— Para de tremer!

— Eu não estou tremendo!

— Está sim Lua, olha a sua mão! Para!

— Calma aí! Eu vou parar, uma hora eu paro – ri. – Isso, ri da minha cara mesmo, vagabundo! Não viajo mais contigo se for para ficar tirando uma com a minha cara.

— Ok, ok, não vou rir mais se você parar de ter medo de avião.

— Já viu quantas coisas dessas caiem?

— Já viu quantas voam e nunca tiveram um acidente? Com certeza é mais do que a quantidade que caí.

— Ok, você venceu! A gente vai demorar?

— Um pouquinho.

— Achei que Jake fosse me buscar no aeroporto.

— Para que? A gente chegou na mesma margem de tempo.

— Ah, sei lá.

— Você gostou do Jake?

— Gostei, ele é um cara bem legal.

— Então ele vai ser responsável por você sempre que estiver comigo, certo?

— Quer dizer que ele vai ser meu segurança e motorista? Sempre que eu viajar com você?

— Isso, tudo bem?

— Tudo, já disse, gosto do Jake.

E enfim Lua começou a se acalmar, tentei rir discretamente disso enquanto reparava no transito a nossa frente. Eu gostava de vê-la tão nervosa por viajar de avião, sempre ficava com os nervos a flor da pele, em qualquer viagem bem mais longa aposto que ela iria beijar o chão e dizer: “Enfim terra firme!”. Se eu não soubesse o quanto ela é controlada, esse com certeza viraria um sonho.

Não se engane, não fiquei nada bem com aquela história de “Joe”, pelo contrário, saí batido da casa dela, furioso, revoltado e emburrado com tudo. Não consegui sequer pregar o olho durante a viagem, estava inquieto, mas de boca calada para não responder ninguém mal. Eu não podia falar com ninguém, não queria nem citar com a minha mãe sobre isso, ela gosta da Lua e ela é mulher, sei lá, isso podia interferir em alguma coisa. Scooter ia simplesmente adorar e enfiar na minha cabeça milhões de motivos para eu largar Lua, já que os dois se odeiam desde a primeira vez que se bateram o olho, então a minha última escolha era Ryan, o problema era que tinha que esperar chegar ao nosso primeiro destino para falar com ele, só que eu estava muito impaciente.

Como se não bastasse, esperar atravessar o mar todinho do Canadá até Londres, eu tinha que esperar todos saírem e me esforçar a ser o mais discreto possível para dizer ao Ryan que precisava conversar com ele, mas eu queria mesmo era explodir de vez e foi isso que fiz assim que todos saíram do meu quarto – nunca detestei tanto ter uma equipe tão grande.

Expliquei o problema, sem para quieto no lugar, gesticulando e falando rápido até eu notar que é exatamente assim que Lua faz, então sentei ainda mais irritado, com ela, com a minha falta de informação, com tudo! Mas minha perna não parava quieta, a esquerda ou a direita sempre ficavam batendo no chão, ou era a minha mão, esquerda ou direta batendo no joelho, enfim, a palavra “quieto” era a última coisa que combinava comigo. Eu estava furioso!

Apesar de tudo, foi bom ter esperado esse tempo todo para conversar com Ryan. Eu pensava em explodir e perguntar a ela de onde saiu esse tal “Joe” logo de cara, mas Ryan me convenceu a não fazer isso, só ia ser pior. No final das contas ele me acalmou, me deu a ideia de “comer pelas bordas”, ou seja, ser indireto com tudo e descobrir aos poucos, porque, se Srta. Houston não me disse sobre esse cara, se eu chegar do nada perguntando, ela não fala mesmo! Além de que, Lua odeia que peguem no pé dela, com ela aprendi que tudo tem seu tempo e hora, as coisas acontecem quando devem ser, uma hora ela me conta, quando julgar ser a hora certa, quando estiver pronta.

Foi assim com a história da Louise, o que me fez com que me sentisse um burro por não ter pensando nessa sugestão que Ryan me deu, sabendo que com ela era assim. Quase perdi Lua várias vezes antes que Luka me contasse o que aconteceu, cara, o Luka precisou me contar! Se não, só Deus sabe quando eu ficaria sabendo e o quanto coisa já teria acontecido até que ela me contasse que Louise James era simplesmente a pessoa que mais a odiava – e vice-versa – porque causa do Erik e mais aquele bla, bla, bla todo. Se bem que, quando Luka me contou eu já estava caidinho por ela, ou melhor, já tinha despencado de um precipício! Sabendo ou não, eu só queria a Lua.

Ryan me acalmou, muito e esse tempo todo longe de Stratford me deixou mais calmo, para eu executar o plano melhor. Era eu, era ela, era nós dois, juntos, como manda o figurino e anda sendo, mas eu não ia sossegar até descobrir até as virgulas que ela esconde. Essa coisa de “Garota Misteriosa de Nova York” já acabou com a minha paciência, podia até continuar sendo, eu não ligava tanto até agora, mas esse nome me deixou realmente curioso. Ela vai me dizer, ou eu vou descobri de um jeito ou de outro, nada mais de segredo.

Uma música começou a tocar do nada, enquanto eu tentava descobrir de onde surgia o som, Lua encarava o transito a nossa frente completamente distraída.

— Lua... Lua? Hey, amor?

— Hum? – ela me olhou, tive uma vontade grande de comentar sobre ela ter atendido justamente quando chamei de “amor”, mas foco no toque.

— É o seu celular que está tocando? – ela parou, alienada e depois começou a olhar para o banco e tatear o short.

— É, agora... achei! – e atendeu. – Alô? – estava alto, eu conseguia ouvir o a voz sair do outro lado, mas não conseguia entender. – Harper? Meu Deus! – ela riu – Você só liga nas horas mais inconvenientes sabia? Quando estou entediada, encarando o teto do meu quarto, abandonada na vida, você não liga né? Srta. Collins? – que dramática! Aposto que Harper disse a mesma coisa. – Por que está sendo inconveniente agora? – ela me olhou séria. – É que eu to fora de casa – e ela voltou a rir. – Ok Har, posso te ligar depois? Sério, agora não posso falar com você – Harper começou a falar sem parar, Lua me olhava rindo e revirando os olhos ao mesmo tempo e nada da menina ficar quieta, até que eu entendi apenas uma frase na conversa toda: “Eu te mato ok?” – Ok, Harper, já entendi. Prometo te ligar assim que puder ta? Agora tchau – ela deu um tempo e desligou.

