Idiot Guy

22 - O final é realmente feito a dois?


Capítulo vinte e dois

O final é realmente feito a dois?

"O meu maior defeito é te amar desse jeito. Se amanhã eu não te tenho, te garanto que me perco..."

(Maria Eduarda Kamarad)

31 de dezembro

O vídeo bombou, decolou, esmigalhou e estraçalhou com os inimigos. 276 comentários, 677 compartilhamentos e 1238 curtidas até o momento. Sendo que a maioria dos que escreviam eram os protagonistas do vídeo, e ver cada palavra me deu alegria por pouco tempo.

Só que eu realmente sentia-me mal também. Não porque estava arrependida de ter me vingado, todavia é porque o Vincent não entrou em contato comigo nesses seis dias.

Nem um “oi” ou algo que possa me fazer sentir esperança de que ele goste de mim algum dia. Eu, Ellie Davis, fui vencida por uma garota cheia de celulites e nada estilosa. Sabia disso porque os vi no quarto dela quando estava escutando música.

Ele nem sequer me olhou uma vez.

“Amiga, que tal passar uma noite com esse cara? Quem sabe esquece aquele idiota de uma vez.” – Alisson.

Infelizmente ele não era nem um pouco idiota, mas sim por estar com aquela loba em pele de cordeiro. Quando eu vi a foto eu não me aguentei e acabei rindo. Pior que muito. Ver o Roberto com uma cueca de pato e os dizeres: “Realize qualquer fetiche comigo por uma noite baby” era realmente algo genioso e engraçado ao mesmo tempo.

“Para que isso Ally?” – Ellie.

Confesso que sentia falta de conversar com ela e ler suas reclamações e egoísmos.

“Se saísse na rua saberia.” – Alisson.

Isso mesmo, eu nem sequer passei da porta da minha residência desde daquele dia. Pela vergonha que eu sentia de soltar aquilo sem nem pensar, de ser boca aberta e por descobrir que a minha primeira paixão é um garoto que tem um péssimo gosto.

“Não acredito! Você espalhou panfletos pela cidade?” – Ellie.

Deite-me na cama e fechei os olhos antes de novamente ouvir o barulho que avisava de uma nova mensagem.

“O James dirigia com o carro por ai e eu só jogava pela janela.” – Alisson.

Daqui a pouco alguém vai multa-la ou xingá-la por isso.

Juro que eu ia responde-la, mas então alguém invadiu o meu cômodo e me levantou com brutalidade. E eu só queria saber como uma pessoa raquítica dessas tinha força.

– Você é muito puta. – começou.

– Fala rápido que eu não tenho tempo com coisas insignificantes Valentina.

– Meu namorado terminou comigo por tua causa! Bem no final do ano. O que você fez em? Algum feitiço? – parecia uma doninha raivosa.

Será que ele disse que me amava?

– Querida, eu só preciso aparecer para se apaixonarem por mim. Mais fácil ter sido você a jogar uma magia nele.

– Ele está apaixonado por mim, só... – começou.

– Nem tem como isso ocorrer. – rebati.

– O Vincent apenas brinca contigo, por ser fácil. E esses bonecos? Desse jeito ninguém vai querer ir na sua casa ou te namorar. – brigou.

– O quê?

– E ainda podem fazer que nem o Ben e te enganar novamente.

– O que tem contra mim por acaso?

– Tudo. – colocou todo o ódio nessa palavra.

– Quero detalhes, por favor.

– Você sabe! – o rosto vermelho.

Sem contar dos seus olhos marejados.

– Pior que não.

– Quando criança você vivia com pessoas ao redor e ficavam caçoando de mim, porque eu usava óculos. Além de que minha mãe diz o tempo inteiro que quer que eu seja igual você, uma garota que anda com uma saia menor do que um cinto, é fútil e a maior vadia? Isso nunca seria para mim. Então cresci sozinha, até o Vincent entrar na minha vida e muda-la. Então nesse ano você vem como quem quer nada e tenta roubá-lo de mim? Isso é injusto Ellie! – desabafou enquanto chorava.

