Internato Limoeiro

Capítulo VIII - Atritos


Como já era de se imaginar, o fim de semana não demorou para ceder lugar a uma quente segunda-feira. Muitos alunos haviam voltado para o internato no domingo à tarde, mas ainda sim haviam aqueles que preferiam ir na segunda antes das aulas começarem, o que foi o caso de praticamente todos do segundo ano.

As aulas de segunda-feira sempre eram mais exaustivas e os ponteiros do relógio pareciam não se mover. Quando enfim o sinal tocou, anunciando ser um breve intervalo, Magali e Mônica foram se sentar na escadaria.

"Como foi seu fim de semana, Mô?" ela perguntou.

A dona dos cabelos curtos suspirou.

"Não muito divertido. Eu fui duas vezes pra diretoria na primeira semana de aula, lembra? Me dei mal. Não posso mais arranjar encrencas." respondeu.

"Mas a culpa foi daquelas duas!" Magali exclamou incrédula.

"Pelo visto o que dizem é verdade: tem gente aqui que sai impune das coisas. Fora que eu não posso ser expulsa de outra escola, né?" a outra comentou.

A de cabelos longos a encarou.

"Então era verdade o que a Denise publicou?" perguntou.

Mônica encarou os próprios pés.

"Sim. Eu realmente briguei a ponto de ser expulsa e foi pelo motivo que a Denise 'censurou' que era relacionado a sexo, mas eu não transei com ninguém, foi um boato infeliz." revelou.

"E quem espalhou o boato? Uma outra Denise da vida?" Magali perguntou e Mônica riu.

"Antes fosse, Magali, antes fosse. Foi o menino que eu fiquei. Ele 'tava contando vantagem pros amigos que conseguiu mais do que uns beijinhos na quadra do colégio e eu surtei depois de ser chamada na direção.” a outra explicou.

“Surtou em que sentido? Bateu nele?” a veterana perguntou surpresa.

“Sim, eu sempre fui um pouco briguenta, mas não esperava que seria expulsa por isso.” Mônica disse.

“Nossa... eu lamento.” Magali falou e a amiga deu de ombros.

“De boa, já passou, né? E você? ‘Tá aqui só porque seu pai é diretor?” ela perguntou.

Magali olhou para os lados.

“Vou te contar a verdade. Eu também estudo aqui por isso, mas na real é porque meu pai queria que eu controlasse minha alimentação.” revelou em voz baixa.

Mônica arregalou os olhos.

“Ué? Mas você é mó varapau, Magali!” observou e a amiga riu.

“É que eu sou daquelas que come, come e não engorda. Eu comia muito quando era mais nova e quando ele virou diretor daqui, logo quis que eu viesse já que tem horários e quantidades.” Magali falou.

“Então por isso você nunca come a sobremesa? Porque sua família pega no seu pé?” a outra questionou.

Magali olhou para o chão.

“É mais meu pai, minha mãe só concorda. Muita gente vem pro internato por esse mesmo motivo, mas… acho que é uma atitude meio radical.” ela disse.

“Sinto muito, amiga.” Mônica falou e a outra sorriu.

“Tudo bem, é a vida, né? Mas mudando de assunto... preparada pro reforço?” ela perguntou e a amiga respirou fundo.

“Com o Nikolas acho que vai ser de boa, mas só de imaginar que depois vai ser só eu e o Cebola... fico com preguiça. Seria um sonho se ele, sei lá, subornasse alguém pra dar o reforço no lugar dele.” ela respondeu e Magali riu.

“Não sei o que pensar sobre isso, felizmente vou estar com mais gente.” a veterana disse.

“Não precisa esfregar na minha cara, né?” Mônica comentou e as duas riram.

*

Enquanto isso, próximos da sala de aula, Xavier, Tikara e Nikolas falavam da aula chata que haviam tido.

“Que aula cansativa! Queria muito voltar pro sábado e jogar de novo.” o de cabelos lisos comentou.

“Pra perder de lavada pro Nikolas, Tikara?” Xaveco comentou risonho.

“Só ganhou porque usa hack!” o rapaz se defendeu.

“Isso é resposta de quem não sabe perder. E eu já tinha avisado que era incrível!” o dono dos dreads falou divertido.

“Vai ter volta, Nikolas! O que ‘cês vão ficar fazendo hoje à tarde? Eu vou mexer com coisas das minhas atividades extras e treinar um pouco de futebol, Cascão me disse que ‘tô mal.” Tikara perguntou.

“Vou pro xadrez e depois, se der tempo, estudar um pouco.” Xaveco respondeu.

“Tenho reforço e E.A.” Nik disse.

“Como você vai fazer os dois? Não são na mesma hora?” o de cabelos lisos perguntou.

“Quem dá monitoria pode entrar uma hora depois no E.A e, de quebra, ganha nota extra.” o veterano explicou.

