Invertidos

Chapter #3


Felicity.

— Oliver.... Oliver, acorda. — Eu escutava alguém chamando Oliver, mas a voz estava tão longe e tão baixa, não conseguia me mexer e nem abrir os olhos. — OLIVER PARA DE PALHAÇADA!

Mas que diabos estava acontecendo? Por que estavam chamando Oliver e batendo na minha bochecha? Foram três tapinhas de leves, mas mesmo assim minha bochecha está doendo.

— Para. — sibilei, colocando as mãos sobre o meu rosto. — Cacete.

— O Oliver está de volta, mamãe. — disse outra voz. — Parece que foi só um surto mesmo, ou. — pausa dramática. — ele ingeriu alguma droga muito pesada, você conhece o seu filho.

— Oliver o que você bebeu para estar nesse estado deplorável?

Eu não estava entendendo nada do que estava acontecendo, por que estavam falando com Oliver e me cutucando? Aonde estou afinal? Tirei as mãos do meu rosto e encarei a mulher sentada a minha frente. Ela parecia preocupada e ao mesmo tempo muito brava. Eu só não entendi porque Moira está sentada ao meu lado no chão, batendo na minha cara enquanto me faz perguntas e me chama de Oliver.

— O que está acontecendo? — questionei, tocando minha cabeça, estava sentindo uma dor insuportável. — Por que estou aqui?

— Meu Deus, ele pirou de vez. — olhei sobre a cabeça de Moira e vi Thea em pé, com os braços cruzados e me encarando. — Oliver está maluco.

— O que vocês estão falando? — Thea soltou uma gargalhada com a minha pergunta, virou as costas e saiu, então eu olhei ao redor, era um closet, cheio de roupas e calçados masculinos.

Aí cacete!

Lembrei porque estou aqui, e isso não é nada bom.

— Não era um sonho. — exclamei levantando-me do chão. — Não é a porra de um sonho. — repeti, caminhando até o espelho.

— Oliver, o que está acontecendo? — Moira parou atrás de mim e ficou encarando meu reflexo no espelho. — Você ingeriu alguma droga, Oliver?

— Eu não sou o Oliver. — murmurei, tocando minhas bochechas com a ponta dos dedos.

Moira cruzou os braços e levantou uma sobrancelha. Céus, ela deve estar pensando que o filho dela ficou louco de uma hora para outra.

— Filho, você está me assustando. — Moira tocou o ombro de Oliver, na verdade o meu ombro, porque fui eu que senti o toque da palma da mão dela, assim como a ponta dos meus dedos tocando a bochecha, boca e o pescoço de meu chefe.

— Meu Deus, o que está acontecendo?

— Oliver é melhor você ir ao hospital, você não parece bem.

E eu não estava mesmo, a dor na minha cabeça estava ficando cada vez mais insuportável, eu sentia um embrulho no estômago e minha boca estava seca, parecia que eu estava morrendo de desidratação. Eu olhei ao redor e meus olhos encontraram um frigobar no canto do closet. Mas quem tem um frigobar em um closet? Porra Oliver, você é muito metido a besta mesmo. Me agachei na frente da pequena geladeira e a abri, tinha latas de cerveja, garrafinhas com vodca e umas duas garrafas de água com gás.

— Graças a Deus. — peguei a garrafa e rapidamente a abri, senti uma enorme satisfação ao sentir gosto da água. Eu bebi a garrafa inteira e metade da outra e mesmo assim não estava satisfeita. Tinha algo errado, com certeza eu estava vivendo em uma realidade alternativa na qual sou uma mulher presa no corpo de um homem, e pasmem, o corpo do homem que mais odeio na face da terra. Eu tenho muita sorte mesmo, se isso tinha que acontecer a algum ser humano com certeza seria eu, Felicity Smoak.

— Oliver. — Olhei para Moira. — Você precisa de um banho.

Sorri. Porque não conseguia pensar em mais nada além disso.

