Inazuma Lion

Cap 51 – O Segredo do Chute


O cenário de um crepúsculo do pôr-do-sol com o vale coberto pela nevoa da escuridão era observado pelos encapuzados vermelho e azul no topo do rochedo.

Até o ser de capuz verde chegar no local e caminhar até uma nevoa escura que estava quase alcançando o monte onde o trio se encontrava.

Seus seguidores apenas observavam o de capuz verde, até o mesmo abrir a boca e uma pequena esfera de luz sair levitando lentamente para fora e usar o dedo indicador da mão direita para segurar em sua posse.

Logo em seguida, o capuz verde assopra a pequena esfera, que voa calmamente em direção a névoa escura mais próxima, até que a esfera encosta na nevoa e destrói boa parte dela, deixando um vaco na própria névoa como se tivessem arrancado uma parte dela, proporcional a um tamanho de uma bola de futebol.

Aquilo espantou os seus seguidores. E sem tirar os olhos daquilo, perceberam que, mesmo a névoa se expandindo, a parte que foi retirada pela esfera de luz que faltava permanecia a mesma, sem ser restaurada.

– É por isso que estamos fazendo isso. – Declarou, enfim, o ser de capuz verde, que foi o primeiro a tomar a palavra desde a sua chegada.

– Então o poder contido nele é capaz de sumir com as trevas dessa maneira? – Se perguntava o ser de capuz azul bem surpreso.

– Espera. Apesar de tudo que ele passou, essa bolinha de nada foi tudo o que conseguimos retirar dele?! – Perguntou inconformado o de capuz vermelho, que na verdade era Asta, o irmão de Fran.

– Mas é claro que não. – O capuz verde respondeu. – Isso foi só um pouco que eu conseguir retirar dele. A luz que abita em seu interior é mil vezes maior. Mas ainda precisamos de mais. – Declarou por fim.

– Compreendo... então qual é o próximo passo? – Pergunta o capuz azul.

– Irei observar de novo. Até lá, aguardem. – Informou o capuz verde, também conhecido como Rei.

(...)

Era de noite na Cidade de Inazuma. E na caravana temporal, Wandaba, Kanon e Fey se encontravam em uma reunião com o Professor Kilard e o Professor Arno por chamada de vídeo. O assunto foi do ocorrido anterior, com os Destruidores e Asta.

– Então há uma possibilidade deles retornarem o quanto antes? – Perguntou Fey para Kilard.

– Os dados dizem que as chances são mínimas. Uma incorporação amaldiçoada pode degastar e muito o seu usuário. Então não acho que eles darão as caras tão cedo. – Informou o professou Kilard.

– Tá, mas nós precisamos nos preparar se caso os Destruidores retornarem, certo? – Sugeria Kanon.

– Sim. Fiquem em alerta e continuem de olho em tudo. – Falou o professor Arno.

– Entendido. –Disseram os três ao mesmo tempo.

– Mas ainda assim... o Asta me preocupa. E Fran parece estar no mesmo barco que a gente. – Disse Fey preocupado.

– De fato. Pelo menos já temos uma ideia de que o inimigo veio da era de Fran. Mas como não temos registros para analisar, não podemos investigar mais do que isso. – Dizia o professor Kilard.

– Sem falar que há uma possibilidade da era de Fran ter sido dominada por esse Rei enquanto Fran permanecia aqui, no presente. – Dizia o prof. Arno.

– Aparentemente ocorre tudo bem na minha era. – Informou Fran, chegando no local da reunião.

– Fran? – Chamou Fey surpreso.

– Onde esteve? – Perguntou Wandaba.

– Retornei para minha época para saber como estava minha família e meu mundo. Não ocorre nenhuma espécie de anomalia, nem com minha família. – Disse Fran.

– Não? Mas e o Asta? – Perguntou Kanon.

– Para minha família, Asta viajou para o exterior para fazer “intercambio”. – Finalizou Fran fazendo aspas com as mãos.

