If you love, let me know.

Bônus: If you love me, let me know


O jovem Daniels estava tão cansado de chorar. Receber a notícia de que Brooke morreu não foi nada fácil, o pior era ter que enfrentar a realidade e tentar seguir em frente. Tudo aconteceu em tão pouco tempo, um intervalo tão curto desde a morte do pai e sua irmã se foi também, tão jovem e cheia de vida. Lucia, sua mãe, entrou em desespero ao ler o bilhete da filha, chacoalhou Jack para os lados até o rapaz murmurar um ‘Mãe, acredite em mim, foi o melhor’, mas será que tinha sido mesmo? Jack ponderava que sua irmã estaria arriscando sua vida indo ou ficando.

Doía-lhe o coração, a alma, doía-lhe tudo. Doía ainda mais por ele saber que Dawan havia, provavelmente, partido e lhe deixado apenas as lágrimas, assim como o moreno fez com ele.

Jack sentia-se um estúpido por ter reconhecido e aceitado seu sentimento tão tarde, por ter ignorado sua vontade e obedecido à estupidez. Sua maior vontade era socar o próprio rosto até criar vergonha na cara, mas isso não traria ninguém de volta. O pior é que Jack tinha até tentado conversar com Dawan no velório de Brooke, mas o loiro estava indiferente, chorando como um bebê, mas indiferente a Jack. Parecia não se importar com a presença, ou fingir mesmo. Desde sua última conversa no Incantatem, Dawan havia sumido do mapa, apenas conversava com Lucia, tentando a todo custo convencê-la de não fazer uma besteira.

E então os dias passaram dolorosos e vagarosos, junto ao vazio da mansão, o silêncio de Lucia, a indiferença de Dawan e uma insuportável dor em seu coração. Jack estava completamente apagado, não saía, não ria e estava quieto como uma pedra, só comia porque o seu estômago implorava por algo, mas, por algum milagre, em um dia frio e incomum para toda a Malibu, Jack resolveu sair. Em seus lábios, o cigarro, mas em sua mente uma grande confusão.

O jovem Daniels andava vagarosamente, observando tudo ao seu redor. Ele sentia o celular vibrando e tinha certeza de que era o grupo onde estavam os meninos e as garotas, Jack soltou uma pequena risada lendo o confronto de Claire e Calum, pensando em como esses dois iam acabar juntos um dia. Luke tentava acalmar a situação e Michael ria, enquanto Cassy ‘ateava fogo’ na briguinha idiota.

Um pouco cansado, Jack sentou-se em um banco, observando as crianças brincando. Um casal de irmãos corria para lá e para cá naquele gramado verde e escorregadio. O irmão mais velho gritava dizendo para a pequenina menina ter cuidado e Jack pensou quão típica era aquela cena. Um irmão protegendo uma irmã.

Não se passaram muitos segundos e Jack observou a menininha deslizar, ralando o joelho, e prontamente correu até ela para ajudar, afinal sempre foi uma pessoa cuidadosa quando se tratava de crianças.

Não muito longe dali, Dawan viu a mesma cena e correu para ajudar a pobre criança que abriu um berreiro pelo joelho machucado. O rapaz ia em direção ao cemitério, deixar um último buquê para o casal, Ashton e Brooke, e finalmente partir, mas ao ver a cena não se conteve e correu para perguntar se a pequena tinha se machucado feio, quando estava pronto para segurar o ombrinho da pequena gentilmente e perguntar, seus dedos se chocaram com os de Jack.

Os minutos pareceram congelar e a respiração travar, Jack olhava Dawan no fundo dos olhos e o loiro retribuía, nunca tinha visto o olhar do moreno tão apagado.

O irmão mais velho da menina veio correndo e a pegou no colo, dizendo que tinha avisado e ‘agradeceu’ os rapazes que foram preocupados até ali, mas estranhou ao não receber uma resposta, então só continuou o seu caminho.

— D-Dawan? — Jack gaguejou, a necessidade em sua voz arrepiava o loiro, que prontamente ergueu o seu tronco e continuou a caminhar, como se nada tivesse acontecido, como se fosse impassível. Jack o seguiu afoito e um pouco feliz. — Achei que tivesse partido, vai ficar em Malibu? — Dawan encarou o moreno de cima a baixo e continuou caminhando, o jovem Daniels soltou um muxoxo sentindo o peito doer. Tinha passado por tanto, não queria ser tratado com indiferença justamente por aquele que tanto amava. — Por favor... Fale comigo, Dawan.

O loiro se virou pra dizer algo rude, mas parou ao ver Jack quase lacrimejando. Sabia que o moreno estava passando por uma situação difícil, afinal ele compartilhava da mesma dor. Brooke não era sua irmã, mas era considerada como uma. Dawan engoliu a seco o seu orgulho e replicou:

— Eu vou partir hoje. Só ia ao cemitério deixar essas flores e partir de volta pra NY logo depois. — Jack suspirou, mordendo os lábios e olhou para as árvores, o frio de Malibu pareciam como os olhos de Dawan olhando para si.