— Moira. — cheguei pero dela e balancei a cabeça, demonstrando minha confusão. É difícil olhar para Moira e a chamar de... — Quero dizer, mamãe. — ela me olhou nos olhos. — Eu estou bem, será que você pode me deixar sozinho. Vou me arrumar e desço para o café.

Moira sorriu tranquilo.

— Claro, filho. — concordou. — Mas você está bem mesmo?

Não! Eu não estou bem. Estou presa no corpo de Oliver. E aonde está o meu corpo? Será que eu morri? Eu devo estar morta em algum lugar. Alguém me sequestrou enquanto dormia e fez algo comigo. Céus, não acredito que morri assim. Ou, pensando bem, eu não morri, estou presa no corpo de Oliver. Mas, se estou no corpo dele, aonde está Oliver?

— Oliver. — Moira segurou os meus ombros, meus novos ombros largos e fortes e me chacoalhou.

Eu precisava descobrir o que estava acontecendo, e isso só será possível se eu não enlouquecer, mesmo a situação sendo a maior loucura da minha vida, eu não posso enlouquecer. Moira acha que sou seu filho, devido isso vou agir como ele, preciso, caso contrário ela vai me mandar para uma clínica psiquiátrica e lá não vou poder descobrir o que está acontecendo.

Por isso, Felicity, aja como Oliver, seja um Queen.

— Estou bem, mãe. — falei, saindo do closet de Oliver, aliás, esse closet é maior que o meu apartamento. — Eu acho que bebi demais ontem à noite, no jantar beneficente, passei do limite e acordei confuso e desorientado. Mas agora estou bem.

— Ahãm. — ela sibilou desconfiada. — Com certeza passou do limite. — afirmou. — Agora, recomponha-se, tome um banho, vista sua roupa e vá para a empresa. — Uau, eu nunca tinha visto Moira Queen falar de forma tão autoritária com Oliver como agora.

— Okay, mãe.

Ela se virou e caminhou até a porta, mas antes de sair me encarou mais uma vez.

— Sua secretária aceitou a joia?

Joia? Que joia?

Procurei em minhas lembranças alguma joia que Oliver me deu.

Ah sim!

Ontem, antes de a gente ir para o jantar ele me ofereceu uma joia, muito linda, elegante e cara. Eu aceitei usar apenas durante o evento, aí quando cheguei em casa guardei na minha bolsa que uso para ir trabalhar, para logo cedo entregar para Oliver.

— Está com ela. — falei.

Moira não esboçou nenhuma reação, continuou com a mesma feição e então saiu e fechou a porta.

Agora que estou sozinha tenho que pensar em como vou começar a tentar encontrar uma resposta para isso que está acontecendo. Okay, Felicity, ou você foi abduzida por uma nave alienígena e eles estão te usando como experimento para o plano que eles estão armando contra o planeta ou isso é uma bruxaria, mágica, ou até um sonho. Me belisco, porém, nada acontece. Não, isso com certeza não é um sonho. Talvez sejam os Et's.

Sigo as ordens de Moira. Tomo um banho no banheiro chique de Oliver e coloco uma roupa, terno, porque é sempre o que vejo Oliver usando. Pego as chaves do conversível de Oliver e desço.

Conheço um pouco da enorme mansão Queen. Uns dias atrás, logo depois que Oliver se mudou para a mansão novamente, pois seu apartamento estava em obras, ele me mandou vir para cá pegar umas pastas que ele havia esquecido em cima da mesa do escritório. Quando cheguei, Moira até que foi gentil e me convidou para um café, enquanto a empregada preparava o café ela me apresentou a mansão inteira, e como a minha memória é boa, lembro-me exatamente de tudo.

Vou direto para a cozinha, onde tem uma porta que dá para a garagem. Oliver só pode ter estacionado lá.

Como primeiro passo de uma possível investigação, vou para a minha casa, checar se meu corpo está lá onde deixei ontem a noite.