— Essa sua amiga parece ser uma comédia.

— Uma comédia das bem tagarelas, devo confessar – rimos.

— Pelo jeito você não falou nada para ela né? – abaixou a cabeça e negou. – E quando pretende fazer isso?

— Eu não sei, é meio complicado chegar para uma fanática e dizer: “Eu namorava seu ídolo sabia? E agora estamos juntos de novo” – ela fez uma voz diferente e eu ri, até ela soltou um sorrisinho.

— Mas uma hora você vai ter que contar.

— Eu sei – levantou a cabeça – e isso me apavora! – ri.

— Por quê?

— Ela é tagarela e louca! Vai saber né.

— Falando nisso, bom, não sei se tem muito a ver, mas e seu pai?

— O que tem ele?

— Ele não fala nada de nós dois? Ele nem de longe olha para mim como o pai de uma menina que eu namorei há uns bons anos atrás.

— Meu pai não tem motivos para isso, ele sabe que eu não vou vacilar e também, por que teria? Deveria sentir é orgulho de eu ainda estar com o meu primeiro namorado – ela riu.

— Primeiro? – assentiu. – Mas e aquela parada do Erik que me contou na França?

— Aquilo não teve nada a ver. A história é assim: conheci o Erik com uns 13 para 14 anos, aí eu comecei a gostar dele e aconteceu aquela coisa toda com a Louise que você já sabe, humilhação pública e bla, bla, bla, até que o encontrei poucos dias antes de se mudar para Chicago, ele se disse arrependido, me pediu desculpas e me beijou. Ok, cerca de um ano depois você apareceu, a gente namorou e brigou, até que namorei o Taylor, não sei se conta, mas foi oficial por um mês, aí voltamos e eu me mudei, mas isso você sabe.

— Dã – ela soltou uma risadinha nasalada. – Mas e em Nova York?

— O que tem?

— Ué?... – ela abaixou a cabeça de novo e deu um sorrisinho.

— Vamos dizer que, ainda sim, ele não tem motivos nenhum para achar ruim alguma coisa relacionada a você e eu.

— Enfim chegamos! – entendo que Kenny estava ficando irritado com aquele maldito transito, então não tem como ficar irritado com ele, mas será possível? Como essa garota consegue esconder tanto?

Confesso que eu tinha me distraído tanto que nem notei o carro andando.

— Não aguento mais tanta viagem – minha mãe saiu do carro se esticando do jeito que dava.

— Ao julgar pela garagem – Lua abriu a porta para sair e assim me toquei que eu deveria sair também – a casa deve ser enorme!

— Quase isso querida – minha mãe riu e saiu da garagem entrando em casa.

A porrada de segurança que sempre está atrás de mim não chegou a entrar na garagem, além do Kenny, que dirigia o carro em que Lua, minha mãe e eu estávamos, e que sempre está perto da gente, tinha mais uns três. Um dos pegou as poucas malas que a gente tinha levado, íamos ficar pouco tempo e aquela era a minha casa, ou seja, tinha coisas minhas e da minha mãe lá, tudo, mas mulher, sabe como é, sempre tem alguma coisa para carregar, então, mala mesmo só tinha a da Lua e uma pequena da minha mãe.

Todos nós entramos e Lua soltou um palavrão baixo, mais nada além e ficou observando tudo. Tive vontade de rir, mas tentei deixar para lá.

— Subam as malas, por favor – pedi para o segurança.

— Para o quarto de hospedes?

— Não, pode ser para o meu quarto.

Fiquei sem meio o que fazer, observando só as reações que Lua tinha, nada acostumada com essa vida, acho que ela até já tinha se acostumado com as viagens, mas uma coisa é parar em um hotel outra coisa é cair a ficha que seu simples ex e agora suposto namorado tem uma mansão.

— Justin? – voltei à atenção para minha mãe. – Mostra a casa para Lua, poderia até acompanhar vocês, mas to muito cansada. Sei que os dois não vão acordar cedo mesmo, não importa se dormirem agora ou um pouco mais tarde, então, poderiam fazer isso.

— Do tamanho que essa casa é, nem dormir a gente vai – Lua disse ainda reparando em alguns detalhes. Minha mãe e eu rimos.

— Pode deixar comigo mãe.

— Tudo bem então, vou me deitar. Boa noite para os dois.

— Boa noite mãe.

— Boa noite Pattie.

— E eu vou para a minha casa – Kenny disse ao se aproximar de nós –, a gente se vê amanhã cara – fizemos um toque.

— Pode crê.

— Até amanhã Lua.

— Até Kenny!

Ele saiu, minha mãe subiu, a casa ficou vazia e silenciosa. Só para nós, aquela casa toda, praticamente, só para nós e então eu lembro que ela não me dá uma chance sequer.

— Ok então... quer ver a sala de jogos? – perguntei coçando a nunca tentando controlar minha imaginação.

— Você tem uma sala de jogos?

— Tem sala de jogos, de filme, um pequeno estúdio para trabalhar em casa, um...

— Che... chega – ela desfez a cara de incrédula – me mostra essa casa logo, se você me contar tudo vai perder a graça.

Rodamos a parte de baixo todinha e eu ria de várias caras que ela fazia e perdi a conta de quantos palavrões ela disse. Eu estava começando a acreditar que ela tinha razão quando disse que para conhecer a casa, nem iríamos dormir.

— Ali é a piscina?

— É sim, mas como eu estava dizendo, acho melhor a gente... Lua? Lua! – ela estava andando em direção a porta de vidro que dava acesso a piscina. – Lua! O que você vai... wow! – ela simplesmente arrancou a blusa. – O que vai fazer? – fui andando atrás dela

— A última vez que vi uma piscina foi quando estávamos na Califórnia sabia?

— Eu sei, mas você não vai pular... ou vai? É de madrugada! – ela colocou a blusa em uma espreguiçadeira próxima a piscina, virou o rosto e deu um sorrisinho perverso, ela parecia ter se tornado outra pessoa.

— Se quiser vir, que venha, ou simplesmente vá dormir – ela tirou o short e pôs junto com a blusa. – Eu vou entrar.

A situação era a seguinte: já estava de madrugada, a temperatura havia caído um pouco, estava um silêncio assustador lá fora e eu tinha uma garota seminua na minha piscina.

