Idiot Guy

19 - Uma injustiça foi feita


Capítulo dezenove

Uma injustiça foi feita

“A gente a vida toda procurando a “pessoa certa”, para no final descobrir que é a errada mesmo que nos faz bem, que nos completa”

(Sibilar)

Dia do meu aniversário

Desde aquele momento fatídico, terrível e completamente enfadonho os meus dias foram cobertos de emoções. Como na primeira data não sendo mais popular em que vi que tinha uma galinha, maçã, velas e outras coisas de macumba no portão do meu domicilio.

O que se seguiu foram cartazes, ameaças por telefone, cartas ou por meio de mensagens e pedras sendo jogadas sem dó. E isso fez com que eu me arrependesse amargamente por deixarem fazer várias festas no meu endereço residencial.

Acordei nesse dia com um barulho ensurdecedor, e ao levantar e abrir a janela vi algo que me deixou completamente irritada e muito chateada. Nem no dia que eu faço dezessete anos me deixam em paz?

Protestos em frente à casa nunca significaria algo bom como antigamente, e lá estava minha mãe ainda de camisola, com o tapador de olhos em seu pescoço, e uma expressão de que estava braba com todos que estavam ali na frente.

– Assassina! - foi o que ouvi gritarem.

Se eles exageram na fala? Com toda a certeza.

Eu não matei um animal, nem a Ally se suicidou ou muito menos assassinei alguém por esses dias. O problema é que mesmo a Pamela estando no hospital me atormenta, já que por conta do empurrão que eu dei ela quebrou a perna e fez com que as pessoas do colégio se voltassem contra mim.

– Se não forem embora agora não sei se ela será uma, mas eu sim. – revidou.

O momento em que uma idosa de bengala, nossa vizinha, andou pela calçada também foi percebida por mim. O semblante zangado, sem falar de vários bichanos que a seguiam.

– Quem matou o quê? Não foram meus gatos não é?

– Se ela acaba com um humano, quem dirá eles senhora. – respondeu uma.

– Uma pessoa? Só isso? A tá. – finalizou.

Vi-a trotear até a residência dela, sentar em uma cadeira de balança enquanto um felino preto deitava-se em seu colo. Sua cara me assustava, principalmente por estar acariciando o bicho como se fosse um bebê. De certeza que é uma psicopata.

Olhei novamente para a multidão, notando que estavam carregando algemas e correntes e presumindo que iam se trancar e ficar ali o dia inteiro me desesperei. Em um ato impulsivo e sem pensar apareci na porta e comecei a andar na direção deles. Só os vi tentando jogar algo, e com o tempo notei ser tomates.

Para que isso? Qual a lógica? Será que estudava com loucos e não sabia.

– Filha, proteja-se. – berrou.

Então a peguei pelo braço e entramos em casa. Meu cabelo estava com um pouco da gosma vermelha, sem falar da minha roupa branca e nova. Ouvimos sons de algo de encontro as paredes e fomos uma para cada banheiro.

Eu que não ia ficar com esse liquido que nem bem para as minhas mechas faz. Capaz ainda de deixar com uma cor mais vermelha e parecendo que eu pintava de ruiva e não era assim naturalmente.

“Ben, vai vir hoje?” – Ellie.

Mandei logo que sai do chuveiro, nem tinha me secado direito. Depois daquilo era ele que falava comigo, já que James ficava mais com a Alisson do que comigo.

“Desculpa cenourinha, mas agora estou visitando uma faculdade. Talvez mais tarde eu possa passar por ai” – Ben.

Olhei a data e constatei que estava falando a verdade.

Não me chama assim só por eu ter os cabelos meio laranjas, todavia também por ter deixado derramar o suco dessa verdura no meu moletom, isso fez com que eu tirasse na biblioteca e com um monte de gente que começou a gritar e bater palma para mim no momento.

Sim, foi o ápice para que ele quisesse me fazer lembra disso direto.

“Se você ficar me dando esse apelido toda a hora eu terei de te nomear igual aquelas pessoas da infância. Como era mesmo? Pernalonga rolha de poço.” – Ellie.

Ele era um dentuço gordinho, e quando usou as orelhas de coelho para a páscoa as crianças começaram a gritar para o Sullivan esse apelido.

“O reitor está nos chamando.” – Ben.

