“Aiseukeeeulim” – Ice Cream

Aquele garoto irritante da sorveteria já estava me tirando do sério, o que ele queria afinal?

Eu só ia lá todos os dias por que meu irmão havia arrancado os quatro dentes do siso de uma vez e estava em uma dieta onde só podia comer coisas geladas, então o sorvete estava presente em sua dieta, eu não vou lá só para vê-lo como ele diz.

Claro que eu já frequentava a sorveteria, mas bem menos assiduamente, porém agora era necessário ir mais vezes, então eu só vou.

E sim, eu já fui em horários diferentes, se é o que querem saber e de nada adiantou.

O Lee Minho estava lá não importa que hora fosse, eu cheguei até a pensar que ele fosse dono do lugar ou algo assim.

“Aiseukeeeulim” era o nome da sorveteria, esquisito eu sei, é sorvete em coreano, mas fazer o que se lá tem os melhores sorvetes que já provei na vida? O nome do lugar é o de menos, não concordam?

E até que é fofo, devo admitir.

E nesse exato momento estou indo em direção a Aiseukeeeulim para pegar o bendito sorvete de queijo parmesão com pimenta que era o vício do Ken, o babaca do meu irmão.

[...]

— Minha visita diária chegou! — O Minho fala assim que abro a porta da sorveteria. — Em que posso ajudá-la? Não, péra, você veio pelo sorvete de queijo com pimenta, estou certo?

Até a voz desse garoto me irrita, mas hoje eu resolvi dá o troco nele.

— Não, Lee Minho, hoje eu vim apenas por você. — Falei o mais provocante que consegui.

Bingo!

Minha resposta o pegou de surpresa, ele pode até não admitir, mas está estampado no seu semblante que ele não esperava por isso.

— Até que enfim você admitiu. — Ele falou sem querer dar o braço a torcer de que eu o havia surpreendido.

— Pois é, não tinha mais como fugir Lee Minho, — me aproximei do balcão, ficando assim o mais próxima dele que consegui. — Sua boca tão bem desenhada não deixa meus pensamentos e eu só consigo ficar imaginando horas a fio em como deve ser bom poder tocar os seus lábios com os meus.

A cara dele está impagável, vocês iam adorar ver.

Ele limpou a garganta e prosseguiu.

— Bom, eu já havia separado o sorvete para você, então tome, aqui está seu sabor maluco favorito.

O fato dele não me responder com todo aquele seu jeito irônico e sarcástico estava me fazendo ganhar o dia.

Até que…

— E agora que já resolvemos a questão do seu sorvete, — ele saiu de trás do balcão em um pulo incrivelmente ágil que me pegou de surpresa, já parando em frente a mim, e me encurralando contra a parede. — Quero matar sua curiosidade e sanar o seu desejo gatinha.

Ferrou… Merda, ele quem me pegou agora e eu não sei o que fazer, o corpo dele está irremediavelmente próximo ao meu, seu rosto está tão perto que ele precisa até se virar um pouco para o lado para evitar que nossos narizes se choquem de forma desajeitada, e bem agora eu me sinto tremer por inteira e ele nem sequer encostou em mim de fato.

— Minho…

— O quê? Não era isso o que queria? Não foi para isso que minha gatinha veio até aqui? Foi isso o que me disse que queria, então pensei…

Ele falou isso me olhando nos olhos e quando parou de falar mordeu seu lábio inferior da forma mais provocante que existe, e em meio a um sorriso que com certeza tiraria qualquer um de seu eixo inclusive, acho que foi o próprio Lee Minho inventou o termo provocar e com certeza aplicou sua definição de todas as formas possíveis e imagináveis, era isso que ele estava fazendo comigo bem ali, me provocando, e agora eu estava completamente ferrada.

Em um rompante de coragem eu o empurrei, porém, me desequilibrei um pouco e ele acabou me segurando nos pulsos para que nós dois não caíssemos como frutas maduras de um pé de árvore.

— Pelo que entendi, alguém aqui mentiu para mim, e você sabe o que faço com quem mente para mim?

Eu estava tão imóvel que ele gargalhou.

— Vamos respire de uma vez gatinha, não será hoje que você provará meus lábios, e muito menos hoje será o dia em que você receberá o seu castigo por ser uma menina má que mente para o seu dono.

Mas que porra é essa de dono… Dono? DONO? Esse cara só pode ser maluco.

