I'm Not the Enemy

Capítulo 47- Morte Lenta


Para achar a cura da morte lenta, a arma mais venenosa que já criamos, experimento todos os frascos que haviam no laboratório de Tony. Juntamos todos e pingamos um de cada vez sobre a minha pele. Sabíamos que a substancia que queríamos deixava a pele cada vez mais escura e fazia com que nos sentíssemos cada dia mais dispostos com a chegada da nossa morte.

—Que tipo de substancias você tem aqui?

—Nada grave. Algumas radioativas...

—Ah! –grito de dor.

A ultima gota que ele havia colocado começou a queimar extremamente.Tony segura minha mão.

—Não se mexa. –ele pede. –Estou marcando quais frascos e em quais pontos estão em você.

—Não consigo.

Parecia que algo estava arrancando a minha pele. Eu sentia agora que estava extremamente sensível. Ele pingou várias outras que me fizeram gritar de dor. Era terrível. Senti uma lágrima escapar sorrateiramente do meu olho. Era inevitável. Tudo muito dolorido.

—Bom. Alguns ácidos, bases, venenos. –Tony continua.

—Está acabando?

—A ultima. –ele diz.

Foram 23 gostas no total. Quando abaixei a minha camisa senti todas as dores ao mesmo tempo. Eu provavelmente teria algumas marcas por uns dias.

—Está tudo bem?

—Estou um pouco zonza. –digo.

—Ok. Você só não pode encostar na Terra, certo? –ele diz.

Eu balanço a cabeça concordando. Seguro a caixa com todos os frascos para sairmos de novo.

—Vai aguentar cinco minutos segurando isso?

—Sim. Só vai rápido. –peço.

E novamente sinto o frio na barriga. Dessa vez fecho os olhos e me esforço muito para me concentrar na caixa em minhas mãos. Minhas costas ardiam profundamente, o que me deixava acordada e o vento dava um leve ardido. Stark finalmente parou em uma aeronave da SHIED que estava pousada em um prédio do Queens.

—Precisamos de ajuda. –pede Stark.

—O que aconteceu com ela? –pergunta um cara meio velho.

—Olha. É uma longa história. –Tony começa. Ele sabia que todos ficariam furiosos com ele porque eu testei todas substancias. –A Torre Stark está destruída e como não sabiámos qual frasco era do antidoto, Flyer optou por usar todos.

—O que? –Dr. Banner coloca as mãos na cabeça.

Me fizeram sentar em uma cadeira e me deram água. Eu só queria dormir.

—Isso é loucura. Eu queria te defender, mas está colocando a vida dela em risco. Sabe o que Steve vai fazer com você quando descobrir?

—O que aconteceu? –o próprio Capitão aparece.

Todos se calam e trocam olhares. Então paro de beber minha água e levanto. Havia uma roda a minha volta.

—Ele vai fazer nada. Porque eu estou bem. Não vou morrer. Estou ajudando todo mundo e Tony Stark também. E eu me ofereci e dei a ideia de testar todas as substancias do laboratório porque não sabíamos qual era o antidoto Steve. Já me sinto um pouco melhor.

O Capitão cruza os braços, eu vi que ele estava perdido. Mas ele suspira e diz:

—Sei que Nick Furry não vai gostar disso.

—Fury precisa dos soldados curados, certo? Está aqui, em algum lugar. –digo o encarando de volta.

Natasha chama Steve para conversar. Sabia que ele não estava satisfeito comigo. E Tony me olha surpreso por eu ter discordado de Steve. Eu estava bem! Não ia morrer. As pessoas precisam começar a pensar que não sou fraca assim, me sinto subestimada na SHIELD. Na ALRS não era assim que funcionava.

(...)

Nick obviamente apoiou Steve e xingou muito Tony e eu por termos desrespeitado o Capitão. Ele disse “ele se chama Capitão por motivos óbvios”. Ganhei um quarto normal na base da SHIELD, mas sabia que estava sendo vigiada o tempo todo. Eu podia sentir.