Quando vi já tinha saído da mesma forma que entrou.

O pior é que ela tinha razão. Eu tinha de mudar, e tem de ser agora. E infelizmente eu era uma péssima criança, uma pessoa má que vivia menosprezando os outros. E isso não poderia ficar assim.

Peguei uma caixa de papelão e comecei a colocar tudo dentro da caixa, mangás, livros, bonecos. Sem exceção. Até meu sutiã eu enfiei dentro. Respirei fundo e fechei os olhos quando fui botar o chaveiro e a coroa.

Era um presente, todavia não podia ficar com nada. Menos uma blusa que eu ganhei do meu irmão quando tinha 12 anos, apesar de apertada era uma lembrança e não ia levantar muitas suspeitas.

Ano novo, faculdade, outra vida.

– Onde vai? – quis saber minha mãe quando passei pela sala com aquilo na mão.

– Vou na rua rapidinho. – declarei.

Mesmo com aquela roupa velha e um cabelo desgrenhado.

– Não se esquece que às 22h vamos para a praia. – gritou.

Voltei para pegar o celular quando me falou isso e praticamente corri em direção a ponte da cidade. Tinha um rio poluído ali e eu ia jogar nele. Talvez alguém pegue e possa usá-lo ou fique perdido entre tantas tralhas. O cheiro que continha nele era terrível.

Andei de um lado para o outro com a caixa em mãos enquanto alguns carros passavam por mim, uns assobiando e outros me xingando por estar naquele local. Em poucos instantes notei algo molhar meu rosto. Eu estava chorando copiosamente porque não queria largar esses objetos.

Aquilo fazia parte de mim, mas eu tinha de desapegar.

Logo o que eram apenas lágrimas em minha face começou a pingar gotas de chuva nela. Que rapidamente foram aumentando mais ao ponto de molhar todo o meu corpo. E isso significava que eu deveria fazer alguma coisa.

Por isso me aproximei da ponta para despejar o meu passado.

– O que você está fazendo? – gritou alguém de maneira desesperado.

Olhei para trás e notei ser Vincent. Olhando-me de forma preocupada e terna. Eu não queria isso dele. Eu tinha de esquecê-lo e não ficar mais tempo pensando e imaginando minha vida ao seu lado.

– Nada. – respondi em um tom abafada.

Então virei do lado contrário e comecei a andar para ir embora. Só que como sempre algo me interrompe, e dessa vez é sua mão em contato com o meu braço. Apenas para que eu novamente me lembrasse que era ele que eu amava. Que eu me arrepiava, sentia borboletas no estomago e parecia que ia cair de tão bamba que estavam minhas pernas.

E era nesse instante que desejava não ser ruiva.

– O que ia fazer? – berrou.

– Já disse que não é importante.

– Por acaso ia se matar? – quis saber.

Agora não queria mais fugir, e sim encará-lo.

– Não, por que ia fazer uma besteira dessas? – minha vontade era de brigar com ele.

– Então o que era?

– Por que não vai para a casa? Assim vai pegar um resfriado. – tentei mudar de assunto e espantá-lo.

– Então vai comigo! – brigou.

– O quê? Não mesmo. – contrariei.

Minha reclamação não adiantou e fui arrastada até a residência dele, da qual era bem perto da ponte. Ao bater à porta e abrirem uma mulher de olhos verdes atendeu, e ao perceber que era sua mãe meu rosto ficou mais vermelho que antes.

– Já voltou do passeio? E quem é? – o tom doce e meigo.

– É a Ellie. – respondeu enquanto tossia.

– Finalmente estou te conhecendo. Meu filho fala muito de ti sabia? – começou.

– Melhor nos secarmos agora. Vamos? – puxou-me sem nem saber minha resposta.

– Espera ai. – só que não deu certo.

Empurrou-me para o banheiro mais próximo e aproveitei para tomar um banho relaxante. Apesar de que era impossível por estar na casa da pessoa que eu amo.

Droga! Quando foi que me tornei uma pré-adolescente novamente?