“E vão ser só você e a Mônica?” Xaveco perguntou subindo e descendo as sobrancelhas enquanto apoiava o rosto na mão arrancando um riso de Tikara.

Nik revirou os olhos.

“Não, tem mais gente do primeiro colegial.” respondeu.

“Imagino até o tipo de exemplo: vamos supor que Mônica deu x beijos em um certo monitor de matemática, por exemplo, quanto tempo demora para esse rapaz hipotético se apaixonar?” Tikara falou rindo ao fim fazendo o loiro rir também.

O dono dos dreads revirou os olhos, mas riu.

“Quero só ver quando vocês ficarem a fim de alguém. Vai ter volta!” ele disse.

“Eu não vou ficar enrolando, sou um cara direto. E você, Xaveco?” Tikara disse.

Xaveco deu de ombros.

“Sei lá, não me interessei por ninguém.” respondeu.

O sinal não demorou a tocar e logo eles tiveram que voltar para a aula.

*

Após as aulas restantes, os alunos foram liberados para o almoço. O grupo de populares se reuniu e não falaram sobre o fim de semana. O grupo estava bem ao lado da mesa dos atletas, o que facilitou os flertes de Toni com algumas atletas. Jeremias e Cascão haviam deixado a mesa junto de Milena, deixando apenas Gabriela e essas atletas.

"Meninas, vocês sabem que encontram coisa beeem melhor. Vamos mudar de mesa, o ar aqui é meio poluído." Gabriela comentou enquanto levantava da mesa e todas a seguiram.

O loiro revirou os olhos.

"Menina chata…" balbuciou enquanto olhava em volta.

Assim como Toni, Penha também olhava ao redor como se procurasse alguém e de fato estava, precisava falar com Nikolas sobre o reforço e não sabia onde encontrá-lo.

"Procurando alguém, Penha?" Cebola perguntou à namorada, que se virou para ele.

"Eu? A Sofia, ué. Não vimos ela no intervalo e ela sumiu desde que saiu da sala." mentiu tranquilamente.

“E olha que pra alguém daquele tamanho sumir...” Toni comentou risonho levando uma cotovelada de Denise.

“Cala a boca! Olha ela ali vindo.” a ruiva comentou apontando com a cabeça para a amiga.

Sofia se aproximou deles com um sorriso.

“E ai, gente!” cumprimentou animada.

“Tá feliz, hein? Ganhou passe livre pra cozinha no fim de semana?” Cebola perguntou.

“Não, eu me diverti bastante com quem também ficou.” respondeu e eles não esconderam a surpresa.

“Com quem?” Penha perguntou.

“O Jeremias, a Gabriela e minhas colegas de quarto.” a de cabelos curtos respondeu.

“Quem divide quarto com você?” Cebola perguntou sem muito interesse.

Sofia ia responder quando Denise se manifestou.

“Gabriela, Milena e Ramona?! Sério isso, Sofia?! Com o Jeremias eu já ‘tava até acostumando, agora as duas chatas e a sem graça? Elas não são nossas amigas, Sofia!” Denise exclamou.

A outra levantou a sobrancelha.

“Ué, só posso fazer amizade com quem vocês aprovam?” ela questionou.

“Ué? Sim?” Penha falou como se fosse óbvio.

Sofia riu sem humor.

“Era só o que me faltava! Nenhum de vocês fica aqui aos fins de semana, não fazem ideia da solidão que é! Se tem alguém que quer me fazer companhia, é claro que vou aceitar!” exclamou.

“E é isso que eles querem! Se aproximam de você num momento de fragilidade pra poder fugir do bullying.” Toni comentou.

“Não é porque vocês são assim que todo mundo é!” Sofia rebateu.

“Olha como fala, Sofia!” Cebola alertou.

A moça o encarou.

“Olha você como fala comigo! Cansei de vocês me tratando feito lixo! Ou me tratam bem, ou eu ‘tô fora do grupo!” retrucou.

Toni riu.

“Você não vai ser aceita naquele grupo, Sofia, eu já te disse.” falou.

“Como tem tanta certeza?” ela questionou.

“Sofia, anjo, eles não gostam da gente! Do grupo todo! Uma coisa é eles se juntarem a você no fim de semana, outra é se juntar quando nós estamos aqui. Eles vão te usar pra atingir a gente!” Denise surtou.

"Eu não sou uma arma de guerra, Denise!" a outra exclamou.

"Ninguém 'tá dizendo que você é…" a ruiva dizia.

"Pera lá, Denise, ela é! Lembra quando ela começou a andar com a gente?" Toni comentou.

"Céus, cala a boca, Marco Antônio!" exclamou zangada gesticulando com as mãos.

"Não vou ficar aqui tretando!" Sofia disse e logo saiu a passos firmes.

"Viu o que você fez? Babaca!" Denise exclamou enquanto se levantava.

"Eu não fiz nada, nem vem! A culpa é daquele Jeremias que fica pondo ideia na cabeça dela. Eu não vou me meter com ele, não quero ser rebaixado no time, mas você pode." o loiro rebateu.

