Outro lugar perto dali –


(Jared´s pov)



– Como assim você está namorando? – perguntou Jared encarando a mãe


– Porque? Por acaso eu não posso? Sou adulta, divorciada, já criei meus filhos...acho que mereço ser feliz, não? – disse um tanto ríspida


– Eu sei mãe, é que estranho, você nunca nos apresentou um namorado antes – defendeu-se Shannon sentando-se ao lado do irmão no sofá da sala da casa da mãe


– Bem, nosso relacionamento está ficando sério e nada mais natural que eu queira que vocês os conheça


– E quem é esse cara? – perguntou Jared desconfiado


– O nome dele é Donato, ele é um engenheiro italiano, morou vários anos no Brasil e agora é sócio de uma empresa de engenharia daqui - respondeu tranquilamente


– Ele é divorciado? - perguntou


– Não Shannon, ele é casado...sou a amante dele – ironizou


– Nunca se sabe...tem muito malandro por ai – replicou o irmão num tom de desdém


– Ele é viúvo, tem dois filhos. No sábado farei um jantar para eles. Quero os dois aqui – disse firmemente mostrando sua autoridade de mãe



Manhã de sábado –


(Elisa´s pov)


– Acho melhor você ir com esse vestido – opinou Hannah enquanto olhava algumas roupas da amiga jogadas sobre a cama


– Ahh não, é muito formal


– Que tal esse? – falou mostrando um vestido de florido


– Também não...quero algo bem simples, mas também não quero parecer relaxada. Ahh odeio perder tempo escolhendo roupas - admitiu percebendo sua própria confusão


– Se eu tivesse tantas opções de roupa como você, não me importaria de passar horas escolhendo algo. Tenho que vestir o que me cabe – desabafou


– Ahh não Hannah, nem começa! – falou Elisa sentando-se ao lado da loira – Você é linda! Precisa se aceitar do jeito que você é – completou


– Não me diga senhora “ ninguém-gosta-de-mim-porque-meus-olhos-são-diferentes” – provocou


– Meu caso é diferente! – tentou argumentar


– Claro que não! Nós duas temos vergonha de nós mesmas – disse Hannah


– Mas a culpa não é nossa, se não houvesse esses padrões idiotas de beleza, tudo seria diferente - refletiu a morena


– Pois é amiga, mas infelizmente não estamos no mundo das maravilhas...a realidade é outra


– Já disse que adoro o seu otimismo? É algo contagiante - zombou


– Só digo como as coisas realmente são - respondeu dando de ombros


– E eu continuo dizendo que se você fosse para o Brasil faria o maior sucesso. Os homens de lá adoram mulheres “encorpadas” – disse rindo em seguida sendo acompanhada pela amiga



– Quer saber? Vou de camiseta, all star e calça jeans – confirmou já montando seu vestuário - ...tem certeza que não quer ir comigo?


– Não vai dar....minha mãe planejou um final de semana para mim em um Spa, ela diz que quer que passemos mais tempo juntas, mas eu sei que no fundo ela tem esperança que eu perca peso - falou num tom baixo como se estivesse contando um segredo



Hannah tinha 24 anos, era um ano mais velha que Elisa. Possuía um corpo bem curvilíneo, os cabelos, num tom louro escuro, emoldurava com perfeição seu rosto extremamente bonito encaixando-se aos belos olhos verdes. Porém a jovem desde sempre brigava com a balança, principalmente por pressão da mãe, ex-miss Bélgica. A mulher não aceitava que a filha estivesse acima do peso e muito menos que dedicasse seu tempo à música.



– Ela já sabe que você passou na filarmônica? – perguntou


– Não, e nem vai saber... Ela nunca está por perto mesmo, daqui a uma semana ela já vai voltar para a Bélgica - falou tentando ao máximo fingir que aquele fato não a incomodava - Sabe, ainda não acredito que você vai a esse jantar, estava fugindo desse momento assim com eu fujo de dietas - desconversou


– Eu sei, mas meu pai me deu um ótimo motivo para ir - disse abrindo um largo sorriso


– Ahh é? E qual seria esse motivo? - perguntou curiosa


– Itzhak Perlman.... disse sorridente indo em direção a sua escrivaninha – ....Um par de ingressos! – completou mostrando os ingressos para a amiga


– Ai meu Deus! – exclamou Hannah surpresa. As duas jovens admiravam o trabalho do violinista israelense, porém nunca tiveram a oportunidade de vê-lo tocar ao vivo.


– Você vai comigo – disse enquanto estendia um dos ingressos para a loira


– Ahh obrigada! – respondeu puxando a amiga para um abraço