Coloquei a toalha e fiquei pensando o que faria neste instante. Abrir a porta desta maneira ou perguntar a alguém onde tem uma roupa? Só que os dois seria uma forma muito mal educada de fazê-lo.

– Querida, está ai ainda? – uma voz feminina.

– Sim. – o tom fraco e nervoso.

Nunca ia acreditar se me falassem que me comportei assim.

– Tenho uma roupa aqui para te dar se quiser, as roupas intimas são novas. Talvez sirva em você. - respondeu.

Abri uma pequena fresta e peguei a vestimenta. Era bonita e ficava um pouco larga em mim, mas nada tão folgado. Quando sai do toalete agradeci a mulher e fui em direção ao quarto do Vincent.

E ele estava sem camisa enquanto mexia na minha caixa de papelão. Quando levantou o sutiã com desenhos de Pokémon a vergonha veio com tudo. Principalmente quando levantou e veio em minha direção com aquela peça.

– Você ia jogar fora?

– Sim. – sussurrei.

Olhava para baixo constantemente pela vergonha. Vê-lo sem a parte de cima me deixava mais nervosa ainda e temerosa de que ele notasse que eu ainda o amava. Até porque não ia conseguir tirá-lo da cabeça em poucos dias.

Se eu pudesse escolheria por que me apaixonarei.

Senti-o pegar em minha mão e entrelaça-la com a sua.

– Até o chaveiro? – senti tristeza no seu tom de voz.

O arrependimento veio junto com a vontade de fugir.

– Tenho de mudar Vincent. – respondi.

Vi-o se aproximar de mim e pegar em meu rosto, para depois levantá-lo pelo queixo. Segurando minha bochecha com os dedos. E foi então que eu vi que nas paredes haviam pôsteres de Dragon ball z.

– Você...? – tentei continuar, mas foi impossível.

– Toda a minha família é fã desse desenho. – respondeu.

Então ele era igual a mim, por isso me sentia tão bem ao seu lado. Como se pudesse ser eu mesma, até porque nunca reclamou por gostar de animes também. Infelizmente corremos por lados opostos.

– Só que gostar disso me fez perder muita coisa. – rebati com cautela.

– É o que quer? – declarou.

– Não, mas... o que é isso na sua face?

Sim, agora que eu notei que estava machucado.

– Eu... não foi nada. – pareceu hesitar.

– Se confia em mim me conte. – ameacei.

– Olha quem fala, acho que vou ter de pegar o Pikachu de volta. Mas respondendo à sua pergunta: encontrei-me com o Ben hoje. – confessou.

– O que aconteceu? – meu corpo se encolheu só de ouvir esse nome.

– Ficou falando mal de você e eu dei um soco nele. Pode ter certeza de que se eu fiquei com esse corte de nada ele ficou bem pior. Só soltei quando pediu desculpa. – explicou.

– E por que não botou um curativo? – quis saber.

– Estava indo para a sua esperando que colocasse em mim.

Senti-me envergonhada de novo e quis me matar.

– Se eu soubesse disso teria trazido. – a voz quase não saiu.

Estou odiando reagir assim.

– É brincadeira, mas é que não está tão machucado. – declarou.

– Porém isso pode infeccionar.

Tentei colocou a mão no ferimento, todavia ele me parou rapidamente.

– O importante é que aquele moleque teve o que mereceu.

Não queria mais falar disso. Repetia em minha mente.

– Podemos jogar uma partida? – opinei.

– Você ia botar o videogame fora? – parecia assustado.

– Também. – sussurrei ao fechar os olhos com força.

– Então vamos competir antes que decida realmente dar um cabo nele. – disse enquanto ria.

Quando os abri ele já estava conectando em sua TV, para logo vê-lo todo montado e com o jogo já escolhido. Sorte que era um que eu gostava bastante.

Começamos e confesso que a partida estava acirrada e naquele momento não dava para ter a certeza de quem ia ganhar. Quando cheguei onde nunca sequer consegui em outros instantes senti uma felicidade tão grande que comecei a chorar sem nem perceber.