A ruiva pareceu pensar por alguns segundos e logo mudou seu caminho para o lado oposto ao que Sofia foi. Penha também se levantou, havia avistado quem procurava.

"Vai ajudar a Denise ou ir atrás da Sofia?" Cebola perguntou.

Penha franziu o cenho e logo olhou novamente para onde queria, Nikolas finalmente estava sozinho.

"Não, eu preciso… ai, já volto." respondeu e saiu rapidamente.

O moreno observou a namorada sumir em meio à multidão no refeitório.

"Acho que a Penha 'tá escondendo alguma coisa de mim... Ela sempre foge de assuntos relacionados a ela." ele comentou com Toni.

"Talvez você seja corno." o loiro disse calmo.

Cebola riu.

"Corno? Eu? Não viaja, Toni! Por que ela me chifraria? E que idiota iria ter a audácia de pegar a namorada de um popular?" questionou.

Toni deu de ombros.

"Sei lá, sempre achei o namoro de vocês estranho. É como se namorassem sem um motivo aparente." ele disse.

O moreno franziu o cenho.

"Como assim?" perguntou.

Toni levantou.

"Não vou entrar nessa conversa, mas ela não confiar em você pra nada e você simplesmente ignorar isso não me parece um bom sinal." ele disse deixando a mesa.

Cebola encarou o chão pensativo.

*

Penha conseguiu puxar Nikolas até a sala do zelador e segurou a porta para que ninguém entrasse. O rapaz, assim que se deu conta de onde estava, olhou zangado para ela.

"Você 'tá louca, Penha? Se me pegam aqui com uma garota eu 'tô fodido!" exclamou.

"Relaxa, ninguém vai pegar a gente aqui e nem tem motivo pra pensarrem merda. Querro falar sobre o reforço." ela disse.

"Fala." ele disse cruzando os braços.

"Podemos nos ver no sábado na minha casa, mas se passar meu enderreço pra alguém..." a moça disse fechando o punho.

"Relaxa! Fizemos um acordo de sigilo. Mas falta fazer a sua parte, soube que Toni ainda provoca o Xavier." Nikolas comentou.

Penha bufou.

"Nikolas, você já foi novato! Sabe que o Xavier vai ser provocado por muito tempo!" exclamou.

"Temos um acordo, Penha. Você dá seu jeito e eu te ajudo, caso contrário… vai ter que fazer o reforço de segunda como qualquer pessoa." o moreno falou.

A morena olhou de um jeito tão estranho para o rapaz que ele desviou o olhar.

"P-para de me olhar assim…" ele disse coçando a parte de trás da cabeça enquanto tinha o olhar baixo.

Penha segurou no queixo do rapaz o obrigando a encará-la.

"Seguinte, garroto. Você já conseguiu o que querria, eu dei minha palavra. Então acho bom parrar com essas suas chantagens! Você não passa de um nerd solitárrio, e se realmente se importa com seus querridos amiguinhos, vai me ajudar sem me encher de novo. Entendeu?!" ela disse séria fazendo o rapaz engolir em seco.

"S-sim." Nikolas gaguejou.

Penha sorriu e o soltou.

"Ótimo! Nos falamos no sábado.” ela disse abrindo a porta, olhando para os lados e saindo.

Nikolas ficou ali por mais alguns segundos sentindo o suor escorrer em sua testa, só naquele momento entendeu o motivo de tantas pessoas seguirem o que ela dizia.

*

De volta ao refeitório, Jeremias falava com seus colegas de time quando Denise apareceu furiosa e o cutucou.

"O quê? 'Tá com essa cara por quê?" ele perguntou.

"Que merda você anda falando pra Sofia?" a veterana questionou.

O rapaz franziu o cenho.

"Eu? Até onde eu sei é seu grupo que fala merda pra ela." falou e os demais os encararam.

"Ela veio do nada com uns papos de a gente tratar ela mal. Só pode ter sido você que fez a cabeça dela pra isso! É você que vem dando uma de amiguinho dela sem motivo." rebateu de braços cruzados.

"Se ela disse isso foi porque percebeu que é o que acontece." ele falou.

Denise bufou.

"Jeremias, Toni e Cebola podem até ter medo de fazer trote com você por causa do time, mas eu não tenho! Não me desafia!" alertou.

Foi a vez de Jeremias bufar.

"Francamente, Denise, não entendo porque as coisas que Sofia fala sobre você não são ruins, você é ruim!" exclamou e a moça arregalou os olhos.

"O que ela falou de mim pra você?" perguntou quase desesperada.

"O que acabei de falar: coisas boas. Mas eu não vejo isso!" ele respondeu despreocupado.

A moça pareceu mais aliviada.

"Ô, Denise! Vai fazer barraco em outro lugar, tem gente tentando almoçar em paz aqui." Milena comentou.

A ruiva encarou a morena.

