Helo

Tutorial da Helo de como se ferrar em uma missão :

1° Seja transformada em um picolé gigante por uma deusa pirada na batatinha, sabor semideusa, que delícia! OK

2° Compre agora mesmo o player de músicas “fogo grego”.

“Corre, corre, corre

To com o rabo quente

Corre, corre, corre

Sai da frente minha gente!”

Com participação especial de MC Marcy e Dj Ana em “como virar churrasquinho divino” OK

3° Quase caia em um desmoronamento e dê uma passadinha no salão de beleza da Marcy, peça um corte despojado no estilo “espectro esfomeado” , e para as 50 primeiras clientes levarão um par de calças queimadas da Helo! UHUUUU OK

4° Deixe sua amiga cega para trás em vez de enfrentar um deus indeciso com sérios distúrbios de personalidade. OK

5° Não importa o quanto ruim esteja, acredite, sempre pode e VAI piorar! OK

Continuamos caminhando assim que deixamos Ana, logo à frente o túnel se abria em duas portas, uma vermelha e uma verde. Não podíamos voltar pois o túnel se fechara atrás de nós.

– É Marcy, aqui estamos nós...a sós, quem diria hein? O que Ana quis dizer com “posso guiá-las daqui”? - eu digo

– Teremos que descobrir- ela respondeu desanimada.

Então a porta da direita (vermelha) se abriu e dela saiu uma ventania danada, como aqueles ventiladores que as estrelas de hollywood usam pra ficar com os cabelos voando, só que bem pior. Nos entreolhamos e seguimos por ela.

***

Achei que encontraria outra sala, mas não. O túnel continuava da mesma forma. Eu estava com muita fome e creio que Marcy também.

– Afe, não acredito que enfrentamos tudo isso pra morrermos de fome! – resmungou Marcy – AAARG, isso é tão injusto! Morremos de fome enquanto Peter se banqueteia com o inimigo!

Ela estava certa, não sabíamos ao certo a quanto tempo não comíamos, pois não tínhamos como ter noção do tempo. Mas a cada momento que passava eu ficava mais desesperada. Se Marcy não calasse a boca, logo eu iria almoçá-la. Ou não, apesar de tudo não sou canibal.

Caminhamos em silêncio por algum tempo até que eu digo:

– Marcy, então você e John estão...

– Como? – ela se faz de desentendida corando

– Você sabe....

– Não sei, não – a essa altura ela já estava mais vermelha que um pimentão

– Marcy, você e John estão juntos?

Ela só abaixa a cabeça e eu continuo:

– É..é tão bom estar apaixonada...lembro quando eu e Alv demos nosso primeiro beijo...

Senti meus olhos ficarem molhados e pisquei para impedir que as lágrimas rolassem por meu rosto. Não entendia porque depois de quase dois anos eu ainda não havia superado. Quando essa dor iria passar? Eu só queria seguir em frente, queria esquecer, mas Marcy me era um lembrete constante.

– E de como brilhavam seus olhos castanhos...

– Helo...

– QUIETA! A CULPA É TODA SUA!

Flashback on

Um monstro marinho me erguia a 4 metros de altura, quanto mais eu tentava me soltar, mas sua calda se enrolava em minha cintura e me sufocava. Eu tentava e tentava me soltar, precisava ajudar Alv. Ele estava pendurado com apenas uma mão em um precipício. Mesmo à beira da morte, ele ainda tinha aquele olhar determinado, como filho de Ares que era. Os cabelos colados na testa e presos por baixo de uma bandana.

Marcy só assistia a ele pedindo ajuda, tinha os olhos vidrados de puro ódio, um olhar de divertimento. Eram olhos de uma louca, não eram os olhos dela, eram brancos como leite.

O monstro me soltou e essa foi a última coisa de que me lembro depois de apagar.

Acordei na praia, com Marcy ajoelhada chorando. Me levantei e o que vi fez meu coração parar. Corri até o corpo sem vida. Ele estava frio, seus olhos vazios e sem seu sorriso habitual. Não saía nem uma respiração de sua boca e eu já não ouvia o som de seu coração. Eu sabia, ele estava morto. E a culpa era toda dela.

