–To nem acreditando que a peste bubonica ainda está dormindo! -Eu estava meio dormindo e meio acordada. Mas, tenho certeza de que essa voz é de Sabrina



–Vamos jogar agua nela! –Ah, André! Se eu não tivesse com tanto sono…



–NÃO! Eu acordo ela -Lucca disse. Senti o lado de minha cama mais fundo e um beijo em minha testa, logo depois ele cochicha em meu ovido



–Acorda, pequena. Vamos nos atrasar



Abri os olhos lentamente e encontrei os dois palhaços e Lucca me encarando



–Entã tá, vou te explicar a cistuação -Sabrina começou –Voce e Lola estavam dormindo no tapete. Lucca colocou voce na cama e eu acordei Lola que já está tomando e banho. Ah! E esatava tocando “Summer Love” na maior alutura do mundo



–Ah, tá. Estamos atrasados? -Perguntei sem abrir os olhos



–Não. Mas vamos nos atrasar se voce não começar a se arrumar agora –André disse com voz de retardado



–Já vou –Me arrastei até o banheiro e tranquei a porta. Tomei um banho de cinco minutos e quando sai do banheiro enrolada na toalha, o quarto estava vazio. Vesti um jeans rasgado, um cropped azul de mangas cumpridas escrito “NEAD” em vermelho. All Star preto, prendi o cabelo em um coque e desci as escadas. Sabrina e Lola estavam assistindo algo na televisão. André falava no telefone e Lucca estava tomando café. Fui até cozinha, enchi meu copo com suco de goiaba e me sentei ao lado de Lucca



–Sally, voce tá quase dormindo em pé –Lucca ria



–Há-há. Vamos logo? Quanto mais rápido formos, mais rápido voltamos -Sabrina disse chegando na cozinha



–Isso não é verdade. De qualquer forma chegaremos às seis da tarde. Voce não tem escolha, amor -André disse beijando a bochecha de Sabrina



–Então, vamos? Sabrina e eu vamos no meu carro. Lola e Sally no de Lucca –Disse André



– E eu? -Lucca perguntou



–No seu né, bobão –Eu disse pegando minha bolsa que estava jogada no sofá e saindo para a garagem



–Como voces guardaram o carro no garagem? -Lola perguntou



–O pai da Sally tava saindo quando nós chegamos -André explicou



–Posha, eu te acordo com o maior carinho e voce me chama de bobão –Lucca apreceu do meu lado



Dei de ombros



Lucca me pegou pelas pernas e me jogou em seus ombros



–LUCCA! ME COLOCA NO CHÃO! –Eu gritava enquanto ria



–Nãããããão! –Ele cantarolava



–LUCCA! AGORA! –Eu gritava



–Só se voce me der um beijo de cinema –Ele riu



–Tudo bem –Eu disse, e, do nada, todos nos encaram calados



–Sério? -Lucca perguntou



–Sérissimo –Ele me colocou. Fui me aproximando lentamente. Nossos lábios estavam a centimetros de distancia, quando ele fechou os olhos eu virei a cabeça e ele beijou minha bochecha



–Hoje não é seu dia, grandão –Sabrina disse rindo de Lucca



–Humpf ! -Lucca bufou e entrou no banco do motorista. Lola entrou no banco de trás, e eu no de passageiro



–Luquinha? –Chamei depois de um tempo em silencio



Ele não me respondeu.



–Tá bravo comigo? –Perguntei



Silencio



–Lucca? –Chamei



–O que foi, porra? –Ele gritou



–Por que voce tá bravo? –Perguntei. Tipo, do nada a pessoa começa a gritar comigo



Silencio



–LUCCA, QUAL É O SEU PROBLEMA? –Gritei



–EU NÃO TENHO UM PROBLEMA! –Ele respondeu na mesma altura que eu



–Não é o que parece –E mais uma vez, fui ignorada. Algum tempo depois chegamos na escola. Lucca parou o carro e Lola desceu feito um flash. Ficamos no carro em silencio



–Desculpa –Ele pediu



–Por que?



–Por que o que ? –Tudo bem, muitas palavras repetidas em uma mesma frase SEMPRE me deixam confusa



–Por que voce ficou bravo do nada?



–Sally… nada, esquece



–NÃO LUCCA. EU NÃO VOU ESQUECER! QUANDO VOCE COMEÇA A FALAR UMA COISA, VOCE TEM QUE TERMINAR, TEM QUE FALAR ATÉ O FIM. OU ENTÃO A PESSOA FICA NERVOSA! -Eu disse um tanto… alto demais



–Percebe-se –Ele disse com os olhos arregalados



–Então voce pode, por favor, acabar de falar? –Pedi



–Sally, voce precisa me escutar. Só escutar O.K? –Ele disse



–Tá bom. Ta me deixando nervosa…



–Eu to apaixonado –Posha! Isso meio que…. doeu pra caralho. Eu não sei o motivo. Meus olhos ficaram vermelhos, e eu tenho certeza de que daqui a alguns segundos eu estaria chorando



–Tá? Quem? Digo, por quem? -Minha voz estava fraca



–POR VOCE! CARA, SALLY. VOCE NÃO PERCEBE? –Epaepaepa. O QUE ?



–Não. Eu nunca…



–Só escutar, lembra? -Assenti com a cabeça –Desde o dia em que vi voce pela primeira vez. Sentada naquela mesa com a minha familia. Quando conversamos sobre peixes e iguanas, confesso que foi meio estranho, tambem confesso que nunca tive nenhuma iguana chamada Sally, mas voce me chamou de peixe ! E no dia do seu aniversário, no dia do jantar, e quando aqueles caras entraram em sua casa e bateram em voce, Sally, eu não consigo explicar a raiva que senti deles, se o André não estivesse lá, eu teria atirado e matado aqueles dois. Eu sinto como se eu precisasse cuidar de voce, como se eu precisasse estar com voce vinte e quatro horas por dia. E eu estou perdidamente apaixonado. E, eu preciso saber, Sally, aceita namorar comigo?



Preciso dizer que eu já estava chorando o rio Nilo? Não? Obrigada



Eu tambem estava apixonada por ele? BURRA! MIL VEZES BURRA! As “borboletas” no estomago. A vontade de chorar quando ele disse que estava apixonado. A resposta era obvia…



–Claro que eu aceito, bobão! –E então ele me beijou. Santo Pai! O que foi isso? Um vulcão entrou em erupção dentro de mim. Era como se nada mais importasse, apenas nós dois. O ar acabou e tivemos que nos separar



–Isso tem que ser oficial –Ele tirou do bolso uma caixinha, tirou de dentro dela um colar prata, o pinjente, tambem prata, era um avião de papel. Simples mais maravilhosamente maravilhoso



E então ele me beijou mais uma vez. E mais uma. E mais uma



–É melhor entrarmos. –Eu disse. Ele assentiu e desceu do carro, deu a volta e abriu minha porta. Trancou o carro e passou o braço envolta de minha cintura enquanto entravamos na escola.

-A propósito, eu sempre soube que voce nunca teve uma iguana com o nome Sally - Eu disse arrancando uma gargalhada de Lucca