Sai da casa dos Cullens bem atenta, sem desviar um minuto os olhos da estrada. Logo via-se a placa de um desvio que nos levaria direto para uma rodovia para Spokane. A estrada era escura, poucos carros circulavam por aqui a esta hora.

Mas alguém chamado Jacob Black insistia em me desconcentrar ao lado.

- Quer que eu dirija Ciss? – Preocupado tentava me ajudar.

- Não precisa Jacob, eu quero fazer isso, eu preciso... – Tentei responder mais calma possível

No fim ele se aquietou, e deixou com que eu seguisse no volante. Com ele do meu lado eu sem se manifestar, eu fiquei mais tranqüila, aquele momento era só meu, eu precisaria enfrentar sozinha mais cedo ou mais tarde, estava na hora de me colocar em pé de novo e andar com minhas próprias pernas.

Mas pelo visto o destino não quer que seja hoje o dia que aconteça essa graça, eu pude sentir o cheiro de queimado e na pista eu podia ver marcas de pneu, de um carro desgovernado, um pânico começou a tomar conta de mim, mas me segurei. Mais alguns quilômetros a frente, viaturas e ambulâncias interditavam a rodovia cobrindo algum acidente, que parecia ser grave. Parei o carro e batia enfurecida as mãos no volante.

- Clarissa o que é isso?! – Jake segurou minhas mãos, e encontrei seus olhos negros cheio de desespero pelo meu ataque repentino

- A vida me odeia só isso! Quando surge coragem para eu enfrentar meu medo olha o que me acontece! – Meus olhos tristes voltaram a cena do acidente, Jacob seguiu meu olhar – Olhe lá Jacob

Eu poderia passar a vida sem ver isso de novo, sem ter que passar pela dor de novo. O carro parecia ter capotado diversas vezes, estava sendo retirado uma criança, um pequeno menino, desacordado e sangrando. Ele foi colocado na ambulância, que saiu em alta velocidade dali. Com a saída da ambulância eu pude ter uma visão melhor do estrago. O carro estava totalmente destruído a motorista estava esmagada contra as ferragens, os socorristas tentavam reanimar uma mulher muito ferida ali mesmo no chão ao lado.

- Clarissa! Olha pra mim! – Ele cercou meu rosto em suas mãos e me forçou a olhar para ele – Presta atenção aqui, finge que nada aconteceu meu anjo... você não precisa ver isto.

Ele saiu do carro, abriu a porta do motorista e me carregou nos braços para a mata fechada. Eu nem percebi que chorava, com direito a soluços e tudo.

Mais a dentro da mata ele sentou-se em uma pedra e tentava me acalmar.

- Shii.. Nada aconteceu, aquilo foi só um pesadelo ruim – Tirou as mechas de cabelo que caíram em meu rosto, e secava as lágrimas com sua mão quente e macia – Estou aqui com você, nada de ruim vai acontecer enquanto eu estiver aqui.

Ele me abraçou forte, e ficamos ali por alguns minutos... Seu calor e o cheiro amadeirado de sua pele, me tranqüilizavam... Esvaziavam de minha cabeça os pensamentos ruins, e me traziam lembranças boas de nós dois juntos.

- Precisamos encontrar sua amiga – Disse como um sussuro

Despertei e tentei me colocar em pé, só que seus braços me mantinham firme em seu colo

- Eu estou bem, vamos? – Tratei de colocar um sorriso no rosto

Ele me encarou e selou nossos lábios em um beijo cheio de carinho, fazendo eu me esquecer de vez, detudo de mal que acontecia a nossa volta. Mas o que é bom dura pouco, ainda mais quando se trata de Clarissa Dow... Cullen.

Nos levantamos e eu já ia voltar para meu carro, mas Jake segurou minha mão.

- Não vamos conseguir chegar a tempo de carro, a estrada está interditada

- Vamos sair daqui como então? Voando? – Ironizei, não tinha como sairmos dali sem meu carro

- Não se esqueça que você tem um lobo alpha a sua disposição – Piscou para mim

Logo entendi o que ele dizia, iríamos correndo a Spokane.

