Insensata

Desconhecido


Alice estava sentada no sofá, paralisada fitando o nada, com Jasper logo ao seu lado atento a qualquer informação que ela viesse a nos fornecer.

Ela estava tendo uma visão, que com a convivência constante de Jacob aqui eram raras essas visões, já que ela fica “cega” com a presença de um lobisomen.

- O que você vê? – Esme perguntou se ajoelhando a sua frente, apreensiva como todos na sala

- Os Volturi, vão voltar... – Disse assim que saiu do transe

Todos se entreolharam, espantados. Rosalie desceu as escadas com a bebê no colo, exaltada não pareceu gostar muito da notícia.

- Mas como isso?! Eles não podem vir para cá! – A bebê pareceu perceber o clima tenso da sala e começou a chorar – O que faremos com a Renesmee? O que faremos com a humana? Estamos perdidos!

- Eles descobrirão que estamos com outra humana, e com uma criança entre nós... – Carlisle se pronunciou pensativo – Alice o que exatamente você viu?

- Aro decidiu... Em breve eles estarão aqui – Ela se perdia em seus pensamentos

- Qual deles virão? – Emmet indagou – A gente acaba com qual for – Exibiu seus bíceps

- Todos... todos eles virão... – Concluiu ela

O mundo pareceu acabar para todos ali, como se ela tivesse dito que o dia do juízo final estava próximo.

Quem eram esses Volturi? O que de tão mal eles iriam nos fazer?

- Alguem poderia me explicar alguma coisa – Todos saíram de transe e me fitaram – Pelo jeito estou envolvida, e gostaria saber do que se trata...

- Não é necessário saber Clarissa, vamos dar um jeito – Esme me respondeu mantendo delicadeza na voz, apesar da situação

- Será que algum dia vocês vão me contar tudo sobre esse mundo de vocês? Pelo amor! – Ergui os braços para cima em sinal de desaprovação – Mas tudo bem, já estou indo embora mesmo

Quando eu já ia atravessando a sala de estar para me retirar definitivamente da vida dos
Cullens, Esme me prende em um abraço... Impedindo que eu fosse.

- É tarde demais pequena... Não tem como te esconder deles – Afagou meus cabelos

Fizeram com que eu me sentasse, para que eu pudesse saber o que estávamos a enfrentar em breve.

(...)

Estava sentada em minha cama, abraçada a minhas pernas, balançando para frente e para trás. Somente observando a linda noite de lua cheia que iluminava meu quarto, pela grande janela dali.

Eu ainda tentava absorver toda a informação que eu havia acabado de ouvir dos Cullens, tipo... Eu vou morrer daqui uns dias com a chegada dos Volturi.

Pois é.. eles seriam os responsáveis pela minha morte. Até que enfim ela deu as caras.

Mas era difícil de acreditar em vampiros, ainda mais em vampiros com alto poder hierárquico, físico e intelectual também, com licença para matar e com dieta de sangue humano... Bem essa de vampiro que se alimentam de sangue humano eu já até poderia imaginar que existia... mas não um que quisesse me matar! Um não um bando deles.

Mas do que eu estou reclamando, desde o acidente de meus pais imploro para que a morte me leve. Então que ela venha de uma vez.

Mas o maior problema será que todos iram sofrer, pois eles não sabem de minha existência e a de Renesmee – filha de Bella, meia humana e meio vampira -, também me explicaram que crianças vampiras são proibidas em nosso mundo, por serem incontroláveis e poder colocar o segredo em perigo.

Jacob fora chamar seus amigos para uma aliança contra os Volturi, já que me disseram que fez questão de lutar com eles por uma ligação muito grande que ali estava surgindo, eu não entendi o que eles diziam, e só escutei metade a respeito. Não quero muito mais informações dele em minha vida.

Mas uma palavra eu gravei de toda conversa, Imprinting.

O que era isso?

Mas não importa nesse momento, o que importa é o que eles fariam comigo... os Cullens se livrariam mais cedo de mim, ou deixariam que os Volturis fizessem o trabalho para eles? Ou que eu mesma o fizesse?

Não é difícil me jogar a frente de um carro em movimento, acabar com minha vida em drogas ou sair andando pela floresta até que algum animal me encontre. É simples é só me pedir...

Agora esse suspense todo, me deixa confusa, assustada... Porque eles não desistem de uma vez de mim? Sou um caso perdido, vou morrer de um jeito ou outro mesmo!