Dirigir o carro de Oliver é bem melhor do que estar no banco do passageiro. Esse carro é uma máquina. E já que no momento estou presa ao corpo viril do meu chefe, eu sou o meu chefe, por isso furo alguns sinais, quem terá que pagar a multa é ele mesmo, então não me importo. Mas que fique claro, sempre dirigi prudentemente, seguindo as regras do trânsito.

Parei na porta do meu apartamento. Não tinha uma chave, mas sempre deixei uma reserva no vaso de flor que tem ao lado da soleira da porta, para casos de emergência, então tenho uma chave.

— Por favor, que eu não encontre um banho de sangue aí dentro. — suplico, antes de empurrar a porta.

Fecho os olhos e coloco um pé para dentro. Puxo o ar com o nariz para ver se tem algum cheiro estranho pairando no ar. Nem um cheiro anormal além do spray para ambientes aroma jasmim que uso, abro os olhos e observo ao redor, tudo está no lugar.

Solto a respiração que estava prendendo.

— Nada de errado.

Por enquanto.

Sigo para o meu quarto, é a última lembrança que tenho de estar no meu corpo verdadeiro, quando deitei na cama e apaguei. E hoje pela manhã acordei no corpo de Oliver. Meu Deus acho que estou me sentindo no show de Truman.

Bom seu o último lugar que tenho em minhas lembranças é o meu quarto, vou direto para ele.

Quando estou quase alcançando o corredor escuto um gemido vindo do meu quarto. Alguém deve estar apertando meu pescoço e a vida está se esvaindo do meu corpo nesse exato momento, preciso fazer alguma coisa. Pego uma enciclopédia grande e grossa que tem na minha estante e retomo o caminho. Os gemidos cessaram de uma hora para outra, conto mentalmente até cinco, suplico para não encontrar uma cena da franquia Scream, e finalmente empurro a porta do cômodo.

Eu respiro aliviada ao ver as paredes limpas e o chão sem nenhum rastro de sangue. Aproximo-me da minha cama, sinto que meu coração está quase saindo pela boca, porém tento manter a minha calma. Respiro aliviada quando vejo que o corpo sobre a cama é o meu. Meu rosto parece tranquilo e sereno, acho que vejo meu peito subir e descer vagarosamente, chego mais perto, me ajoelho sobre o colchão.

Tenho que checar minha pulsação. Toco o meu pescoço, quer dizer, o pescoço do meu corpo, com a ponta dos dedos. Eu tenho pulsação. Não estou morta. Viva! No entanto, se estou no corpo de Oliver, quem está no meu corpo? Será que entrei em coma? E para onde foi Oliver se estou presa em seu corpo?

Eu preciso encontrar outro substantivo para me referir a corpo, já repeti a palavra corpo cem vezes.

Com as perguntas entrando como laminas na minha cabeça, nem noto que meu corpo verdadeiro se moveu embaixo de mim, os movimentos dele fazem com que eu me desiquilibre e caía em cima de mim mesma. Que confusão, meu Deus.

E no meio de pernas entrelaçadas e braços tentando lutar para levantar da cama. O desconhecido no meu corpo encara minha cara por exatos dois segundos e grita, é claro que eu me assusto e acabo gritando também, somos duas pessoas se encarando e gritando como loucos.

Seja lá quem esteja preso em meu corpo, eu sei que tem força suficiente para empurrar o corpo enorme e cheio de músculos de Oliver, pois caí de bunda no chão e bati minha cabeça no pé da cama.

— Merda. — sussurrei esfregando minha testa.

Levantei-me rapidamente e olhei para o desconhecido ou sei lá quem esteja habitando minha casca. Ela ou ele estava encolhido na cabeceira da cama e me encarava muito confuso e assustado.

— Quem é você? — questionou, olhando-me de cima a baixo. Então olhou ao redor, vi sua expressão ficar ainda mais confusa, eu reconhecia aquela feição, é a mesma que fiz hoje pela manhã quando acordei no quarto de Oliver com uma estranha me chamando de cachorrão.

