Youmu, de Euler, vocês vão se lembrar desse nome!

—Seu nome será esquecido, minha criança. -Disse um velho se aproximando. -Você não é a primeiro e também não será o último tolo a atacar esse lugar.

O velho sequer esperou uma resposta de Kurokawa e avançou. Com suas mãos vazias e algum estilo de luta estranho, ele foi capaz de pressionar Kurokawa sem dificuldades. Kurokawa atacou com sua espada da direita e falhou miseravelmente, enquanto preparava o seu próximo ataque, seu estômago foi atingido por um soco e ele se descoordenou.

Logo em seguida, seu queixo foi atingido e ele perdeu o seu equilíbrio. O velho abaixou rapidamente e acertou um chute em suas pernas derrubando-o:

—Parece que tudo o que você consegue é falar! -Gritou aquela mulher de cabelos longos e loiros.

Ela concentrou energia em sua perna e chutou na direção de Kurokawa, o que originou uma labareda de fogo. Kurokawa rolou para esquivar-se daquilo o mais rápido que pôde:

—Não fuja! -Disse ela irritada.

Ela continuou desferindo labaredas de fogo, o que impedia Kurokawa de ter tempo de levantar-se. Enquanto Kurokawa rolava, aquele velho aproximou-se e arremessou-o em outra direção com um chute. Kurokawa conseguiu bloquear o chute mas ainda sofreu danos. Ele conseguiu levantar-se devido a força do chute e tentou respirar um pouco:

—Vai ter que fazer muito melhor que isso se quiser sobreviver. -Disse um homem parado ao seu lado.

Ele sequer teve tempo de reagir e teve seu rosto chocado contra o solo. Ele deixou sangue escorrer pelo seu nariz mas rapidamente se levantou apenas para bloquear por muito pouco um chute daquele mesmo homem. O homem começou a fazer mais força em sua perna, o que fez Kurokawa gradualmente ser arrastado. Percebendo que naquele ritmo, ele seria arremessado para longe, ele apenas empurrou o homem e se afastou.

Ele bateu suas costas contra algo e ao virar-se para trás, viu um alto e forte homem em pé olhando o de cima:

—Olá.

O homem levantou seus braços e desceu-os violentamente. Kurokawa tentou segurar aquele ataque mas teve suas pernas afundadas no solo e seus braços danificados:

—Que força absurda... -Reclamou ele.

Enquanto tentava escapar da força exercida por aquele homem, ele viu ao longe uma criança sorrindo enquanto formava uma gigantesca bola de pedra:

—Merda...

Aquilo foi arremessado em suas costas com uma grande força, o que fez com que seu corpo inteiro se desestabilizasse e a força daquele homem fizesse com que seu corpo fosse esmagado no chão. Ele cuspiu uma boa quantidade de sangue enquanto aquele homem levantava suas mãos para repetir o ataque:

—Não vai acontecer de novo, seu maldito troglodita! -Gritou Kurokawa.

Ele atacou com todas as suas forças as pernas daquele homem de pé em sua frente e se afastou. Kurokawa sabia que não teria descanso algum e por isso já se preparou para o próximo ataque inimigo. Uma grande faca foi lançada em sua direção mas ele foi capaz de se desviar. A faca passou ao lado do estômago de Kurokawa mas repentinamente mudou sua trajetória e perfurou seu corpo:

—Desculpa, mas não é assim tão fácil desviar de minhas facas... -Sorriu um homem ao longe.

Kurokawa grunhiu com a dor e ao tentar retira-la não conseguiu:

—Não consigo mover meu braço...

Ele rapidamente percebeu que não se tratava de um veneno e sim de uma pequena agulha perfurando seu braço. Ao tirá-la, ele recuperou o movimento de seu braço:

—Eu sequer vi quando colocaram isso em mim...

—Quando você estava distraído tentando desviar das facas do outro general. -Respondeu um homem careca não muito longe dali. -Você tem bons reflexos mas pouca experiência...

Os generais foram lentamente se juntando a volta de Kurokawa, todos intactos, incluindo aquele que Kurokawa achava ter cortados as pernas. Enquanto ele estava repleto de feridas:

—Isso vai ser bem complicado...

—Já mudou de ideias, garoto? -Perguntou o primeiro general que havia confrontado Kurokawa.

Kurokawa sequer respondeu, ele estava concentrado em outras coisas. Ele contou as espadas que tinha conseguido e arremessou-as para cima. Todas elas caíram e perfuraram o chão a volta de Kurokawa. Ele concentrou sua energia e intimou todos a sua volta:

—Venham!

No mesmo segundo que os generais avançaram, Kurokawa criou uma esfera densa de sua energia a sua volta:

—Me permita copiar a sua técnica, Youmu. -Sussurrou ele para si mesmo.

O velho foi o primeiro a entrar em sua esfera. Kurokawa avançou em sua direção e foi recebido com um soco. Ele desviou o soco do velho com apenas um toque, pegou uma de suas espadas do chão e cortou-o. Em seguida, ele movimentou-se quase instantaneamente para o lugar onde a mulher de cabelos loiros e aquela criança estavam.