"Você é outra! Nunca se importou com a Sofia e do nada decidiu se aproximar. Por quê, Milena? Medo da sua amiguinha estranha aparecer no meu jornal de novo?" questionou.

"Deixa a Ramona em paz, Denise! Você devia aprender mais com a Sofia, ela é uma boa pessoa." a cacheada respondeu.

"Cuida da tua vida, garota. Estão avisados!" Denise disse saindo em seguida.

Os presentes na mesa riram.

"Caralho, hoje essa daí acordou pra treta." Titi comentou.

"Vocês dois deviam ficar espertos com eles. Jeremias, você pode sofrer trotes por ser novato. E Milena, você não pode se meter em encrencas, lembra?" Flávia comentou.

"Ih, não tenho medo dos trotes desse idiotas, não." Jeremias falou tranquilo.

"E eu 'tô de boa. Pra caçar problema com a Denise precisa de mais coisa." Milena comentou risonha.

*

Após o almoço, o horário de reforço chegou e com ele alunos que não queriam estar nessa situação, mesmo que durasse apenas uma hora. Assim que acabou o reforço de matemática, Mônica já ia para a outra sala encontrar Cebola quando Nikolas a chamou.

"Pode falar, mas poderia ser rápido? Não tenho muito tempo." ela disse.

O rapaz sentiu as bochechas esquentarem.

"É… eu só… eu só queria saber se achou produtiva a minha forma de… ér… explicar." ele falou sem olhar nos olhos da moça.

Mônica sorriu.

"Achei, algumas coisas fizeram muito sentido e acho que vou melhorar na matéria com sua ajuda." ela disse e o rapaz sorriu.

"Fico muito feliz em ouvir isso." ele disse.

"Bom… e por que perguntou só pra mim?" ela perguntou.

Aquilo pegou Nikolas de surpresa, fazendo com que ele começasse a mexer em seu caderno para evitar um contato visual.

"É que… os outros são do primeiro ano, sabe? No seu caso pode ser uma revisão e… é diferente, né?" explicou e a moça assentiu.

"É, faz sentido. Bom, tenho que ir agora. Tchau, Nikolas." falou saindo e o rapaz acenou levemente com a mão e suspirou em seguida.

X

Mônica praticamente correu até a sala que havia visto Cebola e lá estava ele sentado sozinho na cadeira do professor.

"Desculpe o atraso!" ela disse e ele apenas assentiu.

"No problem. How are you, Mônica?" o rapaz perguntou.

A moça o encarou surpresa, ele parecia amigável.

"Eu… 'tô bem. E você?" ela perguntou incerta.

Cebola fez uma expressão confusa.

"What?" perguntou.

"Bem e você?" a moça repetiu mais alto.

"What?" Cebola perguntou novamente.

Mônica bufou.

"Ai, menino! Só tem a gente aqui! Nem tem esse tanto de barulho pra não ter me ouvido." respondeu e o rapaz riu.

"Mônica, in English, please." pediu.

A novata revirou os olhos.

"I am fine. And you?" respondeu sem vontade.

"I am fine!" o rapaz respondeu.

"A gente não vai ficar falando em inglês, não, né?" a morena perguntou.

"In English, please." ele pediu com um sorriso divertido.

"Vai se ferrar!" ela exclamou e Cebola começou a rir.

"Você se irrita bem rápido. Vamos fazer assim: cumprimentos em inglês e o resto em português." ele disse.

"Perfeito!" Exclamou.

Cebola pegou uma folha.

"A professora de inglês me entregou essa folha com o que você precisa de ajuda. Pelo visto, você não entende muito de inglês." ele disse mostrando a folha a ela.

"Já 'tô até vendo isso escrito naquele jornal escroto." ela disse e o rapaz negou.

"Seria antiético da minha parte, sabe?" Cebola comentou e Mônica riu alto.

"E você lá se importa com ética? Você faz bullying, menino!" a moça falou.

Cebola suspirou.

"Vamos começar com o que viemos fazer. Deixei os meninos sozinhos no grupo de xadrez e tem novato que ainda não sabe como funcionam as coisas. Vamos começar com… past simple, passado simples." ele disse pegando seus cadernos.

Conforme o tempo ia passando, Mônica ficava cada vez mais surpresa com Cebola. Além de o rapaz entender muito bem da matéria, ele explicava com calma e de maneira bem humorada a fazendo rir e rindo com ela, tanto que uma hora se passou em um piscar de olhos.

"Por hoje é só. Está livre de mim!" ele disse.

A moça o encarou.

"Ah, foi bem divertido. Cebola, você…" ela falava sorridente até ele fechar seu caderno e se levantar.

"Mônica, uma frase muito comum entre monitores e quem faz reforço é a seguinte: o que acontece no reforço, fica no reforço. Não ache que seremos amigos ou que iremos conversar fora daqui. Não somos amigos; eu sou um popular; você uma novata; e meu grupo não vai parar de fazer trotes." ele disse.

