Jake P.O.V

Rodando, rodando, rodando. É assim que estamos. Meus braços se agarram a única coisa sólida perto de mim, no caso Marley, que se aperta a mim e esconde a cabeça em meu pescoço, enquanto continuamos caindo em espiral.

— Ai. – gemo quando nos chocamos com o chão, eu de costas e Marley sobre mim. Ela continua me apertando contra ela, tremendo demais para se mover – Marley, calma.

— Onde nós estamos, Jake? – sussurra ela e eu abro os olhos, chocado.

— Na cantina do colégio. – respondo e ela se levanta abruptamente – Será que era um teletransportador?

— Quem são vocês? – a voz nos assusta e ficamos de pé rapidamente, eu mantendo Marley as minhas costas – Não deveriam estar aqui durante as férias.

— Quem é você? – pergunto não reconhecendo a mulher a minha frente, mas Marley a reconhece.

— Hellena. – grita eufórica e a mulher a olha espantada.

— Como você sabe meu nome? – pergunta, deixando Marley sem reação.

— Hellena, sou eu, Marley... Você cuidava de mim quando eu era pequena lembra? Filha de Finn Hudson? – tentou minha prima.

— Filha do Finn? – chocou-se a mulher – Impossível, ele se formou há três meses. Não tem uma filha dessa idade.

— Três meses? – choquei-me – Me desculpe, mas que dia é hoje?

— 15 de agosto de 2012. – respondeu a mulher, parecendo cada vez mais espantada, tal como nós.

— Jake... – sussurrou Marley, com os olhos molhados – A máquina não era um teletransportador... Era uma máquina do tempo.

— Máquina do tempo? – a tal Hellena fez o sinal da cruz e eu revirei os olhos – Que foi? Nunca ouviu falar disso?

— Só em filmes de ficção. – respondeu dando de ombros – Mas me expliquem o que aconteceu, e como você pode ser filha do pequeno Finn.

Fomos para a cozinha, onde Hellena nos deu dois potinhos com gelatina, que nós comemos agradecidos por aliviar o enjôo daquela “viagem”.

Logo me lembrei dela como a babá de Marley quando era pequena. Na época, eu e mamãe morávamos em NY, pois Shelby, mãe adotiva de minha irmã mais velha Beth, estava em cartaz em uma peça, então minha mãe cuidava de nós dois.

Hellena era uma grande amiga da vovó Carole, mãe de tio Finn. Apesar de não ser minha avó, ela insistia que eu a chamasse assim, tal como vô LeRoy e vô Hiram, ou minha vó Ruth com Marley.

— E nós fomos parar na máquina do tempo. – terminou Marley com um suspiro - E voltamos para cá. E não faço ideia do que devemos fazer.

— Bom, não sei como ajudar, mas podem ficar comigo em casa o tempo que precisarem. – ofereceu Hellena – Não é muito grande, mas dá pro gasto.

— Obrigado. – agradeceu Marley, vendo que eu não falava nada, apenas encarava meu potinho. Hellena também percebeu e logo estava saindo com alguma desculpa – Você está bem Jake?

— Eu devia ter te ouvido. – admiti envergonhado e ela riu.

— Deveria mesmo. Mas vamos ficar tranquilos. – pediu ela, segurando minha mão – Logo papai e tia Quinn darão pela nossa falta e conhecendo tio Artie, ele perceberá que algo aconteceu e arrumará um jeito de nos buscar. Tenho certeza.

Marley P.O.V

Mas eles não vieram. Se passou um, dois, dez dias e nem sinal de que voltaríamos para casa. Jake começou a ficar cada vez mais nervoso e passava grande parte do seu tempo no chão da sala, com um violão velho de Hellena.

— Bom, daqui alguns dias as aulas voltam. – disse Hellena certa tarde, enquanto nós duas cozinhávamos – Então passarei pouco tempo em casa. Não se importam de ficar sozinho não é?

— Claro que não. – assegurei.

— Pelo visto é assim que ficaremos por muito tempo. – ouvi Jake reclamar e suspirei, enquanto Hellena dava um sorriso bondoso.

— Acabou o leite. – observei e Hellena limpou as mãos rapidamente, pegando sua bolsa.

— Vou até o mercado voando... – disse ela já saindo – Senão ele fecha.

Ficamos naquele silêncio, com Jake dedilhando as cordas do violão lentamente e eu mexendo o cozido do jantar.

— Você podia ser menos mal humorado. – observei e ele me fuzilou – É sério Jake, ela está sendo ótima conosco.

— Eu sei. – assegurou ele com um suspiro – É só que, essa espera está me matando. E a falta do que fazer também.

— Bom, nós podíamos voltar para a escola. – propus a ideia que tinha há semanas e ele riu.

— Qual é Marley... Agora que não somos obrigados, você quer ir para lá?

— Eu pensei que poderíamos descobrir algo sobre nossos pais. – admiti em voz baixa e ele baixou os olhos – Qual é Jake, você não tem curiosidade de saber algo além do que eles nos dizem?

— Mas eles já se formaram. – lembrou ele e revirei os olhos.

— Mas foi ali que tudo começou, que tudo aconteceu. – retruquei, desligando o fogo e me encaminhando para o lado dele – Jake, se tem alguém que pode responder nossas perguntas sobre Rachel Berry e Noah Puckerman, são as pessoas naquele colégio.

— Mas como faremos isso? – perguntou ele – Não podemos dizer quem somos.

— Eu tenho uma ideia. – não havíamos ouvido Hellena voltar até aquele momento, e ela se aproximou, sentando-se em um sofá – Tenho uma amiga na administração que pode cuidar da matrícula.

— E você pode nos apresentar como seus filhos. – propus e Jake franziu a testa.

— Você até vira Ley, mas eu não dá. Sou moreno demais. – tive que concordar – Vou me apresentar como Jake Puckerman mesmo. Lembra quando vovó Ruth contou do filho bastardo do meu avô? Posso fazer às vezes do mesmo.

— E você, Hellena? Concorda que eu seja sua filha? – perguntei sorrindo, mas a vi cabisbaixa – O que foi?

— Você não vai querer isso, querida. – garantiu ela tristemente – Nem minha própria filha quis isso, por eu ser, bom, como sou.

— Eu não vejo nada de errado. – disse Jake docemente e eu sorri para ele.

— Vocês são uns amores. – agradeceu ela – Mas eu sou obesa, é parte de quem eu sou.

— Exato, parte. – lembrei a ela – E existe o resto, que é muito mais que isso. Para mim, seria uma honra ser sua filha. Mesmo que falsa. Esqueça as besteiras que Courtney lhe disse. Para mim, você é perfeita, Mama.

— Obrigado queridos. – agradeceu ela de olhos molhados – Bom, ligarei para Natalie hoje e amanhã vocês já estarão matriculados.

— E seremos como estranhos. – disse Jake e eu me espantei – Devemos refazer os passos de nossos pais. – propôs meu primo e eu concordei.

— Eu serei uma perdedora e você, um popular. – lembrei e ele confirmou.

— Mas algo é certo: nós dois precisamos ir para o Glee Club. – sentenciou Jacob.