Jack dormia com a mão meia aberta, era como se fosse uma conchinha, exatamente o jeito que a bebê da mulher dormia, Madeleine se encostou na porta, Jack se mexeu mais um pouco e a mulher pode ver a marca que a moça carregava, uma série de eventos começou a passar pela cabeça de Madeleine, e tudo só trazia as lembranças e a mulher ficou tão mal, que precisou correr para o banheiro, a morena se trancou no banheiro e vomitou, mas não porque se sentiu ameaçada, e sim porque as suas lembranças vieram de uma vez só.

– Um banho ! Eu preciso de um banho ! – ela tira as roupas ali mesmo e entra no chuveiro gelado.

A mulher começa a chorar muito, ela acaba se sentando debaixo do chuveiro deixando a água cair, Madeleine sentiu como se a água fosse algum tipo de coisa que a punia pelo modo em que ela caia sobre seu corpo, e ao mesmo tempo estava sentindo como se tudo aquilo estava sento levado pelo ralo junto com a coisa que a punia.

– Como eu pode ser tão covarde ao ponto de deixa-la ? – ela se pergunta – eu só queria que tivesse uma chance.

~~~Flash Back 1984~~~

Chovia muito naquela noite, uma jovem de 16 anos carregava um bebê enrolado em uma manta azul escuro com fitas de cetim vermelhas. A moça usava um capuz preto, ela entra rapidamente no único lugar onde saberia que a sua filha estaria segura, a igreja estava aberta para a limpeza, Madeleine se vê desesperada, ela entra na igreja e coloca o bebê na pia batismal, ela dá um ultimo beijo na testa da criança e se vira para ir embora, mas Madeleine não contava com a presença de uma mulher. E por uma fração de segundos ela pode ver o rosto desta mulher.

– Hey ! O que está fazendo aqui ? Estamos limpando – disse a mulher saindo de trás do confessionário. Ela olha para a pia e vê o bebê que dormia – Hey ! Volte aqui de quem é esse bebê ? Quem é você ? – ela corre atrás mas a jovem já estava fora da igreja.

– Cuide bem dela, por favor – foi tudo que a moça de capuz disse para mulher.

Depois de sair da igreja, a jovem corre de volta para a casa, obviamente chorando muito por ter deixado a sua filha desamparada. Mas séria melhor assim. Ela pega uma mala e cloca todos os seus pertences, sem dar ouvidos para o seu pai que gritava.

– Onde vai ? Fazer mais um ? Onde vai deixar desta vez ? Na porta do supermercado ? – gritava Thomas.

– Não é da sua conta, para onde eu vou ? Vai ser melhor do que ficar aqui, enquanto a minha filha ? Espero que ela tenha um futuro muito melhor que o meu. – ela grita e ganha um singelo tapa no rosto.

– Deveria ter expulsado não só ela, mas você também ! – ele responde irritado.

– Não se preocupe, eu não vou ficar aqui – ela pega a mala e sai do quarto, mas antes de passar pela porta da casa ela vê uma chupeta de sua filha, ela pega e sai com o coração apertado.

– Madeleine ! Madeleine ! Onde você vai ? Está chovendo ! Volte para cá agora, preciso que você vá dormir amanhã você tem trabalho !.

– Se vira para pagar as suas contas, eu vou tentar achar um lugar para ficar, e pegar a minha filha de volta, eu nunca deveria ter cedido aos seus gritos e ter abandonado o meu bebê – ela grita na chuva.

– Você cometeu um erro e eu tentei deixar as coisas mais fáceis para você !.

– Como ? Me pedindo para abortar ? Graças a deus eu não fiz isso, ao menos eu dei o direito dela nascer e quem sabe se tornar alguém ! Eu a amo diferente de você, e esse amor que você diz sentir por mim !

– Você só tem 16 anos, não sabe o que é amor !, você foi burra o suficiente ao ponto de se deitar com um cara e engravidar... quais seriam as chandes de isso acontecer de novo ? – ele debocha.

– Eu errei ! Eu admito que errei, mas com certeza eu não deixaria a minha filha cometer o mesmo erro – e ela sai de casa.

– Você vai voltar se rastejando, escreve o que eu estou dizendo – ele ri.

– Adeus Thomas, porque pai que é pai não faria uma coisa dessas com a filha e com a neta.

E Madeleine saiu daquela casa para nunca mais voltar, tempos depois ela descobriu que seu pai tenha morrido por uma briga de bar, mas ela não queria saber disso. Certo dia ela estava passando pela vila onde morava e viu o suposto pai de sua filha.

– Mady, olla Muchacha – disse Pablo.

– O que você quer ? – ela é fria.

– Conversar.

– Não temos absolutamente nada ara conversar – ela responde enquanto caminha.

– Como ela está ? Como ela está ?

– Ah – ela sorri sarcástica – agora você se importa ? Depois de tudo o que eu passei sozinha, agora você quer saber como ela está ?

– Madeleine eu tenho 19 anos, não posso ter um bebê agora, isso ferraria com a minha vida.

– Deveria ter pensado nisso na noite em que me engravidou, eu era virgem você sabia disso ?

– E foi a melhor transa que eu tive – ele tenta melhor as coisas.

– Se isso é tudo o que você tem pra dizer... adeus – ela ia saindo mas ele a puxa.

– Eu quero vê-la.

– Não !

– Ela é a minha filha.

– Não ela não é, de acordo com você ela é filha de um qualquer com quem dormi, e adivinha Pablo, ela está melhor sem mim e sem você.

– O que quer dizer ?

– Eu dei ela para a adoção ! – ela grita.

– Você não podia fazer isso.

– Por que ? Você iria cuidar dela ? Iria assumir ? Ou a menina iria ficar escondida ? Pablo cresce, tem 19 anos , mas não chega nem na metade na sua mentalidade.

– Ao menos deu o meu nome a ela ?

– Não ! Agora adeus.

Sim, a filha de Madeleine tem origens latinas, seu pai Pablo era cubano, Madeleine se entregou a ele em uma festa de 4 de julho.