O sorriso de Mônica morreu.

"Ok, nos falamos na segunda. Bye." ela disse e logo saiu sem esperar ele se despedir.

Cebola observou a moça se afastar e suspirou enquanto colocava os cabelos para trás, às vezes a máscara que usava era pesada demais.

*

Ramona não havia escolhido nenhum estudo avançado, não se sentia pronta, então decidiu usar seu tempo livre para fazer algumas coisas de sua atividade extracurricular e estudar um pouco mais na biblioteca.

Quando chegou ao local, decidiu ir até o fundo onde não encontraria ninguém, ainda ouvia cochichos e risadinhas quando passava perto de grupinhos. Enquanto procurava um livro sobre química, ouviu duas vozes femininas e uma era bastante conhecida por si.

"Mano, aquelas duas vão conseguir virar a cabeça da Sofia com muita facilidade! Em um fim de semana, elas já conseguiram!" a voz de Denise soou.

"Denise, na boa, aquelas duas são pessoas complicadas. Você mesma assumiu isso quando pediu desculpas pelos trotes." a outra respondeu.

"Não viaja, Maria, eu não pedi desculpas por ter feito trote. Eu só pedi desculpas porque reconheci que são meninas corajosas, elas peitaram a gente mesmo sofrendo trote, perdendo namorado e recebendo olhar torto da escola toda. E é esse tipo de pessoa que o jornal precisa." a ruiva disse.

"Então por que você ainda provoca elas?" Maria perguntou.

"Porque elas jamais aceitariam participar! Com as provocações elas podem surtar e eu posso dar uma condição pra não expor elas no jornal." a outra disse.

"E acha que isso é possível? As duas são capitãs dos times." a outra disse.

"Outro motivo! Aquelas duas sabem muito podre que rola nos times, isso vale ouro! Mas enfim, vou manter meu plano." Denise disse.

"Você 'tá fazendo o mesmo com aquele Jeremias?" a outra perguntou.

"Não! O Jeremias negou fazer parte do grupo, então provocação é consequência. Fora que ele é muito desbocado e perfeitinho demais… aí tem coisa!" Denise disse e a outra riu.

"Cuidado com o que descobre." alertou.

"Amore, notícia é notícia." a ruiva falou.

Ramona havia ouvido tudo e estava surpresa com o que descobrira. Ao ver que as duas deixavam o lugar, se escondeu atrás de uma prateleira e elas passaram tranquilamente.

"Cuidado ao ouvir a conversa alheia. Fui fazer isso e acabei tendo que jogar vôlei." uma voz masculina soou atrás de si e Ramona sentiu como se tivesse falecido por alguns segundos.

"Que susto, Maurício!" exclamou com a mão no peito e ele riu.

"Foi mal. Eu vi você espiando alguém e fiquei curioso." ele disse.

"Era a Denise e uma menina que não conheço que pelo visto também é do jornal." revelou.

"Recomendo você saber quem mexe com o jornal, é uma galera que o tempo todo 'tá por aí colhendo informações." o rapaz disse.

"Vou ver isso. O que faz aqui? Você não faz E.A de filosofia?" ela perguntou.

"Sim, mas já acabou por hoje. Vim ver umas coisas da minha, ou melhor, nossa atividade extra." Do Contra explicou.

Ramona olhou confusa.

"Você faz a mesma que eu? Não te vi lá semana passada." questionou.

"Eu também faço pintura, então eu fico metade e metade. Você não deve ter me visto porque eu fico no fundo." o moreno explicou.

"Nossa, que complicado." a moça comentou.

"Quase ninguém faz isso, então pensei: por que não?" ele disse e a ruiva riu.

"Cada dia que se passa seu apelido faz mais sentido pra mim. Mudando um pouco de assunto… você sabia que a Denise se desculpou com Milena e Gabriela pelos trotes?" ela perguntou.

"Sabia, todo mundo sabe. Não sei se adiantou de alguma coisa já que foi um ano inteiro de encheção de saco." o rapaz respondeu.

"Parece que tem um motivo por trás e não é arrependimento." ela disse.

O rapaz deu de ombros.

"Eu não sei o que pensar da Denise. Aquele grupo deles é meio cruel." comentou.

"Eles foram cruéis no seu trote?" Ramona perguntou e o rapaz riu.

"Lembra quando eu te disse que ser filho de alguém te livra de muita coisa?" ele perguntou e ela assentiu.

"Não se resume só em ser filho de alguém. Meu irmão é do time e muito querido por todos de lá, então eu me livrei dos trotes. Fora que me acharam esquisito demais no pouco que interagi com eles, então perderam o interesse." ele explicou.

Ramona assentiu enquanto continuava pensativa sobre o que ouviu.

*

A tarde já estava no fim e Tikara treinava futebol com alguns outros rapazes. Quando os rapazes, e as meninas que estavam ali também, pararam e estavam na arquibancada, Tikara se virou para um colega.

