INTRUSA EM THE MAGICIANS

Capítulo 5 - My interests and your interests


Quando a dor passou, uma imagem veio a sua cabeça. Uma enorme serpente submersa no oceano lhe encarava, por algum motivo não tinha dificuldade de respirar, mas isso era o menor de seus problemas, que porra era aquela?

— Estou em um sonho lúcido? – Se perguntou.

— Ah sim, meu pai lhe fez uma nada agradável visita. – Respondeu a cobra, lhe dando um grande susto. – Acalme-se criança, no momento eu sou seu aliado.

— Porque uma cobra gigante se interessaria pelos meus interesses? – Elena cruzou os braços desconfiada, mesmo aterrorizada de medo não podia perder a pose.

— Só uso a imagem de meu filho, você não gostaria de encarar minha verdadeira face.

— Um ser que usa a imagem do filho que é uma cobra gigante, não tem um rosto agradável, Loki? Maravilha, mais um vilão na minha vida. – Jogou os braços para o alto quando deduziu que conversava com o deus da trapaça. – Já até sei o que você quer, é obvio que é a sua liberdade. Em alguma realidade do multiverso você é a versão que está presa em uma caverna e tem uma serpente em cima de você que solta veneno, e sua adorável esposa impede a maior parte de cair em você.

— Midgardianos, sempre fazendo suposições precipitadas. – Elena podia jurar que Serpente tinha revirado os olhos.

— Estou errada?

— Sim. – Respondeu Loki. – Em partes, minha esposa foi morta e quero vingança, mas não posso obtê-la preso aqui e em breve você terá o poder que permitirá minha soltura.

— Se meus interesses estão aliados com os seus... Quais seriam os meus interesses? – Perguntou Elena de sobrancelhas arqueadas. Se uma coisa lhe intrigava era a resposta daquela pergunta, não tinha interesse em voltar para casa, nem para Breakebills, então o que Loki estava lhe oferecendo em troca de sua liberdade?

— O espectro de Martin Chatwin. – Respondeu Loki parecendo contente com a pergunta.

— Não tenho interesse no espectro da Besta.

— Não agora, mas terá no futuro.

Ao acordar do sonho mais louco que já teve encarou os olhos confusos da besta.

— Está invadindo meu espaço pessoal. – Falou Elena afastando a Besta com a sua mão.

— Lembra-se do que aconteceu? – Perguntou Martin, se afastando da cama.

— Senti uma dor estranha na minha marca, foi horrível, era tão intensa. – Respondeu Elena em quanto limpava o suor de sua bochecha.

— Que marca?

— A da ouroboros, ela apareceu quando eu cheguei em Breakebills. – Respondeu a maga olhando para a Besta e desviando seu olhar ao perceber as estranhas rachaduras nas paredes. – Aconteceu alguma coisa em quanto eu dormia?

— Mostre-me a marca! – Ordenou Martin.

Elena deu de ombros e puxou a camisola para baixo para que a marca fica-se visível.

— Eliza falou que aqueles que atravessaram uma das 365 fendas criadas por Jormungandir são marcados, e disse algo que a marca insere magia no individuo, mas é como uma semente, aos poucos vai crescendo.

- Interessante.

O tempo foi passando e a maga aprendia cada vez mais com o seu mestre, mas o tempo lhe preocupava, em breve a Besta sairia para confrontar Quentin Coldwater e sua turminha do barulho e ficaria sozinha em Filllory, e o tempo da Besta estaria contado.

— Pobre Elena, em todo o tempo que treinou com a besta o que mais lhe preocupa é ficar sozinha. – disse Elena para si mesma.

Por ter Martin Chatwin como a única pessoa que poderia conversar, acabou voltando à velha mania de conversar consigo mesma, usando seu reflexo no espelho para induzir a ilusão de numa segunda pessoa.

— Esse não é o motivo! – Gritou para o espelho. – Meu tempo está acabando...

— Oh! – Seu reflexo abriu a boca e lhe apontou o dedo. – Não está preocupada com seu espectro está?! Não, ele é um problema secundário, o real problema é que não poderá tê-lo.

— Como é? – Aquele pensamento era um absurdo.

— Você sabe que ele não pode retribuir seus sentimentos não sabe? Martin Chatwin é incapaz de amar.

— Eu não gosto dele! – Gritou Elena para seu reflexo. – Isso nunca passou pela minha cabeça.

— Mentindo para si mesma Elena, tsc! – Balançou a cabeça decepcionada. – Cá entre nós, você já tocou uma pra ele.

— Pervertida!

— Não tem o que se envergonhar, você gosta de homens mais velhos, possuem mais experiências. – Arqueou as sobrancelhas sugestivamente.

— São os meus hormônios! Estão me deixando louca, – Deu as costas para o espelho e suspirou, não importa o quanto negasse, sentimentos por Martin Chatwin estavam brotando em seu coração.

Um barulho estranho soou pelo quarto, seus instintos lhe diziam que não estava sozinha, ficou em pânico, alguém havia lhe escutado. Não! Ninguém poderia saber sobre seus sentimentos confusos pela Besta.

Fechou os olhos e pensou: Se fosse um intruso, onde haveria se escondido? A primeira resposta que veio em sua cabeça foi debaixo da cama, andou em direção ao móvel e suspendeu a coberta. Não havia ninguém. Qual outro lugar poderia esconder uma pessoa perfeitamente? O armário!

— Estou realmente ficando louca. – Comentou Elena, tentando fazer o intruso acreditar que estava tudo bem. – Agora escuto coisas, como se não bastasse discutir com o próprio reflexo.

Estendo sua palma em direção o armário, suas portas abriram, revelando uma mulher de aparência simples com os olhos assustados.

— Não gosto quando escutam meus pensamentos. – A mulher estava aterrorizada, se jogou no chão e ficou de joelhos e implorou para a feiticeira.

— Perdoe-me senhorita, não queria desrespeitá-la, por favor não conte para a Besta, eu lhe imploro!

A maga não sabia como reagir á aquele pânico, ela era uma mulher inocente, que teve o azar de cair nas garras da Besta, mas ela havia escutado seus pensamentos mais íntimos, porém, no seu atual estado ela não iria dizer nada, certamente Martin não queria que os serviçais fossem vistos por ela, talvez ele temesse sua fraqueza humana.

Elena deu um sorriso gentil, mas bem duvidoso.

— Está tudo bem, a Besta não precisa saber do que aconteceu aqui. – Aproximou da serviçal e lhe lançou um olhar superior, enquanto a encarava de cima. – Até porque se alguém souber do que aconteceu neste quarto... – Levantou o pé e o usou para levantar o queixo da mulher. – Não precisará temer a besta, ele será o menor dos seus problemas.

Quando a mulher deixou seu quarto, a garota desabou no chão, não conseguia acreditar no que havia acabado de fazer, tinha ameaçado uma mulher inocente!

— Maldita consciência.

Respirou fundo, não podia perder as estribeiras, estava ao lado de um vilão, cedo ou tarde teria que se acostumar com aquilo, um dia sairia daquela casa para prová-lo que definitivamente estavam do mesmo lado, o que significava abandonar toda sua humanidade e vestir a camisa dos vilões. Aquilo era realmente o que queria?

— Não sei o que eu quero.