— Calma. — eu ergui minhas mãos. — Você precisa ficar calma.

— Que lugar é esse? — questionou. — E por que você é tão parecido comigo?

Não!

Eu congelei inteira por um momento.

Se estava perguntando por que eu era tão parecido com ele, isso só quer dizer uma coisa, e não é nada bom.

Eu não tenho um minuto de paz nessa vida, INFERNO!

— Oliver? — questionei.

Ele levantou uma sobrancelha, estava tão confuso quanto eu hoje mais cedo.

— Você é um sósia muito parecido comigo ou isso é como no filme as namoradas do papai?

Isso só podia sair da boca de Oliver mesmo.

— Primeiro, não surta. — vou até a minha escrivaninha e pego um pó compacto que tem uma espelho, volto para perto da cama. Essa situação é tão insana que Oliver ainda não notou que está preso no meu corpo. — Olha para as suas mãos.

Ele ri, mas levanta as mãos na frente do rosto. O que ele nota primeiro são as unhas com esmalte vermelho, então seu olhar sobe para o braço, para o ombro e para a região abaixo do pescoço. Isso está prestes a ficar pior.

— Porra! — ele exclama, pulando para fora da cama. — Isso é um sonho. — diz tocando a cabeça e andando de um lado para o outro.

— Eu pensei a mesma coisa, mas não, não é um sonho.

Ele continua andando e se apalpando, primeiro os braços, o cabelo, a barriga e quando ele está prestes a tocar meus seios eu solto um grito.

— Você está proibido de tocar aí.

Oliver para na minha frente e me encara.

— O que você fez comigo?

— Acredite, eu estou tentando descobrir. — rebato. — Pega isso. — entrego o espelho para ele.

Oliver leva o espelho na frente do rosto e olha para o reflexo. Ele arregala os olhos quando percebe em qual corpo que ele está preso.

— Espera aí. — ele aponta o dedo para mim. — Se eu estou presa nesse corpo, quem é você?

— Não está difícil de adivinhar.

Ele se olha mais uma vez no espelho, ergue o olhar para mim novamente.

— Felicity?

— Pois é.

Oliver começa a rir descontroladamente.

Claro, essa era exatamente a reação que eu esperava do babaca do meu chefe.

— Que droga a gente usou ontem à noite?

— Eu não usei droga nenhuma, já você, eu não sei.

— Não também. — disse, sentando-se na cama. — Depois que você foi embora eu fui para o bar mandar Chase não se meter com você.

— E desde quando você tem esse direito? — cruzei meus braços e encarei firme os olhos dele.

— Desde quando eu sei que Chase não presta.

— Para com esse papo Oliver, quem não presta é você.

Oliver me encara.

— Uau, Felicity, você realmente me deixa magoado ao dizer isso. — rebate. — Mas você não sabe nada de Adrian Chase, então eu te perdoo.

Eu resmungo um ‘ha ha ha’.

Sento-me na poltrona que tem ao lado da minha cama.

— E o que você fez depois que encontrou Chase.

— Ele não estava mais lá. — Respondeu. — E eu não estava mais com cabeça para continuar no evento, fiz minha doação e saí.

— Não antes de levar a loira com pernas longas para casa. — reviro meus olhos. — Aliás, ela me chamou de cachorrão mais cedo.

Oliver ri.

— Você sabe porque elas me chamam no aumentativo né? — ele me lançou um olhar sugestivo.

Bufei.

— Minha nossa, você é realmente um idiota.

— Felicity, eu ainda sou seu chefe.

Dessa vez sou eu que começo a rir.

— Não Oliver, enquanto não resolvermos isso, eu sou a sua chefe. — digo, encaro firme os olhos dele. — Afinal, sou eu que estou presa no corpo de Oliver Queen, presidente da Queen Consolidated. E você está preso no corpo de Felicity Smoak, assistente pessoal do presidente.

Oliver engole em seco.

— Aliás, deixei uma carta de demissão sobre sua mesa ontem.