Toda essa compaixão que eles tem por mim me dá vontade de chorar, eu não quero isso, não mereço.

POV Cullens (3ª Pessoa)

Depois que Clarissa subiu para seu quarto.

- Ainda acho que devemos tranfosmar a Clarissa – Opinou Emmet enciumado de sua esposa com a criança a brincar nos braços

- Duas recém criadas não podemos segurar – Jasper rebateu – Em algumas horas Bella já vai acordar, temos que ver como ela vai reagir a tudo isso primeiro

Todos se preocuparam com o despertar próximo de Bella, ela estaria incontrolavelmente sedenta e Clarissa uma presa fácil bem a sua frente. Não sabiam exatamente quando a moça iria acordar, mas deveriam estar preparados para que nada fora dos planos acontecesse.

- O jeito será transforma-la, ou os Volturi não pensaram duas vezes em mata-la quando sentirem sangue correndo em suas veias – Carlisle concluiu, conhecia melhor os Volturi do que ninguém – Não temos escolhas, eles não nos deixaram escolhas.. novamente

- E Renesmee? O que faremos com ela? – Rose voltou da cozinha com uma mamadeira de sangue para alimentar a bebê

- Teremos de mantê-la bem longe deles, e nos forçar a escondê-la em nossos pensamentos – Carlisle tomou a palavra – Ou lutar por nossas garotas – Referindo-se a Renesmee e Ciss

Se entreolharam prevendo a derrota, os poucos membros dessa família não seriam páreo para os Volturi, que se encontravam em maior número e força. Mas nada como tentar, morreriam unidos mas pelo menos teriam tentado.

Logo os lobisomens chegaram, todos sérios, preocupados, não deviam estar nem um pouco felizes com a notícia da chegada de mais vampiros para a região, e vampiros nada amigáveis.

Todos ali se prontificaram a lutar conosco, alguns como Paul e Jared acharam interessante tamanha luta, que mal sabiam se realmente seria necessário acontecer. Já haviam se unido contra o pequeno exército de Victoria e Hiley, tiveram grande sucesso naquela pequena batalha.

Agora seria diferente, estariam contra um inimigo incrivelmente forte e experiente, além de estarem perigosamente em maior numero.

Alice sentia-se inútil ao meio dos lobisomens, já que suas visões eram atrapalhadas por eles, então decidiu se afastar da casa por um tempo, quando ela soubesse mais a respeito ela voltaria a avisar. Pediu para que explicassem a Bella o porque sua ausência, também que entregassem-lhe um pedido de desculpa.

- O que farão com a Clarissa? – Jacob não negou a curiosidade

- Pensaremos melhor... mas não nos restam opções – Carlisle o respondeu

Apesar da razão da existência de Jacob ser a pequena Renesmee, ele não deixara de lado Ciss, aliás ela não deixou de fazer parte de sua vida, de sua história, ele devia muito a ela. Mas o imprinting era uma ligação muito mais forte do que uma simples paixão do passado, sem comparações.

Como ele explicaria isso para a pobre garota? Era difícil ela precisaria de um tempo.

Enquanto isso ele admirava a pequena bebê, quanto era linda e perfeita, seus cabelo dourado já era bem crescido para uma recém nascida comum, seus olhos chocolates de sua mãe e suas bochechas rosadas se alimentando no colo de Rose. Tudo ali parecia mais leve... O que uma impressão não fazia com uma pessoa, ele só não gostara do que a bebê ingeria ali com tanto vigor, sangue humano... Ele teria problemas mais para frente.

Logo todos arrumaram o que fazer, Carlisle, Esme e Emmet foram caçar, já que nem Edward nem Rosalie abandonariam a Renesmee e Bella. Jasper e Alice estavam distantes de casa, para que ela pudesse ter visões mais nítidas longe dos lobisomens. Jacob permaneceu na casa admirado com a pequena enquanto seus amigos voltaram para La Push, já que a vida tem de continuar.

Todos terminariam a conversa assim que Bella despertasse, para decidirem justamente o que fazer para resolver a situação.

Dois dias depois..

POV – CLARISSA

Estava em uma lanchonete de Forks, tomando meu café, já que nesta noite não pude dormir na mansão dos Cullens.

Bella estava prestes a acordar sedenta, então, tanto eu quanto Renesmee fomos afastadas dali. Assim que ela estivesse bem alimentada, e fosse seguro nossa aproximação, voltaríamos a casa para resolver esses problemas pendentes.