E foi então que notei que de nada adiantava mudar se for para fingir ser quem não é. Isso foi o que sempre fui a minha vida inteira, agora era o momento de assumir do que gosta e não ficar desejando ser outra pessoa.

– E... eu ganhei? – gritei.

– Sim! – rebateu no mesmo tom.

– Finalmente não perdi em algo.

Dei tantos pulos ao redor que quando passei perto da televisão eu tropecei em algum fio. Não sei se do controle ou do próprio videogame, porém sabia que ia cair e acumular um machucado na testa. Talvez no nariz ou poderia até torcer algo.

Antes de eu me espalhafatar no chão senti algo me segurar e eu aterrissar de maneira lenta e delicada, só que antes disso o idiota do Vincent cometeu o mesmo erro que o meu e também tropeçou em algo.

Resultado: Ele por cima de mim e uma Ellie envergonhada embaixo.

– Sabe... acho que você não perdeu em outra coisa também. – sussurrou com o rosto corado.

Mentira, o Mitchell estava agindo normalmente.

Sua face estava cada vez mais próxima da minha, tanto que eu já sentia seu hálito de bala de melão. Nossos narizes rapidamente estavam se encostando, para que depois nossas testas se unissem e por fim os...

– O quê? – interrompi por estar curiosa.

Ele chegou a se assustar e se levantar rapidamente, sentando-se na cama em seguida. Estava preparada para receber a declaração mais linda de todas quando ouvi algo que soou como um tapa bem dado.

– Nada. Acho melhor eu ir para a cozinha. – sussurrou.

Fiquei no quarto paralisada por um tempo tentando entender o que ocorreu realmente.

Ele fez aquilo para brincar com meus sentimentos?

Tentei esquecer disso ao ver a estante com alguns livros e me focar neles. Tinha uns de astronomia, ciências, um com meu nome... Espere ai, qual é esse? Ao pegá-lo continha na capa as palavras: “Ellie Davis. Por Vincent Mitchell”.

– Vi que estão querendo transformar minha interessante história de vida em um livro. – comentei quando vi passos atrás de mim.

– Não é nada demais.

– Se não é então deixe-me ver? – questionei ao virar para ele.

E quando notei que realmente estava corado o meu sorriso se abriu.

– P-pode, mas isso não será publicado. – confirmou.

Ainda gaguejou? Aposto que verei mais facetas novas dele.

Folheei e quando achei as primeiras palavras sobre mim prestei atenção.

Sentimentos I - sobre Ellie Davis.

Quando a vi pela primeira vez foi no palanque para concorrer à presidência do comitê estudantil. Em outros momentos só ouvia falar sobre ela. Na verdade eu era seu opositor. Observá-la falar de maneira tão calma, com a cabeça levantada e os passos arquitetados me fez perceber que ela realmente fazia jus ao seu apelido de rainha da escola. Só que saber que seria meu oponente e era boa o bastante para me vencer a primeira coisa que senti por ela foi raiva.”

Tinha uma imagem minha depois disso.

– Onde conseguiu?

– Peguei no mural naquele ano, não sei o porquê.

Tentei não ligar pelo que ele escreveu no final e continuei.

Sentimentos II – Um segredo precioso.

Era precioso igual o Smigol sente em relação ao anel. Foi em um momento fui à loja comprar algo do DBZ para o meu pai por conta do seu aniversário, mas tal minha surpresa ao ver uma ruiva no caixa. E minhas suspeitas se confirmaram quando percebi ser a Ellie que estava a comprar um chaveiro do Pikachu. Era lindo, porém a vendedora fez questão de frisar que ela sempre vem para comprar coisas do Pokémon.

E quando ela me implorou para que eu não contasse a outra coisa que senti foi desejo de vingança. Por poder entrar em seu grupo e vencer ou até conseguir entrar em seu lugar.”

A outra foto era uma minha com o chaveiro no caixa. Se fosse em outro momento estaria completamente irritada por ter registrado essa imagem, mas agora é como uma lembrança do nosso começo.