— Você ia se demitir? — agora ele está incrédulo.

— Exato, eu ia. — respondo. — Mas agora não vou mais. Vai ser divertido pagar com a mesma moeda.

Eu sei que há alguns minutos atrás estava desesperada com essa situação, mas agora encontrei uma forma divertida para lidar com isso que está acontecendo. Atormentando o meu chefe, que agora será meu assistente pessoal. Ninguém irá descobrir, sobre todas as circunstâncias, sou Oliver Queen.

— Nós já estamos atrasados. — eu digo, levantando-me. — Se arrume e vá trabalhar, antes passe em uma cafeteria e me leve um café. Estou indo para o meu cargo de presidente da Queen Consolidated.

Virei as costas.

— Não se atrase, se não vou descontar da sua folha de pagamento.

[...]

Não esperei reações de Oliver, apenas sai daquele quarto e daquela casa. Segui para a Queen Consolidated e a primeira coisa que fiz quando cheguei na minha sala foi pegar a carta de demissão que escrevi ontem à noite. E a segunda coisa foi ligar para Isabel Rochev e pedir para ela vir até a sala da presidência, após isso sentei-me na cadeira de Oliver e aguardei ansiosamente a visita dela.

Eu escutei quando as portas do elevador abriram e então os saltos de Isabel se chocando com o piso. Ela estava andando na direção da sala cheia de si, o nariz arrebitado e aquele olhar de desdém que sempre lança para mim. Ela passa pela minha mesa de secretária e encara a cadeira desocupada, dá um sorrisinho e entra dentro da sala de Oliver.

— Nossa, me chamou cedo hoje. — ela avança na minha direção, mas eu me esquivo e vou para o outro lado da sala, gesto que faz Isabel ficar confusa.

— Isabel, querida, lhe chamei aqui porque quero te falar uma coisa muito importante. — disparo. — Não quero mais que você venha na minha sala, estou cancelando as nossas reuniões diárias.

— O quê? — ela exclama incrédula. — Como assim cancelando?

— É isso mesmo que você escutou, cancelando. — repito, sentando-me novamente na minha cadeira. — Você pode ir agora.

Os ombros de Isabel despencam. Me sinto imensamente feliz ao vê-la derrotada, e acreditem, sei que isso é errado, mas no final das contas, estou fazendo um bem danado para ela, Oliver só a vê como um objeto, Isabel é bonita, profissional — nem tanto —, merece alguém que a coloque no centro, que a ame de verdade. Oliver não é essa pessoa.

— Você está me dispensando?

Eu sinto um pouco de pena de Isabel, ela não merece ser dispensada, mas isso ia acontecer uma hora ou outra, afinal, seu amante é o Oliver destruidor de corações.

Isabel respira fundo, infla o peito, ergue a cabeça e se retira. Ela ainda continua sendo arrogante ao extremo, isso só vai deixá-la mais forte e insuportável.

Após Isabel se retirar, olho para o relógio no meu pulso, eu já cheguei faz meia hora, isso quer dizer que Oliver está quase uma hora atrasado, mesmo assim aguardo tranquilamente, sentado na cadeira dele.

Enfim, depois de mais 15 minutos de atraso ele chega. Está carregando dois copos de café e entra na sala da presidência, caminha até a minha mesa e solta os dois copos de café.

— Tenho uma ideia! — exclama, parecendo animado.

— Você está uma hora atrasado.

Ele revira os olhos.

— Desculpe se acordei em um quarto totalmente desconhecido e em um corpo de mulher. — ele me encara com um sorrisinho sacana no canto da boca. — Aliás, e que corpo ein, Felicity.

Levanto-me e disparo na direção de Oliver.

— Seu desgraçado.

— Não me olha assim. — ele rebate. — Eu tinha que me trocar, ou você queria que eu viesse só com camisa e calcinha para o trabalho? — indaga, se afastando. — E você também teve que trocar de roupa, também me viu pelado.

