Inibidores

Muita confusão havia se passado em Los Angeles e no mundo todo, após a descoberta do assassinato do regente das empresas Tyrell. Já era do conhecimento de todos que o assassino teria sido o último Nexus 6 presente na terra, mas a imprensa insistia em inventar outra história, de que um homem que trabalhava para ele, chamado “J. F. Sebastian”, interessado em seu dinheiro, havia invadido sua residência e o matado usando algum artefato para explodir seus olhos.

Ao mesmo tempo, todos estavam aliviados, pois o planeta terra havia se livrado de todas aquelas cópias malignas de seres humanos. Mas isso, mal sabiam as pessoas, era apenas o começo, do que elas pensavam ter sido o fim.

Secretamente, agentes da polícia, mal intencionados, haviam montado uma base secreta, juntamente com Tyrell para a criação de novos androides, igualmente perfeitos e intencionalmente, melhores do que os seres humanos. Muitas experiências eram feitas nesta base, e agora que o supremo dono falecera, alguém teria que tomar conta das pesquisas e criações.

Gaff era o segundo diretor, que auxiliara Tyrell nos tempos mais remotos. Certamente ele comandaria de agora em diante. Quem mais estaria apto?

Já que tinha autoridade, Gaff recolheu os Nexus mortos para usar como base na pesquisa mais recente: Inibidor.

Inibidor se trata de uma nova espécie de androides, mas desta vez, não feitos para viajar por entre os universos e fazer novas descobertas. Seriam criados para ser como clones do homem, para viver entre ele, porém, com habilidades muito mais desenvolvidas e superiores aos seres humanos. Desta vez, não viveriam com a medida de segurança de 4 anos, muito menos com um tempo de vida. Seriam criados pra durar pra sempre, e se algum defeito ocorresse, teriam inteligência para se consertar e regenerar. Era um novo nível de inteligência artificial.

Estes seres, chamados de Inibidores, seriam dotados de uma força jamais alcançada por um ser humano, nem mesmo os que obtiveram recordes mundiais. Capazes de levantar uma casa.

Teriam uma saúde praticamente inabalável, uma pele feita com componentes de cristal, inquebrável, mas maleável. Teriam um dispositivo provido dos Nexus 6, que os possibilitariam de comunicar-se através do pensamento, capazes de localizar outros de sua espécie.

Deckard fez um favor, na verdade, aniquilando os Nexus 6. O que era parte do plano desde o início.

Inibidores, afinal, seriam chamados assim, por suas habilidades de sobrevivência, por não sentirem dor. Teriam um senso de discernimento, não como os antigos, seria um senso muito próximo, se não igual aos humanos. Isso significa que um Inibidor não sairia almoçando um cachorro como prato principal, nem virando um Jabuti e fazendo-o sofrer no sol escaldante do deserto.

Sua alimentação seria baseada em alimentos humanos, mas também poderiam alimentar-se de coisas incomuns no caso de risco de sobrevivência. Passariam um mês sem precisar comer, mas precisariam manter-se hidratados de líquidos. Poderiam vir a falecer de desidratação, mas até da areia poderiam tirar nutrientes para sobreviver. Seria como se tivessem entranhas “de aço”, 120% desenvolvidas.

Seria possível a reprodução, uma vez que nasceriam como bebês de laboratório e se desenvolveriam até a flor da idade, entre 24 e 36 anos. A partir disso, parariam no tempo.

Agora a pergunta que não quer calar. Pra que desenvolver estes seres, que intuito teria a organização secreta? A resposta era simples:

Aniquilação total dos seres humanos considerados “descartáveis”. Assim, no planeta viveriam estes, mais os seres humanos considerados dignos de viver: grandes pensadores, professores, médicos, cientistas, músicos, engenheiros, todos com inteligência alta e que pudessem contribuir com um bem maior. Uma pesquisa feita antes mesmo de 2019, antes de tudo. Quando o homem foi capaz de ter consciência sobre si. A pesquisa sobre a prolongação da vida humana.

Os novos robôs seriam úteis para esta pesquisa. Após sua função inicial de aniquilar o lixo humano, seriam utilizados para destruir e reconstruir as cidades, e enquanto isso desenvolver esta pesquisa tão crucial. Que além de consistir na prolongação da vida humana, também consistiria na reprodução humana perfeita, onde não existiriam defeitos como doenças, doenças terminais, deficiências físicas e mentais. Seriam fisicamente capazes de fazerem viagens intergalácticas, ou seja, sobreviveriam a isso. Os seres humanos seriam como os androides, mas seriam orgânicos, como é de sua natureza.

A pesar de esta ideia parecer genial no seu princípio, não existia nada mais imoral que a chacina dos seres humanos. Seria Deus a favor desta criação? Ou seria ele mesmo por trás destas mentes?

O problema é que haveriam riscos, mais que perfeitos, os Inibidores desenvolveriam sentimentos e concepções próprias. Quanto tempo eles permaneceriam subordinados dos meros humanos, quanto tempo até eles mesmos aniquilarem todos os humanos, vendo-os como seres inferiores e destruidores de planetas? Quanto tempo até contatarem outras espécies para se unir a eles, espécies de outros planetas, criadas ou não pelo homem.

Provavelmente o tempo que se passaria até isso acontecer seria pouco, e nenhuma destas ideias de controvérsia sequer passou pela cabeça dos homens trabalhando na pesquisa. Por enquanto estava tudo sob controle, e a pesquisa ainda tinha muito no que ser desenvolvida, muito ainda eram teorias, e pouco era concreto. Os humanos teriam tempo de viver, e aproveitariam mais se soubessem deste plano maligno. Teriam mais um tempo até o nascimento dos Inibidores e seu desenvolvimento e treinamento de 24 anos.

Até lá só Deus sabe o que aconteceria. Dificilmente esta curiosa e audaciosa pesquisa seria descoberta, pois se tratava das pessoas de mais poder no mundo. Mas pode ser que um dia alguém descobrisse, e os humanos, unidos, fariam uma rebelião lutando por suas vidas.

Até lá, tanto a pesquisa, quanto o futuro são teorias. Ninguém sabe o que nos aguarda, mas esperamos ter pelo menos o direito de viver. O bem mais precioso do homem.

-Blade Runner fanfic

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.