Capítulo 31

Estava escuro, a única luz no quarto vinha da lua lá fora. A claridade esbranquiçada iluminava Katherine, que estava parada bem na linha da janela, e a deixava ainda mais incrível. A garota mirava o chão e acariciava devagar o machucado no pulso, ainda coberto pelas faixas.

- Está doendo, Kitty? - perguntou Jynx, que estava do outro lado do quarto, encostado na parede e encarando a amiga.

- Está... - respondeu Katherine. - Mas eu não ligo.

Jynx foi andando até Katherine, a expressão meio preocupada. Ele sabia que ela estava se segurando havia muito tempo em relação ao sangue das outras pessoas, e não queria que isso continuasse, pois a fazia sofrer. Estaria disponível para ajudá-la.

A garota sentou-se no chão e encostou as costas na cama. Jynx fez o mesmo.

- Kitty... Não quero te ver sofrendo por causa disso.

Katherine não olhou nos olhos de Jynx. Não sabia o porque de ele estar puxando esse assunto, uma vez que provavelmente não podia ajudá-la.

- Veja só... - começou ele, virando-se e ficando de frente para ela. - Você quer o meu sangue?

O coração de Katherine disparou apenas na pronúncia da palavra sangue. Sentiu um frio na barriga ao observar Jynx, que parecia estar falando sério. A expressão do garoto estava triste. A menina abaixou os olhos e fez que sim com a cabeça.

- Mas não quero te machucar...

- Se for só um pouco não tem problema, tem? - disse ele, pegando a mão de Katherine. - Vamos, alongue sua unha.

A garota demorou um tempo para tomar coragem de fazer isso. Tinha medo, muito medo de machucar Jynx seriamente. E não queria fazê-lo sentir dor. Mas, uma vez que ele estava disposto a ajudá-la, talvez isso não fosse tão ruim... Katherine precisava disso. Alongou a unha do dedo indicador.

Jynx cortou o próprio dedo usando a unha de Katherine. A garota observou seu rosto, tentando perceber qualquer indício de dor que o garoto pudesse demonstrar. Mas não viu nada - ou apenas viu e ignorou. Um filete de sangue saiu pelo corte no dedo do menino, e foi escorrendo até a palma de sua mão.

O coração de Katherine começou a bater descompassadamente e seus olhos perderam a cor. Ela segurou a mão de Jynx, trêmula, e lambeu o sangue que escorria do corte.

O garoto, ao cortar-se, sentira dor, mas agora que os lábios de Katherine tocavam o corte, sentiu mais ainda. Mas era uma sensação boa. Melhor do que ele havia imaginado. Até entendia um pouco o porque de ela gostar tanto disso...

Katherine agora apertava mais o dedo de Jynx, fazendo com que mais sangue saísse do machucado. Havia esquecido completamente a promessa interna de não fazê-lo sentir muita dor. Agora ela só pensava no sangue dele, e o prazer bagunçava sua mente. Agora com as unhas de todos os dedos alongadas, Katherine aproximou a mão do pescoço de Jynx.

O garoto olhou enquanto Katherine cravava as unhas em seu pescoço, machucando-o mais. Sentiu muita dor, mas não disse nada, porque uma parte de si não queria que aquilo acabasse. A garota largou a mão de Jynx e aproximou os lábios dos cortes no pescoço dele, sentando em seu colo. As mãos de Jynx agora estavam nos ombros de Katherine, sujando seu pijama de sangue.

Jynx agora pensava no porque de Min ter ficado tão amedrontada quando fora atacada por Katherine. Aquilo era tão incrível. O corpo de Jynx estava tomado de prazer, e ele imaginava se Katherine estaria sentindo aquilo também. Talvez até mais do que ele. Se esse fosse o caso, o garoto a invejaria.

Jynx fechou os olhos e inclinou a cabeça para trás, encostando-a na cama e deixando o pescoço mais à mostra para Katherine. Toda vez que ele sentia a língua da garota tocar os cortes, tinha um calafrio. Tudo aquilo era tão bom. Mas ele também sentia muita dor, tanta dor que, junto com o prazer, fazia com que fosse difícil pensar.

Katherine colocou a mão na perna de Jynx e a sentiu latejar. Ela percebeu que ele também estava em grande prazer, mas não parou para refletir o porque disso. Apenas continuou cortando o pescoço dele mais fundo, mais fundo.

Jynx passou os braços em volta de Katherine e pressionou o corpo dela contra o seu. Não havia nada de errado nisso. Ele estava apenas ajudando-a com um problema. Apenas ajudando-a. Sentiu o sangue quente que escorria de seu pescoço cair em sua camisa do pijama, que tinha os dois primeiros botões abertos.

Katherine agora lambia o sangue que escorria para o peito de Jynx. O garoto tinha a impressão de que seu coração batia em seu baixo-ventre. Queria que aquilo continuasse, continuasse até de manhã. Mas agora a dor que sentia era tão lacinante que, apesar das ondas de prazer que circulavam por seu corpo, ele não aguentou mais.

- Ai... Kitty... - gemeu ele, baixinho.

As orelhinhas de gato de Katherine, antes baixas, mexeram-se. Ela havia prometido a si mesma que, no menor indício de dor de Jynx, ela pararia. Com um esforço sobre-humano, afastou a boca do corte de Jynx, o sangue pingando de seus lábios. O garoto estava muito vermelho e respirava com dificuldade. Ambos em prazer intenso, mas agora se dando conta do que havia acontecido.

Katherine levantou-se em um pulo e deu as costas para Jynx. Mal conseguia manter-se de pé. Nunca havia experimentado sangue como aquele. Só de pensar, suas pernas bambeavam e ela sentia vontade de continuar com tudo aquilo.

- Vá cuidar de seus cortes. - disse ela, a voz trêmula.

- Kitty...

- Vai logo! - exclamou ela.

Jynx saiu do quarto, deixando um rastro de sangue até o corredor, e foi lavar e cuidar dos machucados. Katherine sentia-se bem, mas sabia que isso não duraria muito. Pelo menos ela não havia ferido Jynx seriamente, e era isso que importava.