Flashback off

– Como consegue viver lembrando de como ele pedia por socorro e você não o ajudou? De como foi cruel e sádica? Lembra-se dos seus olhos? – eu dizia já me debulhando em lágrimas.

– Helo, eu não sabia o que estava fazendo, eu...

– Você oque? VOCÊ O DEIXOU MORRER! VOCÊ SABIA QUE EU O AMAVA! E ainda assim não fez nada...você é cruel, Marceline.

Desde o ocorrido eu não havia dito nem uma palavra sobre o assunto. Nunca. Eu achava que se não falasse sobre isso, na verdade isso nunca teria acontecido, achava que ia esquecer.

Tanto tempo me sufocando com as palavras, que estavam aqui o tempo todo, estava engasgada. A cada palavra que eu praticamente cuspia tirava um peso de minhas costas.

Mas eu não estava com ódio, não sabia bem o que era isso, era só um vazio. Então Marcy fez uma coisa que realmente me surpreendeu: ela me abraçou. Me segurou enquanto eu chorava e gritava, tanto tempo tentando segurar as lágrimas, tentando não surtar, tentando ser forte, tentando esquecer. Simplesmente ficamos ali, abraçadas e chorando.

Continuamos ali por algum tempo até que o túnel começou a se fechar ao nosso redor. As paredes começaram a se fechar, o teto a abaixar.

– Marcy, o que faremos? – falei um tanto desesperada.

E as paredes iam cada vez mais se fechando, e se fechando, e apertando, e o teto baixando...

Marcy começou a apalpar as paredes procurando uma saída, senão seríamos moídas. Eu apenas ficava socando as paredes e gritando.

– HELO, CALA A BOCA! ESTOU TENTANDO PENSAR!

– DROGA, MARCY! EU SOU CLAUSTROFÓBICA!

– Ai meus deuses...

As paredes iam se fechando cada vez mais rápido, foi crescendo um pânico dentro de mim... agora encostávamos nas paredes, cada vez mais apertadas, mais apertadas...

Fechei os olhos e relaxei. Já que eu morreria, queria ao menos uma morte tranquila!

Então tudo ficou em completo silêncio. Abri os olhos e antes que eu pudesse dizer alguma coisa, Marcy diz :

– Isso são... balões cor-de-rosa?

Era verdade. Estávamos em um salão grandioso, o chão era cheio de flores, as quais pisávamos e elas na hora apodreciam e morriam em questão de segundos. Não conseguíamos ver o teto pois estava cheio de centenas de balões, como aqueles de aniversário de uma garotinha de 5 anos. O que era totalmente bizarro, estávamos no túnel do medo. Até parece que íamos sair correndo e gritando de medo pela fofura assassina, fala sério!

Mas no centro do salão tinha uma mesa grandiosa, com um banquete de dar inveja em qualquer um!

Poderia ser uma armadilha, a comida podia estar envenenada, mas não nos importamos. Saímos correndo e nos sentamos.

Tinha de tudo, pizzas, churrasco, x-búrgueres, cookies, chocolate, sorvete, Coca-Cola e tudo o mais que quiséssemos aparecia na mesa como mágica.

Meu pensamento foi direto a Matt, Ana e por incrível que pareça, Peter, onde será que eles estavam? Estariam a salvo? Teriam fome? Será que estavam perdidos? Tudo o que eu mais queria era ir pra casa, sentar na nossa nova mesa no acampamento e comer como uma família. Queria que tudo estivesse bem, que eu não mais implicasse com Marcy, que Peter nunca tivesse nos traído. Queria que tudo fosse como antes, às vezes não percebemos o quanto estamos felizes até que as coisas se compliquem. Queria que fosse diferente. Mas não era, Matt estava perdido, havíamos deixado Ana pra trás e Peter era um traidor.

BUUUUUM!

Pulei da cadeira com o susto, um balão havia estourado, dele caíra um papelzinho amassado que Marcy leu silenciosamente. Ela fez uma uma cara de puro horror e sem dizer uma palavra, me entregou o papel:

“VOCÊS TÊM A PESTE”, era o que estava escrito. Marcy rapidamente levantou os cabelos da nuca e reprimi um grito. Uma marca negra de uma estrela oval estava gravada. Levantei meus cabelos rapidamente, mas não precisava que ela olhasse. Eu sabia que teria uma marca igual.