Possivelmente ficou magoado com o que eu disse. E nem sobre o meu aniversário citou.

“Estou te esperando Jam” – Ellie.

Rapidamente respondeu.

“Irei daqui umas horas, é que estou na casa da Ally” – James.

Era quase meio-dia e estava lá. Será que está acontecendo algo entre eles.

“Isso cheira a dormida na casa dela e clima de romance” – Ellie.

Olhei para a vista e notei que ninguém mais estava lá por perto ou preparado para atirar pedras em meu quarto. Confesso que ainda me chateia um pouco, mas não ao ponto de chorar quando fazia no começo.

O pior para mim era não ter minha amiga falando comigo.

“Fiquei a noite aqui sim. E eu posso até querer de ti amizade, mas com ela desejo muito mais.” – James.

Passeei pela rede social e notei que o Patrick mandou um recado maravilhoso por conta da minha festa de aniversário, com várias fotos minhas, em que nele dizia:

“Esses urubus são uns invejosos. Queridos, não vão ser nem a metade do que ela foi e sempre será. Deveriam era levantar uma estátua para a rainha mais perfeita que esse colégio já teve.

Nem sei muito bem o que são esses mangás e animes, mas dei uma procurada e achei irado. Principalmente um com romance gay – vulgo yaoi –, que muito me apeteceu e me deixou viciado. Até briguei com o meu namorado para ser que nem eles. Aquilo que é amor!

Desejo parabéns, muito sucesso, felicidades, sorte e tudo de bom hoje e sempre. Ai estão umas fotos para mostrar que você é diva de qualquer maneira e arrasa com qualquer look. E aproveita para dar bastante para o Ben, porque aquele homem é um pedaço de mal caminho (e só para constar, sexo faz muito bem para a saúde).

O Taylor mandou um monte de coisa sobre a postagem no bate-papo dele, particularmente sobre o Sullivan, e o meu amigo enviou para mim afirmando que ele estar brabo era inadmissível.

Apesar dele ter me perdoado por ter escondido esse segredo não pudemos conversar muito por sempre andar com o seu companheiro. E nunca ia querer ficar no meio deles para atrapalhá-los não é?

“Pare de enrolar e me diga o que sente de uma vez” – Ellie.

Mandei quando sai do computador, até porque seria imperdoável deixar de responde-lo. E enquanto esperava percebi que a chuva começava a cair de maneira suave, para no momento seguindo a trovoada surgir e a água pingar com mais força.

“Eu a amo. Satisfeita?” – James.

O quê? Como assim? Alguém por favor me belisca.

“Muito mais que isso. Desejo sorte” – Ellie.

Neste momento ouvi alguém me chamando, era a minha mãe convidando para almoçar. Notei que era sopa de letras com os dizeres “parabéns bem precioso” e corri para abraça-los.

Eles sempre faziam isso, porém em todas as vezes fico feliz.

– Filha, pode não a ver uma festa, no entanto nós iremos comemorar o dia inteiro se quiser. – esse foi o meu pai.

Quando descobriram do meu gosto por conta dos cartazes eles não aceitaram, principalmente a minha mãe, mas ao perceberem o quanto eu estava por conta do ocorrido começaram a trocar palavras ríspidas pela a de consolo e carinho.

– Para mim é mais do que mereço. – sussurrei.

Que isso Ellie? Autoestima é tudo.

– Não. – rebelou-se a mulher.

Ia continuar o falatório, se não fosse uma pessoa nos interromper.

– Ellie, por favor, deixe-me entrar. – gritou.

Esse era o Vincent me implorando com um pacote de presente em mãos, e praticamente ensopado por conta da chuva que caia lá fora. Seria para mim?

– O que está trazendo? – questionei sem me importar com seus berros.

Nem conseguia mais me importar com ele como antes. A única coisa que nunca esqueceria era de sua traição ao olhá-lo. E nem menos quando apareceu com um curativo no rosto e uma expressão de dar pena eu me desarmei.

– É para você. – só o que respondeu.

Não, quem deixou-o entrar foi minha mãe. Ela praticamente o obrigou a passar pela porta ao ver seu estado. Encontrava-se totalmente ensopado e com muito frio. Tremelicava feito uma gelatina.

