Dona de um donaire único, a moça sorria.

Ao fim do dia escaldante, descançava à sombra de um coqueiro. Seu traje curto demais não incomodava os olhos masculinos ali presentes, mas surpreendia a todos com a elegância que mantinha, mesmo em roupas de banho.

Pelas mulheres, era mal falada. Ô, como era. Mas quem podia culpá-la por apaixonar-se tão ligeira e intensamente. Chamavam-na de nomes pejorativos, inapropriados. Nenhum refletia a doçura do olhar da moça.

O rapaz sorria de volta, enfeitiçado.

Observava as pequenas sardas no seu rosto. Pontos circulares de melanina liberada pela ação dos raios ultravioleta – fato desconhecido naquela época. Contrariando a moda e a opinião de outras mulheres da sua idade, ela amava se expor ao sol. Encantava alguns homens de gosto peculiar com sua face avermelhada.

– Vai ao baile do teatro na sexta-feira? – perguntou a moça, aproximando-se mais que o adequado a uma mulher de família.

– Não acho que o teatro seja lugar para a senhorita – responde, embasbacado.

– Lugar para a senhorita é onde a senhorita deseja estar – replica ela.

Moderna e despeitada, diziam que era por causa de sua língua afiada que não encontrava um marido. Ela nunca se importou. Tinha todo homem que desejasse.