Inteiramente amados

Capítulo 8 - As semelhanças


A azulada, atônita, sentou-se sobre a cama e olhou para as fotos de seu amado, lembrou-se de Alya dizendo que Adrien e Chat Noir eram muito parecidos e ela, na hora, achou um absurdo, pensando que os dois não tinham nada em comum, a não ser o cabelo e a cor dos olhos, e existem milhões de pessoas loiras com olhos verdes no mundo, a probabilidade de ser Adrien era muito pequena, ela disse para si mesma naquele dia, mas agora tinha suas dúvidas. Não era só o cabelo e os olhos, a voz e a altura também eram muito semelhantes. Bom, a semelhança física ela não podia negar, mas em relação a personalidade, Adrien e Chat Noir eram bem diferentes, enquanto o modelo era calmo e tímido, o gato era extrovertido e não perdia uma oportunidade para fazer uma piada ou se aproximar de Ladybug. A menina sentiu-se um pouco decepcionada, sua teoria faria tanto sentido se os dois fossem a mesma pessoa. "Não é ele, não pode ser ele, Adrien e Chat são completamente opostos", pensou, "além disso, ele me falou que foi transformado em estátua quando a Clara foi akumatizada." Ela tentava se convencer que seu amado e seu parceiro contra os akumas eram pessoas diferentes, mas não tinha muito argumentos que sustentassem isso. A azulada resolveu dormir, estava muito cansada, olhou para as fotos uma última vez e depois para o talismã. "Vou devolver isso amanhã e tudo voltará a ser como antes, sem suposições ou imagens da minha mente."

***

Marinette prometeu para si mesma enquanto tomava o café da manhã que esqueceria toda aquela loucura de Adrien ser o Chat Noir, mas, assim que viu o modelo entrar na sala de aula, não conseguia parar de pensar no quanto eles eram parecidos, tirando, é claro, a personalidade, mas o restante… o cabelo de Chat era um pouco mais bagunçado, mas era exatamente da mesma cor que os fios de Adrien, os olhos de seu amado tinham um verde tão vibrante quanto os de seu parceiro, que ela sabia que mudavam um pouco na transformação e ficavam idênticos a de um verdadeiro gato. A menina também percebeu o quanto a voz dos dois eram semelhantes, mas era como se Chat Noir falasse com mais confiança, o que era até normal, já que a menina percebeu que isso acontecia com ela algumas vezes. Além disso, a altura deles parecia ser a mesma, ao ponto de que, se estivesse escuro e a vista da menina estivesse um pouco embaçada por conta do sono, ela poderia facilmente confundir a silhueta dos dois. Marinette balançou a cabeça tentando se livrar daqueles pensamentos e concentrar-se nas aulas, mas seus olhos sempre voltavam-se para o modelo. No intervalo, o loiro teve mais um episódio de azar e ela lembrou-se que devolveria o talismã, colocando as mãos nos bolsos, porém não o encontrou. Procurou em sua mochila, mas também não estava lá "será que ele pegou?", ela pensou, mas logo reprimiu-se, Adrien não faria isso. Foi então que a azulada lembrou que estava com o amuleto nas mãos pouco antes de adormecer, ele devia ter ficado na cama que, com a pressa, ela acabou não arrumando. As aulas passaram rapidamente e, assim que o sinal que anunciava o fim do último tempo tocou, a menina se despediu dos amigos e foi para casa, pois não via a hora de encontrar o talismã. Chegando lá, cumprimentou os pais e foi diretamente para o quarto, sentindo-se aliviada ao certificar que o amuleto estava em sua cama. Marinette pegou o celular e começou a escrever uma mensagem para Adrien, decidida a acabar com aquilo:

“Oi! Tudo bem? Eu estava arrumando minha mochila e adivinha o que eu encontrei? Seu talismã! Acho que deve ter caído no chão da escola e alguém deve ter colocado na minha mochila por engano, pensando que era meu. Se você estiver com muito azar, pode me encontrar no Place des Vosgues e eu devolvo sua sorte ou então posso entregar amanhã, na escola.”

A menina suspirou, mais uma mentira que deveria contar para seu amado e dessa vez nem era para encobrir seu alter-ego. A azulada leu aquela mensagem diversas vezes e a apagou, pensando em todas as mentiras que teve que contar para guardar seu segredo e lembrou-se de seu parceiro. "Será que ele também se mete em confusões como esta para esconder a identidade secreta?", pensou e seus olhos voltaram-se para as fotos de Adrien.

***

O modelo estava na aula de esgrima, mas não conseguia se concentrar em nenhuma luta, perdendo a maioria rapidamente.

— Está tudo bem? — Perguntou o professor.