E esse garoto me dava raiva ao ficar me olhando a todo o momento, com uma cara de vergonha e confusão. Quando minha mãe o mandou ir ao toalete a obedeceu de imediato.

– Esse ai não namora a Valentina? – quis saber.

– Sim. – apenas o que tive a animação de confirmar.

– Vi os dois se agarrando ali na frente da casa dela. Pensei que ela era santa e jurava que ia virar freira, mas pelo jeito conseguiu fisgar um garoto e tanto. Por que não faz que nem ela?

E Eu? Fazer igual aquele ser cheio de celulites? Nunca!

Detalhe: Pais, sempre nos comparando.

– Prefiro morrer a pegar os restos dela. – rebati.

O que fez foi bufar e preparar um chocolate quente com marshmallow. Apoderei-me do primeiro e comecei a bebericar rapidamente, o que resultou em uma dor terrível na língua.

– Se continuar assim ela adormece a cai.

Detalhe 2: Mães tem o dom de exagerar na hora de educar.

– Já sei. – tentei falar.

Estava tão dolorida que o que saiu foi algo como: “pá pei”.

– E isso não era para ti, mas sim para o seu amigo.

– Ele nem é nada meu! – exclamei.

– Para vir te presentear e aparecer depois do que ocorreu é sim. – devolveu.

Apareceu na cozinha dois pais, um o meu e outro o Vincent, por conta da roupa que ele emprestou para o Mitchell. Pareceu aqueles homens que sentam na mesa e ficam olhando o jornal enquanto repreendia a filha por colocar doce demais no pão.

– Quem é o meu marido para eu beijar? – brincou.

– Capaz de você dormir com um achando que era o outro. – fui no embalo.

Os dois riram e nada quiseram responder.

Depois disso o resumo desse café-almoço “maravilhoso” foi o silêncio.

Já eu fui correndo para o meu cômodo com o objetivo de nem falar com aquele cara-de-pau, só que o infeliz me seguiu e sentou-se na cadeira sem nem ao menos pedir a minha permissão.

– Quer saber de uma coisa? A sua presença e estar sozinha é igual.

Foi isso o que eu disse.

Deu-me um sorriso de lado, daqueles tortos, e andou até o videogame que estava instalada. Quando vi que ia mexer em meus jogos eu corri até ele e peguei em seu pulso para que nem tocasse neles.

Só que do nada isso inverteu e o Vincent estava pegando em meu braço, quando percebi era tarde e já estava na cama. Afastou-se rapidamente apenas para sentar-se no banco depois de colocá-lo perto de mim.

– Vejo que ainda sente ciúmes deles. – sussurrou.

Fingi não ouvir.

– E provavelmente ainda deve perder uma partida para mim.

Neste instante fiquei tão irritada que o fitei ainda deitada no colchão.

– Você não tem vergonha? Eu não te quero aqui! – exclamei.

– Por que não abre meu presente primeiro? – mudou de assunto.

Ele tem razão. Pego o que me deu e depois o expulso sem dó.

Com o pacote em mãos eu o desembrulhei e notei ser uma coroa, só que o detalhe era que as pedras eram em formato de Pikachu. Lindo em uma primeira impressão, mas que esconde uma intenção má e obscura.

Peguei esse objeto e joguei em sua direção com força, para depois vê-lo se chocar a parede e quebrar em três partes.

– Por que fez isso? – parecia apavorada enquanto pegava as peças.

– É uma brincadeira de muito mau gosto sabia? – esbravejei.

– Não, nunca seria. Só queria juntar o que gosta com a sua popularidade. E eu demorei para achar e gastei muito nessa diadema. – devolveu.

– Gastou muito? Nessa coisa de plástico? Aliás, a primeira coisa que eu faria agora era rir e ficar contente da sua desgraça. E fique sabendo que não sou mais a rainha da escola. Você realmente fez isso de propósito para que eu me lembrasse disso sempre. – devolvi.

Fiquei de bruços quando notei meus olhos marejados e chorei ao tampar minha face por conta do travesseiro. Chegava a soluçar de forma escandalosa.

– Para tantos você é ainda. – ouvi-o resmungar.

– Diga quem e eu tentarei acreditar. – murmurei com ironia.

– Não viu o vídeo?

– Tenho até medo de ver. – exclamei.

