I hate you.

Com certeza é ódio


Ah, Ikebukuro.

Aquele lugar chamava a atenção de Izaya por incontáveis motivos. Adorava andar por entre aqueles prédios, adorava observar seus tão queridos humanos fazendo coisas simples - ou não - pelas ruas, e quase sempre estava completamente relaxado, mesmo com o risco de ser acertado por uma máquina ou poste a qualquer momento.

Na verdade esse era um dos motivos de sempre ir para lá.

Gostava da emoção de fugir, gostava de ver aquele monstro em pele de humano fervendo de raiva, amava a expressão de desgosto no rosto alheio toda vez que o chamava de ''shizu-chan'', achava divertido e incrivelmente prazeroso o ouvir berrar de ódio em plenos pulmões todas as vezes em que o moreno conseguia fugir sem muitos ferimentos, era um bom joguinho para se jogar de vez em quando com Shizuo.

Mas claro, o informante tinha total certeza de seu ódio sobre o loiro. Acreditou em ódio a primeira vista assim que se conheceram. Porém a relação entre eles era tão mais complicada do que um simples ódio...já tinha passado disso a muito tempo atrás.
Odiava o loiro. Cada detalhe dele. Odiava ele por perto mas ao mesmo tempo odiava o tédio esmagador que o atingia quando ele não estava por perto.

Por esse fato se sentia dependente dele de alguma forma, e não gostava disso nem um pouco. Nem. um. pouco.

Nunca iria admitir isso para ninguém muito menos para si mesmo, mas o fato de Shizuo ser a única criatura que ele não conseguia entender - um dos principais motivos dele não o considerar humano - era exatamente o motivo pelo qual ele adorava tanto tirar o barman do sério: Shizuo sempre o surpreendia.

O odiava por isso também.

Era um ódio mútuo, é claro. Isto não era novidade para ninguém, a questão era que Izaya tinha a mais completa certeza de que mesmo que aquele barman julgasse que o odiava, sempre iria o odiar mais ainda.
Shizuo poderia desejar a sua morte, mas Izaya desejava a morte dele muito mais.
Shizuo podia se irritar com a simples presença do informante, enquanto o mesmo se incomodava com a mera existência desagradável e desnecessária do loiro.
Izaya queria irritar o loiro até a morte para que ele sentisse um pouco do mesmo ódio que sentia sempre que ele o via lá, com aquela aparência tão dolorosamente humana.

Ele sempre dizia que odiava violência, mesmo causando tanto dano quase todos os dias. Não tinha problema na verdade, essas coisas são comuns nos humanos. Izaya se sentia ofendido por aquele monstro ter características tão humanas, só eles deveriam cometer erros, mentir para eles mesmos, fazer promessas falsas.

Shizuo não tinha esse direito.

—Aaahh, Shizu-chan...quando vai perceber que sua alma é tão suja quanto a minha, seu maldito hipócrita?

Ele riu enquanto murmurava para si mesmo. Era ridículo como o outro se julgava melhor que Izaya por não admitir seus erros, arrumar desculpas para disfarça-los como se não fosse sua culpa - outra característica humana a qual ele não tinha direito.
Os dois na verdade estavam no mesmo patamar em questão de caráter, a diferença é que Izaya tinha plena consciência disso e não tinha nem um pouco de vergonha em mostrar isso abertamente.

Talvez uma das melhores sensações que Izaya sentia era como conseguia machucar Shizuo sem nem mesmo chegar perto, afinal ele era igual um animal irracional quando estava com raiva, era fácil fazer com que ele se machucasse nas próprias ruas.

Também era bom ver o olhar de espanto, surpresa ou indignação de seus preciosos humanos voltados para si depois que algo assim acontecia, pois já tinha se contentado com o fato de que a maioria deles nunca iria o amar de volta, por isso aceitava com prazer qualquer sentimento forte voltado para si, e não gostava nem um pouco de dividir estes sentimentos deles com aqueles monstros de Ikebukuro, principalmente aquele em especial.

Shinra era um ótimo exemplo. Odiava dividir a amizade do seu melhor amigo com aquele loiro infeliz. Com certeza aquele médico tinha um péssimo gosto para amizades.

Ele suspirou, parando de andar com as mãos nos bolsos enquanto olhava para os pés, só de pensar isso tudo sobre aquela coisa já o fazia abrir um sorriso de orelha à orelha digno do sociopata que ele era.

—É, Shizu-chan; eu definitivamente de odeio mais do que sua mente minúscula pode imaginar.

Talvez fosse fazer uma visitinha para ele hoje, estava curioso para ver quanto estrago ele faria dessa vez.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.