I'm Here Again

1. I'm Back - Parte Final.


Quando notei, Justin estava com alguma revista na mão que eu nem vi de onde surgiu, Scooter ficava parado olhando para nós dois, no momento em silêncio e Pattie terminava nossos sanduíches. Quando ela terminou, pediu para Scooter colocar na mesa para nós dois e saiu em direção à lavanderia, ele então colocou os dois pratos no balcão uma para cada um e apoiou as mãos no mesmo encarando nós dois. Eu apenas olhei o prato e empurrei para o Justin que fez o mesmo.

– Por que vocês destrocaram?

– Ela não gosta de geleia.

– Ele não gosta de manteiga no sanduíche – respondi.

Eu estava lendo a parte de famosos no jornal, ao ver aquela nota eu sorri e o dobrei no meio, para poder ler em voz alta.

– “De volta as aulas” – li o titulo e todos os dois prestaram atenção e mim. – “O astro teen, Justin Bieber, voltou hoje para sua cidade natal, Stratford no Canadá, para o inicio das aulas daqui a duas semanas. Quando questionado o motivo que voltaria a tanto tempo antes do inicio, Justin disse que havia um motivo muito especial e esse motivo não era que ele iria voltar à escola, parando com as aulas particulares, com exceção das durante as viagens. Parece que a tal “garota favorita”, agora já misteriosa para todos nós, iniciaria nessa mesma escola. Muitas garotas da pequena cidade de Stratoford terão o prazer de estudar com Justin Bieber, mas por enquanto, nenhuma terá o coração do garoto de 17 anos, que atualmente, namora Caitlin Beadles e para nós e todos fica a duvida: Quem será essa “garota favorita”? Parece que a verdadeira dona do coração de Justin Bieber está de volta.” - fiz uma breve pausa encarando o jornal. - Que nota mais revista teen – comentei.

Sabe aqueles momentos que você é o centro das atenções sem ao menos saber o porque? Aqueles momentos que você fez algo, aparentemente simples e todos começam a te olhar? Quando você fala algo e com uma pessoa e de repente todos em volta estão te olhando? Aqueles momento que as pessoas te olham esperando algo a mais? Então, esses momentos andam acontecendo muito nessas últimas horas, como agora, Scooter e Justin ficaram me encarando depois que li a nota no jornal, esperando que eu falasse algo que eu nem sabia o que, como se quisessem ver a minha reação, mas do que?

– Que foi, oras? – Justin logo tratou de desviar a atenção e dar mais uma mordida no sanduíche, mas Scooter não quis fugir do assunto assim como Justin.

– Você não se incomodou?

– Com que?

– Não sei, talvez, o fato do Justin e da Caitlin estarem juntos?

– E por que eu me incomodaria? Caitlin é bonita e sempre foi obcecada pelo Justin, ela tem o que mais quer e eu acredito que o Justin tem juízo, então, se ele está com ela é porque quer – Justin quase engasgou, mas continuou a mastigar e se importar com o sanduíche.

– Namorou em Nova York, Lua?

– Cala a boca Scooter, nem sei porque estou falando com você.

– Quem é você garotinha para me mandar calar a boca?

– Outcha! Garotinha de novo? Eu não te devo satisfações, não te importa o que eu fiz ou deixei de fazer em Manhattan.

– Para vocês dois – Scooter ia falar, mas Justin interrompeu. – Lua, você – ele coçou a garganta –, você, realmente não se importa que eu esteja, de novo, com a Caitlin? – detalhe que ele não me olhava, parecia ter um enorme interesse no sanduíche a sua frente.

– Não.

– Sério? – ele me encarou surpreso. Eu apenas dei de ombros e revirei os olhos, depois sorri.

– Melhor eu sair daqui – Scooter foi em direção à saída da cozinha.

– Já era hora! – gritei depois sorri, ele não fez nada.

– Você gosta de provocar também, né!?

– Você fala como se não soubesse! O produtor do astrozinho da música me odeia – zombei.

– Astrozinho? É a segunda vez que você diz isso! Poxa, magoa.