– Ou esse Rei chamou Asta durante o intercambio ou isso foi só um disfarce preparado pelo próprio Rei para não irem rastreá-lo no futuro. – Deduziu Kilard.

– Como meus familiares não estão a par do que esta acontecendo eu resolvi não contar nada para eles. – Disse Fran.

– Fez bem. Não queremos alarmar ninguém. – Declarou o professor Arno.

– Se o Rei estiver esperando pelo Asta, então não vamos vê-lo tão cedo. Se não bastasse a incorporação amaldiçõada, ainda tem os Duplis que o desgastou mais ainda. – Dizia Fran.

– Então os Destruidores são Duplis que nem os do Fey? – Perguntou Wandaba surpreso.

– O que é Duplis? – Perguntou Kanon.

– Duplis são uma espécie de clones criados pelo original para fechar com os onze jogadores. O que diferencia de clones é que os Duplis possuem aparencias, força e poderes diferentes. – Informou Wandaba.

– Mas isso causa um cansaço tremendo... e mesmo assim Asta consegue suportar como se não fosse nada... – Murmura Fey para ele mesmo.

– Eu também investiguei cada canto do meu mundo e não conseguir localizar nenhum local ou esconderijo onde Asta ou esse Rei poderiam estar. Mas de uma coisa eu tenho certeza. – Disse Fran compartilhando a informação.

– O que? – Perguntou Fey, voltando a si.

– Seja quem for esse Rei, o alvo dele é o Eryk.

– O Eryk? – Perguntou Fey.

– Mas o Asta não queria eliminar o futebol? Por que o Eryk? – Perguntou Kanon.

– Antes da partida, Asta apareceu para nós dois para conhecer o Eryk. Na partida também, Asta parecia estar mais focado em derrubar o Eryk do que na partida em si. Eu concluir que esse Rei queria atingir o Eryk de alguma forma, então como o futebol é uma das maiores paixões do Eryk, ele escolheu justo o Asta para lidar com isso. – Dizia Fran

– O convite da partida também, uma pessoa usando um capuz chutou a bola para o Eryk defender, sabendo que ele era um novato e que ele não conseguiria defender aquele chute, aquilo poderia abalar qualquer um. – Analisava Fey.

– Senhor Arno? O senhor não disse que o Eryk tem que estar preparado para algo que será necessário para ele? Por acaso isso tem haver com o Asta? – Kanou perguntou para o senhor Arno, mas ele tinha encerrado a transmissão.

– Ele desligou. – Falou Wandaba.

– Espera. Fran, você também veio aqui pelo Eryk, não foi? – Lembrou Fey.

– Sim. Eryk vai ser fundamental para algo. Antes eu não sabia o que era, mas depois do ocorrido... – Dizia a garota.

– Acho que estamos juntando as peças, mas ainda falta algo... – Analisava Fey.

– Podemos concluir que tem alguma coisa haver com a escuridão que o Asta mencionou? Ou aquilo era mentira para nos ameaçar? – Falou Kanon.

– Bom, eu acho que precisamos esfriar a cabeça para pensamos melhor. – Sugeriu Wandaba.

– Eu concordo. Deixem que eu cuido da investigação e juntar as peças. Vocês três continuem de olho no Eryk e se preparam para o próximo confronto. – Declarou o professor Kilard encerrando a reunião.

– Entendido! – Disseram todos na caravana e o professor encerra a transmissão.

Enquanto isso...

Nagasy retornava tranquilamente para casa. Cantarolava algo animadamente enquanto passava pelo campo de futebol próximo a ponte. E quando ela resolveu olhar para o local, ela encontra Eryk segurando uma bola de futebol no meio do campo de frente para o gol.

– Aquele é o Eryk? – Se perguntou Nagasy olhando melhor.

Eryk enterra a bola no chão e depois se prepara para chutar. Levantando sua perna e chutando a bola com toda a sua força, ele grita.