Senti-o me cutucando e eu me sentei. Possivelmente meu rosto deve estar mais vermelho que um tomate, mas isso não era o que mais me preocupava no momento. Clicou em uma filmagem e eu vi os meus cartazes aparecendo, para depois algumas pessoas dizerem o quanto isso era demais.

Resumindo: Disseram que eu era a rainha deles, os nerds, e que era a maravilhoso e admirável por uma pessoa como eu gostar da mesma coisa que eles. Notei ser uma garota e três do sexo masculino naquela imagem.

– O que é isso? Agora eu sou idolatrada por esses caras?

– É para mostrar que não é todo mundo que a odeia.

– Só que não me animou em nada.

– Tenta entender Lie, essas pessoas gostam do que é realmente, e não de uma boneca plastificada e que se finge de patricinha. – tentou abrir meus olhos.

– Mas... não deveria nem estar falando com um ingrato como você. Por que não me deixa em paz? – tentei fazer um escândalo.

Quem sabe meu pai não vem e o coloca porta a fora a chutes?

– Nem sei qual o motivo de não falar comigo.

Uma palavra: cara-de-pau!

– Finge que falou a verdade e eu que creio em ti.

Aproveitei para limpar o meu rosto com a manga do casaco e começar a guardar os jogos que estavam espalhados pelo quarto. Tinha deixado ali desde ontem, quando em todo o momento que eu tentava fazer algo uma mensagem ou alguém me atrapalhava.

– Diz para mim que eu tentarei explicar.

Olhei-o com a face vermelha pelo desgosto.

– Quem será que contou para a Pamela que eu gostava de Pokémon? Só pode ter sido você, que era o único que sabia disso. Que por conta da sua inveja e da Valentina resolveu colocar a boca no trombone e jogar a merda toda no ventilador.

Ele ficou segurando aquele presente enquanto me fitava com melancolia.

– E para de ficar agarrada nesses pedaços de coroa como se fosse importante! – exclamei.

Tentei o empurrar para fora dali, porém pegou nos meus pulsos e não me deixou expulsá-lo. Vi-o me fitar intensamente e me encostar a parede para que eu nem tivesse a chance de sair.

– E é, é de mim para você. Para tentar te animar, porque toda a vez que eu ia na casa da Tina eu a via chorando no seu quarto e o que as pessoas faziam contigo. E só uma coisa: Não fui eu que disse aquela garota o seu segredo.

– Por sua culpa isso tudo aconteceu. Você é a pior pessoa que eu conheci na minha vida, se eu pudesse deletaria aquele dia em que fui à loja. E eu ainda tive a coragem de te ajudar a ficar com aquela quatro-olhos. – sussurrei sem jeito.

Não consigo nem ficar mais perto dele.

– Vai querer essa coroa ainda? – perguntou.

– Pode jogar no lixo se quiser. – dei de ombros.

Apesar daquela tiara ser diferente e ficaria maravilhosa na minha coleção desse desenho.

– Espero que um dia você realmente possa confiar em mim. – declarou.

– Se quiser ir embora seria um alivio. – revidei.

Estava ferida, trucidada e muito machucada por ter falado com ele de novo.

Vi-o simplesmente me largar e se afastar, para depois não vê-lo mais em meu quarto. Fui para o corredor com calma, notando que meus pais estavam falando com o Vincent de maneira animada.

– Filha, vem cá para cantarmos os “parabéns”. – gritou minha mãe.

Tive de ir.

Simplesmente fiquei no meio da mesa, com um bolo enorme na minha frente. Só que ao meu lado estava o homem que mais odiava agora, Jane, meu irmão e as duas pessoas da família. O que antes era cheio de pessoas, hoje apenas isso restou. Sendo que um está aqui de penetra no lugar que deveria estar o Ben, James e Patrick.

– Obrigada por comparecer na festa dela. – murmurou o pai.

Dei um sorriso amarelo e ataquei os doces, salgados e a torta. A idosa da casa da frente compareceu por um momento para roubar umas comidas para seus gatos e saiu rapidamente – ela sempre faz isso.

O que eu pedi? Que esse pesadelo acabe!

Quando saiu suspirei em alivio, entrando eu meu quarto com um pouco de coxinhas e empadas. Comei o último e fiquei com o rosto cheio de farelos, infelizmente não deu tempo de limpar, pois no momento seguinte algumas pessoas entraram no meu quarto.