"Cascão 'tá é doido em dizer que eu 'tô jogando mal." comentou.

"Sei lá, cara, se o capitão disse…" o outro falou.

"Ele não é o deus da verdade. E digo mais, se tivesse só nós dois na quadra, mano a mano, eu ganhava!" Tikara disse.

"É mesmo? Bora descobrir então." a voz de Cascão soou de repente, fazendo ele se assustar.

O novato se virou lentamente até dar de cara com Cascão, que tinha os braços cruzados e a sobrancelha erguida.

"Ér… e ai, Cascão? Firmeza?" cumprimentou envergonhado e o outro garoto saiu rindo.

"Firmeza. Mas agora quero ver se você ganha mesmo." Cascão respondeu.

"Eu não…" o outro falava.

"Tikara, relaxa. Eu não 'tô puto. Você tem todo o direito de me achar um capitão ou jogador ruim, mas aí tem que se garantir. Você disse que me vence no mano a mano, então bora." o capitão disse e o de cabelos lisos engoliu em seco e se levantou.

"Podem deixar a quadra assim mesmo, gente. Tikara, quem fizer três gols primeiro vence. Se você ganhar, eu arrumo a quadra; se eu ganhar, você arruma. Fechou?" Cascão perguntou e o outro assentiu tentando não mostrar seu nervosismo.

O jogo foi bastante curto, algumas pessoas que ficaram para ver torciam para Cascão e riam de Tikara. O novato não jogava mal, apenas não estava muito preparado, diferente de Cascão. Quando o jogo acabou, os demais zombaram do perdedor.

"Foi se achar e acabou se fodendo." um deles disse.

"Querendo ganhar do Cascão… ó as ideia do maluco!" outro disse.

Após a maioria sair, Cascão foi até Tikara.

"Irmão, tu joga bem, só precisa treinar mais. E se eu estiver sendo um capitão ruim, pode trocar uma ideia comigo. O time é nosso, não só meu. Firmeza?" perguntou estendendo a mão para um high-five.

"Firmeza!" exclamou dando um tapa ali.

Cascão fez algumas embaixadinhas na bola antes de chutar para Tikara que a pegou.

"Agora arruma a quadra." falou e saiu em seguida.

Tikara suspirou e encarou a bola em sua mão. Olhou para onde Cascão havia ido e não o viu. Partindo disso, foi tentar fazer embaixadinhas. Porém não calculou muito bem e a bola bateu com força em seu queixo o fazendo morder a língua.

"Ai, merda!" reclamou se sentando no chão enquanto massageava seu queixo e não viu alguém se aproximar.

"Tenho que assumir, Tikara, você tem coragem em desafiar o Cascão. Você 'tá bem enferrujado, rapaz." uma voz feminina, que ele conhecia, mas não lembrava da dona, soou.

O rapaz olhou para cima e arregalou os olhos levemente com a visão que teve da moça: o sol fraco parecia fazer a pele negra dela brilhar assim como seus cabelos cacheados soltos, ela sorria para si com uma bola de futebol embaixo do braço. Tikara não lembrava se já havia a visto antes.

"Oi… ér… a gente se conhece?" ele perguntou e ela riu.

"Uau! Somos da mesma sala há uma semana, te ajudei no trote, dividimos a quadra e você nem me conhece? Magoei. Sou Milena." ela disse estendendo a mão para ele que a apertou e a moça o puxou para ajudá-lo a levantar.

O rapaz já havia ouvido o nome dela, era o nome da capitã do time de futebol feminino que, por incrível que pareça, não ele havia reparado em nenhuma das garotas.

"Sou Tikara… ah, você já sabe." ele disse e ela riu.

"Isso que você tentou fazer agora é difícil." Milena disse e ele sentiu o rosto esquentar.

"Ah… você viu? Que vergonha!" exclamou.

"Não se sinta assim, embaixadinhas são difíceis. Demorei pra aprender." ela disse.

"Você é a capitã do futebol feminino, né?" o rapaz perguntou.

"Eu mesma. Precisa de ajuda?" a moça perguntou e ele olhou surpreso.

"Ér… isso é sério?" perguntou com um riso que não devia ter saído.

"Por que a surpresa? Te incomoda receber a ajuda de uma garota num esporte que dizem ser masculino?" ela perguntou com um sorriso brincalhão, que deixou o rapaz mais corado ainda.

"Não, claro que não. Eu só… nunca pensei nessa possibilidade e… ér…eu…" ele falava perdido pelo olhar da moça que riu.

"Pode pensar com calma. Tenho que ir agora, boa sorte em vencer do Cascão na próxima." ela disse e já ia levar a bola pro depósito quando ele a chamou.

"Milena! Espera!" exclamou e ela o olhou.

"Oi?" perguntou.