– Você não gosta, não? – ele negou. – Então pode se acostumar, estrelinha.

– Estrelinha? Eita, mas algum apelidinho?

– Não que eu me lembre – ri.

– Por que “astrozinho” e “estrelinha”?

– Porque, como eu já disse, eu tinha, ainda tenho, ela ainda é minha amiga, que é muito fã sua então ou eu te zoava, ou tinha que aguentar ainda mais Justin Bieber para todos os lados.

– Você me zoava? Como assim? – ele parecia indignado. – Falava o que?

– Vai por mim, você não quer saber.

– Eu quero sim!

– Mas eu não vou te contar – mostrei a língua e ele riu.

– Por que tinha que me zoar, poxa?

– Eu não precisava que ninguém me lembrasse de você o tempo inteiro! Já era fácil esquecer que o meu ex-namorado tinha virado famoso – fui irônica. – Amigos não se escolhe e, infelizmente, Harper era sua fã quando a conheci.

– É tão ruim assim lembrar de mim?

– Só é ruim saber que nada vai ser como antes.

– Talvez seja melhor.

– Talvez pior.

– Como pode saber?

– Aí que está, eu não sei. Se as coisas continuassem como antes eu sei muito bem como seria, mas nada é como antes, o que dá medo, medo por não saber o que estar por vir.

– Talvez não tenha mudado tanto assim.

– “Talvez não tenha mudado tanto assim”? Justin, você tem fãs espalhadas pelo mundo inteiro! Tem shows quase todos os dias, está na mídia o tempo todo! Eu passei um ano longe disso tudo e agora, você é o garoto que em pouco tempo foi um dos mais vistos do Canadá pelo youtube. Talvez não tenha mudado tanto assim?

– Talvez sim – ele admitiu de cabeça baixa olhando para o prato já vazio. – Lembra do vídeo que fez mais sucesso? – ele me olhou e foi a minha vez encarar o prato com um pedacinho de sanduíche.

– Nunca me deixaram esquecer.

– Harper?

– Ela e tudo que eu possa chamar de lembrança.

– Qual então? – respirei fundo.

– “So Sick” – o encarei.

– Sabe por que fez sucesso, né? Eu sou demais – ele notou que a conversa voltava para um momento que nenhum de nós dois queríamos, para falar a verdade, eu não queria e provavelmente ele também não, então deu um jeito de mudar a conversa.

– Que convencido! Famoso e besta!

– Estou mentindo?

– Foi por minha causa! Ou você não lembra que fez o vídeo para mim – droga! Involuntariamente voltei ao assunto.

– Na época você não acreditava nisso.

– Você me fez acreditar.

Flashback on

– Tem certeza que esse é o meu vídeo? – ele se deitou ao meu lado.

– É Justin! Esse é o seu vídeo!

– Não acredito que o meu vídeo está com isso tudo de acessos!

– Mas e a verdade! O seu vídeo está com mais de 10 milhões de acessos!

– Foi porque eu fiz para você.

– Pode até ser, mas, isso – apontei para a tela – é porque você é incrível e mega talentoso.

– Você prefere acreditar nisso?

– Não, prefiro acreditar que é por mim lógico!

Flashback off

Me encontrei séria, do nada, e Justin também havia parado de sorrir, que droga, isso não está dando muito certo.

– Lua? – respondi um “hum”. – Você lembrou, não foi? – assenti. – Por que... – levantei a cabeça olhando pela báscula a parte de fora da casa.

– Ai meu Deus! Já escureceu? Preciso ir para casa! Nem sei porque a minha mãe não me ligou, ah claro! Deixei o celular em casa! Mas porque ela não veio? Obvio! Ela nem sabe que estou aqui, se soubesse também, tem tanta caixa espalhada pela casa que ela nem teria tempo! Preciso ir – comi o último pedaço de sanduíche, que foi mais engolido do que mastigado, pulei do banco e fui em direção à lavanderia me despedir da Pattie que estava escorada em uma máquina de lavar ligada com um livro nas mãos. – Sra. Pattie, já vou, anoiteceu e eu nem vi, já está tarde.