— Você não é meu dono Lee Minho, e nunca será.

Foi só o que respondi a ele, já retirando o meu cartão para pagar pelo sorvete.

— Pode guardar isso, hoje o sorvetinho do seu irmão será por minha conta, afinal todos amam os meus Aiseukeeeulims, então vou agradar meu cunhadinho.

Eu fui incapaz de respondê-lo, então apenas me viro para sair dali.

— Volte sempre minha gatinha, estarei a sua espera.

Eu nada disse e saí de lá correndo como louca, meu coração acelerado e meu raciocínio andando por qualquer canto do mundo que não fosse onde ele realmente deveria estar; na minha mente, e eu podia sentir o sorriso dissimulado dele bem atras de mim.

[...]

— Ah, minha maninha chegou com meu sorvete favorito, sabia que você é a melhor irmã do mundo?

Entreguei o sorvete para o Ken sem o responder e fui para o meu quarto, eu precisava me acalmar, aquele sorveteiro conseguiu finalmente me quebrar e o cheiro estranhamente delicioso do Lee Minho ainda estava impregnando em minhas narinas.

Me despi e fui para o banho e quando finalmente saí, ainda enrolada em minha toalha, vi que meu celular começou a vibrar, e sem imaginar quem poderia ser eu o pego em minhas mãos e acendo o visor que mostra que tenho uma mensagem de texto de um número desconhecido e quando abro a mensagem, uma surpresa, um susto e a ideia de que estou mesmo ferrada toma minha mente.

“Quando você vier amanhã, eu realizarei o seu desejo e a beijarei com toda a minha vontade, pois os seus lábios e a ideia de como deve ser incrível tê-los nos meus também não sai da minha cabeça, eu só tenho um pedido a te fazer, por favor não fuja mais, não ignore nossa atração mútua, pois isso é uma grande perda de tempo para nós dois que já deveríamos estar entregues a tudo isso a muito tempo, eu te quero demais, e sei que você também me quer, então me responda essa mensagem com a palavrinha mágica que eu sei que você já sabe qual é para eu saber que você se renderá a mim.”

Eu senti partes do meu corpo vibrarem, partes que eu nem sabiam que existiam e pensei naquela proximidade que tivemos na sorveteria, e sim, eu o queria, mesmo que eu negasse com todas as minhas forças eu desejava ter o Lee Minho só para mim, então eu comecei a digitar e enviei a resposta que ele me pedira.

“Aiseukeeeulim”

Essa era a palavra mágica que ele usava na sorveteria, então deduzi que era ela que eu deveria usar.

Segundos depois a resposta dele chegou, o que fez meu coração saltar pela boca.

“Boa menina, e como respondeu que sim, amanhã não pense duas vezes, e assim que puder venha direto para mim, estarei a sua espera.”

Não o respondo mais e me jogo na cama do jeito que estou, e por mais que eu estivesse tentando evitar isso desde o início, a verdade mesmo era que tudo em mim gritava pedindo para que eu fizesse exatamente o que ele me disse para fazer e amanhã, assim que eu estiver livre eu finalmente correrei diretamente para os braços do Lee Minho na Aiseukeeeulim.

[...]

No dia seguinte eu saí do curso e fiz o meu trajeto até a Aiseukeeeulim.

Por sorte meu irmão me enviou uma mensagem falando que hoje ia querer também o sabor de papaya com café, esse menino tem um gosto que só Deus, mas enfim, essa era a desculpa para ver o Lee Minho novamente, então tudo bem para mim.

Conforme vou me aproximando da sorveteria meu coração dispara, parece que está batendo na boca, então antes de entrar respiro fundo.

Abro a porta e o sininho toca anunciando minha chegada.

— Seja bem-vinda a Aiseukeeeulim, em que posso ajudar?

Não era ele no balcão.

— Boa tarde, vocês têm o de papaya com café?

— Temos sim, é para tomar agora?

— Não, é para levar, pode colocar o de queijo parmesão e pimenta também, por favor?

Eu estava decepcionada, por que será que ele não estava ali?

— Innie, embale-os, coloque o de sensação com pimenta junto e deixe o pedido separado.

A voz dele preencheu o ambiente.

— Sim, Sr. Lee.

— E você venha comigo.

Ele me pegou pelo pulso e me levou com ele, e eu sem saber o que fazer, apenas o segui.

[...]

