Tomamos um café da manhã simples, pão com manteiga e café, meu estômago não aceitou muito bem, mas a fome venceu a resistência inicial.

Conversamos sobre tudo e sobre nada, descobri que Adrian gostava de cavalos, era divorciado, não tinha filhos, era fotografo e gostava de ler.

Contei da minha mãe, do divorcio dos meus pais e da minha pequena cidade.

O tempo passou rápido de mais e logo pegávamos a estrada de novo, a aflição que se afastara de mim no restaurante do posto voltava a me assolar.

Em menos de duas horas chegamos em minha cidade, pedi a Adrian que me deixasse um pouco distante de casa, minha mãe ficaria apavorada ao me ver com um homem, mais velho , mesmo que bonito e bem vestido.

Ele pareceu achar graça do meu pedido e da minha justificativa.

-O que é tão engraçado?

-Essa preocupação! Como se eu parecesse um monstro!

Ele pensou mais um pouco, vi seu rosto ficar mais sério.

- Se bem que, se o que penso for verdade até as pessoas mais gentis e cordiais podem ser monstros. Mas é tudo tão confuso!

Estávamos na rua atrás da minha casa, ele desceu do carro, fiquei olhando-o absorta, afinal o que eu esperava? Um beijo como se aquela noite tivesse sido um encontro e não um pesadelo?

-Bem, vou indo...

Dei alguns passos.

-Brenda? Promete que você vai se cuidar?

Acenei que sim com a cabeça. Ele se aproximou mais um pouco.

-Pena que nos conhecemos assim. Se bem que com a minha idade não seria diferente mesmo. Você é tão bonita... talvez um dia eu volte e te procure o que você acha? Talvez daqui uns dez anos! Até lá você já me esqueceu. To ficando louco, me declarando para uma adolescente desconhecida. Uma adolescente !!!

Ele me beijou, um beijo doce e rápido, infinitamente mais rápido que eu desejava. E foi embora.

E eu fiquei ali parada vendo o carro se afastar, sem saber como minha vida tinha mudado tão rapidamente, como seria a minha vida imaginando ele voltar, se ele realmente voltasse...