“As trevas não são algo à se temer, são algo à se explorar.”

Açucena Polizel

O vento começou a soprar, balançando as flores no jardim. Ele não costumava sair de seu laboratório para fazer algo tão supérfluo quanto olhar o jardim, mas resolveu fazê-lo naquele momento. Ele não conseguia concentrar-se bem naquele dia.

Ele sabia que as trevas dominavam seu peito. Viktor apenas não iria admitir facilmente.

Havia muita culpa dentro de si….

Viktor preferiria que alguma canção de ninar o fizesse dormir pela eternidade, naquele momento. Aquelas flores que ele observava seriamente deveriam compor o seu túmulo, enquanto os vermes devoravam o que restava de si.

Após um tempo se remoendo sozinho, ouviu uma voz atrás de si, mas ele não desejou olhar para o seu dono.

— Um dia, você precisará aceitar esse fato, Viktor.

— Por que? Sky morreu em meu lugar. Eu quem deveria estar morto agora. Meu túmulo deveria ter sido cavado e meu corpo dado aos vermes. Sky tentou salvar-me de minha própria loucura, Jayce. Eu queria curar-me da minha doença e ainda quero, ao mesmo tempo que meu desejo mais profundo é estar no lugar dela. Eu não quero mais precisar olhar nos olhos das pessoas e dizer que Sky não está mais aqui. Mesmo o seu olhar me agoniza. O mesmo olhar que eu amava.

Viktor sentiu um toque singelo em sua mão. Embora Viktor evitasse, Jayce se aproximava sempre que lhe fosse possível para dar atenção. Ele não sentia todo esse arrependimento dentro de si, mas sabia que deveria. Jayce desejava trocar essa tristeza com Viktor, pois considerava todos os seus pecados muito piores.

E nenhum de seus pecados seriam procurando uma cura para suas doenças ou para algo realmente benéfico para seu povo.

Eram desejos mais egoístas.

Desta vez, permitiu que seu egoísmo mudasse de foco, pois sabia que não seria a mesma coisa sem Viktor. Nada seria a mesma coisa sem Viktor. Então, como fazer para fazer com que Viktor voltasse a ser muito melhor que ele mesmo? Como fazer Viktor voltar a explorar a escuridão? Afinal, desde que ele tivesse Viktor ao seu lado, Jayce não importava que o outro cientista fosse muito melhor que ele. Falar como realmente via as coisas, como deveria ter dito há tempos?

— Eu sempre amei o fato de eu ser como o Sol, brilhando para todos. Não posso negar meu narcisismo, mas a realidade é que talvez seja mais fácil eu ter sido iluminado por ti por todos esses anos.

— Ok! Isso parece ter sido uma de suas cantadas para Mel… E justamente para o buraco negro que consome tudo…

— Não, Viktor. Você não se acostumou a ter um amigo a te falar isso, e foi exatamente onde errei contigo. Mesmo que você seja como um buraco negro, eu quero ser puxado por você e quero você aqui perto de mim.

Mesmo gostando de ouvir aquilo, Viktor demorou para decidir se continuaria explorando a escuridão. Ele não sabia se queria ter sua evolução gloriosa. Ele poderia?

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.