— Sim, só estou um pouco distraído, vou tentar me concentrar. — Ele respondeu, mas continuou caindo nas armadilhas de sua mente, que o lembravam do dia anterior: as reações de Marinette às perguntas sobre o videoclipe, a hesitação dela ao responder sobre a troca de máscaras e todo aquele mistério do talismã. O loiro sabia que ela estava com o amuleto, mas parecia que a menina estava fazendo o mesmo joguinho que o dele, tentando notar alguma reação suspeita diante de suas "perguntas discretas". A aula e os pensamentos do loiro foram interrompidos por mais um ataque dos akumas de Hawk Moth. O menino procurou rapidamente um local seguro para se transformar e foi até onde akumatizado estava, encontrando Ladybug. A luta foi bem mais rápida do que tinha imaginado e ele nem precisou usar o cataclismo, despediu-se de sua parceira, observando-a até sumir de vista. Adrien queria ir direto para casa, pois a aula de esgrima já tinha terminado, mas seu motorista o estava esperando no local da aula, e o loiro teve que voltar lá, só não esperava encontrar Marinette no caminho, saindo do que parecia ser um bom esconderijo para se transformar. "Talvez seja uma boa oportunidade para ter mais provas para minha teoria e talvez eu até consiga recuperar meu amuleto", ele pensou e foi até onde a menina estava.

— Oi, quer uma carona? Estou indo para um lugar perto da sua casa. — O gato falou e percebeu que a menina pareceu assustada, como se ele tivesse interrompido alguma coisa que ela não queria que soubessem.

— N-não, está tudo bem. E, além disso, você vai me levar como? Voando? — A azulada gaguejou, por pouco Chat Noir a viria se transformando.

— É, quase isso. — Ele disse e a menina sorriu, resolvendo aceitar a carona, pois, assim, chegaria mais rápido em casa e poderia resolver de uma vez o problema do talismã. O gato a deixou na varanda e simplesmente esqueceu a palavra "discreto". — Você acredita em objetos que dão sorte? Tipo blusa da sorte, meia da sorte, casaco da sorte… — O loiro perguntou, notando uma expressão de surpresa na azulada, ele pensou que, assim, ela finalmente devolveria o talismã.

— Um gato preto, o símbolo do azar está perguntando isso? — Eles riram — Acho que acredito sim. Tenho um amuleto da sorte que me faz ganhar todos os jogos de videogame e, bom, não sei o que vai acontecer se eu perdê-lo, então tento mantê-lo por perto. — O gato sorriu e despediu-se da menina, indo para o local da aula de esgrima encontrar seu motorista. "Talvez depois disso, ela finalmente vai devolver o talismã", pensou. Assim que chegou à mansão dos Agrestes, o modelo foi para seu quarto e olhou através da janela, observando a cidade.

— Adrien, preciso falar com você. — Disse o kwami, fazendo Adrien encará-lo com uma expressão confusa.

— Plagg, você sério? O que aconteceu? Quer que eu aumente a quantidade de Camembert diário?

— Isso seria bom, mas quero falar sobre outra coisa… — O menino ficou em silêncio e o kwami continuou falando — Bom, eu percebi que você está saindo como Chat Noir quando não precisa salvar ninguém e… você não me fala nada. Eu pensei em deixar pra lá, mas não consegui evitar, sabe como os gatos são curiosos, não é? — O loiro não disse nenhuma palavra, estava pensativo, aquela história do talismã era meio longa e ele não queria contar que visitou Marinette porque achava que ela era Ladybug. — Se não quiser falar, não precisa, só não faça nenhuma besteira do tipo… revelar sua identidade. — O modelo não conseguiu esconder sua expressão de surpresa quando o kwami pronunciou aquelas palavras, ele nunca tinha visto Plagg tão sério.

***

Marinette, deitada em sua cama, mexia no talismã de Adrien e olhava para as fotos do menino. Na noite anterior, ela estava decidida a devolver o amuleto para seu amado, mas agora estava em dúvida. A possível descoberta da verdadeira identidade de Chat Noir a atormentava, não conseguia parar de pensar nas semelhanças entre seu parceiro e sua paixão secreta e aquela conversa sobre "objetos que dão sorte" com o gato naquela tarde tinha piorado tudo, parecia que, além de ter descoberto a identidade dela, ele também queria dizer quem era por trás da máscara indiretamente. Sentiu um pouco de raiva por tudo aquilo estar acontecendo, nunca tinha imaginado que um videoclipe e um talismã poderiam acabar com seu segredo. A azulada encarou Tikki, pensou em falar com ela sobre tudo o que pensava, mas resolveu guardar para si. A kwami sabia quem era Chat Noir e sempre falou sobre a importância das identidades serem secretas, mesmo se Marinette estivesse errada e Adrien não fosse seu parceiro contra os akumas, Tikki falaria que não era legal que a azulada ficasse tentando descobrir as coisas antes da hora. A menina suspirou, precisava resolver aquilo sozinha, resolveu falar com Adrien no dia seguinte, depois da aula e esclarecer tudo: o talismã e o suposto fim das máscaras.