Pior! Como se não bastasse ser uma louca seminua na minha piscina de madrugada, tinha que ser a louca seminua na minha piscina de madrugada que eu mais amava no mundo e que me fazia, sem nem pensar, arrancar a roupa e pular atrás nem ligando para o quanto a água estava gelada.

Emergir e ela estava ali, parada na minha frente sorrindo e seus lábios tremiam um pouco pela água gelada e seu cabelo castanho estava totalmente jogado para trás.

— Você é louca sabia?

— E você adora isso.

— Nunca neguei essa parte – ela abriu um sorriso maior. – Por quê?

— Por que o que?

— Por que você me deixa tão louco, hum? A ponto de pular aqui sem nem pensar. Como consegue fazer com que eu te ame tanto? – pus as mãos em sua cintura e tentei me aproximar.

— Me pegue e descubra – ela sussurrou, deu um impulso para trás e se afastou de mim. Sorriu e mergulhou.

Dois adolescentes fazendo baderna de madrugada, era isso que acontecia na piscina. Nadei atrás dela e consegui segurar seu pé, ela levantou e deu um grito, quando consegui olhar ela estava com as mãos na boca e rindo. Sabia que não deveria ter gritado. Aproveitei isso para me aproximar, ela sorria e eu também, era involuntário. Fomos até a beira na piscina, a encurralei na borda e pus meus braços a sua volta para que não escapasse como da última vez.

— Eu te amo.

— Você já me disse isso.

— Eu sei, o importante é quando você vai me dizer.

— Você nunca cobrou isso.

— E não entenda isso como uma cobrança, mas...

— Cala a boca Justin, você fica melhor me beijando – eu realmente amo esse lado louco.

— Lua, Lua...

— Justin, Justin...

— Por que ainda estamos falando mesmo?

Ela riu e embolou seus dedos em meu cabelo embaraçado e molhado, aproximando meu rosto do seu e me deu um beijo tão quente que, de repente, a água deixou de ficar fria. Logo se afastou e colou suas testa na minha e sorriu assim como eu. Estávamos ofegantes.

— Você me faz querer perder a cabeça sabia?

— Notei isso assim que pulou atrás de mim.

— Fala como se não soubesse que eu viria.

— Ok, você me pegou.

A empurrei mais para a parede e ela não reclamou, só continuou com aquele sorrisinho perverso no rosto. A abracei trazendo seu corpo seminu mais para o meu nas mesmas condições e só Deus sabia as coisas que se passavam pela minha cabeça, o quanto aquele sutiã estava me incomodando por ainda estar naquele corpo, mas ia continuar lá, enquanto ela não permitir ia continuar lá. Por quê? Porque sou um frouxo e deixo com que faça tudo comigo, me deixar no limite e correr depois. Ela sempre faz e eu sempre deixo, sempre caio na mesma história, pior! Gosto disso.

— Eu posso te levar ao céu sabia? Fazer da galáxia só nossa.

— Ta se achando tanto assim Bieber? Só por que agora é famoso?

— Não estou me referindo a minha fama Houston – sorri maroto. – Nós podemos fazer o sol brilhar, na luz do luar. Nós podemos fazer as nuvens cinzas se tornarem em um céu azul. Eu sei que é difícil, baby, acredite em mim.

— Música nova?

— Não exatamente.

— Então não é para mim – ri.

— Quem dera se eu conseguisse escrever uma música sem pensar em você, shawty. Talvez assim você parasse de brincar tanto comigo.

— Mas eu não brinco com você – fez bico depois sorriu, entendendo perfeitamente o que eu quis dizer.

— Se não brincasse – me aproximei de seu ouvido –, não estaria de lingerie ainda – inclinou a cabeça para trás e riu.

Quando voltou com a cabeça, me beijou de surpresa, levantou as pernas e cruzou na minha cintura nos aproximando ainda mais. Seus dedos se embolaram no meu cabelo e depois de um tempo puxou minha cabeça para trás, provavelmente precisando de um pouco de ar, mas desci para seu pescoço, começando pela curvatura e subindo, depois descendo de novo.

E ela então afasta as mãos de mim, não me importei. Até que ela me faz o favor de desenrolar as pernas de mim, me empurrar e sair da piscina tão rápido que só me liguei quando ela já estava na porta fazendo um caminho encharcado até a casa.

— Não brinca comigo, não brinca comigo – resmunguei e me apoiei na beira da piscina, saindo de lá tão encharcado quanto ela.

Peguei minhas roupas jogadas e entrei em casa sem me preocupar em molhar o chão. Parei próximo a porta, olhei para todos os cantos e ouvi um barulho vir da lavanderia então fui até lá – era em frente a cozinha, que era o último cômodo antes da área da piscina, então não molhei muito – e encontrei a Lua vestida apenas com a blusa dela, que já estava bem molhada, toda esticada para pegar uma toalha na prateleira de cima.

— O que fez barulho? – ela me olhou ainda de ponta de pé e com a mão esticada até a prateleira. Depois sorriu sem graça e se acertou.

— Um produto de limpeza, mas já coloquei de volta no lugar. Hum... me dá uma toalha?

— Precisava nem pedir amorzinho – sorri. Fui até ela e peguei duas toalhas, uma para cada um, e a entreguei.

— Valeu.

— Tira essa blusa, ta toda molhada.

— Lá em cima eu troco, não quero ficar sem roupa por aqui.

— Ué, deu para ficar tímida agora? – Ri. – Na hora de arrancar a roupa e pular na piscina não pensou duas vezes né? – ela também riu.

— Aí que está amorzinho, se eu tivesse pensado, não teria feito – sorriu de lado, depois mordeu o canto da boca. – Droga, to sentindo frio, não era para eu ter colocado essa blusa agora! – Resmungou.

— Veste essa – joguei a minha camiseta para ela e continuei a enxugar a cabeça com a toalha.

— E o que eu faço com a molhada?

— Deixa aqui que ponho para lavar.

— Ui, diz ele que é prendado – brincou.

Ela deixou a toalha branca de canto e deslizou a blusa pesada de molhada para cima e a tirou, estremecendo de frio. Pegou a toalha de volta e continuou a enxugar o corpo e eu me encontrei imóvel, olhando a cena como um babaca prestes a babar. Colocou a minha e passou a enxugar de qualquer jeito o cabelo, bagunçando todo e fazendo uma careta para mim.

