Escola de música Garrett –



– Cara, se eu soubesse quem você conheceria teria dado um jeito de ir com você! – exclamou Hannah – Pediu autográfo deles?


– Claro, eles assinaram minha camiseta de “otária do ano” – zombou – Não acredito que meu pai me enganou desse jeito, estava escondendo tudo de mim!


– Está sendo injusta, veja o lado bom das coisas...agora você vai conviver com membros de uma banda de rock


– Sou muito mais as nossas músicas do que aquele barulho que eles fazem – desdenhou


– Nem sabe do que você está falando, o som deles é bem legal


– E o fato dos caras serem lindos não influencia o “som” deles? - provocou


– Ahh então você acha eles bonitos! - replicou divertindo-se com a contradição da amiga


– Bem, sim....eles são bem apessoados – respondeu dando de ombros


– Nossa se fosse comigo eu agarraria aquele baterista e não soltaria mais


– Uhum sei...pelo jeito que eu te conheço tenho certeza que você não faria absolutamente nada


– É...tem razão, mas em pensamento eu faria até coisa pior - respondeu rindo em seguida, sendo acompanhada por Elisa – Mas diz ai, eles são legais? – perguntou após se recompor das risadas


– A mãe deles, Constance, é bem legal, o Shannon também. O Jared ficou me olhando como se estivesse com dor de estômago e depois ainda me chamou de palhaça


– Sério?! Mas ele te chamou assim de graça? – perguntou confusa


– Ahm..é que ele me flagrou imitando ele - falou um tando envergonhada


– Já disse que esse seu humor negro ainda vai te causar muitos problemas


– Nada disso, ele é que é um chato que não sabe aguentar uma brincadeira - defendeu-se


– Oi meninas, desculpe interromper, mas seus alunos já chegaram – disse David aproximando- se das moças que estavam encostadas no balcão do saguão da escola.



Elisa trabalhava na escola de música há 6 meses, fora indicada por Hannah que trabalhava no local há um ano e meio. Lecionava aulas de violino diariamente sempre no período vespertino, pois assim conseguia conciliar o trabalho com seus estudos na universidade, haja visto que estudava pela manhã.


O diferencial daquela escola dentre as outras era que a mesma também possuía uma Ong chamada ‘Music of freedom’ em que era oferecido cursos gratuitos de instrumentos para crianças e jovens com necessidades especiais. Mesmo sendo um trabalho opcional e sem remuneração ajudava a Ong de bom grado não se importando de passar todo o domingo ensinando seus alunos.



Enquanto Hannah já se dirigia a sala de aula. David chamou Elisa para conversar.



– Como vai os preparativos para o recital na Ong? – perguntou



– Está tudo bem encaminhado, eles estão super animados – disse entusiasmada referindo-se aos alunos


– Que bom...eu estou muito feliz com o seu trabalho, tanto aqui como na Ong – disse num tom gentil enquanto encarava a jovem


– Obrigada – disse um pouco constrangida com a forma que ele a observava.



David Garret era o dono da escola, e também um ótimo violinista, havia, inclusive, lançado diversos CDs que fizeram relativo sucesso. Logicamente que sua aparência contribuía com seu sucesso. Era o verdadeiro homem que todas as mulheres sonhavam. O moço de origem alemã possuía um porte elegante, cabelos louros e lisos que chegavam ao ombro e olhos verdes. Era uma mistura de nobre inglês com um ar mais rebelde.



– Estava pensando se você não gostaria de sair comigo hoje a noite?



Olhou-o com um grande sinal de interrogação estampado em sua face. O homem mais disputado que conhecia estava convidando-a para sair?



– Não posso. Tenho que cuidar do meu irmão – disse rapidamente. Estava ficando especializada em dar desculpas esfarrapadas, mas não havia como aceitar tal convite, seria muito constrangedor ter um encontro com David, não pelo fato do homem ser seu chefe. mas sim por conta do medo que jovem tinha em estragar a amizade que acabou sendo construida entre os dois desde que a moça começou a trabalhar no local.



– Ahh tudo bem então, deixa para outro dia – disse o homem um pouco desapontado, afastando da moça



Uma semana depois –


Casa de Constance Leto –


Estava sentada sobre uma poltrona enquanto observava de longe seu pai e Constance organizando os planos de casamento. Daqui a dois meses o casal iria oficializar a união na própria casa de Constance Leto, após o enlace viajariam para o Marrocos onde ficariam por um mês de lua de mel.


Ouviu a companhia tocar. Sua futura madrasta se dirigiu até a porta de entrada da casa.



– Olha só quem veio me visitar – falou a senhora voltando com o filho mais novo a tiracolo



A moça olhou em direção ao homem. Pôde, enfim, contemplar a beleza de Jared através da luz natural da manhã, não havia se dado contado do quão belo ele era.



Será que ele sabe que é tão lindo? – pensou consigo mesmo ainda encarando-o – Como será que é por dentro de outra pessoa? - refletiu com seus próprios pensamentos



– Ahh finalmente você a trouxe para que eu a conhecesse – ouviu Constance dizer referindo-se a uma mulher loura que estava ao lado de Jared. Estava tão ocupada em tentar analisar o homem que mal havia percebido a presença da moça


– Essa é a Lauren – apresentou Jared para todos que estavam na sala


– Lauren essa é a minha mãe, Constance... e aqueles são Donato e a filha dele – disse sem ao menos encará-los


A moça, como sinal de cumprimento, abriu um largo sorriso mostrando seus dentes brancos e perfeitos.



Sentaram-se no grande sofá da sala. Elisa continuou em sua posição apenas observando o grupo enquanto tentava continuar fazendo seu origami. A loira não desgrudava de Jared, não poupava a troca de caricias com o homem. Aquilo estava a incomodando.



Por que não vão à um quarto? – pensou enquanto tentava se concentrar em sua dobradura



– Constance eu posso trazer uma amiga para cá? – pediu encarando a mulher


– Claro que sim, essa casa agora é sua. Pode trazer quem você quiser; amigos, namorado....


– Ahm...eu não tenho namorado – disse desconcertada


– E o David? – perguntou o pai


– Ele não é meu namorado, é o meu amigo – disse um pouco irritada


– Seus olhos são assim mesmo? – perguntou Lauren repentinamente enquanto observava Elisa


– O quê?


– Os seus olhos são assim mesmo ou você usa lente? – perguntou novamente enquanto escorava-se em Jared


Elisa respirou fundo e respondeu brevemente – É o meu olho


– Nossa que legal, eu tinha um cachorro com os olhos igual ao seu


A jovem fitou o pai que fez uma leve reverência com a cabeça como se estivesse pedindo calma. A moça resolveu engolir em seco preferindo o silêncio ao respondê-la.



– Com licença – anunciou a jovem se dirigindo para o seu quarto.



Sentou-se sobre sua cama. Estava se sentindo tão vazia, tão incomodada com toda àquela situação. Olhou ao redor do cômodo, haviam se mudado para a nova casa há cinco dias, porém estava estranhando absolutamente tudo, aquele quarto não era dela, nada daquilo a pertencia.