– LEÃO RELAMPAGO!!!!!!!!!! – Eryk chutou a bola, e apesar de ter feito o gol, a técnica não disparou o raio vermelho como de costume.

– Hã? – Nagasy tinha indo falar com o amigo, e se surpreende ao ver que a técnica não pegou.

– Hã? Ah, oi Nagasy. Você viu? – Perguntou Eryk após tê-la cumprimentado.

– Eu vi... Eryk, o Leão Relâmpago não funcionou? Por quê? – Perguntou Nagasy confusa.

– Bem... você se lembra das vezes que eu usei essa técnica? – Perguntou o goleiro, fazendo Nagasy elevar o dedo indicador na altura do queixo, pensativa.

– Vejamos... na partida contra o Ogro você queria fazer um gol. Contra o Instituto você queria mostrar que o Shinsuke podia defender qualquer chute. Contra os tritões você queria repelir o chute do Marito... – Dizia Nagasy pensativa se recordando de cada detalhe. Até ser cortada pelo Eryk.

– E todas essas vezes eu estava a mil. Eu sentia minha adrenalina como se ela estivesse carregada 100 por cento. Mas quando eu chuto a bola sem eu estar agitado essa técnica não funciona. –Apesar das palavras, Eryk estava sério. Ele olha para as próprias mãos como se estivesse estudando sua própria técnica.

– É assim que o Leão Relâmpago funciona? – Perguntou Nagasy.

– Sim... E-eu não sei o que é, mas o que eu sinto na hora de chutar com o Leão Relâmpago é diferente quando eu uso a Pata do Leão Vermelho. Quando vou defender eu consigo usar a técnica sem problemas, mas quando vou chutar, parece que tem uma condição para a técnica funcionar. E isso me faz pensar; porque isso? O que eu tenho para o meu poder funcionar dessa maneira? Porque não posso usar o Leão Relâmpago a hora que eu quiser? Eu não usaria o tempo todo, só quando fosse necessário. Mas eu não queria que falhasse na hora H. Por isso queria garantir. Então eu pensei; se eu ficar mais forte, posso ter uma chance de dominar essa técnica por completo. Mas quando eu estou treinando ou jogando, eu sempre deixo essa questão de lado para me concentrar na partida. Mas mesmo assim... eu sinto... que existe algo em mim que nem eu mesmo sei. E eu queria uma resposta para isso. Só que eu não faço ideia de como conseguir... – Eryk explicava para Nagasy, fazendo gestos com o corpo, como girar o braço como se estivesse usando a Pata do Leão Vermelho e em seguida chutando o ar como se estivesse usando o Leão Relâmpago. E em seguida ele para com os gestos serrando os punhos, confuso com sigo mesmo.

– Olha Eryk... eu não sei como as técnicas especiais funcionam, mas isso não te torna único? Tipo... ser especial? Quero dizer, todo mundo é bom em alguma coisa por possuir uma característica única. Alguns não descobriram ainda, e outros descobrem desde pequenos. – Dizia Nagasy.

– É. Também tem aqueles que acham que tinham descoberto mas quando encontram outra coisa que é bom também, se tocam que na verdade era isso o tempo todo. – Prosseguiu Eryk com a linha de raciocínio de Nagasy.

– Exato! E se eu fosse você, eu não me preocuparia com isso. Afinal, o Leão Relâmpago nunca te deixou na mão. É só você continuar assim que logo, logo vai conseguir dominar essa técnica sem problemas! – Nagazy finalizou com uma empolgação, para levantar o astral do garoto.

– Tem razão... Eu não sei dizer se o Leão Relâmpago é uma técnica poderosa, mas com certeza ela nunca me deixou na mão! Me salvou várias vezes. Valeu mesmo, Nagasy! – Agradeceu Eryk agora animado.

– Não tem de quê. Bom, está ficando tarde. É melhor eu ir. Até mais! – Se despediu Nagazy acenando para Eryk enquanto se afastava.

– Até!

Depois...

– Querida, cheguei! – Anunciou Eryk brincalhão abrindo a porta de sua residência e tirando os sapatos logo em seguida.