—Sente dor aqui? –a enfermeira perguntou quando tocava minhas costas.

—Sim.

—E aqui?

—Muita. –digo.

Eu estava deitada em uma maca nada confortável de barriga para baixo e sem blusa ou sutiã, ainda por cima sendo examinada por grupos de cientistas, inclusive o Dr.Banner

—Alguns pontos aparentemente parecem normais, mas para ela são doloridos. E tem estes pontos que claramente estão com queimaduras, por isso são ácidos e bases fortes. Podemos descartar.

—Queimaduras de segundo grau. Teve sorte de não chegar ao terceiro.

—Posso levantar? –pergunto. Meu peito estava começando a doer de tão amassado,

—Não. Precisamos limpar você, colocar os curativos.

Suspiro. Eu tinha uma reunião dos Vingadores em trinta minutos e queria tomar banho. E eu não podia tomar sozinha, então teria companhia até ficar curada. A água do chuveiro estava um pouco mais gelada e após elas cobrem minhas costas com gaze úmido.

—Como se sente? –ela pergunta.

—Bem. Muito bem. –digo. Eu estava bem para quem voltou de uma guerra.

—Ótimo. Qualquer coisa, estarei aqui.

A reunião foi bem estratégica. Listamos as possíveis ações da ALRS e o que poderíamos fazer. Não tínhamos uma ideia definida, mas tentamos. Porque não sabemos bem quem são nossos inimigos.

—Agora que a ALRS nos conhece, eles vão usar nossos pontos fracos. É sempre assim. –digo.

—Quer dizer, nossos parentes? –Clint pergunta.

—Sim. Ou pontos fracos físicos ou mental.

—Como?

—Não sei bem, porque até se soubesse eu falaria. Mas quando treinava com eles e falhava em alguma coisa, ou eles me batiam ou diziam que podiam me substituir pela minha irmã. Meu ego era meu ponto fraco. –explico.

—Eles sabem nossos poderes também, inclusive nossa arma secreta. –Romanova olha para Bruce.

Todos olham para ele. Mas como eles iriam impedir Bruce? Lembro que em Nova York eles estavam esperando que eu fizesse isso, mas acabei me virando contra eles. Mas todos na SHIELD queriam ao máximo evitar usar a arma secreta, ela era brutal demais. Mesmo que para mim, seja uma grande solução.

—Vamos encerrar. Estão todos exaustos. –Steve diz.

Concordo com ele. Vou para a minha cama. Quando eles iriam nos atacar? O que estavam preparando? Seria possível meu pai ou minha irmã tentarem me matar? Além disso, meu pai. Foram dois anos sem ele. O que estava passando em sua cabeça? E ele nem parecia sentir a minha falta. E depois de toda minha adolescência que perdi...

—Flyer. –uma voz delicada me chamou.

Parecia a voz da minha mãe. Ela tinha alguma coisa para me dizer. Nesse momento senti uma tremenda falta dela. E então sinto um golpe gelado em mim, meu corpo se molha inteiro por água e levando em um pulo assustada. Me encolhendo.

—O que? O que? –digo me abraçando olhando para os lados assustadas.

Eu estava no meu simples quarto da SHIELD e havia no mínimo quatro pessoas no meu corpo, mais a minha frente Dr. Banner com um balde de água. Meus olhos começam a arder e lágrimas caem ali mesmo, e eu não sabia o porque.

—Flyer! Está bem?

Vejo embaraçado a imagem de Bruce, Steve, da enfermeira e Natalia. Estava tudo claro demais, meus olhos estavam sendo forçados. Sinto sede e uma enorme vontade de vomitar qualquer coisa que estivesse no meu estomago.

—Ela está em estado de choque. –a enfermeira diz tocando minha pele. –Flyer? Flyer?

