POV Clarisse

O jogo estava ganho, não me resta qualquer dúvidas sobre isso. Bem, se ignorássemos a parte inicial do jogo em que o chalé de Ares e o de Atena quase lutaram entre si. Tenho que admitir que seria uma luta interessante de se ver, mas é claro que eu estava muito tranquila, Ares venceria Atena.

A questão é que não foi nem preciso uma briga, por fim conseguimos nos resolver até que bem. Ares deixou que Atena bolasse o plano como bem entendesse, e Atena deixou que nos ficássemos com a dianteira. Bem, estava tudo fácil demais.

O maior problema é encontrar e droga da bandeira. Estamos em vantagem quando a guerreiros fortes e estrategistas, mas onde essa gente colocou a merda da bandeira?

Tinha me separado do grupo para procura-la, felizmente eu havia crescido nessas florestas, sabia exatamente onde cada coisa ficava. Se eu a encontrasse entes do chalé de Atena... Isso sim seria uma vitória! Vencer Atena em seu próprio time!

A parte ruim é que eu havia sido seguida por um pirralho novato do chalé de Dionísio. O garoto era pelo menos quatro palmos menor que eu e devia ter uns 10 anos de idade, o capacete de guerra ficava enorme em sua cabeça minúscula.

–Anda logo Shelinton, se você se perder eu não vou procurar por você! –eu disse novamente o apressando.

–Eu estou indo, e meu nome é Sheldon, Clauvisse.

–Clarisse, sua peste!

–Voce pode errar o meu nome mas eu não posso errar o seu? –ele cruzou os braços, em um gesto infantil que teria sido fofo aos olhos brilhantes e tontos das filhas de Afrodite, mas para mim foi extremamente irritante. –que injustiça!

–Injustiça vai ser quando eu pegar você e...

–Clotilde!

–É Clarisse, merda! –virei violentamente, ao ver que Sheldon também havia parado logo atrás de mim, com um olhar horrorizado. –o que foi? Temos que andar logo!

–Clarisse... –ele acertou o nome, nesse momento percebi que a coisa era séria. –e-eu acho que eu achei um cara morto.

–Não tem nenhum cara morto Sheldon, ninguém morre na caça a bandeira a anos. Nem você é capaz de morrer aqui.

Ele inclinou a cabeça pro lado, o que parecia um gesto misturado com dúvida, medo e nervoso.

–Tem certeza? Ele parece estar meio verde....

–Voce está falando sério? –corri até ele, e vi que Sheldon tinha mesmo razão. Cheio de sangue e inconsciente no chão, e realmente com a pele entre o terrivelmente pálido e o esverdeado doentio, estava Percy Jackson.

–Meus deuses... Por Ares! –empurrei o garoto para trás enquanto avançava pelas arvores até Percy. –O que você aprontou, Jackson?

Toquei sua testa e descobri que ele estava terrivelmente quente, não era filha de Apolo, mas a coisa estava feia, e a camiseta laranja do acampamento já inteira vermelha de sangue e o cheiro azedo de veneno confirmavam minha suspeita.

Posicionei meus dedos em seu pescoço... Que merda, nunca soube fazer isso direito! Finalmente, ali estava, seus batimentos cárdicos estavam lá, ele estava vivo. Mas... não poderia ser normal.

Coloquei meu dedos em meu próprio pescoço, estava rápido devido ao pânico, contudo, os de Percy estavam mais fracos, muito mais fracos. Chagavam a quase parar.

–Que droga, Jackson! –resmunguei para mais para mim mesma do que para o corpo imóvel do garoto o chão. –cada hora horrível que você inventa de morrer, garoto! Uma guerra inteira e você era o senhor invencível, agora no jogo da bandeira você me aparece assim?

–Hum, Carmen? –Sheldon tentou.

Considerei a ideia de carrega-lo até a casa grande, mas com todo o sangue que estava perdendo e a posição estranha de sua perna isso não poderia ser uma boa ideia, mas eu não poderia deixa-lo ali também. Passei um de seus braços por meus ombros e o segurei pelo quadril, mas ele estava inteiramente inconsciente, não estava simplesmente fraco, então tive o peso inteiro de Percy Jackson sobre mim. E, cara, ele não era leve! Mesmo assim, me esforcei ao máximo para tentar fazer com que sua perna quebrada não tocasse o chão. Ao ver minha dificuldade, Sheldon se pôs para ajudar, segurando-o pelo outro braço, o que não ajudou muito devido a sua pouca altura comparada a minha e a de Percy, mas resolveu o problema do peso extra e da perna quebrada.

–Sheldon, segure firme e siga o ritmo de meus passos. O caso dele é urgente!

–Quem é ele? –olhei para Percy, que tinha o rosto ensanguentado caído sobre meu ombro.

–Percy Jackson, o maior idiota que já conheci.

...

POV Percy

A consciência parecia me atingir aos poucos, mas antes mesmo de abrir os olhos, senti uma terrível dor preencher todo meu corpo, a cada respiração lançava uma nova onda de dor para todo ele.

