Inexplicable

Capítulo 03 - Solo Una Vez Parte 1


Lupita corre até o seu quarto e é seguida por Maíra.

– Lupi! Lupi vem cá, querida.

– Me deixa, tia! – gritou ela, batendo a porta e deitando em sua cama.

Ela começa a chorar. Nunca pensou que a noite mais especial de sua vida iria causar discussão entre ela e seu melhor amigo.

– Por que Giovanni tem que ser assim? Por que ele não consegue me entender? – questionava, enquanto tentava controlar o choro.

– Porque é uma cabeça dura! – gritou Maíra.

– Titia! – gritou ela.

– Não chore por ele – diz Maíra, do outro lado da porta. – Mais cedo ou mais tarde ele vai se tocar que fez besteira.

– Mas eu não falei pra ele sobre...

– Deve satisfação de sua vida pra ele agora? Por acaso é seu namorado?

– Tá maluca, tia? Ele é meu melhor amigo!

– Não parece – disse.

Ambas ficam em silêncio. Lupita para de chorar, pois acha que sua tia tem razão.

– Lupita! – ela ouve sua mãe gritar.

– Já vou!

Ela sai do quarto e se encontra com Rosa.

– Estava chorando? – Rosa pergunta.

– Não, mamãe.

– Tudo bem. Eu preciso que você vá ao mercado.

– Comprar o que?

– Aqui está a lista de compras.

– Você faz a lista, mas o dinheiro é meu! – reclama Maíra. – Suas listas nunca têm coisas que são necessárias para a casa.

– Claro que tem!

– Por favor, não discutam. Irei ao mercado, comprar o que é preciso – Lupita se dirige até a porta.

– Se tiver algo desnecessário, já sabe né? – sussurrou Maíra, entregando o dinheiro.

Lupita assentiu e quando estava saindo, ouve sua mãe falar:

– Leva a Dulce!

– Por quê?

– Eu vou sair e a Maíra também, e a Dulce não pode ficar sozinha em casa.

– Vem minha princesa – Lupita estende a mão para sua irmã e elas saem de casa.

(...)

– Cheguei família! - exclamou João Miguel, entrando em casa.

– Já? – diz Rosa, sua irmã.

– Sim, hoje foi apenas uma reunião para uma nova novela.

– Nossa, mas você acabou de gravar uma novela! – Rosa fica surpresa.

– Bom ator é assim mesmo – fala Eduardo.

– Como estou livre hoje, pretendo passar o dia com minha princesa...

– Eba! – gritou Tininha, descendo a escada e correndo abraçar o pai.

– O que acha de irmos ao Parque de Diversões? – sugeriu João Miguel.

Tininha sorriu, dando a entender que gostou da ideia do pai.

– João Miguel, antes que eu esqueça... Está faltando algumas coisas em casa, a empregada pode ir ao supermercado fazer compras? – diz Rosa.

– Já que vou sair com a Tininha, nós podemos ir ao supermercado. Apenas nos dê a lista de compras.

– Homem no supermercado? Isso vai dar certo? – Rosa questiona.

– A Tininha estará comigo.

– Isso mesmo – concorda a garota, fazendo todos rir.

(...)

– Como será que o Giovanni esta? – questiona Lupita enquanto andava em direção ao supermercado.

– Ele está doente? – pergunta Dulce.

– Não minha pequena, ele só não estava num dia bom.

– Hum – resmungou. – Você vai comprar chocolate pra mim hoje?

– Juro que gostaria, Dulce – confessou. – Mas o dinheiro não é suficiente, meu amorzinho.

Dulce assentiu.

– Tudo bem – fala a garota.

Algum tempo depois, Lupita e Dulce chegaram ao supermercado.

(...)

– Nossa papai, esse supermercado é muito longe! – reclama Tininha.

– Infelizmente, nos perdemos.

– Papai!

– Calma, iremos encontrar um supermercado aqui perto.

– E o Parque?

– Vamos para lá também. Não se preocupe, okay?

– Okay.

– Olha só tem um supermercado ali – comemora João Miguel.

Logo eles entram no supermercado e começam a fazer as compras.

– Olha só o que tem ali, papai – disse Tininha.

– O que?

– Chocolate!

(...)

– Desculpa Dulce, mas não vai dar pra comprar o chocolate que você quer – Lupita novamente explica.

Dulce abaixa a cabeça e deixa uma lágrima cair em seu rosto.

– Por favor, não chore! – implorou a irmã mais velha, lhe abraçando.

– Lupita? – João Miguel a encara.

– Chocolate! – comemora a garotinha que o acompanhava.

– O que faz aqui? – Lupita questiona, se separando de Dulce.

– O que se faz em um supermercado? – fala a garotinha que o acompanhava.

– Tininha! – exclamou o ator.

– Desculpa...

– Tudo bem – Lupita sorriu. – Fico feliz em vê-lo novamente, mas agora precisamos ir.

– Essa é sua irmãzinha? – pergunta ele.

Lupita assentiu.

– Que fofinha – a filha de João Miguel abraça Dulce, fazendo-a sorrir.

