INTRUSA EM THE MAGICIANS

Capítulo 3 - The Beast


Havia amanhecido, e o dia do pesadelo havia começado. Elena não saiu da cama, nem mesmo com as investidas de Alice.

— Não quero ir! – Insistiu.

— É seu segundo dia de aula e já quer faltar? – Perguntou à loira, indignada.

— Eu tenho os meus motivos! – A conversa acabou ali, com a morena se cobrindo com a coberta, como uma criança.

O que Alice não sabia, era que a maga sabia que o que fizeram na noite passada abriu uma brecha nas alas de defesa da universidade que permitirá a entrada do homem mais perigoso de Fillory, A Besta. A terrível criatura mataria seu professor e mutilaria Heitor, e Elena queria ficar fora disso, temia causar um paradoxo ou efeito borboleta por qualquer modificação na história.

Quando a loira saiu do quarto, a morena tentou voltar a cochilar, mas era impossível, transpirava ansiedade, sua mente não ficava quieta nem por um segundo. Ela acabou pulando da cama eufórica, e vestiu uma muda de roupa da caixa de achados e perdidos, uma combinação gótica com patricinha, estava adorável, bem meio termo. Cuidou do cabelo e deixou o quarto, indo até o refeitório comer alguma coisa, que acabou devorando em menos de cinco minutos. Ela apanhou seu celular para dar uma olhada nas horas, o encarando.

— Elena, minha filha não faça nada do que vá se arrepender depois, vai dar merda, você viu "Doctor Who", sabe que mexer com isso é perigoso! – disse o lado racional da Elena. – Mas e o professor Heitor? Na terceira temporada ele ficará sem poder usar seus óculos. – Disse o lado emocional. - Julia irá ajudar, e você quer causar um paradoxo? Ou efeito borboleta?

Ficou brigando consigo mesma por um bom tempo até que deu um basta, bateu as mãos na mesa, se levantou e correu para a sala de aula, o ataque aconteceria ao meio dia, então se apressou, correu o mais rápido que seu corpo permitia, quase caiu várias vezes durante o caminho nos corredores, quando chegou em frente a sala, a porta estava entreaberta, e ela vislumbrou a besta manipular Heitor, e arrancar seus olhos. Os gritos que o homem deu gelaram sua espinha. A besta colocou os olhos adquiridos na mesa de um dos alunos. Elena aproveitou a oportunidade que aquele ser deu, para adentrar na sala e atacá-lo, mas antes que pudesse, seu corpo foi arremessado na direção do espelho e para o seu espanto ele não quebrou, seu corpo atravessou o espelho e agora estava em Fillory.

— Merda!

Passou a mão no cabelo, seu coração estava acelerado, seu lado racional gritava em sua cabeça falando o famoso “eu te disse”.

— Cala a boca! – gritou para si mesma – Pense Elena, pense.

— Não conheço você? – disse uma voz masculina charmosa, muito bem conhecida. – E eu já vi várias versões.

A maga congelou, havia se esquecido que a besta retonaria para lá.

— Que engraçado né? – Riu nervosa – Eu devo ser uma variável.

Sua cabeça imaginava as formas que a besta poderia lhe torturar ou matar em milésimo de segundos. Precisava sair daquela situação, não queria morrer, não queria ser multilada.

— Antes que pense em fazer o mesmo que fez ao Heitor ou o meu professor, quero que saiba que sou sua fã. – disse Elena. Ela conseguia imaginar a sobrancelha da besta arqueada pela surpresa. – O jeito que seu nome ao ser pronunciado trás um medo intenso, o respeito pelo medo é sensacional.

— Tentando me bajular? Essa é nova. – Riu o homem, incrédulo

— Não é só bajulação, você não sabe como é difícil ser respeitada sendo mulher! Eu quero ser como você, que quando meu nome for pronunciado todos devem temer. – No fundo a maga estava surtando, aquela ideia era muito descabida, com chances altas de dar terrivelmente tudo errado.

— Está pedindo para ser minha aprendiz? – A besta começou a gargalhar.

A maga o encarou com raiva. Como ele ousava debochar de sua cara?

— É tão difícil de acreditar que exista uma psicopata estudando em Breakebills? – Perguntou Elena, cruzando os braços.

Depois dessa esperava ganhar o Oscar de melhor atriz.

Mesmo que insistisse, a besta iria lhe testar, e o único jeito de controlar a situação era tomar a iniciativa. Espectro! A palavra surgiu em sua mente, se livraria de toda a culpa e de todo o peso de causar males na linha do tempo, mas perderia sua consciência, sua humanidade.

— Quer uma prova de que falo sério? – Perguntou Elena. – Eu lhe dou o meu espectro como prova.

A besta se aproximou, ficando bem na frente da jovem viajante, analisando-a. Em contraparte, Elena mantinha a postura firme, no fundo tremia de medo daquelas mariposas perto de sua face.

