P.O.V Aurora

Vi Mevans sair correndo com nossa bandeira e hesitei um pouco antes de atirar. Já era ruim o suficiente eu ter usado amocinese com ele antes e eu não queria usar novamente. Mirei na perna dele e atirei uma flecha comum, acertando um pouco abaixo da panturrilha. Ele estava com a armadura, então a flecha só o derrubou, mas não deu tempo suficiente para a linha de “pré defesa” alcançá-lo e levá-lo para a área de prisão.

Vi que a máquina de Maggie estava com defeitos e a cobri usando flechas de amocinese na crescente onda de Campistas tentando pegar nossa bandeira. Eu não sabia o que era mais engraçado: os campistas tentando se beijar em meio a batalha ou Maggie xingando a máquina em espanhol. Ouvi coisas como “funcione carajo!” e “hijo de puta, destrave!” e me esforcei muito para não cair na risada com a forma exagerada em que ela tratava a máquina, mas troquei meu foco para ver se alguém estava se aproximando de nossa bandeira, mas não vi ninguém.

“Si!” ouvi Maggie gritar, provavelmente tendo consertado a máquina. Os 5 Campistas em frente a ela caíram ao mesmo tempo quando ela lançou a rede e aproveitei para recuperar minhas flechas. Saquei minhas duas adagas enquanto recuperava as flechas caídas e me abaixei quando ela atirou uma rede para acertar um menino de Hermes atrás de mim. Consegui recuperar 8 flechas e voltei para a árvore onde eu estava atirando.

Estava no meu quarto, lendo Rangers e ouvindo “Mooo!” da Doja Cat quando uma de minhas mães entrou no quarto. Ela encarou rapidamente minha parede lotada de posters de “Senhor dos Anéis” e minha cama onde eu estava no canto do quarto, antes de se sentar em uma cadeira perto de minha escrivaninha.

—Aurora, tem algo que eu devia ter dito há muito tempo - ela disse, com um tom relativamente indeciso

—Se você estiver aqui pra falar que eu sou adotada, nem se dê ao trabalho - eu disse secamente. Eu tinha uma certa raiva por ela, já que ela quase nunca estava em casa ou junto com a minha outra mãe, e como mamãe viajava muito a trabalho, sendo modelo de revistas e desfiles, eu estava sempre indo de um canto a outro.

—Não é isso - ela disse - Isso vai ser meio difícil para você entender, mas eu sou Afrodite, a deusa grega da beleza. - Eu ri alto, achando que era uma piada e estava prestes a responder quando ela mudou de aparência na minha frente. O longo cabelo ruivo dela virou um curto cabelo marrom, os olhos verdes dela ficaram cinza e uma barba curta apareceu em seu rosto. Em minha frente havia um homem que eu nunca havia visto na vida, produto da transformação dela.

—Foi assim - ele disse - Que você nasceu, Aurora

P.O.V Nick

Vi Nard se aproximando de nossa bandeira e rapidamente corri em direção a ele. Minha espada dupla já estava aberta, então corri na velocidade máxima, mirando um golpe nas costelas dele. Ele usou a espada esquerda dele para defender o golpe ao mesmo tempo que usou a direita para atacar minha cabeça, que defendi com a outra lâmina da minha espada.

Ele deu alguns passos para trás e ouvi ele berrar “siiiimbooora!” ao voltar para atacar em minha direção, usando a espada direita dele para atacar minha perna esquerda, mas usei uma das lâminas da minha espada para defender. Ele atacou com as duas espadas ao mesmo tempo, o que eu defendi fazendo cada lâmina da minha espada bater em um dele. Dei um golpe perfurante, mas ele cruzou as duas espadas em defesa.

Do nada ele saiu correndo, o que me deu um susto. Olhei para trás e vi um moleque de Hermes indo em direção à bandeira e corri em direção a ele, espiando para trás e vendo Nard correr para a área de prisão

Eu estava indo para uma loja de brinquedos com minha mãe, para comprar um presente para meu aniversário de 6 anos. Estávamos calmamente olhando a sessão de brinquedos quando as portas de ferro do exterior foram fechadas, deixando nós e uns 15 clientes presos no interior da loja. Na frente das portas fechadas havia 8 pessoas, todas usando um roupa verde e máscaras de Thor. Eu como criança não entendia que os grandes pedaços de metal na mão deles eram rifles, mas pela reação dos outros adultos do lugar, percebi que algo estava errado.

Eles reuniram todos nós em uma sala de manutenção, amarrando os adultos com fita isolante e deixando eu e outro menino de mais ou menos minha idade junto deles, mas sem nenhuma amarra. Um dos homens levou o dono da loja para um cofre, pedindo uma senha. Enquanto eles abriam um cofre, um homem segurou minha mãe pelo cabelo e a arrastou ela para um outro lugar. Eu a segui, querendo entender o que estava acontecendo e enquanto me aproximava de onde eles estavam, ouvi minha mãe fazer um som que nunca a oui fazer antes. Quando virei o corredor onde eles estavam, vi o homem em cima de minha mãe, a estuprando. Virei minha cabeça na mesma hora, mas a imagem ficou para sempre no meu cérebro.

Eu era muito novo para entender o que aconteceu e o motivo de que meu irmão nasceu 9 meses depois, mas quando cresci eu entendi o que aconteceu. Eu nunca mais entrei em uma loja de brinquedos depois do que aconteceu e fiquei com uma aversão a pessoas de máscara, mesmo em festas de halloween.