Ele se distanciou para se transformar, o que não era necessário já que não tinha mais o que esconder entre nós. Nem liguei para meu carro, afinal não faria falta.

Assim que Jake se transformou veio se abaixar ao meu lado para facilitar a minha subida. Me agarrei a seus pelos macios castanhos avermelhados, e falei que já estava pronta.

Logo ele saiu em disparada, em uma velocidade impressionante. Ele corria ao lado da estrada mas em uma distância segura para que não fossemos vistos, e ainda assim não perdêssemos o caminho para Spokane.

Sem diminuir a velocidade em momento algum chegamos em uma hora na cidade, a partir daí teríamos que seguir a pé, pois seria meio estranho um lobo gigante passeando pela cidade mesmo com falta de luz.

- Deixa eu dar um jeito aqui – Assim que ele se vestiu veio me ajudar a abaixar meu cabelo, que estava totalmente armado e era possível se encontrar algumas folhas e gravetos ao meio

- Nossa isso é que é cabelo bom – Rimos juntos só para descontrair enquanto eu terminava de penteá-lo com os dedos mesmo

Procurávamos pela cidade o endereço que Lucy havia me passado, nos informamos com o segurança de uma boate sobre onde encontrar a tal casa.

Ele não aconselhou que seguíssemos para lá, pois era propriedade de um dos poderosos da máfia da região, e eles não gostavam de intrusos em seus territórios.

Depois disso fiquei aflita... Onde minha amiga havia se metido? Fomos o mais depressa possível para lá.

Chegamos a uma mansão mais afastada da cidade, que só não se perdia no meio do breu pela luz acessa no segundo andar. Seguimos pelo jardim da frente e apressamos o passo quando chegamos a varanda.

A porta principal parecia ter sido arrombada, e tudo era silencioso por ali. Adentramos na casa, e pouco dava-se para ver pela falta de luz. Subimos cuidadosos pela escadaria a fim de descobrirmos de onde vinha a única luz acessa na casa.

Assim que nos aproximávamos do lugar iluminado escutei um grito de dor de uma mulher, que era muito familiar, que acabou me fazendo sobressaltar... Jacob colou em mim e estava bem atento, mas eu me apressei... quase corri para o quarto podia ser. Eu conhecia aquela voz.

Ao chegar a porta um rapaz acertou um chute bem ao estomago de uma garota, que caiu se retorcendo de dor no chão. Os dois olharam para ver quem havia chegado, pois nem tinha percebido que havia o mandando parar, só depois que Jacob tapou minha boca.

A moça enfim reconheci, seu rosto estava todo ferido e contorcido de dor, mas seus olhos eram os mesmos. Era Lucy.

- Lucy! – Me esquivei das mãos de Jacob e fui socorrer minha amiga

- Clarissa.. foge – Ela agarrou minha roupa e suplicou

A amparei em meus braços e a mantive ali, enquanto ela desabava em lágrimas.

- Minha irmã.. – Ela tentou falar entre os soluços

Vasculhei pelo quarto e de repente o desespero tomou conta de mim.

Um corpo de uma garota mais distante, no chão perfurado por vários tiros, sem vida. Era o de Leylla, aquela que eu vi evoluir de menina princesinha para uma adolescente irresponsável e rebelde, perdida no mundo... mas eu era a única que podia ver em seus olhos verdes claros, o quanto carinhosa e boa ela era por dentro.

Agora ela estava ali, morta, tão jovem já se foi.

- Então esse foi o socorro que você chamou vadia? – Disse o homem que agredia minha amiga, estava paralisada tive tempo para o fazer calar-se – Bem... pelos menos você vai ter uma companhia lá no inferno, depois que eu matar todos vocês.

- Não! – Nós duas automaticamente nos abraçamos forte, quando o vimos sacar uma arma

Um estralo ensurdecedor ecoou na casa vazia assim que ele puxou o gatilho. Será que agora era realmente o meu fim?

CONTINUA..