INTRUSA EM THE MAGICIANS

Capítulo 8 - Ragnarok


Antes de deixar à mansão, Elena foi assaltar o cofre dos antigos donos do local. Ela foi até a cidade mais próxima para comprar algumas coisas, e esperava voltar com um bom humor, compras sempre animam uma mulher. Ela juntou algumas moedas em uma bolsinha de couro e deixou as alas de proteção da mansão, e então se teletransportou até a cidade. Já tinha estado lá, então gravou em mente o lugar que deveria “aparatar”, era bem do lado de um poço.

O mercado tinha mais vendedores do que compradores, o que mostrava como a vida do povo de Fillory estava complicada.

— A vida não tá fácil pra ninguém... – Comentou em tom alto.

Ela foi até uma vendedora de roupas, tinha vários tamanhos e vários estilos, ao analisar percebeu que algumas não estavam muito limpas, foi então que um pensamento passou pela sua mente e saiu de sua boca.

— São roubadas não são? – Perguntou com um sorriso malicioso.

— Não sei do que fala, criança. – Desconversou a senhora.

Seus cabelos eram castanhos com alguns fios brancos. Ela usava roupas típicas dos camponeses de Fillory.

— Vamos fingir que seu negócio é legitimo, vou querer essas peças que parecem roupas de elfo, e esse manto de fada. – Disse Elena piscando para a senhora.

— São roupas com tecidos muito bem feitos, uma moeda de ouro por eles. – Informou a vendedora.

— Uma moeda de ouro?! – Disse indignada. – Não pode esta falando sério! Lhe dou uma moeda de prata!

— Uma moeda de ouro! – Insistiu a mulher.

Elena semicerrou os olhos e continuou a negociação.

— Duas de prata!

— Feito!

As roupas foram embrulhadas em uma manta simples enquanto a maga pegava as duas moedas de prata para a senhora. Ao voltar a andar pelo mercado ficou pensando seriamente se não deveria estrangular a mulher pelo assalto que lhe fez, respirou fundo para acalmar a mente e decidiu que não sujaria as mãos, havia ido para a cidade para relaxar e não se estressar.

— Eu devia estar tomando deles, não comprando!

Passou em algumas barracas e comprou uma bota de pano e um prendedor de cabelo de madeira esculpido a mão.

— Esse será meu souvenir! – Sorriu. – Sabe onde tem um ferreiro ou vendedor de armas por aqui? Não se vive em um mundo mágico sem uma arma.

Não era muito prático ir andando até a fazenda do ferreiro, mas não estava com pressa, a Besta não estaria lhe esperando de qualquer forma, não é como se ele não tivesse mais o que fazer.

Uma hora depois já conseguia ver a cerca da propriedade, mas antes que pudesse atravessá-la, sentiu algo escorrendo do seu nariz, ao limpar viu que era sangue.

— Mas nem tem sol... – Ficou confusa, mas deixou pra lá. Em meio segundo sentiu uma dor lasciva em sua barriga, ao olhar pra baixo seus olhos se arregalaram.

Uma voz disse no pé do seu ouvido:

— Odin manda lembranças.

Deixou suas compras caírem no chão e segurou a lâmina da espada, sem se incomodar em cortar a mão.

— Eu diria para mandar meus cumprimentos ao pai de todos, mas você não vai sobreviver. – disse Elena mantendo a compostura.

— Não sou eu que tenho uma espada atravessada no corpo. – Comentou a guerreira.

— Ainda. – Respondeu Elena.

Aproveitando-se da adrenalina que percorria seu corpo, a feiticeira usou seu braço esquerdo para dar uma cotovelada na guerreira de Odin, mirando em sua face, a surpresa a fez soltar a espada, e a maga aproveitou o momento para lançar a magia que controlaria o corpo da guerreira.

— Essa magia é em homenagem ao meu professor, ele a usou pela primeira vez para arrancar os olhos do reitor da minha faculdade! – Comentou Elena com um sorriso triunfante. – Porque a surpresa? Não é a primeira vez que tenho uma espada atravessada em meu corpo, sou aluna da Besta, ele me preparou para situações como essa. – Suspirou pesado, cada movimento que realizava fazia a espada se mexer, lhe causando uma dor desconfortável. – Diga a Odin que nunca planejei ajudar Loki, mesmo ele vindo até a mim, mas agora, por causa dele, por causa do pai de todos eu irei me unir a Loki.

A maga se aproximou da guerreira e fez exatamente como há Besta um dia fez, arrancou os dois olhos da mulher e os esmagou.

— São gelatinosos... – Constatou Elena. – Vivendo e aprendendo.

A guerreira de Odin caiu no chão em choque.

— Diga-me, guerreira de Odin. Qual é o seu nome?

— Xandria... Kortdottir... – Respondeu a guerreira com dificuldade.

— Prazer, Elena Haining.

Ainda com a espada atravessada em seu corpo a maga pegou suas coisas e se teletransportou até os limites da mansão, entrou na casa sem cerimônias e clamou por Chatwin. Antes que a garota pudesse atravessar a sala, seu corpo foi de encontro ao chão, sua visão estava embaçada e só podia ver a barra da saia de uma serviçal.