Não resisti, larguei a minha toalha de lado, voei para cima dela e a beijei, a abraçando pela cintura e a arrastando até uma espécie de mesa que tinha entre as maquinas de lavar, a puxei para cima e a sentei. Ela logo envolveu as penas entorno a minha cintura e seus braços no meu pescoço, acomodando os dedos em meu cabelo embolado ao mesmo tempo em que levava meu corpo mais próximo ao dela, e eu a trazia para mais perto, sem distância nem frio.

Logo me senti ainda mais descontrolado, mas ela não continuaria, eu sei que não. “Só mais um pouco”, minha mente dizia ao mesmo tempo que tentava me convencer a parar agora.

— Você não vai continuar, não é? – Tentei dizer, mesmo ofegante, entre o beijo.

— Isso não importa agora – ela caçou meus lábios de novo, me beijando com um gostinho de desespero.

— Importa sim – me afastei, fui para o outro lado da sala, virado para alguma quina e com as mãos apoiada em duas maquinas de lavar. Respirei fundo tentando manter o controle e me acalmar.

E ela riu. Simplesmente gargalhou alto depois de um tempo, entendendo perfeitamente a situação em que eu me encontrava.

— Está com fome? Bom, eu estou – começou a dizer como se não tivesse acontecido nada. Ouvi seus pés encontrarem o chão. – Então vou preparar algo para a gente comer enquanto você controla o “Jerry” – aposto que dava o sorriso mais cínico do mundo, arght, como ela conseguia isso? Me deixava assim tão...

Espera, ela disse o quem?

— Como você sabe disso? – fui atrás dela, que já tinha pegado algumas coisas atrás da geladeira quando parei do outro lado do balcão da cozinha.

— Ah, qual é. Toda Belieber sabe.

— Mas você não é uma Belieber.

— Pior, eu namoro o dono do Jerry – ela riu de novo. – Isso é muito broxante sabia? – Abaixei a cabeça corando violentamente.

— Elas que colocaram.

— Eu sei disso, mas não deixa de ser broxante.

— Então é por isso que não me dá uma chance? Porque acha broxante meu...

— Não – ela logo me interrompeu. – Não, não tem nada a ver com isso.

— Então por quê?

— É legal.

— É legal me deixar louco assim? – Perguntei indignado. – Que consideração você tem por mim.

— É legal me pegar com você e desculpa, mas é engraçado a maneira que perde o controle – ela sequer olhava para a minha cara, só ficava de costas mexendo com alguma coisa que eu não conseguia ver.

Fui até ela, e a abracei pelas costas.

— E se uma hora eu não desistir?

— Você não vai seguir enfrente Justin – comecei a beijar o pescoço dela, depois a virei e beijei seus lábios disposto a não parar, mas ela continuava completamente estável. Correspondia como todas as outras vezes, mas parecia que agora era mais “irônica”, como se estivesse me beijando apenas para saber quanto tempo eu me mantenho firme. Me beijava convencida, sabendo que eu ia parar.

E foi exatamente isso que fiz.

— Por que diabos com você sou tão frouxo? – ela riu.

— Não amor, tu não é exatamente frouxo...

— “Não exatamente” – repeti em resmungos e emburrado.

— Não. Você me respeita Jus, só isso, você me ama e me dá o espaço que preciso – eu estava encostado no balcão, com as mãos escoradas no mármore e o rosto virado, completamente frustrado e ela se aproximou, pôs delicadamente as mãos na minha cintura nua e me fez a olhar. – Você não é frouxo Bieber, ou melhor, de é, até que é. Se fosse qualquer outro já tinha dado um jeito, mas, você não, e é por esse motivo que estou com você e não com “qualquer outro”. – Me deu um beijo. – Não se preocupe ok? – Outro beijo. – Tudo tem seu tempo, calma.

— Você – passei meus braços pela sua cintura e a aproximei de mim –, vê se para de me enrolar – ela riu.

— Um dia – sorria – agora que tal comermos alguma coisa? Precisamos ir dormir logo né, quero ver aguentar sua rotina agitada de astrozinho teen, dormindo tarde e ainda com fome.

— Também não sei como vou aguentar, você me deu um canseira hoje.

— Então vamos comer amorzinho – ela se afastou de mim, se virando para onde estava antes.

Sentamos, comemos e rimos como se não tivéssemos absolutamente nada com o que nos preocuparmos. Depois arrumamos o que bagunçamos e subimos. Eu já sentia o cansaço eminente passear pelo meu corpo, espero que meus compromissos sejam em uma hora que eu consiga acordar.

Lua já estava evidentemente cansada também, se embolava no que dizia e bocejou incontáveis vezes da cozinha até o meu quarto. Quando chegamos, ela pegou alguma roupa no meio das coisas dela e se dirigiu até o banheiro anexo.

— Dorme assim, você está tão linda.

— E molhada – respondeu, sem nem me olhar, poucos antes de entrar no banheiro.

Aproveitei e troquei de roupa logo também, uma calça de moletom e uma regata branca para dormir mesmo e me deitei na cama. Estava quase dormindo quando ela saiu do banheiro, ta que ela demorou um pouco, mas não tanto para eu já dormir se não estivesse tão cansado.

Usava uma blusa branca de alças azuis que tinha uns desenhos e algumas coisas escritas que não me importava, e um short que era muito curto no mesmo tom de azul da alça da blusa.

Com certeza, vê-la amarrar o cabelo com aquela roupa curta me deixava mais acordado do que esperar no meio do escuro. Quase acordado demais para estar disposto a passar a noite toda acordado...

— Cuidado babar amorzinho.

— Vem cá comigo logo então – ela se aproximou e deitou ao meu lado.

— To morta!

— Somos dois shawty – nos aconchegamos de baixo dos lençóis, um no outro. – Boa noite meu anjo – sussurrei no seu ouvido.

— Boa.

Pov's Houston

Acordei até bem, apesar de ontem e de ter dormido poucas horas. A luz da manhã batia de um jeito gostoso no meu rosto, uma brisa leve passeava pelo quarto e a cama do Justin era muito confortável. Ou seja, a preguiça não queria sair do meu corpo, para a coragem me fazer levantar.

Mas, falando no Justin, cadê ele? Quando abri meus olhos, ele não estava em lugar nenhum do quarto, então me levantei, fui até o banheiro, escovei os dentes e tudo mais, prendi o cabelo direito para deixar menos pior e saí do quarto de pijama mesmo, bocejando escada a baixo.