“Sentimentos III – A armadura está quebrando.

Ao ir em sua casa a primeira coisa que pensei foi que a sua mãe era muito simpática e inocente ao mesmo tempo por me deixar ir em seu quarto sem a sua permissão.

No instante em que começamos a jogar notei o quanto ela era ruim, mas que parecia imensamente feliz por estar ali comigo. E foi o que eu senti igualmente em relação a Lie, assim como vontade de estar com ela mais vezes também.”

Tinha uma em que eu estava de coque e uma roupa do Pokémon, e o mais importante é o sorriso se encontrava em minha face.

– Você por acaso mostrou antes para a Valentina? – quis saber.

– Não, ficou para mim. – sussurrou.

“Sentimentos IV – Sou o idiota.

Por que digo isso de mim mesmo? Pois eu sou por ter colocado a nossa rivalidade em primeiro plano, enquanto ela nunca se importou com isso. Pelo contrário, ainda me ajudou a fazer ciúmes a Tina mesmo apanhando dela e tendo que aguentar o pretérito de fura-olho.

O que eu senti, por um momento, foi uma confiança crescendo dentro de mim em relação a ela.”

Sou legal não? E então tinha uma foto minha com ele do lado e nós abraçados.

– Onde bateu essa?

– Foi o Juan que bateu para me zoar depois. – declarou.

– E ele, onde está? – quis saber.

– Na verdade se mudou para o México com os pais. – deu de ombros.

– O quê?

– Não sabia que ele era de lá?

– Realmente não. Espero que se de bem lá e pegue uma muchacha, porque aqui ele não ia conseguir nunca. Apesar de quase ter um lance com a minha amiga.

– Não vai dizer que não o acha atraente? Ele tinha certeza que sim.

– Capaz, com aquela cantada de iniciante a sua sensualidade cai por terra. – brinquei.

Quando ficamos em silêncio resolvi voltar a leitura.

“Sentimentos V – o que estou fazendo?

Lembra quando fomos em uma festa e você bebeu um monte? Eu não estava, mas vê-la quase vomitando e sabendo que pouco comia me fez ter vontade de protege-la. Eu queria era que ninguém te visse daquela maneira, na verdade era como se eu não desejasse que sua imagem fosse arruinada.

Ellie, você era como uma amiga minha naquele instante.

Só que isso acabou quando começou a me tocar e beijar meu pescoço ao te deitar na cama. Você sabia que esse é o meu ponto fraco? Eu estava a ponto de deixa-la continuar ou fazer uma loucura. Não sabe o quanto é sexy, de qualquer jeito. Quase que eu não me controlei. Sorte que a Valentina tinha me mandado uma mensagem. Eu nem sequer poderia trai-la por causa de uma pessoa que nem vai se lembrar no outro dia.”

Nem sabia disso, porém ler isso me deixou ao mesmo tempo surpresa e envergonhada. E infelizmente tinha uma imagem de mim bem bêbada.

– Poderia deixar isso aqui de fora né?

– Sem essa não teria graça. – deu um sorriso amarelo.

“Sentimentos VI – Como se estivesse sozinho.

E então ela parou de falar comigo de uma hora para a outra, justo no momento em que aquele negócio dela gostar de Pokémon foi espalhado para todo mundo.

Estava só, mas fui eu que me senti assim. Por não poder ajuda-la enquanto a via chorando e sabendo que ela me culpava por isso. O tapa que recebi doía até hoje, mas porque foi a última vez que nos falamos.

Não era o culpado realmente, na verdade o tempo que passei com a Ellie me fazia esquecer sobre a vingança que desejava quando soube disso. Comprei um presente, mas fui recebida a pauladas. A coroa que dei para ela ficou estraçalhado que nem o meu coração.

O que eu senti? Sofrimento e tristeza.”

Era uma foto da tiara rachada em pedaços.

– Me desculpa Vince! – berrei enquanto o abraçava.

– Use ela então para provar que se arrependeu. – até mostrou a língua no momento.