—Flyer? –Steve me chama e vira meu rosto para olhá-lo.

Ele me carrega e junto com a enfermeira me levam a sua sala. Lá ele com as mãos e a enfermeira e Bruce com tesouras cortam minha roupa. Colocam as minhas pernas para cima, me dão cobertor e água. E conversam comigo o tempo todo.

—Está melhor? –Steve pergunta.

—São as queimaduras. Mas tudo vai ficar bem. –a enfermeira diz. –Você me disse que estava se sentindo muito bem, não achei que teria estado de choque.

—É porque uma das substancias tem o efeito de bom estar. –Bruce explica.

Steve senta ao meu lado e pega a minha mão. Olho para ele e sorrio, ainda bebendo minha água que ele me dava no copo. Minha visão já estava mais nítida, apenas meu corpo que estava frio, mas tinha a sensação que ele estava quente.

—Estou bem. –digo pela primeira vez. –Estou bem.

—Ótimo. –Bruce sorri. –Pode falar?

—Disse que estou bem. –repito impaciente e Steve ri.

—Vou pegar uns papeis. Preciso que responda algumas coisas. –ele sai.

Reviro os olhos. Então a enfermeira diz que vai pegar minhas roupas, já que eu estava semi nua. E fica apenas eu e Steve. Eu queria levantar e esticar minhas pernas, aproveitando que nenhum médico estava na ala.

—Ok. Estou com muito calor e quero levantar. –digo puxando minhas cobertas.

-Flyer, você quis se colocar nessa situação, então... –ele estica o braço na minha frente me impedindo de levantar. –Precisa escutar a enfermeira.

—Steve. Quando vai perceber que se eu não fizesse isso vários soldados vão morrer? E eu não vou morrer, droga. –digo brava. –Estou com calor.

Sacudo minhas pernas, brava. E me ajeito na cama desconfortável. E olho para Steve irritada. Ele me observava com um olhar divertido. Então imagens do dia repassam em minha cabeça.

—Porque diabos me acordaram com água fria?

—Sabe que horas eram? Mais de 20 hoas da noite. Você dormiu o dia inteiro. Te chamamos, te balançamos, mas você...

—Estava sonhando. –explico.

—Um sonho bem pesado. Alguma coisa interessante?

Desvio do olhar dele. A resposta era obviamente sim, estava sonhando com a minha mãe e senti uma estranha falta dela, já que nunca fomos próximas. Mas eu não queria falar sobre isso.

—Fome. Estou com fome. –digo.

—Aqui está sua roupa. –a enfermeira diz.

—Bom, eu vou... –Steve se levantou.

—Steve. Fique. –eu seguro seus braços.

Viro de costas para ele e coloco minha blusa de manga comprida azul escura. Sinto sua presença atrás de mim, suas mãos tocam minha cintura e ele me faz virar para olha-lo. Seus olhos semi cerrados, ele se aproxima lentamente, a mão dele me puxa pela cintura e eu me ajeito.. Mas barro seu rosto encostando a minha testa na dele.

—Não. Estou doente.

—Está com calor e fome também. –ele completa.

Eu rio me levantando, vestindo apenas a blusa azul escura e a calcinha preta. Vou até a pia próximo a cama, jogo água no meu rosto. Então reparo na blusa. Era o azul marinha com o símbolo da SHIELD. Minha cabeça ficou perdida. Acho que encarei o símbolo por dois minutos, até Steve perguntar se eu estava bem.

—Sim. –digo me secando com a toalha. –Nunca imaginei que um dia eu usaria o uniforme da SHIELD.

—Bem vinda.

Olho para ele com um olhar mortal. Escutei coisas terríveis da SHIELD a minha vida inteira, fui formada para odiar aquele lugar. Ser bem vinda ali era irônico demais para mim.

—Vamos chegar na base em alguns minutos. –avisa Bruce gritando do outro lado da porta.

—Então vamos.