– Tudo bem querida – ela largou o livro em cima da máquina e veio me abraçar. – Obrigada pela visita, é bom que esteja de volta – é o que espero, que seja bom eu estar de volta, apenas bom.

– Obrigada, agora tenho que ir! Até mais – sorri.

– Até – ao me virar para sair da pequena sala esbarrei com Justin que eu não tinha notado atrás de mim. – Tchau, Justin – passei por ele e fui em direção à porta.

– Eu vou com você.

– Para que? Ainda moro aqui em frente.

– Por favor, né Lua!? Você fica longe um ano, pelo menos isso vai.

– Já que insiste – abri a porta e saí na rua com ele ainda atrás de mim.

– Mas então... er... eu estou sem assunto – ri.

– Relaxa, já chego em casa e nem precisamos mais falar – encarei a Ferrari em frente a casa mais uma vez, por mais que estivesse escuro eu podia vê-la perfeitamente. – Cara, não deixo de me surpreender com esse carro! Um padrinho como Usher deixaria qualquer ser humano feliz.

– Me parece que nem precisa de um padrinho famoso.

– Ah ta bom! Quem mais me daria uma Ferrari?

– Precisa ser exatamente uma Ferrari?

– Não, mas, um carro do tipo, eles são caros!

– Do tipo como?

– Onde você quer chegar? – o encarei. Ele apenas sorria e depois apontou para algum lugar. Segui meus olhos até chegar ao mesmo lugar que ele olhava e encarava. – Você está zoando!? – atravessei a rua correndo e Justin correu atrás de mim. – Pai, o que é isso? Achei que fosse buscar o nosso carro.

– O nosso chega apenas amanhã, mas não quer o seu próprio carro? Achei que iria gostar de ganhá-lo logo hoje.

– Esse Porsche é meu? – ele assentiu com um sorriso. – Sério?

– É – meus olhos já brilhavam ao ver aquele carrão amarelo parado em frente a minha casa, e brilharam ainda mais ao saber que era meu!

Comecei a pular e a gritar no meio da rua. Eu acabei de ganhar um Porsche! Meu maior sonho de consumo, meu único sonho de consumo agora é meu! E eu pulava, pulava, e gritava ainda mais.

– Para – Justin me segurou pelo braço e me puxou para mais perto, para que eu pudesse parar de pular e de preferência gritar também. – Já está tarde, os vizinhos vão começar a te xingar daqui a pouco – ele ria.

– Deixa eu ser feliz, acabei de ganhar um carro!

– Eu também ganhei um carro e não surtei tanto assim como você.

– Você e eu somos diferentes!

– Talvez por isso que damos tão certo.

– Está mais para: por isso que damos tão errado. Mas não importa! Eu tenho que ir – tentei me afastar e até conseguiria se ele não tivesse puxado meu cotovelo de volta e me abraçado.

– Eu senti sua falta, realmente senti. Já sobre a saudade eu nem comento.

– Você já disse isso e eu já assumi que senti saudades – me afastei. – Você é meu amigo, certo? Senti saudades de todos meus amigos.

– Amigos?

– É, amigos! Agora deixa eu ir, estou cansada e tenho muita coisa para arrumar! Sei muito bem o que você passou quando se mudou, as caixas e coisa e tal.

– Benditas caixas! – ele riu.

– Talvez! Cai feio aquela vez, doeu! – fiz um bico e depois ri, assim como ele. – Agora eu realmente tenho que ir. Tchau, gatinho – disse já me afastando.

– Gatinho? Achei que não gostasse dessas coisas! – ele gritou. Eu apenas me virei e dei de ombros, logo em seguida entrei em casa.

Eu esperava algo mais na minha chegada, mas na verdade, eu não sabia o que esperar. Fiquei imaginando tantas coisas e nenhuma delas aconteceram, mas hoje foi apenas o primeiro dia e eu não posso tirar conclusões disso, muita coisa pode acontecer como muitas podem deixar de acontecer. Uma vida não se resume em apenas um dia, uma história não se resume.