Então lá fui colocar aquela coisa cheio de super cola da minha cabeça.

Sentimentos VII – Orgulho

Palavra bonita não? Poderia dizer que também senti raiva da pessoa que a machucou. Porque quando eu parei na frente da casa da Valentina para busca-la eu vi uma certa ruiva beijando o Sullivan.

E senti a mesma coisa quando a vi agarrando o James. Só que a raiva, o ódio e a vontade de matar a pessoa aumentou quando percebi que ele estava brigando com a Lie.

Queria protege-la, bater nele e nem a Valentina ia me impedir, mas vê-la se levantar e olhar para todos de cabeça erguida, como se fosse a pessoa que subia no palanque comigo me fez sentir o maior orgulho de todos e não consegui intervir em nada. Porque acima de tudo era forte.”

– Você bateu essa foto?

– Não, foi o fotografo da festa. E quando vi isso ao procurar minha foto peguei na hora. – declarou.

“Sentimentos VIII – Como é para mim.

A Ellie é aquela pessoa que deita no seu colo quando está triste e que ajuda os outros mesmo não sabendo disso. Que tem o ego maior que a cara, mas que por dentro se importa com o que os outros dizem.

Que tem seu lado infantil e brincalhão quando bota a roupa mais folgada que tem, que a deixa maravilhosa também, e fica jogando videogame com quem for. Que é divertida e quando se sente nervosa sempre faz uma piada ou tenta mudar de assunto.

Vi também o momento medroso e frágil quando o professor quase a atacou e pensou que era ele naquela noite na praça. Que não tem medo de chorar na frente de ninguém, mesmo tentando esconder isso a todo custo.

Só que é também corajosa, forte, educada quando quer, astuta e inteligente. Não é burra como pensam. E nem apenas pensa na aparência. É uma pessoa normal, mas que com todos os defeitos e qualidades sendo ela mesma é o que me encanta.”

Chorei sim, e abaixei a cabeça no mesmo instante.

Como assim vou me emocionar com alguma assim? Aliás, como não achar algo assim belíssimo. E o pior, como não se apaixonar por ele mais ainda ao ler tudo isso?

Só que essas fotos não são todos boas.

– Acho que deveria ter escolhido melhor essas figuras. – respondi com um sorriso no rosto.

Ele segurou minha face e começou a limpar minhas lágrimas de forma lenta enquanto me fitava sem nem desviar.

– É isso que você diz após ler o livro?

Não ia dizer que ia ser difícil esquecê-lo.

– Pra que era isso? – minha curiosidade foi maior.

– Ia dar-te no natal, mas infelizmente não deu tempo de fazer. Porque se as pessoas falam mal de você por cartas e te ameaçaram através dela, eu vim mostrar que há coisas boas também para serem ditas em relação a ti em um papel. – explicou.

– Vincent eu... – comecei, mas fui interrompida.

Estávamos na cama e antes de eu terminar ele colocou a mão em meus lábios e se aproximou, chegando a ficar centímetros de mim.

– Por que recusou meu beijo? – parecia um pouco acuado.

– Você queria me beijar? Mas... – fui novamente cortada.

– Eu não tenho mais namorada.

– E eu ainda te amo. – fui ágil e me levantei.

Fiquei de trás para ele, pronta para fugir de novo.

Ele certamente quer brincar comigo.

– Estou solteiro, você também.

Seu hálito foi de encontro a minha nuca e seus braços ao redor do meu corpo. Como se temesse que eu fosse embora.

– Por que terminou com ela? – engoli em seco e quase não terminei pelo nervosismo.

– Em mais uma briga eu vi um papel igual ao da carta em que te mostrei naquela vez em que ainda não tinha feito a eleição. Que te disseram que era fura-olho e que estava engordando. Algumas folhas estavam destacadas e quando procurei por sua caligrafia percebi que também era idêntica. O que ela disse de ti foi a gota da água. – sussurrou em meu ouvido de maneira calma.

– O que ela contou?

– Que disse aquilo porque queria te ver mal uma vez na vida, que você merecia sofrer. Também disse que... – parou no mesmo instante.