Encontrei Justin na cozinha, melhor se fosse apenas ele, mas parecia uma reunião completa, Pattie e Scooter estavam lá e ninguém com uma cara muito legal. Scooter estava de braços cruzados e cara amarrada, mas isso não me surpreendia, o que me preocupou mesmo foi o silêncio, a expressão nada animada da Pattie e Justin, em pé e imóvel em frente ao balcão da cozinha.

— Bom dia?

— Não sei o que tem de bom menininha – olhei com raiva para Scooter, nada de surpreendente, só que dessa vez não falei nada.

— Justin? Pattie? Olá? O que foi?

— Isso Lua – Justin jogou o jornal que deveria estar em suas mãos para o pedaço do balcão ao seu lado direto, encostou as mãos no mesmo e virou a cabeça na mesma direção do jornal, com o rosto sem expressão feliz, assim como sua voz não soava nada bem.

Me aproximei e peguei o jornal com as duas mãos, logo na capa tinha uma foto de péssima qualidade e escura, dava apenas para identificar a água na parte de baixo da imagem e duas pessoas se pegando no canto esquerdo.

Essas duas pessoas eram Justin e eu.

Fiquei abismada, talvez mais do que isso, mas não menos. Não sabia o que falar, se bobear, esqueci até como me movia.

— Isso que dá a irresponsabilidade de vocês dois! Onde já se viu se agarrar na piscina em plena madrugada, quando na verdade, eram para estar descansando por sabiam que teriam um dia cheio!? Você deveria saber disso Justin e você, menininha, deveria pensar no bem do seu amorzinho não é? – Claro que para dar um sermão dessa maneira, teria que ser o Scooter.

— Cala a boca Scooter.

— Ele está certo Lua – Justin disse, sua voz não transmitia muita felicidade, também pudera com uma título desse: “Madrugada quente para Justin Bieber”. O texto que vinha ao lado da foto só era pior.

— Não disse que não está, mas a culpa não é nossa.

— Não mesmo, a culpa é toda sua.

— Como é que é Bieber? – Fiquei tão surpresa pelas palavras que saíram da boca dele, que, de repente, aprendi a me mover.

Dei alguns passos para trás, encarando Justin com a testa franzida. Como assim a culpa é toda minha? Bebeu o que antes de eu acordar para dizer uma besteira dessas? Ele se virou, molhou os lábios com a língua como tinha costume de fazer, e eu podia ver o quanto estava bravo com aquela reportagem.

- Isso mesmo, a culpa é sua Lua! Você que pulou naquela maldita piscina!

— Não te obriguei a ir atrás de mim Bieber!

— Mas você sabia que eu iria!

— Sim, eu sabia, não vou ser cínica. Mas não te obriguei a fazer nada!

— Mas você sabia! Essa sua maldita impulsividade! Esse seu jeito... – ele grunhiu – Me irrita tanto!

— Não me pareceu isso ontem à noite.

— Pode até ser, mas olha onde isso nos levou! Deve estar feliz né? Seu showzinho nos levou para a capa de todos os jornais e revistas!

— Meu o que? Showzinho? Aquilo foi um showzinho então? Ok senhor santo. É culpa minha que malditos fotógrafos tiraram uma foto raio-x da gente ontem a noite? Por que essa é a explicação mais lógica que consigo arranjar para sair uma foto dessas!

— Isso não é brincadeira Lua! Eu não posso ter coisas com isso na minha cola! – ele pegou o jornal e sacudiu quase soltando as folhas de dentro e soltou de novo, dessa vez com mais raiva, sobre o balcão.

— E claro, eu tenho que ter bola de cristal para saber que eles vão conseguir passar por aquela segurança toda e ainda pelo muro enorme lá de fora. Sim Bieber, dá próxima vez eu tento prever isso.

— Você não entende! Nós deveríamos nos prevenido.

— Não vou repetir o que acabei de dizer.

— Ou seja! Um monte de bla bla bla inútil! – depois dessa desisti de argumentar.

— Quer saber Justin? Fique aí com seu produtorzinho de merda, os dois se merecem mesmo.

Me virei e simplesmente saí de cena, cansei. Subir para o quarto do Justin não ia adiantar muito, mas o que eu poderia fazer agora? Estava em Atlanta, nos cafundó dos Estados Unidos, um tanto longe de casa.

Ok, talvez não nos “cafundó”, mas mesmo assim era longe de casa. Enfim.

Eu não tinha outra escolha, Justin saberia onde eu estava, mas isso era até bom agora, ele não viria atrás de mim até esfriar a cabeça e provavelmente, eu também não estaria de cabeça quente e irritada com essa confusão toda que deu.

Quando entrei no quarto, meu celular tocava freneticamente, então nem fechei a porta nem nada, apenas corri para procurar, achar e atender. Precisava de uma distração e dependendo de quem fosse, conseguiriam me ajudar.

Achei ele perdido na mesinha ao lado da cama e me sentei, de frente para a porta aberta.

— Lua! Lua! Até que enfim!

— Alô para você também Harper! — ela riu. – Tu ta legal?

— Até que to e como você está?

— To viva. Mas enfim, você não me parece assim tão legal não.

— É a reportagem que saiu hoje do Justin, aquilo não me deixou muito feliz não.

— Por quê?

— Ain Lua, parece que ele mudou tanto! Justin que eu conheci não faria uma coisas daquelas.

— Se agarrar com alguém na piscina? Acho que qualquer um que tem ou vai uma piscina com alguém que está pegando ou namorando, deve fazer isso.

— Aquela lá nem a Caitlin é! A gente mal notou que os dois não estão namorando mais e ele já é flagrado com alguma vadia na casa dele? Não me parece coisa que o meu Justin faria.

— Har, esse cara já tem 18 anos, é claro que ele ia trocar os “quando te vejo sinto borboletas no estomago” por “eu quero seu corpo, girl oooh”, um dia isso teria que acontecer e era obvio que não ia demorar muito. – Justin apareceu de repente, e parou no batente da porta, me parecia mais tranquilo. – Vocês, fãs, esquecem que ele é um ser humano também.

— Não esquecemos não.

— Esquecem sim, querem que ele seja só de vocês o tempo todo, e os fotógrafos o perseguem por qualquer lugar, até na casa dele, onde deveria ter privacidade, mas não tem, porque parece que só por ele ser famoso, as pessoas esquecem que ele também é um ser humano. Pior! Que é um adolescente. Ele tem uma vida fora dos palcos e isso de ficar com pessoas, na piscina ou fora, tanto faz, é o que todo mundo faz! É a coisa mais normal do mundo, mas por ele ser famoso, não pode – eu não desgrudava os olhos dele desde que apareceu.