Seus olhos abriram e sua visão foi tomada pela luz, piscou algumas vezes para se acostumar com a claridade repentina, chamou pelo nome da Besta, mas não houve resposta. Tocou sua barriga e sentiu o lugar que havia sido perfurada, não doía e a pele só estava um pouco deformada, tentou se levantar para ver se o esforço doeria, mas não sentiu nada.

— Eu tô viva, carai! – Festejou a moça dando um sorriso largo. – Ah moleque! Vaso ruim não quebra fácil! Pareço Kurosaki Ichigo, não morro nem matando.

— Se divertiu sem mim. – disse uma voz vinda da entrada do quarto.

— Foi uma surpresa para mim também, Martin. – Respondeu Elena com um meio sorriso.

— Não se esforce, seu corpo está fraco.

— A ferida não dói. - Disse Elena confusa – Perdi muito sangue?

— Não, seu ferimento foi cauterizado para impedir isso. – Respondeu o Chatwin.

— Loki comentou que eu estou morrendo. – disse Elena despreocupada, sua eminente morte não a preocupava quanto deveria. – A magia que eu recebi na primeira onda é uma faca de dois gumes. Ela me dá força para as minhas magias e destrói o meu corpo no processo.

— O que pretende fazer? – Perguntou a Besta com uma expressão séria.

— Um acordo com o deus menos confiável da mitologia nórdica. – Respondeu Elena. – Mas... Depois do café!

Quando deixou a mesa de jantar se preparou para seu banho, seu corpo parecia cheirar a sangue, mas podia ser só seu nariz mesmo. Despiu-se da camisola branca e entrou na banheira de madeira, a água estava quente, não queimando, apenas agradável, afundou-se naquelas águas e prendeu a respiração enquanto estava submersa.

Nos breves segundos que sua mente estava focada em simplesmente em prender a respiração, uma lembrança lhe apareceu como um flash, a ideia que veio com ela a surpreendeu ao ponto de abrir os olhos e voltar para a superfície.

— Como é que eu não pensei nisso antes?! – Perguntou-se, incrédula. – Eu sei da história de cabo a rabo, convivo com o vilão do primeiro arco e me esqueci da única coisa que pode me ajudar a ficar mais forte!

Na correria a maga tomou seu banho bem apressada, queria aproveitar que a ideia estava forte em sua mente. Usou a esponja e esfregou bem os braços ao ponto da sua pele ficar rosa, usou o dedo pra limpar atrás das orelhas e esfregou bem o couro cabeludo, ao terminar de se limpar deixou a banheira e se enxugou com a toalha e pegou sua roupa nova, a que lhe fazia parecer um elfo do norte de tão branco que era o tecido, também era a única peça limpa da bancada da vendedora, desembrulhou a capa branca das fadas e a vestiu.

— Tô puro luxo! – Comentou ao ver seu reflexo no espelho.

Antes de deixar o quarto, colocou um par de botas e penteou os cabelos, os prendeu com o seu novo prendedor de madeira, pegou a espada que a guerreira de Odin havia usado para tentar lhe matar, e a colocou na bainha e aprendeu no cinto de sua cintura.

— Um mago de verdade deve sair pra porrada de vez em quando. – Sorriu Elena com os olhos em chamas de pura confiança.

Ao deixar novamente as alas de proteção da mansão acabou encontrando o Chatwin.

— De saída? – Perguntou Martin Chatwin.

— O Ragnarok não começará sozinho. – Respondeu a maga dando de ombros. – E você?

— Tenho um encontro com Quentin Coldwater e seus colegas de Breakebills. – Respondeu o mago, com um sorriso malicioso.

— Se eu ainda tivesse o meu espectro, teria pena do Coldwater agora, mas não tenho. – disse Elena. – Se bem que ele não será o que mais vai sofrer.

— Escondendo informações de mim?

— Se eu lhe contasse o que vai acontecer, perderia a graça e não se divertiria com a surpresa. – Justificou. – E acredite quando eu falo você vai gostar de ser surpreendido.

A maga deu dois tapinhas no ombro do homem e desapareceu e reapareceu dentro de uma clareira na floresta, onde havia só uma cabine de madeira.

— A nascente... – Ela abriu os braços apreciando o momento. – Preciso tomar um gole dela antes de Ember colocar seus excrementos divinos nessas águas cristalinas.

A nascente de Fillory guardava a magia daquele mundo, e aquele que beber dela, será beneficiado de um poder sem igual e o momento para se beneficiar dela era agora, pois alguns dias depois suas águas cristalinas seriam maculadas pelo deus do caos, Ember. Elena não fez cerimônias e entrou na pequena cabine de madeira.

A garota jogou o balde de madeira para o fundo da nascente e deixou a água entrar. Ao encher o balde, ela o puxou de volta para cima pela corda que o ligava, tendo que fazer um pequeno esforço até que ele voltasse para suas mãos, e ao chegar, fez uma concha com as mãos e bebeu da água. Conforme ela descia pela sua garganta sentia o poder fortalecendo seu corpo, quando terminou de beber, jogou o balde de volta ao fundo da nascente, pois já havia conseguido o que queria.

— Odin que me aguarde.