– Continua, por favor. – a voz baixa.

– Ela convenceu a diretora de fazê-la vencer ao citar que as notas dela eram maiores que a sua, que quem fez tudo no seu mandato foi ela. E o pior era que era verdade, porém você também realizou muita coisa. O que a Valentina fez foi injusto.

– Eu mereci por ter caçoado dela quando criança, por ser tão má com a Tina. – os soluços voltando com tudo enquanto lágrimas voltavam.

– Mas você não sabia o que fazia, era como uma brincadeira, mas ela já sabe o que é certo e errado.

– Eu não sei, eu... – virou-me sem nem deixar-me terminar.

Vi-me sendo prensada entre ele e a parede, enquanto me olhava de maneira enfurecida e ao mesmo tempo terna. E vê-lo desta maneira me deixou mais surpresa ainda e a sua proximidade me deixava sem ar.

– Fui eu que vi você parando de comer, chorando e sofrendo por causa desse recado estupido enquanto ela fingia que nada aconteceu. E ainda se culpa? – berrou.

– Vincent, pare... – Uou! Hoje eu não falo.

– Está vendo isso aqui? É porque você confia em mim. Então pare de ficar inventando desculpa para sofrer e seja feliz. Pelo menos hoje esqueça de tudo e acredite no que digo. Você é a pessoa mais linda que eu já vi. – o tom abaixando a cada palavra.

Mostrava-me aquele chaveiro fofo enquanto esperava pela resposta.

– Por dentro também? – quis saber.

– De todo o jeito, até quando fica brigando comigo quando eu chego. – rebateu.

Pegou-me pela cintura enquanto eu ainda ficava sufocada no meio daquele concreto e o Mitchell. Mas isso não quer dizer que eu estou reclamando.

– Desculpe e...

– Por que não cala a boca a me beija?

– Não era eu que tinha de estar falando isso seu idiota?

– Melhor discutirmos sobre isso depois não acha? – sussurrou.

Passou do meu ouvido e encostou meu nariz com o seu, quando pensei que ia rapidamente me beijar ouvi sua risada.

– O que foi? – comecei de forma irritada.

– Você parecendo esperar algo. – e gargalhou mais ainda.

– Isso é... – ia dar o maior sermão da história.

Foi quando me agarrou pelo cabelo de leve e me levou de encontro aos seus lábios. Beijou-me de maneira suave, para depois mudar completamente quando permiti ao abrir a boca e seguir seu ritmo. O cheiro de um perfume bom e o gosto de melão me fazia querer continuar sempre.

A língua foi de encontro a minha sem nem hesitar, como se já conhecesse esse local antes. Senti-o passar a mão do cabelo e seguir até a cintura, onde estava o outro braço.

Já eu quando nos soltamos passei a beijar o seu pescoço de maneira delicada, para depois passar a distribuir mordidas e lambidas. Quando se arrepiou eu sorri em meio ao ato, para que o olhasse ficar vermelho.

– Sabe o que me lembrei? – comecei.

– O que foi dessa vez?

E não era só sua face que estava dessa, mas sim seus lábios também.

– Você tem um péssimo gosto por ter ficado com a Valentina. E ainda me beijou depois dela. – fiz uma expressão de nojo.

– Então que tal ficarmos mais um pouco para que esqueça disso?

– Isso quer dizer que...?

– Sim, eu quero namorar contigo.

– E quanto a declaração seu idiota. – já ia brigar.

– Garota, depois daquele livro ainda acha que eu não sinto nada?

– Eu disse duas vezes, o que está fazendo é injusto.

Fiz um biquinho enquanto o fitava.

– Acho que te amo Ellie Davis. – sussurrou.

– Acha?

– Porque só vai ser totalmente verdade se acreditar em mim.

– Você é um... – pronta para bater nele por ficar falando desta maneira.

– Com um namoro isso acaba se resolvendo.

– Quem disse que eu quero? Prefiro um relacionamento aberto. – brinquei.

– O quê?

– Me beija logo seu idiota.