— Não é bem assim Lua...

— É sim Har, pensa só.

— Desculpa – Justin disse sem som. Apenas assenti.

— É, até que você tem razão.

— Olha Har, ninguém sabe quem é essa garota, certo?

— Certo, tudo indica que é a mesma com quem ele estava na França.

— Mas ninguém a conhece né? – Desviei minha atenção dele.

— Não.

— Isso não deve ser à toa, talvez essa garota seja especial, ou sei lá.

— Por que diz isso?

— Será que o Bieber estaria a guardando tão bem se não fosse? Já faz tempo que há rumores dessa garota, pelo que eu saiba.

— Ih Houston, está bem atualizadinha para o meu gosto em! – Ela riu.

— Não conheço só você de Belieber, Collins, e tenho internet na minha casa ok?

— Sério que o buraco onde você mora tem internet? Eu não sabia dessa! – rimos.

— Har, tenho que ir ok? Tenho o dia meio cheio hoje, to com preguiça só de pensar!

— Você tem preguiça até de viver Lua!

— Eu sei que tenho, pior que eu sei! – Ri. – Tenho que ir. Beijos.

— Beijos.

Desliguei e voltei a encarar Justin, que desencostou e entrou um pouco mais no quarto, mas ainda distante de mim.

— Ouvi o que você disse, bom, a maior parte. Desculpa por aquilo lá embaixo? Eu estava nervoso.

— Você subiu mais rápido do que eu imaginava.

— É, minha mãe deu um jeito de me lembrar logo o quanto eu te amo. Acho que se eu não subisse logo ela me daria um tapa na cara – ri de leve.

— Duvido que Pattie faria isso.

— Bom, ela disse que faria, achei melhor não duvidar – ele sorriu de lado e eu ri mais um pouco.

O clima ficou um pouco mais tenso de novo, abaixei a cabeça e molhei os lábios com a língua.

— Desculpa pelo meu ataque de ontem, a gente realmente deveria é ter vindo dormir.

— Mas você realmente não poderia adivinhar. Nem eu. Desculpa por agora pouco.

— Idem.

— Estamos bem?

— Tranquilamente – sorri.

Ele veio na minha direção, só não chegou até a cama. O chão estava limpo, não tinha pano nem nada molhado, Justin estava descalço, mas mesmo assim escorregou caindo com tudo no chão.

— Ai! – resmungou e eu soltei uma gargalhada alta e escandalosa, foi inevitável. – Não ri não! Minha bunda ta doendo agora! – ele mantinha as palmas das mãos viradas para baixo, apoiados no chão, as pernas esticadas e abertas enquanto fazia caras e boca e soltava gemidos baixos.

— Seu fracote reclamão! – saltei da cama para seu colo ficando de joelhos, abracei seu pescoço e embolei as pontas dos meus dedos em seu cabelo.

— Te amo demais sabia? – assenti sorrindo e mordendo levemente o lábio inferior. – E... a noite passada foi... – ele levantou os olhos, procurando a palavra certa para completar a frase – excelente.

— Também acho – o beijei, daquele nosso jeito certo, e em questão de pouco tempo estávamos completamente envolvidos.

Suas mãos passeavam pelas minhas costas, uma das minhas mãos se embolavam em seu cabelo só para não perder o costume, enquanto a outra apenas o colava mais comigo. Eu estava mais alta por estar ajoelhada, então subia e descia no ritmo que o beijo rolava.

— Acho melhor – Justin arfou e voltou a me beijar antes de terminar a frase – parar – arfou e beijou.

Me afastei e arqueei a sobrancelha.

— Que foi? Não quero que o Jerry se anime de novo – ele mostrou as mãos se rendendo depois voltou a deixá-las no meu quadril. Justin sorriu e eu ri.

— Definitivamente, isso é broxante! – ele riu.

— Eu sei. Eu sei. Mas é bom que acaba com esse clima de vez.

— Agora você ta sendo broxante.

— Ah ok, falou a garota que ia me deixar animadinho e ia pular fora – ri da cara de indignado.

— E se dessa vez eu não caísse fora?

— Fala como se eu não soubesse. Te conheço amorzinho e de qualquer jeito, está cedo, minha mãe e Scooter estão lá em baixo, eles viriam nos ver se demorássemos muito não acha? Não queria que minha mãe visse isso.

— E Scooter não iria ficar muito legal também não. A última coisa que preciso é daquele mala ainda mais no meu pé. Ainda bem que pensa amorzinho! – dei um selinho e continuei a arranhar de leve sua nuca.

— Não fala assim do Scooter.

— Ah, qual é Justin! – me levantei. – Não defenda o cara.

— Lua, eu devo agradecer a tudo ao Scooter, ele me que trouxe até aqui! – ele se levantou também.

— Eu sei disso Jus, e também sou grata com ele por causa disso, mas você sabe muito bem que ele não vai com a minha cara e só não me ferra, porque não encontrou um jeito de não te ferrar também.

— Scooter é um cara legal, se você fosse menos marrenta talvez conseguiria ver isso.

— Talvez se o problema fosse apenas comigo, quem sabe? Qual é! Se eu não tivesse indo embora Justin, será que você estaria aqui? Por que você e eu sabemos qual foi a condição dele! – Eu não deveria ter falado isso, estava mais irritada que Justin, que se mantinha calmo ao falar comigo, mas isso poderia acabar com a merda que acabei de soltar, então a gente ia discutir de novo e mais toda aquela coisa cansativa de sempre.

Baixei o tom rapidinho e comecei a ficar ofegante, com medo que a gente acabasse brigando sério de novo como há alguns minutos, mas Justin só balançou a cabeça, fechou os olhos brevemente e respirou fundo.

— Ok, certo. Mas tenta manter a paz com ele, por favor, por mim amor. – Assenti me rendendo. – Agora, meu amor – ele veio até mim e segurou minha cintura – seja uma boa menina e vá se arrumar, porque temos compromisso hoje.

— Você tem compromissos Sir Astrozinho – ele fez uma careta e depois sorriu.

— E você vai comigo – ele me deu um selinho – porque é minha namorada linda – e outro, depois olhou para cima pensando –, bom, quase isso – ri.

— E o que não aguento por você em? Scooter, paparazzi...

— É porque você me ama! – colou nossos corpos e me beijou.