"Ér… eu… quer que eu leve a bola pra você? Não digo isso só por você ser menina, não. É que… ai, o que eu 'tô dizendo?!" Tikara disse levando as mãos ao rosto e a moça abriu um sorriso.

"Eu agradeço. A gente se vê." ela disse entregando a bola e logo saiu.

Tikara não evitou de olhar para ela sentindo o coração bater mais rápido, mas logo tratou de ir guardar a bola.

*

Cascão havia acabado de sair da quadra ainda rindo da situação vivenciada, no meio do caminho rumo ao refeitório, lembrou-se de algo.

“Ai, caramba! Esqueci que tinha que me encontrar com a Gabriela!” exclamou com a mão na cabeça e correu até a área verde onde tinham combinado de se encontrar.

Assim que chegou lá, a loira tinha uma expressão zangada e os braços cruzados.

“Oi, gata!” ele cumprimentou e a moça bufou.

“Nem me vem com essa de ‘oi, gata’, Cascão! Você disse que ia vir me ver e foi jogar futebol! Francamente, eu tenho cara de palhaça?” ela questionou.

“Eu esqueci completamente, foi mal. E eu nem ia jogar, só ia lá avisar a rapaziada pra arrumar tudo depois e acabei tendo que jogar porque o...” explicava-se quando a moça levantou.

“Não quero ouvir desculpas, Cascão! Nosso relacionamento não vai dar certo se você não me der atenção!” ela exclamou.

O moreno arregalou os olhos.

“Relacionamento? Ér... Gabi, sobre isso...” ele falava até ela fazer um gesto que ele parasse.

“Não quero papo agora! Pode voltar pro seu futebol!” a loira exclamou enquanto saía de lá.

O rapaz suspirou e olhou para o lado onde viu Magali que logo desviou o olhar.

“Oi, Magali. Tu deve ter ouvido tudo, né?” ele perguntou e a moça sorriu amarelo.

“Não de propósito, mas desculpe mesmo assim.” ela disse.

“Ah, não. Tudo bem. Isso ‘tá me deixando doido!” ele falou com as mãos na cabeça e Magali ficou sem saber o que fazer.

“Acho que isso vai se resolver com o tempo.” a moça comentou e ele a olhou.

“Não sei, acho que nós dois estamos em polos diferentes, entende? Ela quer um lance sério e eu não.” ele falou direto.

Magali olhou surpresa.

“Mesmo? E já disse isso pra ela?” perguntou.

“Tentei falar hoje, mas eu fiz burrada antes e isso me complicou.” Cascão disse.

A moça sorriu para ele.

“Vocês vão conseguir se resolver. Afinal, de certa forma vocês 'tão juntos, né?” ela perguntou.

Cascão levantou os ombros.

“Sinceramente, Magali, eu não sei o que ‘tá acontecendo. Pra mim a gente ‘tava só ficando, mas pra ela o lance é mais sério e... eu gosto dela, ela é uma mina incrível, mas eu não quero namorar com ela, entende?” ele confessou.

“Entendo...” ela disse.

“O que você faria no meu lugar?” o rapaz perguntou.

Magali desviou o olhar.

“Ah... não sei! Acho que eu falaria. É que pode acabar sendo pior depois, ela parece gostar de você e manter um lance sem vontade só vai causar sofrimento pra vocês dois, já que você gosta dela, mesmo que de uma maneira diferente.” respondeu sincera.

Cascão abriu um sorriso.

“Verdade! Valeu, Magali! Tu é incrível!” ele exclamou e levantou em um pulo e deixou o local.

Magali sorriu e sentiu uma estranha sensação, era como se ouvir que Cascão não era apaixonado por Gabriela a deixasse feliz, e esse pensamento a assustava.

“Vou falar com a Mônica!” exclamou e começou a procurar a amiga.

A moça decidiu procurar no dormitório e viu a amiga de costas para a porta.

“Mônica, me ajuda numa coisa... Eita!” ela falava até ver que a amiga falava com Gabriela que parecia triste.

“O quê, Magá? ‘Tava falando aqui com a Gabi, parece que o Cascão vacilou com ela.” Mônica disse alisando as costas da outra.

“Ah... não era nada, não.” Magali falou indo até elas.

“Ai, meninas, às vezes eu acho que o Cascão não quer nada sério comigo!” Gabriela exclamou.

Magali lambeu os lábios.

“Ér... e por que você pensa isso?” ela perguntou, sabia que Cascão que tinha que conversar com ela sobre isso.

“A gente fica desde as férias e ele não demonstra a mesma paixão, sabe? Acham que eu devia partir pra outra?” ela perguntou.

Magali ia falar quando Mônica falou.

“Acho que você precisa falar com ele. Vocês convivem, miga.” ela disse.

“Concordo com a Mô. E... pode ser que ele também queira falar com você.” a de cabelos longos disse.

A loira a encarou.

“Como assim?” perguntou.

“Sabe... sobre a briga de vocês.” Magali disse nervosa e Mônica estreitou os olhos.