– Só teu.

– Meu o quê? – quis saber.

– Namorado e idiota. – respondeu sem nem pensar.

Então íamos selar o nosso acordo de muito tempo quando o meu celular toca.

“Ellie, cadê você? Não vamos na praia? Já é 23h30!” – Alisson.

Como assim? Fiquei tanto tempo fora? Se não me ligaram antes já é tarde.

“Estou com a felicidade agora e não irei passar com esse ano.” – Ellie.

E para variar o Mitchell estava observando o que ocorria.

“Está com alguém sua safada? Não vai me dizer que é Roberto?” – Alisson.

Neste momento não me aguentei e ri.

“Não, com uma pessoa bem melhor. Um loiro dos olhos verdes azulados.” – Ellie.

“O quê? Não acredito! Estão namorando?” – Alisson.

Neste instante os familiares do Vincent nos chamaram e nós ficamos na frente de casa comendo alguns aperitivos e tomando refrigerante. Até porque eu quero me lembrar dessa noite.

– Vejo que está sério. Está até com mancha de batom borrado na cara meu filho. – comentou a mãe dele.

Já o pai estava bebendo cerveja uma atrás da outra enquanto dançava algo.

– Jura? – pareceu desesperado.

E então foi limpar rapidamente, fazendo eu e ela rirmos. Eu mais de vergonha do que outra coisa.

– Até que enfim né querido, sabia que estava apaixonado por ela desde quando vinha reclamar dela todo o dia. Principalmente quando passaram a estudarem juntos. Ainda mais quando trazia alguma foto sua ou dizia do que passou, nem tocando no nome da namorada. Só aquela Valentina mesmo para abrir teus olhos. – comentou.

– Como assim?

– Ela reclamou tanto de ti que o deixou interessado. Quando me contou que tu tinhas se declarado para ele estava todo desesperado e nervoso, mas via que estava feliz no fundo.

– E eu pensando que ele tinha me recusado.

– Vamos fazer a cerimonia não é? – mudou de assunto.

E então todos levantaram e quando deu meia-noite todos repetiram “Para você fazer a genki dama Goku”. Repeti um pouco depois por não saber do que se tratava no começo.

– Fazemos isso todo o dia. – sussurrou.

– É?

– Sim, mas agora vou te roubar um pouco.

Levei meu celular comigo e fiquei teclando com algumas pessoas, dando feliz ano novo e trocando algumas informações.

“Olha o que eu vi amiga!” – Alisson.

Era uma foto do Ben bêbado e chupando o dedo, parecia estar dormindo. E a Pamela estava lá atrás dele beijando um garoto. Confesso que isso me fez rir mais do que tudo, e o Vincent me acompanhou quando viu a imagem.

Queria era estar lá para ver.

– Acho que vou colocar na internet.

– Não mesmo.

E então empurrou-me na areia depois que colocamos “relacionamento sério” na rede social, com uma foto nossa publicada também. Ficou me beijando sem parar, para depois me levar pela mão em direção ao mar para que pudéssemos pular a sete ondas. Sorte é que tínhamos outra praia perto da casa, porque senão não ia aguentar ficar andando.

"Como assim está com esse bofe? Conte-me tudo depois diva" – Patrick.

Só de imaginar a expressão que ele fez quando soube naquele momento me fez gargalhar, e o Mitchell me acompanhou mesmo não sabendo o que era. Ele mandou-me uma foto dele com o Taylor após a mensagem, mas não aceitei a que estavam pelados. Eu que não ia querer ver os dois se "atracando" é nunca. Isso é coisa só deles.

Na verdade o final não fazemos a dois, mas sim com todas as pessoas que nos são essenciais. Seja também sozinho, com sua família, seus amigos. O que importa é ser você mesmo e aproveitar. Mas se for um criminoso, seja estrupador ou qualquer outra coisa ilegal, esqueça meu conselho, na verdade ia ser bom tentar ser melhor a cada momento.

A coroa foi completamente esquecida na praia, mas com certeza passarei para pegá-la depois.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.