P.O.V Mevans

Eu ainda estava mancando um pouco pela flechada que levei na perna. Segurava meu machado com dificuldade e meus dedos tremiam de ansiedade. Vi um menino de Atena na minha frente, carregando uma lança pequena e um escudo de madeira. Acertei meu machado com o máximo de força possível no escudo, o quebrando ao meio e usei o cabo do machado para dar uma coronhada no rosto dele, o que o deixou inconsciente.

Procurei nos bolsos dele procurando algo de útil e achei uma faca arremessável. Vi a menina de Afrodite em cima de um galho e mirei a faca em sua direção, jogando toda a minha raiva acumulada no golpe. Mirei para acertar o pé dela, mas a faca foi mais para cima e acidentalmente pegou nas costelas dela.

Pelo susto ela caiu no chão, o que causou a faca ser enterrada mais fundo nas costelas dela. Vi o sangue jorrar do ferimento como um rio e quis vomitar na hora, mas me controlei e tentei desviar os olhos da cena. Tentei aproveitar o máximo da situação e pegar a bandeira, mas me deparei com Maggie, com o rosto vermelho de raiva e um martelo em cada mão.

Defendi um golpe em direção a minha cabeça com o cabo do machado enquanto ela tentou acertar minha perna com outro martelo. Dei vários passos para trás enquanto Maggie me atacava com uma fúria enorme. Tentei defender o máximo de golpes possíveis, mas chegou um ponto que os golpes dela ficaram tão rápidos que eu acabei levando uma martelada na têmpora e desmaiei.

P.O.V Eve

Eu estava quase bocejando no posto de guarda da área de prisão, visto que tínhamos apenas 4 prisioneiros e ninguém tentando fazer um resgate, o que deixou o meu posto bem inútil. Nossa área de prisão era um retângulo de 6 metros comprimento por 8 de largura e mais ou menos 2 de altura, feito de metal pelos filhos de Hefesto. Eu estava encostado ao lado da porta, usando meus leques como espelhos e tentando não morrer de tédio. Eu quase desejava que os prisioneiros pudessem sair por conta própria para deixar o jogo minimamente mais interessante.

Os Deuses pareceram ouvir minhas súplicas, porque vi Nard correndo rapidamente em minha direção. Preparei meus leques e vi ele atacar a espada esquerda em direção a minha cabeça. Defendi com o leque direito ao mesmo tempo que tentei dar uma rasteira nele com minha perna esquerda. Ele pulou a rasteira e tentou dar um golpe com a espada direita, mas bloqueei com o outro leque.

Ele recuou e atacou com as duas espadas ao mesmo tempo, me fazendo ter que cruzar os leques para defender.

Era um clássico dia de fotos, com câmeras e adultos andando de um canto ao outro. Por mais cansativo que fosse o malabarismo de natação, escola e moda, eu conseguia controlar os três relativamente bem.

Meu pai estava no telefone a quase meia hora, discutindo um protótipo para algum produto novo, e eu estava sentado em um banco, em roupas chiques, esperando a sessão de fotos começar. O fotógrafo me chamou, falando que o local da sessão mudou. Eu o segui, passando pelos infinitos corredores do prédio até passarmos por uma porta branca.

Para minha surpresa, o local era um armário vazio e ele me empurrou para dentro e fechou a porta. Ele passou a me assediar, e por mais que fossem apenas toques, me senti extremamente assaltado. Eu tinha 13 anos então eu sabia que o que ele estava fazendo era errado, mas eu estava muito confuso para sequer resistir.

“Avery, me escute atentamente” ouvi uma voz feminina falar na minha cabeça. “Corra e use a primeira coisa que possa ser usada como arma” ela disse, e eu nem quis questionar a lógica de como aquilo estava acontecendo, então fiz isso, acertando o fotógrafo com um vaso de cerâmica. Corri o mais rápido que pude e saí por uma janela, correndo sem para, até eu chegar em uma praça pública.

Vi uma mulher alta de cabelos loiros se aproximar de mim e me abraçar. Naquele momento percebi que aquela era minha mãe e retribuí o abraço. Chorei feito um bebê enquanto a abraçava, o que causou minha camisa a ficar molhada e não quis sair do abraço por nada.

Descruzei os leques e usei o leque esquerdo para atacar a perna dele, mas ele usou a espada esquerda para defender e deu um golpe no meu quadril com a espada direita. O golpe não chegou a me cortar, mas doeu muito e larguei meus leques no chão de dor,

Ele me deu uma rasteira e me derrubou no chão e antes de eu pudesse me levantar, ele colocou a parte interna do cotovelo no meu pescoço e me deu um “mata-leão”. O estrangulamento começou a ficar muito forte e eu fiquei comecei a ficar sem ar, então comecei a dar umas batucadas no braço dele, um sinal de pedir para parar, mas ele continuou apertando.

Meu peito começou a queimar pela falta de ar e eu estava engasgando tentando respirar enquanto ele apertava o cotovelo cada vez mais. Minha visão começou a escurecer e bati no braço dele com cada vez mais força em desespero. Ele subitamente soltou o estrangulamento e deu vários passos para trás.

Me virei com raiva e tossindo, pronto para brigar com ele por ter quase me matado, mas ao invés de um sorriso travesso ou uma cara de pegadinha, no rosto dele só havia pavor. Ele olhou para as mão tremendo e depois para mim e os olhos dele se arregalaram ainda mais. Ele se virou e saiu correndo, mas eu estava muito cansado para sequer ir atrás dele. Vi ele sumindo na distância a medida que ele se aproximava cada vez mais dos limites do acampamento.