Quando finalmente abri os olhos, percebi que estava deitado em uma cama, mas não era a minha cama, e sim a da enfermaria do acampamento. Então finalmente me lembrei o que tinha acontecido, algo sobra uma aranhazila me atacando, veneno, muito sangue, e lá estava eu.

–Eu já disse tudo que eu sabia! –ouvi a voz ao longe, só poderia ser Clarisse.

–Conte novamente, por favor. –era Grover, sua voz era suplicante e nervosa. –como encontrou ele?

As vozes vinham de algum lugar atrás de mim, eu não tinha forcas para me virar.

–Pela decima vez, eu estava com o pirralho do Sheldon e ele disse que tinha achado um cara morto...

–Ele não está morto!

–Eu sei disso, você sabe disso, mas o garoto não sabia no momento. –ela estava sem paciência alguma, e pelo tom de voz que usava, faria Grover se encolher em um canto da sala normalmente, mas sua voz permaneceu firme.

–Eu sei.

–Posso continuar? –Grover não disse nada. –a questão é que e eu conferi os batimentos cárdicos e estavam lentos, a pele estava pálida e até meio verde, eu suspeito que tenha sido veneno. Ele estava todo manchado de sangue, sangue fresco. Não estava lá a muito tempo, ou provavelmente também estaria morto.

–Que droga, que droga, que droga. –ele repetia.

–Tem sorte de eu tê-lo encontrado, ou ai sim ele estaria morto.

–Dá pra parar de falar que ele vai morrer?

–Se não encontrarem néctar ai sim ele vai morrer!

Fecho os olhos novamente, tentando me concentrar na gritaria atrás de mim e tentando não desmaiar novamente.

–É feio bisbilhotar a conversa dos outros, Cabeça de Alga. –encostada a cabeceira da cama, tão silenciosamente que eu nem se quer a havia notado, estava ela, com os cabelos loiros presos em uma trança, e olhos cinzas preocupados. –sabe, você ainda baba em quanto dorme.

–Annabeth? –Minha voz sai roca e fraca, mas não posso conter a felicidade de vê-la aqui. –Meus deuses, você está bem?

Ela dá um sorriso triste.

–Você quem está na cama da enfermaria, Percy, não eu. –ela diz. –estou ótima, como você está?

–Estou ótimo. –menti, enquanto tentava me levantar, e me arrependi no mesmo momento, quando uma onda de dor horrível passou por mim.

Ela tocou o meu ombro, me empurrando levemente para cama, o que eu agradeci por não ter tocado o ombro machucado, apesar de todo meu corpo parecer terrivelmente machucado. Estava tão fraco que não foi necessário mais que um toque para que voltasse a me deitar.

–Da pra ver o quão ótimo você está. –ela disse.

–O que aconteceu?

–Me diga você. –ele disse. –Grover me disse que Clarisse encontrou você semimorto na floresta a três dias...

–Tres dias? Estou inconsciente a três dias? –ela acenou com a cabeça.

–O que aconteceu lá?

–Uma aranha gigante. –digo. –me pegou de surpresa e me encurralou, eu a matei mas era tarde, ela tinha dado o bote.

–Isso explica o sangue e o veneno. –disse.

–Nunca vi um monstro daqueles na floresta.

–Não era para estar lá. –ela diz. –Quíron disse que o que quer que tivesse lhe atacado estava lá provavelmente por causa da guerra.

–Da guerra?

–Muitos monstros fugiram depois da derrota de Cronos, muitos monstros que estavam com ele estavam desaparecidos. –ele explica. –Arranha gigante? Só pode ser uma filha de Aracne.

–A deusa das aranhas? –acenou com a cabeça.

–Você está fraco, Percy, muito fraco. –ela admite.

–E o néctar? Não pode me ajudar? –nega com cabeça.

–Você se lembra na festa depois da guerra quando pediu a Thalia um pouco de néctar? –aceno com a cabeça. –quando ela disse que havia pouco, não era modo de dizer, Percy. Nos não temos néctar para cura-lo. –ela diz com a voz em um tom doce e preocupado que eu nunca havia ouvido antes.

–Mas eu posso me curar sozinho, não é? Com o tempo, como uma pessoa comum?

–O veneno ainda está em suas veias. –admite. –vários filhos de Apolo vieram visitar você nos últimos dias, você parece ficar cada vez pior.

Engulo a seco quando ela termina de falar.

–Annie, onde você esteve? –pergunto. –você fugiu por minha causa, não foi?

Ela toca meus cabelos em um gesto carinhoso, mas afasta as mãos logo depois.

–Não vamos falar sobre isso, ok?

–Sinto muito. –digo. –pelo o que eu disse naquela noite, eu não devia...

–Está tudo bem. –ela diz. –sinto muito também, mas vamos deixar esse assunto para lá, ok?

–Ok... –sinto minhas pálpebras ficarem cada fez mais pesadas. –Annie, você vai ficar aqui?

–Até que você me peça para sair.

–Então não saia, por favor...

Perco a consciência em seguida, mas não antes de ouvir Annabeth dizer:

–Não irei.