~~~ Flash Back off ~~~

– Pablo seu maldito ! Por sua culpa, eu perdi a minha filha, e querido pai ? Espero que esteja queimando no inferno.

Madeleine ainda estava debaixo do chuveiro quando as características de Pablo começou a aparecer em sua mente. Cabelos pretos, olhos grandes, castanhos, pele caramelada, tinha uma pinta nas costas, alto, bem robusto.

– Seu grande babaca ! – ela o xinga.

Depois de sair do banho, a mulher voltou para o quarto e foi tentar dormir, mas parecia que tudo a levava de volta para o passado, ela não conseguiu dormir, ficou rolando na cama, quando deu uma leve cochilada escutou um chorinho de bebê, era um choro familiar, o choro de sua filha. Madeleine foi tirada de seus pensamentos por Eva que bate na porta.

– Mady ? Te acordei ? – ela pergunta com um sorri de lado.

– Não, o que foi ? Aconteceu alguma coisa ?

– Não é que eu estou sozinha nessa casa gigantesca e pensei ter escutado você sair do banheiro, queria ver se estava acordada para experimentar uma coisa que eu fiz...

– Claro o que é ? – ela se senta na cama.

– Olha eu fiz esses sucos e acho que você é a única que pode me julgar aqui, todos tem um certo nojo.

– Tudo bem, manda.

Eva entra no quarto com a bandeja, nele tinha dois copos com suco de abacaxi com hortelã, a morena pega um copo e dá para a mulher.

– É suco de que ? – Mady pergunta.

– Abacaxi e hortelã – ela sorri – espera – Eva pega um pacote de balas de goma sabor menta e abre colocando duas balas em seu copo – eu disse que o pessoal acha nojento... – ela ri.

– Espera você também coloca bala de menta no suco de hortelã ? – Madeleine pergunta.

– É estranho eu sei, mas fazer o que ? Eu adoro, dá um gosto mais forte.

– Eu amo fazer isso.

– É sério ? Que estranho, é a primeira vez que vejo alguém fazer isso no lugar de me repudiar – ela brinca.

– Posso ? – ela pega a bala.

– Claro.

Mady coloca no copo e as duas bebem, depois de beber, Eva pega os copos.

– Agora eu vou deixar você dormir, está com uma cara de cansaço – ele sorri.

– Você não faz ideia.

Eva fecha a porta e Madeleine se joga na cama.

– Eu preciso mesmo dormir – ela se ajeita na cama.

Depois de dormir muito Madeleine acorda com o sol batendo em seu rosto, a mulher de olhos castanhos esverdeados se levanta e vai até a janela, ela consegue chegar a tempo de ver Eva correr para os braços de David.

– Eu disse que ia vim te ver – disse David com Eva agarrada a ele.

– Por que demorou tanto ? Você está bem ? Oh meu deus que saudade. – ela se agarrava mais ainda no pescoço dele.

– Evy... preciso respirar – ele brinca – calma amor, eu estou bem, disse que era reunião de emergência.

– Nunca mais saia no meio da noite daquele jeito você me escutou bem ? – ela é autoritária.

– Tudo bem, agora vem cá – ela a puxa para um beijo cheio de carinho e segurança.

– Onde estão seus pais ?

– Estão dormindo ainda.

– Oh, então eu tenho tempo de sequestrar a filha deles ? – David brinca.

– Onde vai me levar ?

– Vamos à um lugar onde tudo começou para a gente.

– Onde ?

– Espere e verá.

David coloca uma venda em Eva, e a leva até o tal lugar, chegando lá, ele usa o elevador, e a conduz para o lugar exato onde sentiu o que estava gostando de Eva pela primeira vez. Ele tira a venda dela.

– David... estamos no heliporto do hospital. – ela olha ao redor.

– Sim – ele responde – olha para os seus pés.

– Mas o que é isso ? – Eva pisava num jaleco branco.

– Eu quero reviver um episódio muito importante na minha vida, podemos ? – ele sorri.

– Tá mas o que aconteceu ?

– Você não lembra que me trouxe para cá para sentir a briza do fim de tarde ?

– Lembro, mas por que ?

– Bom, eu lembro de quando o vento bateu nos seus cabelos os bagunçando e os seus olhos... brilhavam de uma maneira tão bela contra o sol, e o seu sorriso, para mim era a coisa mais bela que já tinha visto, eu não intendi o porque de imediato mas depois que voltamos para o quarto e você me deixou sozinho eu parei para analisar o porque se eu me maravilhar tanto com você. Não quis dar o braço a torcer, mas eu comecei a te amar naquele momento, e eu fui tão burro que perdi a chance de te beijar, então estou tentando reviver o momento...

– Ow... então tá, se as coisas tivessem saído do jeito planejado como seria ? Seria mais ou menos, eu me aproximando de você – ela chega mais perto dele – e colocando os meus braços em volta do seu pescoço assim.

– Isso, e eu te seguraria pela cintura desse jeito – ele a segura.

– Provavelmente eu teria que ficar nas pontas dos pés, assim – ela fica um pouco mais alta.

– E eu seguraria seu rosto desse jeito.

– Eu sorriria...

– E nós nos beijávamos.

E David conseguiu voltar no passado e resgatar esse beijo perdido. Eva estava muito feliz. A final, os dois estavam tão felizes que esqueceram de conversar sobre o casamento