— Certo! – me afastei, antes que a gente começasse se agarrar de novo. Assim não sairíamos do quarto hoje ainda. – Acho melhor eu me arrumar e depois comer algo.

— E eu vou comer algo depois me arrumo.

Viemos para Atlanta para gravar uma música e curtir só um pouco, antes de voltar para casa e escola. Chegamos na sexta de noite, hoje, no sábado, íamos gravar a tal música – isso duraria o dia todo – e no domingo a gente ia curtir alguma coisa de manhã – ou só dormir do jeito que nós, provavelmente, vamos estar cansados – e ir para casa, chegando a Stratford mais ou menos no mesmo horário que chegamos aos Estados Unidos.

Tomei banho e coloquei uma muda de roupa que tinha justamente separado para isso. Usei a mesma sandália que cheguei, não queria usar muito espaço colocando um tênis ou outra, coloquei um short jeans claro e uma camiseta larga na cor verde. Deixei meu cabelo lavado, solto para secar, coloquei o colar com pingente de J para dentro da roupa, um lápis de olho só porque não vivo sem e quando saí do quarto, trombei com Justin.

Nós rimos. Nos beijamos. Ele entrou no quarto para se arrumar. Desci para tomar café. Nos encontramos. Fomos enfiados na parte de trás de um carro escuro. Chegamos à gravadora.

Foi um abraça, abraça e olá, olá de várias pessoas que nunca vi na vida. Fiquei quieta, perto do Justin meio assustada com aquela confusão toda, até que chegamos à sala que a música seria gravada. Mama Jam estava lá, Ryan, Scooter e um carinha que mexia no equipamento todo – que pela falação e cumprimentos, deveriam se conhecer faz tempo. Eles falaram comigo e eu falei com eles, me sentia à vontade ali, talvez porque sabia que ninguém me entregaria para o primeiro jornal que quisesse pagar qualquer merreca para saber quem é a namorada de Justin Bieber.

Certo, acho que a manchete de hoje de manhã me traumatizou ainda mais.

Justin entrou na cabine e eu me larguei no sofá. Scooter, o carinha dos aparelhos – acho que se chama Blaine – estavam enfrente a mesa de botões. Mama Jam também estava lá, ela tinha entrado na cabine e treinado com Justin alguns exercícios para as cordas vocais e estava enfrente ao vidro também, como se estivesse conferindo que a voz do Jus estava realmente boa para as gravações.

E eles ficaram lá, gravando, cantando, dizendo e redizendo letras, Justin aumentava e baixava o tom, abria e fechava os olhos, repetia mais e mais vezes o mesmo trecho e isso se repetia nos trechos a seguir. Eu sinceramente não prestava muita atenção, Ryan foi a minha companhia a maior parte do tempo. Justin notou que eu não estava ligada muito no que ele estava fazendo, então, depois de horas largada no sofá, eles resolveram dar um descanso, Scooter ofereceu um copo de água a Justin e ele aceitou, depois veio até mim – que estava completamente distraída conversando com a Harper via SMS –, se sentando ao meu lado.

— Te chamei para prestar atenção em mim cantando mais uma música para você – ele não pareceu zangado ao falar isso.

— Desculpa, eu até tentei, mas é muito chato – o olhei de baixo e ele riu.

— É, realmente – Scooter trouxe a água, Justin bebeu um gole –, mas já está acabando!

— Promete?

— Não – ele fez uma careta. – Essas coisas nunca tem hora para acabar – fiz cara de tédio. – Mas se te anima saber, a gente já ta bem adiantado, vamos gravar ela inteira agora! – ele se levantou.

— Amém. – resmunguei voltando a minha atenção para o celular de novo, tinha acabado de chegar mensagem.

Justin arrancou o celular da minha mão, o olhei sem reação e ele me fez levantar do sofá, me segurou pela mão e fez com que eu me aproximasse do vidro como todo o resto. Jogou o copo de água fora e entrou, colocando os fones, pegando uma folha com a letra da música e se aproximou do microfone. Alguns botões depois e a introdução começou a tocar e logo ele começou a cantar.

With you, with you

I wish we had another time

I wish we had another place

Now Romeo and Juliet

Bet they never felt the way we felt

Bonnie and Clyde

Never had the highlight we do, we do

Será que ele não consegue fazer uma música descaradamente para mim? Talvez se ele não dissesse coisas como “Nunca tiveram que esconder como nós fazemos”, ninguém olharia para mim, me fazendo corar, como agora.

You and I both know it can't work

It's all fun and games

Till someone gets hurt

And I don't, I won't let that be you

É, nós bem que tentamos não magoar um ao outro, mas até hoje não sei se deu muito certo. Mas precisava lembrar Bieber?

Now you don't wanna let go

And I don't wanna let you know

There might be something real

Between us two, who knew?

Now we don't wanna fall but

We're tripping in our hearts

And it's reckless and clumsy

Cause I know you can't love me here

I wish we had another time

I wish we had another place

But everything we have

Is stuck in the moment

And there's nothing my heart can do

To fight with time and space cause

I'm still stuck in the moment with you

Querido Bieber, você não consegue ser menos obvio? Ok, ok. É obvio apenas para nós dois, como ninguém mais além de você e eu vai saber que essa música surgiu para quando estávamos na França, reclamando do tempo e da insegurança. E ah, já estamos completamente apaixonados e é, não estamos em condições disso agora, é perigoso para você e ainda mais para mim, mas quem consegue? Quando menos pensamos já estamos completamente jogados um nos braços do outro.

See, like Adam and Eve

Tragedy was a destiny

Like Sonny and Cher

I don't care, I got you baby

See we both

Fighting every inch of our fiber

Cause in a way it's gonna end right but

We are both too foolish to stop

Tolos, teimosos, burros… sim, somos tudo isso para continuar nos arriscando, mas como você disse amor: “De alguma maneira isso vai acabar bem”. Assim espero.

See like, just because

This cold world saying we can't be

Baby, we both have the right to disagree

And I ain't with it

And I don't wanna be so old and grey

And it isn't bout these better days

But convince just telling us to let go

So we'll never know

Justin parou e me olhou, sorri feliz por ele ter conseguido, ele sorriu animado, provavelmente também por ter conseguido e por eu ter prestando atenção dessa vez, e ali, nos encarando, qualquer som foi isolado como se eu estivesse dentro da sala com ele e enquanto todo mundo comemorava e diziam coisas, a gente só se olhava enquanto digeria toda a informação da música.