— Sente-se, e relaxe. — Ele me disse com sua voz penetrante e eu fiz o que ele mandou.

Estávamos em seu escritório e ele trancou a porta assim que entramos.

— Por que me trouxe aqui? — Finalmente eu consegui falar.

— Porque vamos matar a nossa curiosidade.

— Não precisamos fazer isso… — Meu corpo tremia, e apesar do que eu disse, eu queria mais que tudo beijá-lo.

Ele sentou ao meu lado no sofá onde eu estava e se aproximou perigosamente de mim.

— Não precisamos? Tem certeza disso? Ainda posso deixá-la ir se quiser. — Ele me olhava fundo nos olhos e eu já estava perdendo os sentidos. — Mas se ficar, eu vou te beijar e a partir disso você será só minha.

Por um momento minha cabeça girou, tudo nele gritava por mim, e eu sentia meu corpo o chamar de igual forma.

— Foi o que pensei. — Ele disse ainda me encarando.

E sem mais nada dizer, ele selou seus lábios ao meu.

Sua boca quente ardia como o inferno na minha, todo meu corpo se arrepiou com o nosso primeiro contato e o que saiu dos meus lábios foi um gemido involuntário que o fez rir ladino com sua boca ainda na minha.

— Olha só como ela me queria, então você não mentiu ontem…

Eu não ia o responder verbalmente, então levei minha mão a nuca dele e apertei ali, o que o fez gemer para mim.

— Você é só minha, está me entendendo?

Um “uhum” bem desajeitado foi o que consegui soltar e então ele colocou suas mãos na minha cintura e me virou por completo para que eu sentasse em seu colo.

Minhas pernas se encaixaram uma de cada lado do corpo gostoso dele e eu fui capaz de sentir na mesma hora seu membro latejar no meio das minhas pernas.

— Viu só como você me deixa?

Mordi o lábio inferior dele, que gemeu novamente e me levou a loucura quando colocou suas mãos na minha bunda, apertando ali e levando meu corpo para mais perto do dele.

— Minho…

— O que foi gatinha?

— Não para…

A língua dele entrou com força em minha boca e ele me puxou de leve pelos cabelos como quem quisesse descontar sues desejos ali, e eu me senti delirar, na minha mente só passava a pergunta: “porque demoramos tanto para fazer isso?”.

Eu desci pelo pescoço dele e o mordi ali e ele gemeu mais uma vez com sua boca colada em meu ouvido, era o som do paraíso e eu estava morrendo de desejo.

Ele levou a mão para o cós da minha calça e nesse momento bateram na porta do escritório dele.

— Merda! — Ele colou a testa na minha. — Espero que seja algo importante, Innie, senão eu vou matar você.

— É a inspeção sanitária Lino, eles querem sua companhia na auditoria.

— Inferno. — ele falou baixinho. — Está bem, já vou descer.

Ele me encarou e parecia que ele ia ter um troço.

— Pegue seu sorvete e vá para casa, essas coisas demoram e infelizmente preciso dar atenção.

— Tudo bem. — falei baixinho tentando disfarçar minha frustração.

— Hey gatinha, não fique assim, assim que acabar aqui vou até sua casa e poderemos continuar de onde paramos, não esqueça, agora você é minha, e teremos todo tempo do mundo para nos aproveitarmos.

Enquanto ele falava, ele fazia um carinho na minha cintura, o que estava dificultando para eu sair de seu colo.

— Está bem. — Sai de cima dele, mas ele me puxou para um selinho.

— Você não me escapa, não vai se livrar de mim, está me ouvindo?

— Uhum.

— Boa menina, agora vá, e não precisa pagar os sorvetes, o Innie já sabe.

— Okay.

— Até mais tarde gatinha.

— Até Minho.

[...]

Sai do escritório dele e meu estomago revirava, meu rosto estava queimando, então fui para casa, dei os sorvetes do Ken, peguei o meu e fui para meu quarto e assim que me deitei na cama meu celular vibrou.

Era uma mensagem dele.

“Tome seu Aiseukeeeulim enquanto pensa em mim, e já, já estaremos juntos de novo.”

Eu me senti derreter na cama como se eu fosse o sorvete que ele me deu, era isso, o Lee Minho tinha razão, eu era dele e de mais ninguém e agora esperarei por ele ansiosamente, pois eu quero mais que tudo senti-lo mais uma vez.