Ele pegou uma de suas espadas no chão e parou o movimento da perna da loira. Ele arremessou a mesma espada na direção daquele homem alto e forte e pegou outra espada no chão. Ele atordoou a criança que estava formando outra bola de pedra com chute e cravou sua espada na perna da mulher loira. Kurokawa disparou na direção daquele homem musculoso que se preparava para segurar a espada que ele tinha lançado, e afundou-o no chão com soco concentrado de energia.

Sem sequer respirar, ele correu na direção do homem que havia o provocado e desferiu um chute, que foi de alguma forma bloqueado. Kurokawa não se abalou e jogou uma de suas espadas cravadas no chão para o ar. Ele pulou e desferiu vários golpes no ar que foram bloqueados com muita dificuldade e no último foi capaz de quebrar a defesa de seu oponente. Antes de cair no chão, ele chutou a espada que havia jogado ao ar anteriormente e fez a perfurar seu inimigo.

Os outros generais vendo seus aliados sendo derrotados daquele jeito em questão de segundos, simplesmente saíram da esfera de Kurokawa. Infelizmente, Kurokawa não foi capaz de ferir fatalmente nenhum de seus adversários e sua energia havia quase acabado. Mas ele escondeu seu cansaço e continuou blefando:

—Então, com medo?

Todos os generais se posicionaram a distância e começaram a agir com cautela:

—Impressionante, criança -Elogiou aquele velho tentando parar seu sangramento. -Mas o que você vai fazer se simplesmente esperarmos a sua energia acabar?

Kurokawa sorriu:

—Nesse caso, eu vou ter que ir atrás de vocês!

Ele expandiu aquela esfera de energia centena de vezes, até o ponto daquilo abranger tudo dentro das muralhas. Kurokawa imediatamente cuspiu uma grande quantidade de sangue ao fazer aquilo, ele estava sobrecarregando seu corpo. Os generais não ousaram se mover sabendo que seriam atacados em breve e apenas pensaram quem seria o primeiro:

—Ele deve começar por quem está mais ferido... -Pensou o velho. -Espera...fomos muito estúpidos...

O velho olhou na direção do armazém mas já era tarde demais, Kurokawa aproveitou-se da cautela de todos e avançou loucamente na direção do armazém. Ele concentrou o resto de sua energia em sua mão e vaporizou aquilo. Uma explosão lançou mantimentos e outros tipos de coisas em todas as direções. Ele desfez sua esfera de energia e caiu no chão rindo:

—Eu consegui...

—Merda... -Reclamou a mulher loira. -Os comandantes vão ficar bem estressados com isso...

O velho sorriu:

—Parece que está na hora de me aposentar...eu não consigo sequer proteger um lugar...

—Eles de certeza vão brigar comigo por causa disso... -Reclamou a criança. -Então mais vale a pena levar sua cabeça comigo para ver se consigo me desculpar.

—Então vocês vão atacar alguém quase morto? -Perguntou Kurokawa se levantando.

Ele lentamente tocou a Eclipse:

—Vamos fazer aquilo que eu te disse...

Os generais ao perceberem que fracassaram em seu único objetivo, dividiram-se em grupos. Alguns deles simplesmente pretendiam desertar Kepler por pensarem que essa guerra estava perdida, enquanto outros pretendiam continuar lutando por Kepler. Mas todos eles concordam em algo: matar o maldito que tinha destruído aquele armazém:

—Vamos lá então, pessoal?

Kurokawa colocou suas últimas forças em correr para o meio dos soldados que protegiam a muralha:

—Seu pirralho, não ouse fugir!!! -Gritavam os generais.

Kurokawa correu até suas pernas se cansarem e teve seu corpo brutalmente despedaço pelos generais, assim, o herói que destruiu o armazém, Youmu, morreu. Ou pelo menos é assim que a história seria contada. Enquanto Kurokawa estava supostamente sendo morto, um dos soldados que guardavam a muralha lentamente se afastava do local. Kurokawa suspirou aliviado ao longe tirando o disfarce de soldado que usava:

—Eu tenho pena do soldado que morreu no meu lugar...

Seu plano de enganar os generais usando a magia da Eclipse e trocar de lugar com um soldado funcionou perfeitamente. Ele estava muito ferido e sem nenhuma energia:

—Bom, parece que está na hora de voltar para Euler... -Sorriu ele.

Ele olhou para as muralhas que estavam mergulhadas em confusão e cravou as duas espadas de Youmu no chão:

—Eu fiz o que tinha que ser feito, meu amigo. -Sorriu ele. -Descanse em paz, sabendo que você será lembrado como um herói...

Ele começou a ir embora quando sentiu uma força absurda ao longe. Mesmo sem forças nenhumas, seu corpo se arrastou para mais perto daquilo. Ao estar a uma distância razoável, ele foi capaz de identificar a origem daquela energia. Seu coração começou a bater mais forte, suas pernas começaram a tremer, seu rosto começou a suar, seus olhos duvidavam da realidade e sua mente ia lentamente sendo consumida.

Há apenas alguns metros dali, Os Sete Pecados Capitais observavam a situação calmamente.