– Estranho um grande ator aqui nesse fim de mundo...

– Papai se perdeu.

– Agora está explicado – ela começa a rir.

– Mora aqui perto? – pergunta João Miguel.

– Sim.

– Papai, temos que terminar as compras.

– Só um minuto. – João Miguel se vira para Lupita. – Estará muito ocupada a noite?

– O que?

– Posso pegar o chocolate, papai?

– Claro, Tininha - disse, sem tirar os olhos de Lupita.

Dulce puxa o braço de Lupita.

– Eu preciso ir – fala ela.

– Como é nome dela?

– Dulce – Lupita respondeu, com um sorriso no rosto.

– Por que a Dulce estava chorando antes de nós se aproximarmos? – questiona Tininha.

– Ela queria chocolate.

– E por que não comprou?

– Não tenho dinheiro suficiente para comprar.

Algum tempo depois, Lupita e Dulce continuam as compras e deixam João Miguel e Tininha sozinhos.

(...)

– De onde o senhor conhece aquela mulher? – pergunta Tininha.

– Sabe o jantar com a fã? Ela é a fã.

– Papai, ela não pode comprar o chocolate para a irmãzinha.

– É por isso, que você deve agradecer todos os dias pelo o que você tem.

Tininha sorriu e falou:

– Papai, tive uma ideia!

(...)

– Arroz já peguei, macarrão... Agora falta a car... – antes que Lupita pudesse terminar a frase, ela vê alguém colocando uma barra de chocolate no carrinho. – Dulce, já falei que não podemos comprar chocolate hoje.

– Fui eu – diz Tininha. – Papai concordou em comprar o chocolate para sua irmãzinha.

Lupita olha para João Miguel que estava atrás de sua filha, com um lindo sorriso no rosto.

– Obrigada João Miguel, não precisava disso.

– Não agradeça, pois tem mais.

– O que mais tem? – pergunta Dulce.

– Dulce! – exclamou Lupita.

– Eu irei pagar as compras de vocês, então pode comprar o que quiser. – Explicou João Miguel.

– Você só pode estar maluco, João Miguel. Por que quer fazer isso pra nós? Não pedimos nada disso.

– Porque vocês merecem, e eu não aceito não como resposta.

Lupita o encara por alguns instantes e depois sorri para ele.

– Vamos Dulce! Vamos pegar alguns biscoitos – Tininha disse, animada.

(...)

– Meu Deus João Miguel, eu exagerei.

– No que?

– Olha quanto deu essas compras!

– Não se preocupe Lupi. Irei pagar nossas compras, tenho dinheiro suficiente.

– Você é doido em gastar seu dinheiro com alguém que mal conhece.

– Eu te conheço o suficiente para fazer tal coisa.

– Tem certeza?

– Sei sua história, o que passa com sua mãe e sua Irmã. Fico feliz em ter ajudado e conseguido tirar um sorriso da Dulce e principalmente, de você.

Eles ficam em silêncio até entrarem no carro.

– Sua casa fica longe daqui? – pergunta João Miguel.

– De carro, acho que leva 30 minutos.

– Okay, então guia-me até sua casa – pediu o ator.

(...)

Meia hora depois, João Miguel parou em frente a pequena e humilde casa onde Lupita mora com sua mãe, sua irmã e sua tia.

– É aqui que vocês moram? – questiona Tininha.

– Sim – responde Dulce. – Vem, vou te mostrar meu quarto – e elas saíram do carro.

João Miguel e Lupita ficaram em silêncio durante algum tempo, cada um com seu pensamento; pensamento este que não estava muito distante dali.

– Muito obrigada por hoje – Lupita começa a dizer. – Nunca vi a Dulce tão feliz como vi hoje.

– Não tem o que agradecer, se fiz isso é porque vocês merecem.

– Fico muito contente que pude vê-lo depois daquele jantar.

– Digo o mesmo. – João Miguel sorri. – Espero vê-la mais uma vez.

Lupita o encara, achando estranho o comentário do ator.

– Só uma vez, uma vez mais.

– Por quê?

– Porque você é diferente de todas as mulheres que já conheci, e quero poder conhecê-la melhor pra talvez nos tornarmos amigos.

– Amigos?

– Exato.

– João Miguel San Roman querendo ser amigo de uma mera estudante de Medicina, que não tem nem metade do dinheiro do galã das novelas?

– Não é o dinheiro que importa, e sim o caráter.

– Pode ser que você esteja certo. – Lupita sussurra e em seguida se vira de frente a João Miguel. – O que posso fazer para recompensa-lo pelo o que fez por mim e pela minha família hoje?

João Miguel pensa um pouco e em seguida, responde:

– Aceite jantar comigo, na minha casa.

– Como que é?

– É isso que quero como recompensa.

– Você só pode ter esquecido de tomar o remédio – ela sai do carro.

– Pra sua informação, eu não tomo nenhum remédio – ele a segue. – Por favor, aceite.

– E tenho outra escolha? – questiona ela, arrancando um sorriso dos lábios de João Miguel San Roman.