— Eu aceito.

O que aconteceu em seguida nunca se soube, a besta a induziu ao um sono e quando acordou, estava em um quarto em uma mansão com paredes de pedra, deitada em uma cama macia com lençóis verdes. Fechou os olhos e tentou sentir sua humanidade, mas como descrever o que é sentir humanidade? Abriu os olhos novamente e se levantou da cama, a primeira coisa que reparou foi o cheiro horrível que impregnava o quarto, olhou para os lados para achar a origem do incomodo, mas não havia nada, atravessou o cômodo e viu do lado da sua cama, o cadáver de um homem, a sua volta tinha sangue seco.

— Ai meu Deus! – gritou horrorizada. É, sua humanidade ainda estava lá. – Meu Deus! MEU DEUS! – Correu até a porta e disparou pelo corredor, gritando desesperada. Ela encontrou uma escada e desceu disparada, encontrando a besta sentada, tomando um chá com o rosto coberto pelas mariposas. – Você me colocou no quarto que tinha um cadáver!

— Eu tenho uma audição ótima, não precisa gritar. – disse o homem com sua voz calma, nem um pouco abalado com a reação da jovem.

— Ele era o dono dessa casa? Por isso você matou ele?

— Não é só porque ele esta morto que significa que Eu tenha o matado. – Respondeu a Besta. – E se olhou bem, ele já esta em fase de decomposição, quando ele morreu eu não estava presente.

— Isso não tira a culpa de me colocar no quarto que ele está! - Insistiu a jovem.

— Se está fazendo todo esse alarde por um cadáver, não serve como minha aprendiz. – Comentou a Besta dando tomando um pouco de seu chá.

— Já entendi tudo! – disse Elena fazendo gestos dramáticos. – Você me colocou lá como um teste...

— Que você não passou.

— Queria ver minha reação para saber se o que eu disse era verdade ou só uma forma de me safar de sua maldade. – Colocou as mãos na cintura em quanto bufava com o estresse. – Elena, Elena, porque você não ficou na cama? Nãããão, você tinha que correr até a sala e impedir o vilão charmoso de arrancar os olhos do Heitor, contrariando toda a história, colocando o futuro em risco. – Se deu um sermão por sua atitude insensata. – Depois ainda tinha que ferrar ainda mais com a história fazendo parte dela! Não assistiu Doctor Who o suficiente para saber a não criar maremotos?

Enquanto se recriminava, a Besta a encarava, confuso.

— Elena, você é uma tola! – disse a jovem colocando a mão na testa – QUER SABER? Eu fiz aquilo para salvar minha pele sim! Também tentei induzir a remover meu espectro para o peso de estragar as linhas do tempo saísse dos meus ombros.

— Você é uma viajante do tempo? – Perguntou a Besta, dispensando o chá e voltando sua atenção para a maga.

— Não, seria demais para a minha cabeça. – Respondeu Elena, suspirando. – É como Fillory para os magos, ela foi apresentada por uma coleção de livros, isso. – disse enquanto fazia um circulo com o dedo indicador. – E Breakebills, foi apresentado como uma série de televisão para mim. Arg! Céus, eu não deveria esta falando nada disso, eu sou uma idiota mesmo, o Doutor estaria decepcionado se me visse agora.

— O que você sabe? – Perguntou enquanto se aproximava da garota de forma intimidante.

— Não vou falar mais nada! – Cortou a jovem fazendo um X com as mãos – Posso estar criando um efeito borboleta! Só Deus sabe o problema que eu posso estar criando nesse momento!

— Você não tem muita escolha. – disse a Besta, fazendo um gesto com a mão que deixou a jovem maga com a sensação que havia uma mão lhe enforcando.

— Você ganha! Eles tomam o trono de Fillory e criam um plano pra te matar, mas você ganha, eu só vi até aí, eu juro! – Respondeu Elena desesperada, omitindo boa parte da história.

— O que eles planejaram pra mim?

— Uma fa-fa-faca mágica! – Respondeu com dificuldade. – Uma capaz de matar o ser que deixou de ser humano, mas somente um mestre da magia poderia empunhar.

— Quem irá empunhar?

— Alice! – Respondeu Elena, faltava ar em seus pulmões, o desespero lhe tomava conta.

— Como?

— Sêmen de um Deus!

Quando foi libertada, caiu de joelhos no chão, puxou o ar desesperada.

— Você é igualzinho a ele. – Comentou Elena ao se recompor. – Manipulador e trapaceiro, usando magia para conquistar tudo ao seu redor. – Se levantou com dificuldade e encarou as mariposas que cobriam o rosto da Besta. – Loki, o deus da trapaça. Porque eu tinha que gostar de vocês? São vilões! Matam e torturam pessoas, mas eu tinha que ficar encantada pelos seus charmes e pela fala arrastada? – Deu de costas e foi em direção à porta mais próxima, não queria encarar Martin Chatwin.