P.O.V Do Beck

Era uma sexta-feira quando o mundo virou um completo caos, eu estava em meio ao trânsito, indo para o trabalho quando o solo estremeceu. Buzinas soaram, alarmes dispararam. O trânsito infernal apenas aumentou, nenhum automóvel se locomovia.

O pânico em massa.

Estresse e o desespero bateu de cheio nas pessoas. Olhei através da janela do meu carro, ondas enormes subiram e desabaram atingindo a Costa, os banhistas correram fugindo da praia. Alguns foram jogados ao longe, vi a cena aterrorizante se passando alguns metros de onde se encontrava o tráfego de veículos parados, foi realmente terrível.

O solo estremeceu novamente. As ondas continuaram agitadas, o estrago foi feito. E assim começou a se desenrolar uma catástrofe atrás da outra, envolvendo grandes tragédias.

Vi tudo se passando em câmera lenta.

Seria o fim do mundo?

Imediatamente lembrei da minha ex-namorada, Jade West.

Fazia tempo em que não nos víamos.

Distraído, pensando na minha ex, só fui notar o terremoto quando as pessoas ao meu redor começaram a gritar, saindo dos veículos, em puro pânico.

Eu nem ao menos senti o impacto quando tudo aconteceu.

"Eu estava distraído
E no trânsito
E não senti
Quando o terremoto aconteceu"

Onde estaria a linda morena de olhos azulados? Imaginei mil coisas, cada uma envolvendo ela. Fiquei desesperado.

"Mas realmente me fez pensar
Que você estava por aí bebendo
Que estava na sala
Relaxando e vendo televisão
Ah, agora faz um ano
Acho que entendi como
Como te deixar ir embora e deixar
A comunicação morrer"

Sem outra escolha, tirei o cinto de segurança e abri o Honda City, saltando para fora. Meio perdido, atordoado, comecei a me afastar, tudo estremecia fortemente, palmeiras desabaram, fazendo mais estragos.

Eu precisava fugir dali.

"Eu sei, você sabe, nós sabemos
Que não estava a fim do para sempre e está tudo bem
Eu sei, você sabe, nós sabemos
Que não fomos feito um para o outro e está tudo bem"

Na verdade, eu precisava encontrá-la.

Comecei a correr. Corri feito um louco, desviando dos empecilhos no caminho. Era um caso de vida ou morte. Eu tinha que achá-la em meio ao caos. Necessitava vê-la sã e a salvo.

"Mas se o mundo estivesse acabando
Você viria, certo?
Viria e passaria a noite
Você me amaria para caramba
Todos os nossos medos seriam irrevelantes
Se o mundo estivesse acabando
Você viria, certo?
O céu desabaria e eu te abraçaria forte
E haveria uma razão do porquê
Teríamos até que dizer adeus
Se o mundo estivesse acabando
Você viria, certo?
Certo?
Se o mundo estivesse acabando
Você viria, certo?
Certo?"

O céu escureceu, ficou nublado. As ondas batiam na Costa com tamanha força, levando tudo para frente. Crateras se abriram, detonando as ruas, o asfalto. Me livrei do paletó, abri alguns botões da minha camisa, os sapatos sociais estavam machucando meus pés.

Dane-se tudo aquilo. Ignorei totalmente.

Mas nada daquilo me importava. Eu só queria a Jade. Encontrá-la. Abraçá-la forte. Protegê-la.

[...]

P.O.V Da Jade

Estava em casa vendo o jornal das 07h. Acordei cedo com um mau pressentinento. Fiz meu café, me empoleirei no sofá.

Estava ansiosa, um pouco agitada desde cedo.

As notícias que vi me deixaram nervosa, aflita.

Tsunamis e terremotos estavam detonando com L.A. Além da grande tempestade que estaria por vir, o Estado todo entrou em alerta.

O mundo parecia entrar em colápso.

