POV Thalia

Eu definitivamente ia espancar o Michael... Ah, é... Eu ia. E muito. Quem aquele idiota pensa que é? Puxa, eu sei que faz mais de um ano... Mas... Ele machucou a Annie. E muito. Mas... Graças ao Luke, eu não me levantei daquela cadeira e bati naquele atendente idiota. Eu não vou bater nele, eu não vou bater nele... Era meu único pensamento. Até que o mesmo foi interrompido por Luke:

— Thalia, você tá legal? Parece um pouco... Irritada.

E eu estava. MUITO. Mas, logicamente, não disse isso.

— Foi mal. É que... Eu não estou me sentindo muito bem. — e não estava. — Quero ir embora. Não está igual sem a Annie e o Percy.

— Também quero. — Silena disse. Os meninos assentiram e Luke se levantou para pagar a conta. Olhei na direção de Silena. Que por sinal, estava “namorando”. E quer dizer, eu fiquei com náusea. Não me entendam mal. Por que, a gente tá na mesa de comer. Pigarreei. Silena e Nico meio que pararam. E os dois coraram.

— Desculpe. — Nico disse.

— Não tem problema. Só não se fiquem se amassando em cima de uma mesa na qual as pessoas comem. O.K.? Esperem acharmos um... Motel. — Silena corou ainda mais, se possível. Luke voltou e cada casal foi para seus devidos carros. Nico e Silena pareciam pombinhos.

— Que foi? — Luke me perguntou.

— Nada... — ele me olhou com as sobrancelhas franzidas — É que... Bom, viu como a Annie e o Percy foram embora? — assentiu, dando de ombros como se perguntasse "e daí?" — Eu sei o motivo.

— E...?

— Michael, o atendente lá de dentro. É o ex dela. — ele fez um muxoxo como se estivesse se desculpando. — Não tem problema. É por isso que ela tava daquele jeito lá dentro. Mas... O que atinge ela, também me atinge, né?

— Claro... Vamos. Quero te mostrar um lugar. — Luke me pegou pela mão e me puxou para dentro do carro.

— Aonde vamos?

— Você verá. — disse, travesso. Não vejo enquanto ele dirige. Meus pensamentos estão em Annabeth. Como ela está agora? — Chegamos. — Me deslumbrei com a aparência do lugar e o único som que soltar é:

— Uau. Onde estamos?

— Não importa.

— Que lugar é esse?

— Não importa.

— Como assim, não importa? Com que você deveria se importar, afinal?

— Se você está feliz. — me aproximei de Luke, levantando-me um pouco do assento.

— Sério? — colei nossas testas. Ele soltou um “Uhum” e me beijou. Retribuí. Aquele beijo foi tão calmo e único... Como se nunca tivéssemos nos beijado.

— Eu te amo. — aquilo me pegou de surpresa. Decidi ouvir de novo.

— Como é que é?

— Eu te amo.

— Já tinha ouvido da primeira vez. Só queria ouvir de novo. Eu também te amo. Muito. Esse foi o seu maior ponto do dia, sabia? — perguntei, com um pequeno sorriso matreiro nos lábios.

— É? Por quê?

— Porque você falou que me ama. E é tudo que uma garota quer.

— Mas... Você não é uma “garota”. — ele fez aspas com os dedos.

— Como assim? — indaguei, confusa.

— Você é a — deu ênfase — garota. — notei que meus braços estavam entrelaçados em seu pescoço e os seus na minha cintura.

— Como pode ter certeza disso?

— Tendo. Sinto que você é a garota certa.

— Como você sente isso? — perguntei, o coração batendo de forma descompassada.

— Pelo coração. — a essa altura do campeonato, tenho certeza, que, se eu não estivesse com a maquiagem completamente preta, estaria chorando. Ele me puxou pela mão até um banco e me sentou lá. — Tenho que te dar uma coisa. Olha... Pode parecer meio... Sei lá. Eu passei as últimas cinco semanas pensando em como te pedir isso. Eu sei que a gente já... Mas ainda não é... Por assim dizer, oficial. — então eu parei de respirar. Ele vai pedir... Ele vai pedir... Ele vai... Luke fixou seu olhar no meu, se ajoelhou, e tirou algo do bolso traseiro. — Vai. Abre. — abri a caixinha e era um colar prata. Na verdade, dois colares. Um colar com a inicial T e o outro com um L.

— Luke... Eu... — parei.

— Sabe o que significa? — assenti. — E...?

— Preciso falar? — e eu estava chorando. Não estava nem aí se a maquiagem estava escorrendo pelo meu rosto.

— É sempre melhor quando é dito. — ele afirmou, e se levantou.

— Si-Sim. — e agora soluços me tiravam a respiração. Luke me puxou para seu peito e entrelaçou seus braços na minha cintura. Senti que estava manchando sua blusa com o “preto” da minha maquiagem. — De-Desculpe. Eu não tinha a... — soluços. — Intenção.