Era o Evan e sua namorada.

– Vieram trazer meu presente? – a expressão animada.

Só que grande parte do salgado foi para a fora, fazendo com que o garoto risse por conta disso. Depois foi só o silencio e a expressão de constrangida da minha companheira de treinos.

– Vai, conta logo. – esbravejou.

– Tudo bem. – balbuciou.

O que será que é? Esqueceram de comprar?

– Se não dizer eu falo! – parecia muito irritado.

– Lie, você é uma vadia. É isso. – gritou.

Nem sendo mais rainha minha fama some?

Levantei-me ao terminar de escutá-la, todavia o meu irmão me parou.

– Continua.

– Lembra-se de um garoto chamado Logan? Cabelos castanhos e olhos verdes?

Só se for aquele que ficou dando em cima de mim na saída da escola.

– Acho que sim.

– Então, ele era meu namorado. E naquele dia tinha me dado uma aliança, estávamos felizes, mas então vi vocês se beijando. Mesmo sabendo que era comprometido ficou com esse garoto. Mas não posso te culpar por ser uma vaca, vagabunda e fura-olho não é? – as mãos em punho.

Droga! Odeio mal entendidos.

– Ele me agarrou. – respondi simplesmente.

– Então é só isso. – ia sair, mas o Evan a pegou pelo braço e não deixou-a sair do lugar.

– Tudo bem, eu conto! Fui eu que, junto com a Pamela, espalhei aqueles cartazes. Consegui as fotos também.

– Por quê? – gaguejei.

– Você é uma burra não é? Como foi fácil colocar umas câmeras no seu quarto sem que percebesse para pegar algum podre seu, e tal a minha sorte ao descobrir vários. E tudo isso porque teu irmão caiu na minha conversa e achou que eu o amava, mas isso era só para me vingar. E eu poderia sumir depois sem que percebesse, e nem ia perceber, porque o Vincent ia ser o culpado de tudo, mas esse garoto viu os vídeos e ficou me pressionando. – colocou.

– Veio pedir perdão? – dei uma chance.

– Óbvio que não, nunca me arrependeria de nada do que fiz. Quem tem pena de vaca é boi, e não seria eu que ia ficar implorando para uma vadia sem sal como você. – depois disso ainda riu do que foi dito.

Ela vai ver quem é a sonsa aqui.

Dei um soco para que aprendesse, porque merecia, e também por ter me escondido esse tempo todo a verdade. Fazendo-me achar que quem tinha feito isso comigo era outra pessoa.

Seu rosto ficou muito machucado e o sangue ainda escorrendo pelo seu nariz. Só que eu não consegui parar. Nem soube quando parei, apenas notei alguém me pegar e me separar dela. O estrago foi grande. E possivelmente ia ter de colocar muito remédio para que aquilo melhorasse. Sem nem ajudá-la a se limpar o meu irmão a colocou para fora. Já eu coloquei um sorriso na face por tê-la deixado mais feia do que é.

Só o corpo a salvava.

– Terminou com ela não é? – foi a primeira coisa a dizer quando voltou.

– Ninguém faz mal a minha irmãzinha e sai impune. Aliás, não sabia que era tão violenta assim Ellie. – respondeu.

– Ainda sou delicada. – revidei.

– Nem irei contrariar, se não sou eu que ficarei com um olho roxo. – declarou.

Então ele deixou-me sozinha. E infelizmente no meio da confusão as deliciosas coxinhas e o resto da empada foram esquecidas completamente.

“Posso ir ai?” – Ben.

E agora?

“Melhor não.” – Ellie.

“Então outro dia darei seu presente, tudo bem?” – Ben.

Só para me deixar curiosa. Nem o respondi e olhei para a janela. Vi o Vincent no quarto da Tina, e a surpresa foi que não pareciam estar se agarrando, mas sim brigando. E o pior era que não conseguia ouvir a discussão.

Deitei-me na cama um tempo e apoiei minha cabeça no travesseiro, para depois sentir lágrimas caindo por entre minha face de novo. Chorei copiosamente e sem conseguir parar.

E eu sabia porque, por ter feito uma injustiça.

Agora eu confio em você Vincent. Perdoe-me.