Fiquei inquieta. Pensando em coisas. Seria o fim do mundo ou apenas catástrofes como costumavam acontecer de ano em ano?

A imagem de Beck Oliver começou a povoar em meus pensamentos. Me agitando cada vez mais. Me aflingindo.

Onde estaria o meu ex? Estaria bem? E se não estivesse?

Preocupação e medo me atingiram de cheio. Eu precisava me certificar daquilo.

"Eu tentei imaginar
Sua reação
Não me assusto quando o terremoto aconteceu
Mas realmente me fez pensar
Naquela noite que saimos para beber
Tropeçando em casa
E não conseguimos nem passar da cozinha
Ah, faz um ano agora
Acho que entendi como
Como não pensar em você
Sem rasgar meu coração"

Senti um tremendo desespero. Levantei e corri para pegar minhas chaves. Troquei minhas pantufas por um par de tênis confortáveis. Eu precisava chegar até a garagem, precisava vê-lo. Era urgente.

Resolvi ir atrás dele.

Antes que eu pudesse chegar na porta, a campainha tocou. Meu coração disparou.

Corri para atender, minhas pernas ficaram bambas. Me joguei em cima do moreno, sem me importar com sua aparência bagunçada. O apertei como se minha vida dependesse daquilo.

— Jade. - Me apertou forte, estava ofegante, suado.

Seu peito subia e descia. Pude sentir seus batimentos durante o abraço pra lá de apertado.

— Eu já ia atrás de você. - Admiti.

— Fico mais aliviado, tive medo. Agora vejo que você está bem... - Afagou minhas costas.

— Também tive medo... - Fechei os olhos, me sentindo acolhida.

Me sentia segura em seus braços.

Nos separamos, sorrimos um para o outro, Beck entrou no meu apartamento.

— Uma loucura, estava no trânsito, pensei em você, eu tinha que vir para cá... - Contou.

— Estava vendo TV. Fiquei aflita, eu já estava indo te procurar. - Sentamos.

A TV continuava ligada, transmitindo as notícias.

— Lembra da minha promessa? - Me puxou para perto, deitei a cabeça em seu peito.

Sua mão acariciou a minha.

Juntos até o fim, mesmo estando separados... Mesmo que o mundo acabe, quero estar ao seu lado. - Citei.

— Ficaremos bem. Mesmo que hoje seja nosso último dia na Terra, você e eu estaremos juntos. - Ressaltou.

— Juntos até o fim. - Ergui o rosto para poder olhá-lo.

Fitei seus olhos castanhos, carinhosos e preocupados.

— Não me solte. - Pedi apertando sua mão.

— Não vou. - Beijou o topo da minha cabeça.

A tela da TV escureceu. Faltou energia.

"Eu sei, você sabe, nós sabemos
Que não estava a fim do para sempre e está tudo bem
Eu sei, você sabe, nós sabemos
Que não fomos feito um para o outro e está tudo bem"

Estávamos ali abraçados, aguardando o pior.

Tudo tremeu quando o terremoto atingiu o andar que eu morava.

Não estávamos seguros, aos menos nos encontrávamos no braço um do outro. Sem mais promessas. Sem escolhas. Sem arrependimentos.

Era apenas eu e ele em meio ao caos.

— Te amo, Jade. - Ouvi sua voz rouca.

— Também te amo, Oliver. - O encarei, erguendo o rosto.

Nossos olhares se encontraram.

Ansiava por seus lábios. Meu pulso disparado. Coração batendo à mil.

Beck se curvou, tomando meus lábios, me beijando com certa lentidão. O beijou ganhou força. Nos beijamos como se fosse pela última vez.

Realmente era?

Nós não sabíamos, embora o céu desabasse numa tempestade lá fora. Pelo menos estaríamos juntos se de fato o mundo estivesse com o tempo contado.

Nada mais importava. Eu morreria feliz estando nos braços dele. Era recíproco.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.