— Não tem problema. — disse, alegremente — Nada vai estragar a minha felicidade agora.

— A felicidade de me ver chorar ou a felicidade de eu ser a sua namorada? — brinquei, limpando as lágrimas e saindo puro preto no meu dedo. — Nem vou tentar tirar isso... Já que já está seco. Só em casa mesmo.

— Os dois.

— Está brincando, certo?

— Não. — ele suspirou, fechando os olhos e voltando a abri-los depois de meio segundo. — Quer dizer, olha, se você está chorando, significa que você sente o mesmo por mim. — bufei.

— É claro que eu sinto. Se não, eu não tinha passado as últimas cinco semanas com você. — Ele riu. Nos encaramos. Fui a primeira a desviar o olhar.

— Ganhei. — sussurrou. Dei um tapa, de leve, na sua cabeça.

— Nunca mais fale isso. — ele riu ainda mais.

— Por quê?

— Você não apostou. — entrelacei nossas mãos.

— Mas... Mesmo assim... Eu ganhei. — afirmou. Levantei a mão de novo, de brincadeira, e ele se encolheu.

— Ganhei. — sussurrei maliciosamente.

— Não vale.

— Vale, sim. Você tem medo de mim. — Luke franziu a sobrancelha.

— Ah, é? — Assenti. Só senti meu peso sumir e então notei.

— AH, NÃO LUKE. ME PÕE NO CHÃO. JESUS, ME ACODE. CREDO. — gritei. Avistei um grande borrão preto. Sabia que era o carro. — PELOAMORDEDEUS, NÃO FAÇA O QUE EU ACHO QUE VAI FAZ... — tarde demais. Me choquei contra o assento do banco com tanta força que fiquei tão tonta a ponto de não notar que ele já estava ao meu lado.

— E aí? — ele parecia extremamente calmo.

— Retiro o que disse. Você não tem medo de mim.

— E...? — não entendi. Se eu já falei e...

— E nem adianta. Eu não tenho medo de você.

— Tá bom. — um silêncio se instalou entre nós. E não era desagradável. Era bom... Amigável.

— E agora? — perguntei. Ele suspirou.

— Não sei. — cause I'm broken... Meu celular tocou. Ele me fitou como se me desafiasse. Logo compreendi. Nós dois estávamos brigando para ver quem atendia primeiro. Abri a bolsa e procurei o celular. Logo, estávamos feito loucos. O celular indo e voltando, quase voando de minhas mãos.

— Páara — berro, rindo. — Vai parar de chamar!

— Tá bom. — puxou o celular e nem se preocupou em olhar o identificador de chamadas. Quando ele foi atender, parou de chamar. Tomei o celular de sua mão e vi as chamadas perdidas: “Mãe”. Não... Não é tão tarde assim... Olho no relógio: 23:52 e disparo:

— Luke, me leve para casa. — ele nem hesitou. Luke estacionou na frente da minha casa. — Preciso ir. Me liga amanhã. — dou um selinho e saio andando lentamente. Sabia que agora eu estou ferrada? Pois é... Eu estou. Entrei, calmamente. Em silêncio... Até que vejo minha irmã andando na direção do banheiro. Ela me vê e grita:

MAMÃE — talvez eu esteja errada, TEM UM ZUMBI AQUI. — talvez eu morra, de fato. Lancei meu melhor olhar: “Depois eu te pego, sua pestinha”. Mas logo entendi, minha cara ainda devia estar suja de maquiagem. Minha mãe desceu as escadas e me olhou com aquele ar: “Há Há Há, flagrei”, mas ao invés de falar que estou de castigo, ela só pergunta:

— Onde a srta. Maquiagem esteve?

Eu saí com o meu namorado. Dã. Mas é lógico que eu não falei isso. Se não seria meio que "SUBA ESSAS ESCADAS JÁ E SÓ SAÍA DE LÁ QUANDO TERMINAR O 3º ANO DO ENSINO MÉDIO."

— Saí com as garotas. — falei, simplesmente.

— Garotas? — ela pergunta, desconfiada, com Sophia já no colo e com as sobrancelhas arqueadas.

— Annabeth, Silena. — assim que terminei, engoli em seco, sabendo que nunca vou mentir direito.

— E...? — ela me incentivou.

— Os meninos. — confirmei suas ideias, tentando adiar o que eu tenho que contar. Mas ela nada diz. Está esperando eu listar os garotos. — Com os meninos, eu quero dizer Luke, Nico e Percy.

— Claro. Agora, me faça o favor de ir pro seu quarto. Agora. — passei por ela sem ao menos dar boa noite. Cheguei no meu quarto, meu mundo, agradecendo, mentalmente, por ser uma suíte. Pego o meu pijama, boto uma pulseira (Não sei o motivo), e me arrasto até o banheiro, pronta para passar a noite inteira na pia tentando tirar a porcaria da maquiagem preta que ficou no meu rosto.