~ Matt ~

Pelo lado bom, eu só precisei aguentar a tensão da companhia do gorila por alguns poucos minutos, porque um pouco depois chamaram todos para almoçar.

Reparando agora, eu não como nada desde ontem... Que fome!

Vamos ver como os prisioneiros comem aqui.

Assim que o guarda abriu a porta da cela, eu saí o mais rápido que consegui.

Claro que ele não gostou nem um pouco disso. Ele me parou pelo ombro e falou com um sorrisinho irritante na cara:

- Por que a pressa? Até parece que você não gostou da companhia do Cherry.

...

Cherry? Cherry?!

Alguém por favor me diga que esse não é o nome do gorila!

...

Ninguém?

O guarda pareceu se divertir com minha expressão chocada, porque perguntou em seguida - ainda não fizeram as apresentações? - indicou o gorila que estava perigosamente próximo ao meu lado - Este é Andrew Cherry.

Eu não posso rir, eu não posso rir.

...

Eu quero rir!!

- Matt! Eu espero que... Me larga, cacete! - Mello também saiu da cela dele, e... O que era aquilo agarrado à cintura dele?

...

Ah, ótimo. Um travesti de meia-idade tentando agarrar o Mello ajuda muito na minha tentativa de não dar risada!

Ou eu apanho do gorila por rir do nome dele, ou eu apanho do Mello por rir da desgraça dele ou então eu mesmo me bato por conseguir dar risada mesmo depois de ter entrado nesse plano estúpido.

Mas como eu não sou masoquista e nem quero apanhar, fiquei quieto.

Não foi nada fácil, acredite.

Primeira regra de sobrevivência: nunca ria de um cara maior do que você, por mais ridículo que o nome dele seja. Mesmo que você mal consiga respirar tentando se segurar, não ria.

~ Mello ~

Eu preciso de uma arma. Revólver, faca, até um cano serve! Mas por favor, qualquer coisa que dê pra eu matar esse... Essa... Ah, deu pra entender!

Matt também não parecia nem um pouco satisfeito com seu companheiro de cela. bom, pelo menos aquele cara bombado não usava maquiagem.

- Que cara é essa? - perguntei quando Matt veio para o meu lado, com uma careta no rosto.

- Huuummm, o ruivo também é muito lindo - o cara veio para perto de nós olhando cobiçoso para Matt - Adoro olhos verdes.

Tá legal, agora chega!

Me virei para meter um soco e arrancar à força aqueles cílios falsos daquele cara nojento, mas Matt segurou meu braço no ar, antes que meu punho encontrasse o alvo.

- Vêm, vamos logo - ele falou entredentes, me puxando e nos enfiando no meio do fluxo de prisioneiros que iam para o refeitório.

O que ele tinha? Sua cara estava muito estranha.

Eu nunca pensei que um dia fosse pensar assim, mas eu fico realmente ( talvez nem tanto ) satisfeito por ele ter me impedido de bater no cara. Ainda não era hora de criar confusão por aqui.

Nota mental: quando chegar a hora de criar confusão, eu vou fazer questão de que o meu "gentil" companheiro de cela esteja no meio.