A cacheada assentiu.

“É... faz sentido. Eu vou falar com o Cascão sobre isso.” ela disse.

No mesmo instante, a porta do banheiro se abriu. Nenhuma delas havia percebido estar trancada. De lá, saiu Penha com uma toalha na cabeça exalando um cheiro doce de hidratante e as três a encararam.

“O quê?” perguntou.

“Nada.” Mônica respondeu.

Penha foi até a cômoda pegar sua escova de cabelo quando olhou para um novo porta joias ali em cima que tinha um formato de gato.

“Que coisa ridícula é essa?” ela perguntou.

“O quê? Tem algum espelho aí?” Mônica rebateu.

“Não, Cherry, não é sua carra que ‘tá aqui. É esse porta joias ridículo, que falta de senso! Tem o quê? Cinco anos de idade?” Penha opinou.

“Ele não é seu, Penha, então não precisa se preocupar.” Magali falou e Mônica sorriu para a amiga.

A outra encarou Magali.

“Tá corrajosa, né? Que gracinha!” rebateu irônica, fazendo Magali revirar os olhos.

“Penha, já pegou o que queria? Pode deixar a gente conversar em paz, por favor?” Gabriela pediu.

Penha olhou para ela.

“Nossa, não sabia que o quarto erra só de vocês três. Eu fico onde eu quiser, garrota.” respondeu fazendo a loira bufar.

“Haja paciência, viu?!” Gabriela comentou.

Penha riu.

“Cascão deve pensar a mesma coisa. Por isso ‘tá pulando forra.” ela disse e voltou para o banheiro.

A loira olhou feio para a porta do banheiro fechada.

“Vamos pro refeitório, meninas? Esse cheiro doce misturado com veneno ‘tá demais pra mim.” ela sugeriu e as três saíram.

*

No prédio verde, Xaveco entrou no dormitório e se assustou ao ver um rapaz desconhecido sentado na cama de Do Contra.

“Acho que entrei no dormitório errado, foi mal.” ele disse e o rapaz riu.

“Ah, não. O errado sou eu, estou aqui por causa do meu irmão, mas o cara decidiu tomar banho.” ele disse.

“Seu irmão é o Do Contra?” o loiro perguntou.

“Esse mesmo, a propósito, sou Mauro. Mas pode me chamar de Nimbus.” o moreno estendeu a mão a Xaveco.

“Xavier! Vocês são gêmeos? Nunca te vi na sala...” ele comentou ao dar um toque com o outro.

“Não, eu sou do terceiro ano.” Nimbus respondeu.

“Ah, que inveja. Já vai sair desse inferno.” o cacheado falou estranhando sua própria sinceridade com o recém conhecido.

“Nossa, quanta revolta. Você é novato e já odeia o IL desse jeito?” o outro perguntou com um riso.

“Os trotes fazem a gente cansar mais rápido.” o loiro disse e o outro levantou.

“É uma merda mesmo, mas precisando, é só chamar. Tenho uma certa influência, só de você aguentar dividir quarto com o chato do meu irmão, já é alguém que merece paz. Entrega esse celular pra ele? Cansei de esperar.” o veterano disse e o outro assentiu.

“Ok! E valeu por oferecer ajuda.” Falou e Nimbus sorriu.

Tamo junto. Fala, Jerê!” exclamou assim que deu de cara com Jeremias que entrava e saiu.

“Oi, Nimbus. Xaveco, precisava falar com você.” o outro disse.

Xaveco assentiu.

“Pode falar.” ele disse.

“Cara... você não precisa sofrer sozinho sabia?” o moreno disse calmo e o loiro franziu o cenho.

“Hã?” perguntou.

“Do Contra falou sobre o incidente com o Toni. E você não precisa passar por isso sozinho, mano.” o outro explicou.

No mesmo instante, o outro veterano deixou o banheiro.

“Do Contra! Você prometeu que não ia contar pra ninguém!” Xaveco exclamou zangado.

“Xavier, se toca! Não é bom você passar por isso sozinho, cara. O Toni não é temido à toa, e você sabe disso!” Do Contra exclamou.

Xaveco bufou.

“Jeremias, valeu por se preocupar. Mas eu não quero ficar envolvendo os outros nos meus problemas. Por favor! Não fala pra ninguém e nem tente nada contra o Toni!” pediu sério.

“Mas, Xavier...” Jeremias dizia.

“Por favor!” falou alto.

Jeremias olhou para Do Contra que olhava entediado para o loiro.

“Tá bom, mas você tem certeza?” perguntou.

“Tenho! Se eu fizer alguma coisa, podem ter certeza que vai sobrar só pra mim. Já passei por coisa parecida antes.” Xaveco disse e entrou no banheiro.

Os outros dois se entreolharam novamente enquanto negavam com a cabeça, Xavier claramente sentia muito medo de Toni.

A noite não demorou a passar depois disso, logo já seria um novo dia de aula.