— Foi lá que você se escondeu então? — Jack perguntou num fio de voz, era verdade que o moreno tinha procurado Dawan até no Inferno, mas não o encontrou. Foram meses tentando arrancar algo de alguém, mas ninguém parecia querer falar e isso o frustrou tanto que a raiva lhe possuiu o corpo. Só queria saber para onde Dawan havia se mudado, mas nem mesmo Brooke quis contar. A jovem sabia de tudo o que tinha acontecido entre o irmão e o primo, e concordava com Dawan sobre Jack ser um ‘babaca medroso’.

— Existe cidade melhor para viver com um coração partido? — Dawan respondeu sarcástico, fazendo com que Jack ficasse quieto e observando-o, Dawan estava bonito como sempre, vestindo uma blusa leve com um casaco e calça jeans, junto a um par de all-star, mas sua frieza congelava qualquer um que se atrevesse a contrariá-lo. Dawan bufou e se virou, continuando o seu caminho até o cemitério, mas antes falou em alto e bom som: — Caso existir, diga-me, que eu desisto de NY e vou pra lá.

Jack observou o loiro se afastar e se bateu mentalmente, era a sua última chance e ele estava permitindo que fosse embora como nada. Seu coração estava a mil e a coragem lhe tomando o peito aos poucos. Era a última chance para se redimir, pedir perdão e amar alguém de verdade.

— Dawan — o moreno falou alto, chamando atenção de algumas pessoas e do loiro, que se virou e observou Jack de longe. — Não vá.

— Não vai adiantar Jack. — o loiro bufou tediosamente, mesmo que seu coração doesse só de ouvir aquelas palavras. Perguntava-se se Jack queria realmente que ele ficasse e se batia mentalmente por continuar pensando sobre isso.

— Dawan, não vá. — Jack falou mais alto, chamando mais atenção para si e fazendo o loiro massagear as têmporas. Uma cena, sério mesmo?

— Jack, eu já me resolvi e estou decidido a voltar para minha fria e dolorosa NY, já você continua com esse seu egoísmo. Poupe-me, eu não sou o seu fantoche. Adeus. — Dawan deu as costas para o moreno que correu desesperado até o loiro, abraçando-o por trás e ajoelhando-se diante o loiro, que olhava para os lados.

— O que você quer que eu faça? — Jack perguntou, abraçando mais as pernas de Dawan, que recuou um pouco. — Você quer me ver de joelhos? Eu fico, mas não vá.

— Primeiro eu quero que você se levante e pare com esse circo todo. Jack, eu já coloquei um ponto final nessa história. Não vou ficar em Malibu. — Jack apertou mais as pernas de Dawan, fazendo com que Dawan se assustasse. Ah, não. — Levanta desse chão, garoto.

— Por favor, não vá e se você for leve-me contigo. Eu faço qualquer coisa, mas me perdoe. — Jack começou a chorar e Dawan entrou em desespero, as pessoas ao redor olhavam tudo, umas sorriam e outras ignoravam.

— Jack, pare com isso agora. Você bebeu? — Dawan tentava se livrar, mas o moreno não facilitava.

— Bebi o veneno do amor e a culpa é sua.

— Eu não mereço isso. Ajoelhado, chorando e falando breganês. — Dawan tentava puxar Jack para cima, mas o rapaz era malhado e pesado, fazia força para permanecer ajoelhado.

— Não. Eu não irei me levantar, enquanto você não aceitar o meu perdão. — Jack falou alto, chamando mais atenção ainda. Dawan tinha uma vontade enorme de socar o rosto bonito do moreno. — Me perdoe por ser um grande babaca, me perdoe por ter quebrado o seu coração, me perdoe por ter sido uma criança medrosa. Perdoe-me por tudo.

— Jack, por que está fazendo isso agora? Justo quando eu decidi alguma coisa e coloquei um ponto final? Logo agora que eu pretendo seguir em frente? Você só fode com a minha existência, garoto.

— Porque eu te amo demais, e demorei tanto para admitir isso que deixei você escapar, mas eu não quero mais fugir ou deixar você ir. O amor nos corrói e fere como espinho, e eu quero que você me fira, mas que esteja aqui depois pra cuidar dos meus machucados.

— Você me machucou tanto e eu aguentei, chorando e sofrendo, mas aguentei. — Dawan tinha os olhos marejados e um coração magoado. — Você está sendo egoísta, Daniels, e não percebe isso.

— Sim, eu vejo que estou sendo um de um puta egoísta — Jack se levantou, segurando o rosto de Dawan. — mas me perdoe, eu não vou deixar de ser. Não vê que sem você estou me machucando mais ainda? Eu faço qualquer coisa, movo céus e terras, mas volte a ser meu, Dawan. Eu estou pronto para ser o homem da sua vida, eu estou pronto até pra Guerra se você quiser. — Jack sorriu, segurando as mãos de Dawan, o loiro chorava e observava as pessoas que se acumularam para observar a cena.

— E a sua mãe?

— Eu amo quem eu quiser Dawan, sendo primo ou não, e ela já sabia de qualquer maneira. — Dawan permitiu-se lacrimejar, mas não era de dor ou desespero e sim alívio. Seu amor era recíproco e forte.

— Você é um desgraçado, mas eu te amo, Jack Daniels. — Jack sorriu se aproximando de Dawan, beijando seus lábios e ignorando todos os assovios e gritos de apoio. Apaixonar-se é complicar-se, e ambos os rapazes estavam prontos para entrar em uma confusão.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.