Quanto mais ele tenta se explicar, com mais raiva eu fico. Mas paro alguns segundos e reflito, apesar de tudo, ele tem razão. Volto para a minha mesa e pego meu café.

— Não se preocupe, jamais vou agir com maldade, não sou esse tipo de homem.

Eu encaro Oliver, e apesar de achar ele um babaca, acredito em suas palavras.

— Que ideia você teve?

O cretino me olha todo animado.

— Vamos nos beijar. — dispara, levanto uma sobrancelha. — Eu sei que é uma ideia sem pé nem cabeça, mas isso aconteceu depois que a gente se beijou ontem à noite. — explica. — Então hoje acordamos com nossos corpos trocados, é como naquele filme da Lindsay Lohan, quando ela beija o mocinho a sorte dela vai toda para ele. E quando eles se beijam novamente, a sorte retorna para ela.

Eu estou realmente incrédula com o que está saindo da boca dele.

— Isso é a vida real, não um filme de comédia romântica.

— Eu sei, mas e se funcionar?

— Oliver eu não sei o que é mais insano, essa sua ideia maluca ou saber que você assistiu uma comédia romântica com a Lidsay Lohan.

— Thea me obriga a assistir comédia romântica desde os meus 19 anos, ela encontrou maconha no meu quarto e disse que se eu não assistisse filme com ela todo domingo de noite ela ia me entregar para nossos pais. Então sim, eu assisti esse filme e até achei bem interessante. — eu começo a gargalhar, não esperava por isso. — E isso até me ajuda a conquistar as mulheres.

— Sua irmã faz isso com você mesmo?

— No começo eu achava ruim, mas acabei me acostumando. — ele diz. — Ela já me fez maratonar todos os filmes românticos da Katherine Heigl.

Sim, ainda estou me acabando de rir.

— Desculpe, não esperava por isso.

— Okay, já pode parar. — Oliver parece envergonhado e isso torna tudo ainda mais engraçado. — Felicity! — ele vem em minha direção. — E se o beijo funcionar?

— Eu duvido, Oliver. — digo, encarando os olhos dele. — Mas a gente pode tentar.

— Pode ser tão bom quanto o de ontem.

— Se você continuar fazendo gracinha, isso não vai acontecer.

Oliver se aproxima ainda mais. E sei que ele está no meu corpo, mas minha nossa, ele me olhando desse jeito e tão perto de mim está me deixando completamente sem ar.

— Vai acontecer sim. — ele segura o meu rosto e olha dentro dos meus olhos, espera uma resposta minha.

— Faça. — sussurro.

Então ele faz. Segura firme minha cabeça e encosta os lábios nos meus. Eu sinto minha perna bambear quando sua língua invade a minha boca e explora todos os cantos, eu me entrego aquela sensação boa que senti ontem à noite, sinto meu corpo virar uma gelatina nos braços dele. Não sei como explicar esse beijo, é uma sensação gostosa, mas ao mesmo tempo estranha demais.

Estou me envolvendo muito e esse beijo está indo longe demais. Empurro Oliver. Ainda ofegante e com calafrios percorrendo cada área do meu corpo novo, eu olho para as minhas mãos, nada aconteceu.

— Vamos fazer de novo. — Oliver ofega e me puxa novamente para a sua boca.

Merda! Isso é bom. Bom até demais.

Me perco inteiramente sentido a boca de Oliver na minha e a minha na dele, ele me puxa e me aperta contra seu corpo, segura minha nuca e me beija com ainda mais volúpia. Sinto calafrios percorrerem toda a minha pele. Acho que o hormônio masculino de Oliver está mexendo de mais comigo e esses beijos não estão adiantando nada.

Nós só paramos quando escutamos as portas do elevador se abrirem.

— Merda. — sussurro.

Oliver olha para suas mãos.

— É, parece que o beijo não funcionou.

Eu engulo em seco, não quero que ele veja o quanto estou mexida.

— Não mesmo.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.