Até que Justin teve que se mover e o som pareceu voltar. Eu sorria feliz para coisas animadoras que diziam para mim apesar de eu não entender nenhuma das. Pessoas diziam coisas animadoras para Justin. Parecia uma festa do Grammy, sei lá.

— Hey, Scott! – Ryan entrou na sala, sinceramente nem tinha notado que ele não estava lá. Scooter o olhou para porta como todo mundo. – Me pediram para avisar que a Jessica não vai poder vir hoje – quem é Jessica?

Alguns palavrões saíram da boca do Sr. Braun.

— O que a Jessica iria fazer aqui? – Justin perguntou menos confuso do que eu.

— Espera, quem é Jessica?

— Jessica Jarrell – Ryan me respondeu brevemente, ninguém deu muita importância a minha pergunta.

— Vou fingir que sei quem é – ninguém ainda me deu moral.

— A gente ia ver a música de vocês dois agora, aproveitar que está aqui – Scooter respondeu e Justin fez um cara de desanimado, a gente estava lá o dia todo, era bem capaz que ele estaria cansado, mas apesar disso, a expressão durou pouco, ele se esforçou para aceitar qualquer coisa que estivesse por vir hoje ainda –, mas, pelo jeito furou tudo! Era importante, muito importante, fazer isso agora.

— Acho que Lua pode fazer a parte da Jessica.

— É acho que... O que!? – olhei assustada para Mama Jam, que diabos ela tem na cabeça para dar uma ideia dessa?

— Lua? – Scooter riu.

— É, eu?

— É, você pode passar a música com Justin, assim fica mais fácil para todo mundo.

— Não, posso não.

— Pode sim! – Justin se animou. – Por favor! – ele me olhou com cara de pidão e eu ainda estava desesperada com a ideia.

— Essa eu quero ver! A garotinha cantando – Scooter continuou a rir, e isso me incentivou a continuar.

Mas antes que eu respondesse, já estavam em empurrando junto com Justin para a sala – que descobri ser chamada de “aquário” –, me deram os fones, e uma folha com a letra. Mama Jam passou a música comigo lá dentro mesmo e mais rápido do que eu acharia que conseguiria aprender perfeitamente uma música, mas de repente ela saiu e só estava Justin e eu esperando o sinal para começar a cantar.

Pior, eu que começaria!

Fechei os olhos e respirei fundo, quando a música começou abri a boca para cantar.

It feels like we've been out at sea

Whoa so back and forth, that's how it seems

Whoa and when I wanna talk you say to me

That if it's meant to be, it will be

Whoa, Whoa, no

So crazy is this thing we call love

And now that we've got it

We just can't give up

I'm reaching out for you

Got me out here in the water

And I

Eu tremia feito louca no começo, posso jurar que desafinei uma vez ou outra, numa palavra ou outra, mas antes da segunda estrofe já estava completamente confiante e dando o melhor de mim, cantando feliz e deixando a música me levar como sempre. Esqueci que estavam Ryan, Scooter, Mama Jam e o tal do Blaine do outro lado do vidro e esqueci que aquilo era extremamente importante e só cantei. Só deixei minha voz acompanhar o ritmo e a letra. Apenas cantei.

I'm overboard

And I need your love

Pull me up

I can't swim on my own

It's too much

Feels like I'm drowning

Without your love

So throw yourself out to me

My lifesaver

(Lifesaver, oh lifesaver)

My lifesaver

(Lifesaver, oh lifesaver)

No refrão, Justin cantou e deixei a voz dele sobressair a minha – apesar de que minha voz era mais grave do que a dele, então deveria acontecer o contrário, mas era a voz dele que tinha que estar em destaque e não a minha.

I never understood you when you'd say

Wanted me to meet you halfway

Whoa felt like I was doing my part

You kept thinking you were coming up short

It's funny how things change cause now I see

Whoa, Whoa

E foi a vez dele cantar sozinho, a primeira estrofe era diferente, mas a segunda era a mesma que cantei. Eu queria ter olhado para ele naquele momento, mas estava concentrada na música e tinha certeza que era melhor continuar assim. Eu gostava de ver Justin cantar, ele como menino, ele como cantor profissional, tanto faz, apenas gostava então tive medo de me desconcentrar completamente.

It's supposed to be some give and take I know

But you're only taking and not giving anymore

So what do I do (So what do I do)

Cause I still love you (I still love you baby)

And you're the only one who can save me

Nós dois cantamos, nossas vozes se misturaram e depois combinaram separadamente, com cada um cantando um verso – ou uma parte do verso – então o refrão de novo, fomos a tons mais fortes, mais “intensos”, dando mais emoção ao que estávamos dizendo.

E então acabou, nos olhamos ofegantes e satisfeitos, depois olhamos para o pessoal do lado de fora. Ryan e Mama sabiam que eu cantava, então sorriam, diferente do Scooter que estava, praticamente, abismado. Todos em silêncio e eu não conseguia não reparar na cara do Scooter, então sorri convencida.

— Fecha a boca para não babar Scott.

Todos riram e Justin se aproximou de mim, me deu um selinho e então saímos do aquário, vieram nos cumprimentar, mais a mim, Blaine me disse que eu cantava realmente bem, o agradeci por isso, e depois de algum tempo de empolgação, disse que ia beber um pouco de água – minha garganta secou, logo ela começaria a arder – e saí da sala.

— Lua! Espera – não precisava virar para saber quem me chamava.

— Que foi Scooter? Qual é a ofensa dessa vez?

— Nada disso. Não dessa vez.

— Diz logo então! Minha garganta está seca.

— Queria perguntar se, não quer fazer um teste, sabe, para cantar.

— Não, valeu – me virei, mas ele não deixou eu ir.

— Você é boa nisso! Errei em te subestimar. Você pode ser tão boa quanto Justin, talvez mais, quem sabe?

— Cara, eu não sirvo para isso, não sirvo para essa vida que Justin leva, me canso por ele. Não sou dobrável como ele, na primeira coisa iria explodir e você sabe disso.

— E isso é uma característica boa! Uma artista explosiva... seria bem interessante.

— Mas não seria nada interessante eu acabar em uma rehab mais dia ou menos dia.

— Mas pensa que isso poderia ajudar até mesmo nesse relacionamento entre você e Justin.

— Ok Scooter, agora você pode parar de fingir que se importa – fui embora de vez.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.