– Seja bem vindo.

Recebeu Fran de bom grado e com um sorriso gentil, ajoelhada formalmente ao lado da pequena mesa japonesa na entrada da casa. Parecia uma esposa japonesa recebendo o seu marido chegando do trabalho.

Aquela visão e com esse pensamento as bochechas de Eryk coraram na hora. Mas depois de um segundo assim, ele balança a cabeça rapidamente para disfarçar a coloração.

– O-oi Fran. Cadê a titia? – Perguntou Eryk como não querendo nada.

– Sua tia saiu para o mercado á pouco tempo, e seu tio ainda não chegou do trabalho. – Respondeu a garota naturalmente.

– Ah tá... – Respondeu Eryk, até ele sorrir para Fran de repente, sem jeito.

– O que foi? – Perguntou Fran deixando uma risada sair enquanto se levantava do chão.

– Nada, é que... parece que somos casado hehe. – Falou Eryk voltando a sorrir sem jeito, se referindo pela maneira que foi recebido.

– Se refere pela recepção? – Perguntou Fran.

– Sim. – Respondeu Eryk.

– Bom, no Japão, quando um ente querido retorna para sua casa e tem alguém na mesma, ele é recebido com um “seja bem vindo” depois de anunciar para todos dizendo “cheguei”. E não um “querida, cheguei” como você. – Explicava Fran finalizando com uma leve gargalhada ao se lembrar dessa ultima parte.

– Haha é que no ocidente anunciar “querida, cheguei” é uma frase bem famosa haha. – Dizia Eryk entre risadas.

– Entendo. Você deve estar com fome, não é? Preparei algo para enganar o seu estomago até a hora do jantar. – Dizia Fran indo até a cozinha.

– Oba! Obrigado! – Agradeceu Eryk seguindo Fran, alegre.

No topo de um dos prédios vizinhos da residência de Eryk e Fran, Asta usando seu capuz vermelho mas com o capuz descoberto observava o casal de longe pela janela aberta.

No dia seguinte...

Na aula do primeiro ano, Eryk estava pensativo em relação aos ocorridos anteriores. Asta, escuridão, futebol... tudo isso e muito mais dominava a cabeça do goleiro.

Se o Asta retomar com o mesmo papo de antes, eu não sei se eu vou conseguir defender aqueles chutes. Mas se ele estiver usando a escuridão para se fortalecer, então nós vamos vencê-lo com a luz da nossa amizade. – Pensava Eryk, finalizando seu pensamento com um sorriso confiante.

– EEEEEI!!! ANTÔNIO ERYK!!!!!

Alguém chamando pelo Eryk na entrada da Raimon chamou a atenção de todos os alunos. Inclusive a atenção de Eryk. E quando Eryk ouviu, sua orelha esquerda se mexeu sozinha até se tocar.

– Tem alguém me chamando? Quem será? – Disse Eryk se levantando da sua carteira para ir até a janela.

– VAMOS, ANTÔNIO ERYK! EU SEI QUE VOCÊ ESTÁ AÍ! – Berrava novamente a pessoa chamando por ele.

– Nossa, que cara esquisitão.

– Que tipo de pessoa se veste assim?

– É impressão minha ou a pele dele é azul?

– Esse deve ser um daqueles nerds que fazem cosplay e se pintam todo.

– Caraca, quem será que é? – Dizia Eryk ouvindo os comentários dos alunos na janela que tinham corrido para ver quem era.

E assim que conseguiu espaço para chegar na janela, uma careta chocada se forma na face de Eryk.

Quando Eryk viu os braços azuis, uma enorme mala sendo usada como mochila de escalador, chapéu de pescador e vestido com uma roupa de explorador guardando cantis de água e outros equipamentos, e reconheceu seu rosto, o goleiro não poderia acreditar. E diz em voz alta o nome da pessoa enquanto a mesma sorria por ter avistado Eryk.

– Marito?!

Continua...