Essa noite mal dormi, me hospedei acho que na única pousada que Forks tem, estava preocupada... Ultimamente não ando dormindo bem, somente caio no sono a base de remédio ou muito choro. Ninguém comentou sobre o que vai acontecer comigo, só sei que vou morrer, nem terei o gostinho de saber como.

Assim que coloquei alguma coisa no estomago para me manter em pé, paguei a conta, e já estava saindo de cabeça baixa, sem rumo.

Mas alguém esbarrou em mim, e me desequilibrei dando em uma queda bem feia.

- Desculpe senhorita – O homem que deve ter esbarrado em mim estendeu a mão

Aceitei a ajuda, e agradeci por não fazer parte daqueles livros de filmes de romance onde o mocinho e a mocinha se esbarram e derrubam café um no outro e se apaixonam a primeira vista... Está muito frio lá fora para sair com as roupas molhadas

A mão do senhor era fria, rígida, me deu até arrepios. Ajeitei minhas roupas e ele permaneceu ali em minha frente, não ousei levantar o olhar para não mostrar a vergonha que estava passando agora.

- Me desculpe também senhor, já vou indo... – Dei as costas a ele e já seguia para a porta

- Está bem moça? Se machucou? – Ele foi mais rápido e entrou em meu caminho

Segurou bem forte meu ombro, com isso fui obrigada a encarar seus olhos, e mandar logo esse cara parar de me encher.

- E-eu.. – Olhei bem em seus olhos

Nunca antes havia visto igual. Aqueles olhos, vermelhos, de um vermelho vivo feito sangue. Assustadores, mas me encantaram completando com a perfeição de seu rosto.

Ele não passava de vinte anos de idade, com traços muito bem desenhados, másculos, de pele pálida dando aquele contraste a cor viva dos olhos, e seu cabelo preto meio despenteado escondido debaixo do capuz do casaco.

- Moça? – Ele me chacoalhou para sair do transe

- Sim – Despertei balançando a cabeça

- Não se machucou né? – Me olhou de baixo a cima

Só pude mexer a cabeça dizendo que não me machuquei, ele sorriu pra mim com a “resposta”. Aquele sorriso, de todos os que já vi antes, posso considerar o mais lindo, o mais encantador. Esse homem a minha frente, ali parado sorrindo pra mim. A criatura que podia ser considerada sinônimo de perfeição, mas não posso continuar nesse sonho, não cabe a mim, minha vida nunca foi um sonho... sim um pesadelo e esse ser a minha frente não faz parte de minha realidade.

Meio sem jeito dei a volta no homem e segui para a porta, no caminho pude sentir seu perfume... Um tanto doce maravilhoso, parecido com o dos Cullens.

Seguia nas ruas chuvosas de Forks, sem rumo... com aqueles olhos em minha mente, será que o destino está querendo brincar comigo de novo?

Poderia aproveitar meus últimos dias aqui nesse mundo, tentar algo novo, poderia me arriscar... Mas e se eu errar novamente e tornar tudo mais difícil do que poderia ser eu deixar como está, até o fim?

Sofrimento por mais sofrimento, prefiro ficar no que estou.

Estava passando pelo parque, vazio por conta da leve chuva que caia, só uma doida feito eu para estar sozinha andando por ai nesse tempo. Mas resolvi seguir, passar para fazer uma visita a meus pais, já que a tanto tempo os visitava.

Enquanto adentrava no cemitério, andando a caminho das lápides de meus pais, observava tudo a minha volta.

Todas aquelas pessoas, já passaram dessa para uma melhor, ou não. Como será que elas estão hoje?

Tomara que tenha um bom lugar reservado pra mim depois da vinda dos Volturi, sei que não sou digna disso, mas desejaria ao menos ver as pessoas que eu amava que já partirão mais uma vez.

Cheguei a lápide de meus pais e me sentei a frente delas, fitando ali o memorial deles.

Abracei meus joelhos e coloquei e descansei minha cabeça... Estava frio, a chuva estava se tornando intensa... mesmo com a chuva ali insistente sorri...

- Logo poderei ver vocês de novo... Vou ver vocês – Sorri ali feito boba, e pude sentiralém da chuva fria, água quente escorrendo por minha face.

Chorava feliz agora, pela primeira vez em dias ou meses.

Sem eu notar não chovia mais em mim, e eu não estava mais sozinha ali.